terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O movimento do trem

O trem partiu silencioso. Foi tomando velocidade aos poucos. Acelerava e rapidamente ficava difícil identificar a paisagem do lado de fora. Apenas o céu parecia imóvel, estático. Era verão. O mais quente dos últimos dez anos, diziam os especialistas em metereologia. Walquiria tentava ficar acordada, mas a vontade de fechar os olhos e dormir era muito grande. Seria uma fuga da realidade tanto sono, ou apenas cansaço físico por estar sem férias há quase cinco anos? O trem seguia seu caminho. Ela ainda não havia analisado se o trem de sua vida ir rápido como estava indo era bom ou ruim. Ela só sabia que estava gostando do ritmo que a sua vida estava caminhando. Assim como aquele trem, sua vida ganhava um ritmo diferente. Espaços antes não ocupados agora eram preenchidos. Às vezes ela se surpreendia, não imaginava que outra pessoa pudesse ocupar tanto espaço na sua vida como agora, o seu guerreiro perdido - e encontrado - ocupava.
A começar pela cama: Walkiria tinha uma cama enorme onde antes dormia sozinha com uma das cachorrinhas de estimação. Agora a cama era mais estreita e dividida com seu guerreiro. A cachorrinha dorme em sua caminha sem reclamar. Submeteu-se à presença do macho alfa sem rebeldia. E Walkiria dorme feliz, acorda feliz. Dorme de conchinha, acorda com surpresas agradáveis.
Mas, às vezes, Walkiria se pega com ciúmes das aventuras do guerreiro. As mulheres, as viagens...um mundo que ele viveu. Ela não gosta de pensar, mas de vez em quando ele traz para o presente um fato banal qualquer citando uma "amiga" qualquer e Walkiria já imagina se ele teve ou não teve um caso com ela, se foi bom, se gostou, se ainda pensa nela, se ainda se comunica com ela, se ela manda torpedos no celular...Walkiria se impõe uma tortura atroz. Alucinante. Sofre. Sente dor. Tenta se controlar, é verdade. É esforçada. Tenta racionalizar pensando: mas, e daí? ele está comigo agora. Ele me escolheu, ele tomou uma decisão. Ah, mas isso tudo é tão bonito na teoria...Walkiria gostaria muito de se livrar de seus medos, de confiar mais em si mesma...mas isso tudo é muito bonito no papel. Na prática, na vida real...E Walkiria se põe a imaginar: e se fosse ele? Então, puxa pela memória e lembra: sim, ele faz cara feia quando ela comenta algo do seu passado e inclui um personagem masculino. Sim, ele parece não gostar. Sim, ele não pergunta nada para não sofrer como você sofre Walkiria. Será? Walkiria acha que seu guerreiro não se importa com ela como ela se importa com ele. Sim, minha amiga ainda precisa de anos-luz de terapia porque é ela que não se importa com ela como deveria se importar e se seu amor por si mesma bastasse não precisaria do amor ou da atenção ou da consideração de quem quer que seja. Mas Walkiria está longe de se amar. Não se ama e odeia imaginar seu guerreiro ao lado de qualquer outra mulher. Odeia. É possessiva, sim. Aceitar esse fato já é um caminho para a cura. Embora esse caminho seja infinitamente longo.Quando Walkiria se dá conta, o trem estaciona com um tranco na plataforma da estação. Walkiria acorda do cochilo naquela tarde quente e modorrenta.

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...