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domingo, 10 de junho de 2012

É possível amizade entre homens e mulheres?


O assunto "existe verdadeira amizade entre homens e mulheres" é polêmico e carente de pesquisas que comprovem ou não o questionamento. No livro O JOGO DA SOMBRA (editora Rocco, 2000, Rio de Janeiro) os autores Connie Zweig, Ph.D., psicoterapeuta junguiana que se especializou no trabalho com a sombra, e Steve Wolf, Ph.D., psicólogo clínico que vem desenvolvendo seu trabalho com a sombra, vemos que "dentro de cada mulher e de cada homem, a caverna escura do inconsciente é a guardiã de sentimentos proibidos, desejos secretos e anseios criativos. Com o tempo, essas forças "escuras" adquirem vida própria e formam uma figura intuitivamente reconhecível - a sombra." O texto a seguir faz uma reflexão sobre este fenômeno nas relações de amizade entre homens e mulheres através da análise comportamental do ponto de vista dos mitos. Amizade pode existir. Mas se é verdadeira, sincera ou legítima, fica por nossa conta definir.

"UMA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA SOBRE A AMIZADE
Pessoas fortemente influenciadas por padrões arquetípicos distintos que ocupam o assento de poder também têm padrões de amizade distintos. 
Zeus
Por exemplo, homens do tipo Zeus, que usam o escudo de poder, não procuram amigos de alma, nem entre os homens nem entre as mulheres. Incapazes de compartilhar o poder ou trocar sentimentos profundos, eles têm uma atitude mais utilitária sobre as pessoas. Os homens de Poseidon também procuram dominar os outros, mas com um poder emocional em vez de um poder político. Tendem a competir com homens e mulheres, tornando a intimidade difícil. Quando um personagem Hades está presente em um homem, ele terá dificuldades em fazer amizades, mas por outra razão: sua profunda introversão. Um homem tipo Ares, por outro lado, é um companheiro de outros homens, especialmente nas forças armadas ou como membro de um time, onde a agressividade natural é honrada. E um homem tipo Dioniso é um companheiro das mulheres, que tendem a adotá-lo como amigo e nutri-lo, sentindo-se apreciadas por ele. Quando Apolo é forte em um homem, ele é capaz de amizade com mulheres independentes e competentes, especialmente aquelas que compartilham sua paixão por música e arte; mas com outros homens fica competitivo e precisa liderar. Finalmente, quando Hermes influencia um homem, ele é amistoso, espontâneo e comunicativo, encantando as mulheres e unindo os homens em suas atividades. Mas Hermes é também um solitário, que chega e parte sem se comprometer. E pode mentir e enganar para conseguir o que quer.
Apolo
Uma mulher altamente influenciada por Ártemis tende a valorizar os amigos mais que os amantes, formando vínculos de fraternidade com mulheres, o que pode incluir grupos de apoio e o espírito coletivo da irmandade, e também com homens, especialmente aqueles parecidos com seu gêmeo Apolo, o deus andrógino da música e da profecia. Atena, por outro lado, tem poucas amigas mulheres; sua racionalidade e sua natureza competitiva levam-na a ignorar o parentesco com as mulheres e se colocar ao lado dos valores patriarcais. Ela é atraída por homens heróicos e poderosos, como amigos e colegas, e pode agir como conselheira ou confidente.
Afrodite
Quando Hera está na cabeceira da mesa, as mulheres também desvalorizam as amizades com as outras mulheres, colocando suas prioridades no casamento. Como esposas, elas desprezam a mulher solteira, que consideram um fracasso, ou então a enxergam como uma ameaça à sua própria segurança. Quando Deméter está presente em uma mulher, ela valoriza a maternidade acima de tudo, e portanto gosta de amizades com outras mães, para ter apoio emocional. Talvez seja amiga de uma mulher jovem e ingênua, tipo Perséfone, para continuar o padrão de tomar conta de alguém. Ou de um homem jovem e sensível que precisa ser nutrido por uma mulher maternal. Por último, a mulher estilo Afrodite tem amizades problemáticas com os dois sexos. Desejada pelos homens por sua sensualidade erótica, ela tem o hábito de se tornar amante e não amiga. As mulheres não confiam nela exatamente por esta razão, e ela costuma despertar ciúmes, inveja e sentimentos de perigo, especialmente nas mulheres do tipo Hera. Ela pode estabelecer vínculos com mulheres, mas estas ou se sentirão subordinadas aos seus poderes ou precisarão desenvolver sua própria autoconfiança.
Existe um padrão de amizade que tem o potencial de curar o vínculo pai/filho: o padrão senex-puer/puella - isto é, amigo mais velho-amigo mais novo. Como o puer vive em um mundo de idéias, ele ou ela anseiam por pessoas especiais que possam ser chamadas de amigos. Quando um vínculo é formado, o puer tende a se fundir com o Outro derretendo as fronteiras, talvez chamando Afrodite e usando a sexualidade como um meio de se conectar, ou evocando uma conexão espiritual Self a Self, que pode não respeitar limites individuais ou mundanos.
Uma pessoa controlada por este padrão não tem um pai interno, por isso o amigo pode cumprir esta função do lado de fora, sob a forma do amigo do tipo pai ou mentor, isto é, um senex positivo. Como o sábio vidente Merlin para o jovem rei Artur, o senex inicialmente funciona como um professor ou guia, e finalmente se torna um amigo de alma. Na lenda, Merlin ajuda o menino a cultivar sua masculinidade com a ajuda da espada Excalibur, iniciando-o portanto no ofício de Rei - isto é, na relação adequada entre o ego e o Self. Os homens e mulheres que são afortunados o bastante para encontrar este tipo de amigo sábio podem experimentar o próprio sentido de inteireza, se não continuarem a projetar toda a estabilidade e sabedoria fora de si mesmos.
• Que mitos e imagens arquetípicas estão por trás de suas amizades? Como elas enriquecem as amizades? Como interferem nelas?
MULHERES E HOMENS COMO AMIGOS: PERIGOS E DELÍCIAS
a-amizade-entre-homens-e-mulheres-exist.jpgHomens e mulheres talvez possam encontrar verdadeiras amizades da alma entre si, mas os obstáculos no caminho deste tesouro são inúmeros. Por exemplo, se levarmos para estes relacionamentos nossa bagagem estereotipada, esperando secretamente que todos os homens sejam heróicos, racionais e competentes, ou que todas as mulheres sejam acolhedoras, emocionalmente acessíveis e subordinadas, então toda a extensão de nossa autenticidade não poderá ser expressa. Em vez disso, nossa identificação infantil com os padrões de um "filho do pai" ou de uma "filha da mãe" serão reforçados, a variedade emocional reduzida, e os personagens de sombra silenciados.
Os especialistas nos gêneros masculino e feminino, Aaron Kipnis e Liz Herron, mostram que muitos homens encobrem sua vulnerabilidade com os escudos da riqueza e do poder, para serem aceitos. E as mulheres, por sua vez, freqüentemente encobrem seu poder legítimo, usando um escudo de vulnerabilidade, também para serem aceitas. Desta forma, os membros dos dois gêneros perpetuam os mitos arcaicos do herói e da princesa, ou do algoz e da vítima. Assim, a necessidade de carinho dos homens, juntamente com sua depressão e impotência, permanecem na sombra, enquanto a competência, a autoridade e a violência das mulheres também permanecem ocultas.
Algumas amizades com o sexo oposto podem compensar elementos ausentes nos relacionamentos primários. Por exemplo, Doug tinha uma animada troca intelectual com sua amiga Célia, uma "filha do pai" que ele conhecera fazendo pós-graduação. Em seu casamento com uma artista, Doug estava bastante satisfeito, mas depois de voltar para a universidade desejou mais estímulo intelectual. Claramente, o perigo aqui é a triangulação: Sua mulher pode se sentir inadequada ou abandonada, proibindo o relacionamento, ou Célia pode ser incapaz de tolerar os limites da amizade. Qualquer amizade entre um homem e uma mulher, na qual um dos dois é casado, vai exigir uma solução para este problema potencialmente sombrio.
Amigos desde a infância...
A sexualidade complica, e muitas vezes coloca em perigo, as amizades entre homens e mulheres. Se os dois sabem com certeza que não desejam formar um par romântico, as probabilidades melhoram. Mas muitas vezes um dos dois se torna vulnerável, com as flechas de Eros enterradas no coração, e então são despertados perigosos desejos sexuais secretos.
Allen, vinte e nove anos, fazia terapia já há vários anos para explorar seus relacionamentos com mulheres, quando finalmente decidiu falar sobre sua melhor amiga, Tanya, vinte e oito anos. Amigos desde a infância, faziam confidencias um ao outro e iam a jantares e a cinemas juntos. Tanya até ajudou Allen a escolher móveis e decoração para a casa. Quando Allen saía com outras mulheres, dava a Tanya "poder de veto", respeitando suas opiniões e confiando que ela desejava o seu bem. Muitas vezes, quando ele se sentia solitário e os dois estavam juntos, Allen imaginava que um dia a convidaria para um envolvimento romântico com ele. Mas nunca havia contado esta fantasia proibida à sua melhor amiga.
Allen estava saindo com June há vários meses quando confidenciou ao terapeuta que não contara a Tanya que seus sentimentos por June eram cada vez mais fortes. Em vez disso, ele se comunicava mais abertamente com June, experimentando pela primeira vez uma relação sexual com a autenticidade que ele sempre reservara para a amizade. Sentia-se culpado, como se estivesse traindo a amizade com Tanya, ao recusar-se a compartilhar com ela uma parte tão importante de sua vida. Mas não tinha vontade de contar esses novos sentimentos para ela. Tinha medo de que ela se sentisse usurpada, e pavor de que ela se tornasse crítica. Além disso, confessou que se sentia responsável pelos sentimentos dela.
Ao dizer isso, Allen percebeu que transformara sua amiga em mãe, projetando em Tanya a voz crítica da mãe e se achando na obrigação de agradá-la. Se contasse isso a ela, precisaria resgatar a voz crítica, retirando-a da amiga, e portanto declarando sua independência em relação a ela. Talvez então pudesse esclarecer os sentimentos sexuais que evitara por tanto tempo. Ou poderia aprofundar o relacionamento com June sem se sentir culpado por abandonar Tanya.
Nos mitos, como na vida, existem poucos modelos da amizade homem-mulher. Mas na Grécia antiga, onde a amizade masculina era valorizada e as mulheres consideradas propriedade dos maridos, havia uma única exceção: a hetaira, cuja raiz, heter, significa amizade em egípcio. Uma mulher hetaira era uma companheira dos homens, e propriedade de ninguém. Ao contrário das esposas, ela era livre para ir à escola, ler os céus estrelados, velejar nos mares bravios, recitar os grandes poetas, e fazer sacrifícios aos deuses. A hetaira muitas vezes era dona de um salão, onde participava da vida intelectual dos homens. Ela, entre todas as mulheres, era uma igual.
Toni Wolff, que fez o papel de hetaira de Jung, e também de amante, descreveu este padrão arquetípico nas mulheres: Ela estimula os interesses e inclinações dos homens, dando a eles um sentimento de valor pessoal e conduzindo-os além das responsabilidades cotidianas, para uma vida interna mais rica. Se ela o tocar fundo demais, ele pode abandonar o trabalho e sacrificar a segurança, ou mesmo buscar o divórcio, achando que ela o compreende melhor do que a esposa.
Hoje, também, algumas mulheres são basicamente intelectuais ou companheiras espirituais dos homens, em vez de fêmeas. Elas colaboram nos seus projetos, acendendo o fogo da criatividade em vez do fogo do desejo. Elas inspiram os homens a ter uma vida interior, mas em geral não são escolhidas como parceiras. Cheryl, a amiga de Gabriella mencionada antes, percebeu que os homens queriam sua companhia e seus conselhos, mas não a queriam sexualmente. Ela sofreu, em parte, por ser uma hetaira em um mundo cego para este tipo de beleza; uma hetaira em um mundo que não conhece mais esta palavra.
Talvez, ao darmos um nome a este tipo de amizade, possamos reimaginar mulheres e homens juntos, em novas formas. Talvez existam homens hetairas que inspirem as mulheres em suas vidas criativas, para que possam se livrar da limitação dos padrões antigos de desigualdade, descobrindo juntos uma nova forma de amizade.
• Você tem um amigo de alma do sexo oposto? Se não, qual é o personagem de sombra que está impedindo?"

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

James Hillman por Marcus Quintaes

James Hillman
A assessoria da editora Paulus enviou material sobre lançamento de livro na área da psicologia analítica que achei bem interessante.
Um dos divulgadores da psicologia arquetípica de James Hillman (http://www.salves.com.br/jb-hillman.htm) no Brasil, Marcus Quintaes (http://grupohimma.blogspot.com e http://travessiadorubicao.blogspot.com) lança, pela Paulus, Letras Imaginativas – Breves Ensaios de Psicologia Arquetípica. Da coleção Amor e Psique, a obra é uma correspondência real com o inconsciente, atestada por imagens dotadas de alma e corpo.

“Fiquemos com as imagens, como propõe a regra única da psicologia arquetípica: raiva, insulto, fúria, inimigos, destruição, guerra, Ares, Marte. Este é James Hillman. Um homem que se configura como um pensador que prefere a paixão violenta das guerras pelas ideias a um pacifismo ingênuo e passivo que acaba por esterilizar e embotar o pensamento”, explica o autor.

Marcus Quintaes
Na obra, Quintaes mobiliza a imaginação com um estilo criativo a partir de temas de grande relevância clínica e cultural, apresentando casos de histeria, depressão e paranoia. Por outro lado, também enfatiza o amor (e beijos) – de forma amorosa, sedutora e erótica –, sobretudo o amor pelas imagens.

“Com seus textos, Marcus nos leva a sair do pensamento comum, da lógica conhecida, para confrontar os desafios e enfrentar a jornada pessoal. Seus textos, ao mesmo tempo líricos e poéticos, são contundentes. Vale a pena conferir”, afirma Maria Elci Spaccaquerche, psicóloga e uma das coordenadoras da coleção Amor e Psique.

A partir de sua lógica brilhante, o psicanalista instiga o leitor a não aceitar as teorias, mas a viver as experiências interiores, as imagens, e deixar que elas vivam em nós, abrindo espaço para a grande aventura de ser. “Em Hillman e em seus escritos, conjugam-se um panteão de possibilidades míticas. Da violência argumentativa de Ares ao senso estético de Afrodite, das armadilhas intelectuais de Hermes ao aspecto nômade e errante de Dionísio, do amor erótico pelas ideias ao caráter apolíneo de sua erudição. Seus textos são cenários e paisagens por onde desfilam os deuses que compõem o seu particular politeísmo”, conclui o autor.

Letras Imaginativas – Breves Ensaios de Psicologia Arquetípica (176 pág., R$ 22) é um livro de valor prático para estudantes, profissionais e leigos que desejam saber como usar a psicologia arquetípica tanto profissionalmente quanto em suas próprias vidas.

Marcus Quintaes é psicanalista junguiano, membro do Grupo Himma: Estudos em Psicologia Imaginal (SP), membro do Rubicão: Travessias Junguianas (RJ) e da IAJS. Coordenador de seminários sobre o Pensamento Pós-Junguiano e a Psicologia Arquetípica de James Hillman no Rio de Janeiro e São Paulo.

O lançamento oficial da obra deve acontecer dia 26 de agosto, sexta-feira, das 18h30 às 21h30, na Livraria da Vila, que fica na rua Fradique Coutinho, nº 915, na Vila Madalena, São Paulo/SP. Quem puder, vá conferir.


Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...