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domingo, 23 de novembro de 2014

AutoAjuda

Livros de autoajuda fazem sentido para você?
Se a resposta foi positiva, beleza!
Pra mim não faziam.
Durante a minha Idade das Trevas - um tempo em que eu não me permiti ser feliz - li diversos desses livros de Louise Hay a Brian Adams, passando por Deepak Chopra e Shyniashiki.
Sim eu li todos esses autores no desespero de encontrar respostas às minha angústias.
Talvez tivesse tido mais resultado buscando respostas nos grandes clássicos ou se tivesse ouvido mais rock.
Mas eu estava tão deprê que até ler bula de remédio era melhor do que ficar com a a mente ociosa. Sabe como é, tem aquela coisa do capeta (mente vazia é casa do demônio ou coisa assim), então mesmo que você não acredite muito nisso, na dúvida é sempre melhor ocupar a mente com alguma coisa.
Menos com funk, gente. Porque funk é coisa do capeta, aí  não vai aliviar muito, enfim, naquela época não tinha funk então eu estava meio que a salvo.
Bom, voltando aos livros de autoajuda, o fato é que eles não me ajudavam em nada e o que eu percebia era que os autores dos livros só ficavam cada vez mais ricos - e eu tinha contribuído para isso de certa forma - enquanto eu ficava na mesma...
Bom, o que me tirou da lama. em que eu me afundava (desculpem o uso de termos não muito ortodoxos, mas é que na verdade eu quero atingir um número bem grande  de pessoas e ficar com frescura em relação à estética da linguagem vai acabar me afastamento de quem eu quero atingir, que é a pessoa  comum e não os iluminados, porque esses provavelmente nem leem meu blog), o que me salvou foi a psicanálise.
Ah! pode torcer o nariz, pode fazer cara feia.
Mas, o que deu resultado mesmo foi a psicanálise.
Terapias holísticas de um modo geral são muito legais, ajudam, mas se você não escarafunchar a fundo não adianta; se você não mergulhar no tal do Inconsciente, não adianta; se você não se entregar ao tal do Freud, não tem Jung que te sustente.
A melhor autoajuda só você pode dar a você mesmo.
Psicanalise-se! Taí a receita eficaz de autoajuda!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O que quer uma mulher?

"Como Freud demonstrou em seu estudo do lapso, é no erro que melhor se confessa o verdadeiro." Esta frase é do autor do livro O que quer uma mulher, de Sergé André.
Uma mulher quer, no fundo, o que todo mundo quer. Ela pode até não confessar, a não ser pelo lapso, talvez por um olhar, ou por uma lágrima que deixa escapar.
Mas o que quer uma mulher? Quer ser ouvida e escutada (sim, tem diferença e só a prática diária oferece o melhor resultado), acarinhada e acariciada (idem), elogiada, elevada, protegida, cantada em prosa e verso e vice-versa. 
Uma mulher quer ganhar presentes de surpresa e presentes-surpresa. Há que ter uma sensibilidade especial para perceber a diferença. Mulheres são seres diferentes entre si, umas das outras e, ao mesmo tempo, tão parecidas e iguais. Iguais entre si, umas das outras e, ao mesmo tempo, tão parecidas com seus homens, com homens que não são seus, com os homens seres humanos.
Mas é na falta que mulheres (e homens) mais se assemelham aos bebês chorões. Assustados com o sumiço (ainda que temporário) das mamães...Mamães que olham para seus bebês e na sua angústia não sabem, afinal, o que querem seus bebês? 
E todos se perguntam: afinal, o que quer um bebê?
Quer o mesmo que uma mulher, que um homem, que uma criança, que um velho.
Em qualquer fase da vida o que quer o ser humano? Quer o amor, o colo, o calor, o abraço, o cheiro, o beijo, o afeto, o olhar quente, o aconchego.
Mas se querer não é realizar o seu querer...Vamos errando de lapso em lapso confessando nosso desejo verdadeiro.

terça-feira, 12 de março de 2013

Internação compulsória: sim ou não?


O crack é usado hoje por pessoas de todas as classes sociais e faixas etárias, atingindo, por exemplo, executivos que o consomem em casa, nos finais de semana, de forma relativamente controlada. “O perfil do usuário atual é mais amplo”, comenta a professora Amanda Reinaldo, especialista em dependência química e professora do Departamento de Enfermagem Aplicada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
    Ela é a coordenadora do Ciclo de estudos em crack e outras drogas, que começa hoje, 12/03/2013, na Escola de Enfermagem, e reunirá, em sete encontros periódicos que se estendem até julho, especialistas e profissionais de saúde que lidam com temas como o estigma sobre o usuário de drogas, a rede de saúde e de atendimento e a importância da participação da família na recuperação do dependente químico.
    Em entrevista ao Portal UFMG, a professora Amanda Reinaldo analisa o comportamento não exclusivista do dependente de crack, que também consome outras drogas, o forte estigma social que o persegue e sugere estratégias para o tratamento dos viciados – e elas não passam, em sua avaliação, pela internação compulsória, adotada desde o início do ano em São Paulo.
    “O ideal seria que as políticas públicas para essa área seguissem o princípio da redução de danos, que foca seus esforços na relação que o usuário tem com a droga”, propõe.

    O ciclo de estudos que começa hoje, na UFMG, tem o crack em lugar de destaque nos debates e até mesmo no nome do evento. Por que essa droga tem ganhado tanto espaço na agenda do governo e da sociedade?
    O crack é a bola da vez. Se pensarmos epidemiologicamente, outras drogas como o álcool provocam mais impactos sociais e financeiros que o crack. Mas o crack choca a sociedade e chama a atenção, porque seus usuários estão na rua, eles saem de suas casas e vão para as cracolândias, perambulam pela cidade e isso incomoda a sociedade. O uso do crack levanta outras questões sociais como prostituição e a degradação humana. Já o usuário de álcool em geral tem sua família e sua casa e não incomoda tanto a sociedade, a não ser nos casos de acidentes de trânsito. O crack incomoda muito mais, socialmente falando.
    O crack então é uma droga menos aceita socialmente?
    Sim, por conta da degradação e outras questões sociais que ele gera. O crack está associado à violência e a comportamentos de risco. Como exemplo, lembro que têm aumentado os casos de crianças portadoras do HIV; as mães usuárias e contaminadas pelo vírus não fazem pré-natal, o que poderia impedir a criança de contrair o vírus.
    A violência e outros problemas que aparecem associados ao uso do crack são os responsáveis pela exclusão social dos usuários dessa droga?
    Não acho que usuário do crack seja excluído socialmente. Ele é temido socialmente, a partir do momento em que causa um incômodo, as pessoas não querem vê-lo perambulando pelas cidades. Ele está na cidade, anda e convive com as outras pessoas, mas incomoda. Ele não está excluído na periferia, circula pelos espaços. Em geral, as pessoas têm mais medo do usuário de crack do que de um alcoolista ao volante.
    Por que o crack tem matado tantos usuários?
    Não podemos falar que o crack é a droga mais devastadora para o organismo. O uso de qualquer droga deve ser visto como uma doença e não um desvio de caráter, e o crack não mata por si só, está associado a doenças secundárias, tais como tuberculose, aids, pneumonia, câncer de boca. O usuário morre devido às comorbidades associadas ao uso da droga. Alguns indícios trazidos por determinadas pesquisas mostram que os usuários de crack estão começando a autorregular o seu uso da droga.
    Como isso acontece?
    Há estudos em andamento que mostram que o crack está entrando em uma fase de uso mais “estabilizado”, por assim dizer. Quando a droga surgiu, houve um boom no seu uso, sendo que o ápice foi percebido pela população com o surgimento das cracolândias. Mas hoje já existem sinais apontando que as pessoas que usam crack, assim como os usuários de cocaína e álcool, estão começando a moderar o consumo. Há usuários de fim de semana que controlam o uso para trabalhar e ter uma vida normal.
    Qual é o perfil desse novo usuário?
    É muito difícil traçarmos esse perfil, porque ele é muito amplo. Há desde o executivo que faz uso aos fins de semana em casa, de forma regular, porém mais controlado, até as donas de casa e os aposentados. O crack não é mais uma droga da rua, seu perfil mudou e ele agora atinge todas as classes sociais. Além disso, os consumidores de crack são "poliusuários".
    Isso significa que não uma há exclusividade no consumo...
    É muito difícil vermos usuários de uma droga só. As pessoas experimentam de tudo, mas fazem uso maior daquela droga à qual se adaptam melhor, que gostam mais do efeito. Aquele caminho clássico indicando que a pessoa começava no cigarro, migrava para a maconha e depois para drogas consideradas “mais fortes” não é mais comum. O grande “barato” do crack é o efeito instantâneo, mais rápido. Mas o usuário de crack também consome maconha, álcool e cocaína.
    Como o usuário de crack deveria ser tratado?
    O usuário de drogas é uma pessoa doente e que precisa de tratamento. O ideal seria que as políticas públicas para essa área seguissem a mesma linha do álcool, por exemplo. É a política de redução de danos, que foca seus esforços na relação que o usuário tem com a droga. O objetivo final é sempre a abstinência, que a pessoa pare de vez de usar o crack. Mas se hoje a pessoa fuma 20 pedras por semana e consegue passar a fumar 10 ou 5, isso já é bom. Juntamente com essa redução de danos, deve haver ações como reinserção no mercado de trabalho e na família, para que a pessoa consiga parar de usar a droga e voltar a ter vida normal. O usuário de crack precisa ser amparado de todas as formas e reintegrado à sociedade.
    A recuperação de usuários de crack é mais difícil que a de dependentes de outras drogas?
    É uma recuperação bem árdua, tanto pela dependência física, quanto pela psíquica. O usuário de crack pensa que precisa da pedra para sobreviver. Ele não acha que a droga em si é ruim, porque, se assim fosse, ninguém usaria. O usuário se sente mais forte e corajoso, e isso dificulta o tratamento. O ex-usuário precisa desenvolver um autocontrole e tentar não se expor às situações de risco.
    As internações compulsórias são uma solução para o problema do crack nas grandes cidades?
    Na área da saúde há grupos contrários e favoráveis a essa medida. Os grupos a favor alegam que o dependente perde a capacidade de decidir o que é bom e o que é ruim, e, por isso, o Estado tem a obrigação de decidir por ele. Os grupos contrários encaram essa internação como violação de direitos e de autonomia. A internação compulsória não vai resolver o problema do crack, mas é preciso dar uma resposta à sociedade.
    Como tem sido o resultado dessa medida nos locais onde foi adotada?
    Até onde temos conhecimento, a maioria dos internados compulsórios retorna ao uso, porque não há o desejo do tratamento. Quantas vezes a internação compulsória já foi feita e não deu certo? Foi feita com os portadores de hanseníase, com os doentes mentais e com os tuberculosos. Todas essas pessoas incomodaram a sociedade e foram retiradas das ruas pelo Estado. Com os anos, nenhuma dessas internações deu resultado, porque você isola a pessoa e cria uma sociedade à parte, sem solucionar o problema. Ao tirar as pessoas da rua e interná-las à força, o crack não deixa de existir. E em algum momento elas vão sair da internação, pois ninguém pode ficar enclausurado para sempre. Logo vai aparecer outra droga e qual será o próximo passo? Vamos criar serviços de internação para cada nova droga? Esse é um assunto muito delicado e que desperta posições conflitantes. Alguns usuários questionam a internação compulsória e, ao sair, voltam a usar droga. Já outros agradecem pela internação depois que se recuperam.
    Como o Estado participa dessas internações?
    Nos locais em que ocorrem, elas são resultado de parceria do governo com a justiça. Nossa preocupação é que o Estado pode não dar conta de manter as internações compulsórias, porque isso é muito caro. A quem interessa a internação compulsória se o Estado não tem condição de internar todo mundo? As clínicas privadas vão se interessar e aí a pessoa deixa de ser um usuário de drogas, sabidamente doente, e se transforma em uma cifra. Quanto mais usuários, mais serviços privados e mais dinheiro o processo vai envolver. Já existe a intenção e esforço político para a causa, mas esse esforço tem que ser canalizado de forma inteligente.
    Como a universidade tem participado dos debates sobre dependência química e uso do crack e outras drogas?
    A UFMG difunde o conhecimento e cria políticas de multiplicadores desse conhecimento. A universidade ajuda a destruir mitos e a mostrar que este é um problema de saúde pública. Além disso, ela forma profissionais nas áreas da saúde que estão se preparando para enfrentar o problema. Muitos profissionais estão indo para o mercado de trabalho sem saber lidar com essa questão. Além disso, a UFMG tem feito avanços na pesquisa para gerar conhecimentos que ajudam a compreender melhor a dependência química.

    Fonte: Agência de Notícias da UFMG

    Particularmente não concordo com algumas ideias da professora, principalmente no que diz respeito à comparação que ela fez entre hansenianos, tuberculosos e dependentes de crack. A hanseníase e a tuberculose, assim como a Aids e outras doenças infecto-contagiosas não limitam a capacidade do doente de discernir e tomar decisões. Dependentes químicos, em geral, e de crack em particular, em graus muito avançados de fato não conseguem ter lucidez suficiente para decidir o que é melhor para eles, nem se querem mesmo se tratar ou não. Como afirmar que todo dependente químico que foi internado compulsoriamente tem recaída por esse motivo? Então, por que razão os que são internados voluntariamente também têm recaídas? O assunto é muito complexo e vai além de questões do tipo: concordo ou não concordo com essa ou com aquela política pública. O sistema prisional, igualmente, não resolve a questão da recuperação dos presos e nem por isso, não prender um infrator seria a solução ou perguntar para ele se ele quer ser preso seria a solução. Ah! não sou a favor da internação compulsória nem de hansenianos nem de tuberculosos ou aidéticos. Mas se internar compulsoriamente dependentes químicos não resolve, me parece que deixá-los à revelia também não. Vide caso recente do cantor Chorão, morto semana passada. A Justiça, sempre sábia, não concordou em interná-lo compulsoriamente e o fim da história nós vimos como foi. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Lado homem, lado mulher

"Os homens costumam pensar e julgar-se apenas como homens, e as mulheres pensam e julgam-se apenas como mulheres, mas os fatos psicológicos mostram que todo ser humano é andrógino".

A frase é do psicanalista junguiano John Sanford (1929 - 2005) que defendia a ideia de que uma pessoa combina em sua personalidade tanto elementos masculinos quanto femininos. É como se fôssemos todos hermafroditas, palavra com origem no deus grego Hermafrodito, que nasceu de Afrodite e Hermes e  encarnava as características sexuais de ambos, ou seja, era um pouco Hermes e um pouco Afrodite.


Algumas lendas contam histórias da Gênese referindo-se ao homem/mulher como sendo uma única criatura e que o "castigo", ou a perda do Paraíso, teria sido justamente dividir/separar as duas partes do todo. Unidos, masculino e feminino teriam força absoluta. Separados se tornariam fracos e imperfeitos. Faz sentido?

Pode ser. Senão, de onde teriam saído as frases que encerram a sabedoria dos antigos sobre as pessoas serem completas apenas quando encontram suas caras-metades, ou as tampas de suas panelas, as metades de suas laranjas etc.

"Dentro de todo homem existe o reflexo de uma mulher, e dentro de cada mulher há o reflexo de um homem!", descreve o índio americano segundo mesmo John Sanford (2011).

Segundo ele, a ideia da androginia humana é antiga e, de fato, já foi intuída e expressa por vários filósofos, poetas e pensadores, sem falar na mitologia e nos contos de fadas.

No pop rock nacional, Pepeu Gomes, nos anos 70, já cantava em "Masculino e Feminino" 
Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...


E Gilberto Gil, um pouco depois também vai assumir seu lado feminino em "Super-homem":
Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver
Dá até a impressão que Pepeu e Gil se inspiraram nas teorias de Sanford. Mais contemporaneamente, do lado dos teóricos dedicados a compreender os mistérios do existir, o psiquiatra suíço (e quase herdeiro de Freud) C.G.Jung foi talvez um dos primeiros a observar esse fato psicológico da natureza humana e a tomá-lo em consideração ao descrever o ser humano no seu todo.

Jung chamou os opostos existentes no homem e na mulher de anima e animus. Onde anima é o componente feminino dentro do homem e animus é o componente masculino dentro da mulher.

Anima ou animus é aquilo que anima, que entusiasma, que empurra para a frente, que impulsiona!


No homem, geralmente mais racional, a anima representa o lado mais emocional ou sensível, que expressa mais seus sentimentos. Na mulher, normalmente mais emocional, o animus representa aquele lado que pensa mais, que organiza, planeja, faz contas.

Na prática, funciona mais ou menos assim: sabe aquele seu amigo sensível, educado, sentimental, de gestos mais refinados, ou seja, que não é nem se parece com um Shreck? Esse sujeito carrega uma anima bacana dentro dele. Ele é hetero, não é gay, e as mulheres o adoram porque ele não é um troglodita. Muitos homens pensam que as mulheres gostam de homens grosseiros. Ah, sim, tem umas que gostam. Mas, isso é outra história.

Agora, sabe aquelas mulheres que são lindas, ultrafemininas e ainda assim são bem-sucedidas na profissão, são ótimas executivas, conciliam vida pessoal e profissional numa boa sem sair do salto, derreter a maquiagem ou estragar o penteado? Então, essas mulheres têm um animus bacana dentro delas. Sem deixar o lado mais sensível elas conseguem ser bem-sucedidas naquilo em que os homens naturalmente enfrentam. Pelo menos era assim que Jung acreditava.

Isso quer dizer que quando as mulheres se dão bem com sua porção masculina, ou quando os homens convivem bem com sua porção feminina, a chance de serem pessoas felizes e bem resolvidas é muito maior do que quando vivem em conflito com seus opostos internos.

Detalhe: esta é uma visão da psicologia analítica de Carl Jung. Para ele, nossa psique funciona mais ou menos assim: conscientemente, um homem sabe que é homem e se sente assim. Inconscientemente ele projeta sua porção anima em uma (ou várias) mulher. Da mesma forma, a mulher inconscientemente projeta seu animus interno, embora conscientemente ela se veja e se sinta como mulher. Ou seja, a pessoa que atraímos para nosso relacionamento possui dentro dela o animus ou anima correspondente e semelhante ao que carregamos dentro de nós.


E para Jung, quais seriam as consequências disso?

Quando não se tem consciência desse processo, somos "tomados" por nossa parte oposta, quer dizer, ficamos refém dela. Por exemplo: homens constantemente mau-humorados, resmungões, geralmente possuem uma anima negativa, dominadora. Homens que não conseguem se relacionar bem com as mulheres, podem ter internamente uma anima estática, paralisada pela figura da mãe/santa, o que os levaria a ficar bloqueados para relacionamentos sexuais e até impotentes.

Da mesma forma, mulheres muito agressivas, possuem um animus infantilizado que está sempre competindo, inseguro precisando provar que é o melhor e vê em outros homens seus oponentes. O resultado é que a mulher talvez tenha dificuldade de se relacionar com os homens de forma saudável, porque eles sempre vão vê-la como uma concorrente, como se ela fosse um outro homem,  e não uma parceira.

Esse animus, digamos, negativo, por outro lado, destrói toda a parte criativa e sensível da mulher, a desqualifica e a desencoraja a ser feminina porque para esse tipo de animus, isso é sinônimo de fraqueza. Daí, a explicação para a existência de mulheres "fortes", porém, masculinizadas. Jung não faz nenhuma correlação com opção ou identidade sexual. Ele está tratando, nesse caso, apenas de relações heteroafetivas.

Segundo Jung, muitas vezes, nosso desconforto no trato com o sexo oposto surge das atitudes que nossos animus e anima nos levam a ter. O movimento é inconsciente, e, por isso, traz dor e sofrimento. Daí aquela famosa frase atribuída a Jung: "Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino".

Em tempos de muita discussão sobre igualdade de gênero, e demais temas relacionados, é interessante conhecer várias teorias. Em breve, vamos falar sobre a bissexualidade, constitutiva do ser humano, segundo o mestre Freud!

Este texto foi baseado no livro Os Parceiros Invisíveis, do psicanalista junguiano John Sanford.

Hermafrodita Dormindo é uma antiga escultura de mármore retratando Hermafrodito em tamanho natural deitado num colchão esculpido pelo artista italiano Gian Lorenzo Bernini em 1620. A forma é derivada em parte de antigos retratos de Vênus e de outros nus femininos e parte de retratos feminizadores contemporâneos de Dionísio/Baco. É um tema muitas vezes repetido no período helenístico e na Roma Antiga a julgar pelo número de versões que sobreviveram. Descoberta em Santa Maria della Vittoria, em Roma, o "Hermafrodita Dormindo" foi imediatamente reivindicado pelo cardeal Scipione Borghese e passou para a famosa Coleção Borghese. Conhecido a partir daí como Hermafrodita Borghese, a estátua foi depois vendida para o exército invasor francês e acabou no Louvre, onde está em exposição atualmente.



domingo, 12 de agosto de 2012

Jung e sua impopularidade

Jung em 1910
Uma das razões para a impopularidade de Jung é o fato de ele sempre bater na tecla da necessidade do autoconhecimento, para que as pessoas se transformassem em pessoas melhores (através do processo de individuação) e as pessoas sendo melhores o mundo se transformasse num mundo melhor.

Um texto que retrata bem essa posição de Carl. G. Jung, está no livro "Sobre o Amor", em que o analista suíço fala sobre o autoconhecimento e sua importância. 

"Deveríamos ter algo como escolas para adultos, m que poderíamos ensinar às pessoas pelo menos as coisas mais elementares do autoconhecimento e do conhecimento das pessoas. Já fiz essa proposta várias vezes, mas ela permaneceu como um desejo de fé, apesar de todos admitirem teoricamente que sem autoconhecimento não pode haver um entendimento geral. Acabaríamos encontrando meios e caminhos caso se tratasse de algum problema técnico. Mas como se trata apenas do que é mais importante, ou seja, da alma do ser humano e dos relacionamentos humanos, não existem professores nem alunos para isso, nem material didático nem currículos, tudo fica sempre encalhado naquele encolher de ombros, no 'deveríamos'. É muito impopular dizer que cada um deveria começar consigo mesmo por isso tudo continua na mesma. Só quando as pessoas ficam tão nervosas a ponto de o médico diagnosticar uma neurosa é que consultamos os especialistas, cujo horizonte na medicina via de regra não inclui a responsabilidade social." (Briefe II 419)

domingo, 10 de junho de 2012

É possível amizade entre homens e mulheres?


O assunto "existe verdadeira amizade entre homens e mulheres" é polêmico e carente de pesquisas que comprovem ou não o questionamento. No livro O JOGO DA SOMBRA (editora Rocco, 2000, Rio de Janeiro) os autores Connie Zweig, Ph.D., psicoterapeuta junguiana que se especializou no trabalho com a sombra, e Steve Wolf, Ph.D., psicólogo clínico que vem desenvolvendo seu trabalho com a sombra, vemos que "dentro de cada mulher e de cada homem, a caverna escura do inconsciente é a guardiã de sentimentos proibidos, desejos secretos e anseios criativos. Com o tempo, essas forças "escuras" adquirem vida própria e formam uma figura intuitivamente reconhecível - a sombra." O texto a seguir faz uma reflexão sobre este fenômeno nas relações de amizade entre homens e mulheres através da análise comportamental do ponto de vista dos mitos. Amizade pode existir. Mas se é verdadeira, sincera ou legítima, fica por nossa conta definir.

"UMA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA SOBRE A AMIZADE
Pessoas fortemente influenciadas por padrões arquetípicos distintos que ocupam o assento de poder também têm padrões de amizade distintos. 
Zeus
Por exemplo, homens do tipo Zeus, que usam o escudo de poder, não procuram amigos de alma, nem entre os homens nem entre as mulheres. Incapazes de compartilhar o poder ou trocar sentimentos profundos, eles têm uma atitude mais utilitária sobre as pessoas. Os homens de Poseidon também procuram dominar os outros, mas com um poder emocional em vez de um poder político. Tendem a competir com homens e mulheres, tornando a intimidade difícil. Quando um personagem Hades está presente em um homem, ele terá dificuldades em fazer amizades, mas por outra razão: sua profunda introversão. Um homem tipo Ares, por outro lado, é um companheiro de outros homens, especialmente nas forças armadas ou como membro de um time, onde a agressividade natural é honrada. E um homem tipo Dioniso é um companheiro das mulheres, que tendem a adotá-lo como amigo e nutri-lo, sentindo-se apreciadas por ele. Quando Apolo é forte em um homem, ele é capaz de amizade com mulheres independentes e competentes, especialmente aquelas que compartilham sua paixão por música e arte; mas com outros homens fica competitivo e precisa liderar. Finalmente, quando Hermes influencia um homem, ele é amistoso, espontâneo e comunicativo, encantando as mulheres e unindo os homens em suas atividades. Mas Hermes é também um solitário, que chega e parte sem se comprometer. E pode mentir e enganar para conseguir o que quer.
Apolo
Uma mulher altamente influenciada por Ártemis tende a valorizar os amigos mais que os amantes, formando vínculos de fraternidade com mulheres, o que pode incluir grupos de apoio e o espírito coletivo da irmandade, e também com homens, especialmente aqueles parecidos com seu gêmeo Apolo, o deus andrógino da música e da profecia. Atena, por outro lado, tem poucas amigas mulheres; sua racionalidade e sua natureza competitiva levam-na a ignorar o parentesco com as mulheres e se colocar ao lado dos valores patriarcais. Ela é atraída por homens heróicos e poderosos, como amigos e colegas, e pode agir como conselheira ou confidente.
Afrodite
Quando Hera está na cabeceira da mesa, as mulheres também desvalorizam as amizades com as outras mulheres, colocando suas prioridades no casamento. Como esposas, elas desprezam a mulher solteira, que consideram um fracasso, ou então a enxergam como uma ameaça à sua própria segurança. Quando Deméter está presente em uma mulher, ela valoriza a maternidade acima de tudo, e portanto gosta de amizades com outras mães, para ter apoio emocional. Talvez seja amiga de uma mulher jovem e ingênua, tipo Perséfone, para continuar o padrão de tomar conta de alguém. Ou de um homem jovem e sensível que precisa ser nutrido por uma mulher maternal. Por último, a mulher estilo Afrodite tem amizades problemáticas com os dois sexos. Desejada pelos homens por sua sensualidade erótica, ela tem o hábito de se tornar amante e não amiga. As mulheres não confiam nela exatamente por esta razão, e ela costuma despertar ciúmes, inveja e sentimentos de perigo, especialmente nas mulheres do tipo Hera. Ela pode estabelecer vínculos com mulheres, mas estas ou se sentirão subordinadas aos seus poderes ou precisarão desenvolver sua própria autoconfiança.
Existe um padrão de amizade que tem o potencial de curar o vínculo pai/filho: o padrão senex-puer/puella - isto é, amigo mais velho-amigo mais novo. Como o puer vive em um mundo de idéias, ele ou ela anseiam por pessoas especiais que possam ser chamadas de amigos. Quando um vínculo é formado, o puer tende a se fundir com o Outro derretendo as fronteiras, talvez chamando Afrodite e usando a sexualidade como um meio de se conectar, ou evocando uma conexão espiritual Self a Self, que pode não respeitar limites individuais ou mundanos.
Uma pessoa controlada por este padrão não tem um pai interno, por isso o amigo pode cumprir esta função do lado de fora, sob a forma do amigo do tipo pai ou mentor, isto é, um senex positivo. Como o sábio vidente Merlin para o jovem rei Artur, o senex inicialmente funciona como um professor ou guia, e finalmente se torna um amigo de alma. Na lenda, Merlin ajuda o menino a cultivar sua masculinidade com a ajuda da espada Excalibur, iniciando-o portanto no ofício de Rei - isto é, na relação adequada entre o ego e o Self. Os homens e mulheres que são afortunados o bastante para encontrar este tipo de amigo sábio podem experimentar o próprio sentido de inteireza, se não continuarem a projetar toda a estabilidade e sabedoria fora de si mesmos.
• Que mitos e imagens arquetípicas estão por trás de suas amizades? Como elas enriquecem as amizades? Como interferem nelas?
MULHERES E HOMENS COMO AMIGOS: PERIGOS E DELÍCIAS
a-amizade-entre-homens-e-mulheres-exist.jpgHomens e mulheres talvez possam encontrar verdadeiras amizades da alma entre si, mas os obstáculos no caminho deste tesouro são inúmeros. Por exemplo, se levarmos para estes relacionamentos nossa bagagem estereotipada, esperando secretamente que todos os homens sejam heróicos, racionais e competentes, ou que todas as mulheres sejam acolhedoras, emocionalmente acessíveis e subordinadas, então toda a extensão de nossa autenticidade não poderá ser expressa. Em vez disso, nossa identificação infantil com os padrões de um "filho do pai" ou de uma "filha da mãe" serão reforçados, a variedade emocional reduzida, e os personagens de sombra silenciados.
Os especialistas nos gêneros masculino e feminino, Aaron Kipnis e Liz Herron, mostram que muitos homens encobrem sua vulnerabilidade com os escudos da riqueza e do poder, para serem aceitos. E as mulheres, por sua vez, freqüentemente encobrem seu poder legítimo, usando um escudo de vulnerabilidade, também para serem aceitas. Desta forma, os membros dos dois gêneros perpetuam os mitos arcaicos do herói e da princesa, ou do algoz e da vítima. Assim, a necessidade de carinho dos homens, juntamente com sua depressão e impotência, permanecem na sombra, enquanto a competência, a autoridade e a violência das mulheres também permanecem ocultas.
Algumas amizades com o sexo oposto podem compensar elementos ausentes nos relacionamentos primários. Por exemplo, Doug tinha uma animada troca intelectual com sua amiga Célia, uma "filha do pai" que ele conhecera fazendo pós-graduação. Em seu casamento com uma artista, Doug estava bastante satisfeito, mas depois de voltar para a universidade desejou mais estímulo intelectual. Claramente, o perigo aqui é a triangulação: Sua mulher pode se sentir inadequada ou abandonada, proibindo o relacionamento, ou Célia pode ser incapaz de tolerar os limites da amizade. Qualquer amizade entre um homem e uma mulher, na qual um dos dois é casado, vai exigir uma solução para este problema potencialmente sombrio.
Amigos desde a infância...
A sexualidade complica, e muitas vezes coloca em perigo, as amizades entre homens e mulheres. Se os dois sabem com certeza que não desejam formar um par romântico, as probabilidades melhoram. Mas muitas vezes um dos dois se torna vulnerável, com as flechas de Eros enterradas no coração, e então são despertados perigosos desejos sexuais secretos.
Allen, vinte e nove anos, fazia terapia já há vários anos para explorar seus relacionamentos com mulheres, quando finalmente decidiu falar sobre sua melhor amiga, Tanya, vinte e oito anos. Amigos desde a infância, faziam confidencias um ao outro e iam a jantares e a cinemas juntos. Tanya até ajudou Allen a escolher móveis e decoração para a casa. Quando Allen saía com outras mulheres, dava a Tanya "poder de veto", respeitando suas opiniões e confiando que ela desejava o seu bem. Muitas vezes, quando ele se sentia solitário e os dois estavam juntos, Allen imaginava que um dia a convidaria para um envolvimento romântico com ele. Mas nunca havia contado esta fantasia proibida à sua melhor amiga.
Allen estava saindo com June há vários meses quando confidenciou ao terapeuta que não contara a Tanya que seus sentimentos por June eram cada vez mais fortes. Em vez disso, ele se comunicava mais abertamente com June, experimentando pela primeira vez uma relação sexual com a autenticidade que ele sempre reservara para a amizade. Sentia-se culpado, como se estivesse traindo a amizade com Tanya, ao recusar-se a compartilhar com ela uma parte tão importante de sua vida. Mas não tinha vontade de contar esses novos sentimentos para ela. Tinha medo de que ela se sentisse usurpada, e pavor de que ela se tornasse crítica. Além disso, confessou que se sentia responsável pelos sentimentos dela.
Ao dizer isso, Allen percebeu que transformara sua amiga em mãe, projetando em Tanya a voz crítica da mãe e se achando na obrigação de agradá-la. Se contasse isso a ela, precisaria resgatar a voz crítica, retirando-a da amiga, e portanto declarando sua independência em relação a ela. Talvez então pudesse esclarecer os sentimentos sexuais que evitara por tanto tempo. Ou poderia aprofundar o relacionamento com June sem se sentir culpado por abandonar Tanya.
Nos mitos, como na vida, existem poucos modelos da amizade homem-mulher. Mas na Grécia antiga, onde a amizade masculina era valorizada e as mulheres consideradas propriedade dos maridos, havia uma única exceção: a hetaira, cuja raiz, heter, significa amizade em egípcio. Uma mulher hetaira era uma companheira dos homens, e propriedade de ninguém. Ao contrário das esposas, ela era livre para ir à escola, ler os céus estrelados, velejar nos mares bravios, recitar os grandes poetas, e fazer sacrifícios aos deuses. A hetaira muitas vezes era dona de um salão, onde participava da vida intelectual dos homens. Ela, entre todas as mulheres, era uma igual.
Toni Wolff, que fez o papel de hetaira de Jung, e também de amante, descreveu este padrão arquetípico nas mulheres: Ela estimula os interesses e inclinações dos homens, dando a eles um sentimento de valor pessoal e conduzindo-os além das responsabilidades cotidianas, para uma vida interna mais rica. Se ela o tocar fundo demais, ele pode abandonar o trabalho e sacrificar a segurança, ou mesmo buscar o divórcio, achando que ela o compreende melhor do que a esposa.
Hoje, também, algumas mulheres são basicamente intelectuais ou companheiras espirituais dos homens, em vez de fêmeas. Elas colaboram nos seus projetos, acendendo o fogo da criatividade em vez do fogo do desejo. Elas inspiram os homens a ter uma vida interior, mas em geral não são escolhidas como parceiras. Cheryl, a amiga de Gabriella mencionada antes, percebeu que os homens queriam sua companhia e seus conselhos, mas não a queriam sexualmente. Ela sofreu, em parte, por ser uma hetaira em um mundo cego para este tipo de beleza; uma hetaira em um mundo que não conhece mais esta palavra.
Talvez, ao darmos um nome a este tipo de amizade, possamos reimaginar mulheres e homens juntos, em novas formas. Talvez existam homens hetairas que inspirem as mulheres em suas vidas criativas, para que possam se livrar da limitação dos padrões antigos de desigualdade, descobrindo juntos uma nova forma de amizade.
• Você tem um amigo de alma do sexo oposto? Se não, qual é o personagem de sombra que está impedindo?"

domingo, 16 de outubro de 2011

Quero viver algo assim


"Que você tenha sempre : 

Colo de mãe. 
Abraço apertado. 

Riso de graça.
Brilho nos olhos. 

Amor no que faz. 
Tristeza que passa. 
Força nos ombros. 
Criança por perto. 
Astral bem bonito. 

Prece nos lábios.
Saudade mansinha. 

Fé no futuro. 
Música no ouvido. 

Conversa que cura.
Cotidiano enfeitado. 

Paz no coração. 
Firmeza nos passos. 
Sonhos que salvam e muita saúde. 

E se livre de tudo que te trave o riso.

Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."
(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O outro é você e você é o outro

Preste atenção:  aquilo que você fala sobre o outro, na verdade é uma projeção sua no outro. Ou seja, você vê no outro aquilo que está em você mas você não reconhece em você.
Tem muito você no texto? É de propósito.
Por exemplo: você acha sua vizinha irritante, falsa, esnobe. Então, pare e observe: o que existe de irritante, falso e esnobe em você e que você não reconhece? 
É natural nós não nos enxergarmos a não ser que estejamos em frente a um  espelho - objeto que deve ter sido criado, acredita-se, no Egito antigo, e que foi muito utilizado pela Rainha Má da história da Branca de Neve -, nós não temos como nos ver. É o outro quem me diz quem eu sou. São os outros que dão dicas, pistas de quem somos, como somos ou de como aparentamos ser quando nos dizem: "Que cara feia é essa?" você pode estar distraidamente sério, nem percebeu, mas está com o cenho franzido, ares de preocupado...não é assim mesmo? Ou ainda quando dizem que você está com um sorriso no semblante, um brilho no olhar e você nem se deu conta disso. É o seu inconsciente se manifestando através do seu corpo ou do seu rosto, através dos seus gestos. "O corpo fala", tem até um livro muito conhecido que trata com propriedade desse assunto.
Muito bem.
Outro ponto: a fala da outra pessoa sobre mim é, na verdade, a minha fala (sobre mim). E eu tenho de entender o que ele fala. Ou seja, alguém diz algo sobre mim que está em mim, eu não reconheço, mas é como se eu estivesse falando de mim mesma. Por exemplo: alguém me diz: Nossa, como você está mau-humorado. É como se eu estivesse falando de mim. Mas como eu não reconheço o mau humor em mim, eu penso que o outro está dizendo isso de mim equivocadamente. Então,pare e pense: estou (ou sou)  de fato mau-humorado, desleixado, desequilibrado etc etc etc?
Confuso? Não. Complexo? Sim.
Daí a importância de nós nos conhecermos. Como? olhando para dentro de nós e prestando atenção na fala do outro e na minha fala sobre o outro. Já que o que eu vejo no outro está em mim.
Já colocou um espelho de frente para outro espelho. Faça a experiência.
Somos espelhos uns dos outros. O outro sou eu. Eu sou o outro. O outro é minha sombra, eu sou a sombra do outro. E todos somos um. 
Isso é física quântica. Senão, vejamos: "(...) sabe-se que uma imagem holográfica guarda em cada uma de suas partes, por minúsculas que sejam, as informações do todo. O mesmo espírito norteia a Teoria Geral dos Sistemas, que considera o mundo em função da inter-relação e interdependência de todos os fenômenos. Os sistemas são totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser reduzidas às de unidades menores. (...) a engenharia genética ensina-nos que um único filamento do DNA contém todo o código genético de um ser vivo. A biologia também apresenta a Teoria dos campos morfogenéticos, do bioquímico inglês Rupert Sheldrake, que define o campo morfogenético como uma força não energética, uma espécie de memória coletiva que atua além do espaço e do tempo, conectando todas as coisas e todas as formas da natureza. (...) a ecologia, demonstra que todas as formas vivas encontram-se inter-relacionadas numa complexa e delicada teia de relações mútuas." (Farjani, Antonio Carlos - Psicanálise e Quantum, Editora Plêiade, 1995)
No filme Avatar (James Cameron, 2009) ficou famosa a cena em que a personagem de Zoe Saldaña, Neytiri, diz para o personagem de Sam Worthington, Jake Sully: "Eu vejo você". Quando ela o vê? Quando ela descobre que o ama. E o que ela ama em Jake? O que ele tem dela dentro dele. Ela ama o Jake transformado nela. E ele ama o que ela tem dentro dele que ele não sabia. Ou seja, nós nos apaixonamos por nós mesmos!
O perigo disso é estarmos tão identificados com o outro que não sabemos mais quem nós somos e passarmos a atender apenas as necessidades do outro pensando que estamos atendendo às nossas necessidades. Quando eu fico muito identificado com o outro (quando estou apaixonado,por exemplo, ou muito bravo com outra pessoa por causa do que ela me disse e que eu não gostei, que me afetou) fico alienado de mim mesma. Se eu não gostei é porque me identifiquei. Se me for indiferente, provavelmente não me pertence de fato.
Qual a saída para eu ser eu mesma, de forma íntegra e totalmente.
Preciso me conhecer para atender ao que meu EU Superior, ou meu SELF, ou Deus interior, ou partícula divina (depende da crença de cada um) quer que eu faça, atender à minha missão de alma. Se eu não atender ao que o Self quer, eu vou atender ao que o EGO (aquela parte racional que me controla) quer. E o EGO quer atender ao que o outro quer (quando não sabe quem é, quando está identificado com o outro). Daí a importância do AUTOCONHECIMENTO.
Algumas religiões ajudam nesse processo (outras, atrapalham bastante). Mas não são suficientes para alcançarmos bons resultados.
Só uma boa terapia nos ajuda a elucidar quem somos, por que agimos desta ou daquela maneira,por que atraímos isso ou aquilo para a nossa vida (situações que se repetem, pessoas parecidas....), por que temos a sensação de andar em círculos ou para trás, por que nada dá certo comigo, por que sempre me meto em dívidas, confusões, relacionamentos  complicados, por que sempre sou traído(a), enfim, por que sou assim, por que funciono assim?
Dá pra mudar? Dá. Mas não é fácil. O caminho é longo, traz angústia. É preciso coragem, disciplina e determinação.
Gente, estou escrevendo isso para mim mesma! Não é sensacional?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O poder do feminino ou comerciais de lingerie denigrem mesmo com a imagem da mulher?

Em tempos de proibição de comercial de lingerie para, supostamente, tentar proteger a mulher, vale fazer uma reflexão sobre os "poderes" do feminino (ou não) com ajuda deste texto que publico a seguir que recebi por e-mail da minha professora de Mitos e terapeuta Fátima Corga.
Acho que o texto foi escrito por um homem, mas ela não cita a fonte.


"Estamos no Tempo da "Rainha, do Poder Feminino. Eu particularmente torço para isso, pois o mundo em nossas mãos (masculinas) chegou nesse ponto que estamos vendo.É realmente necessária, para o bem do planeta, da entrada de uma força mais carinhosa, mais amorosa. 

O xamanismo é a prática do Sagrado Feminino. É trabalhar com as energias densas da Mãe Terra e sutilizá-las.
Na verdade todas as mulheres deveriam ser Sacerdotisas Da Lua. A Lua é a Virgem, a Anciã, a Mulher e a Rainha.É a Senhora dos nossos sonhos e das nossas emoções.
Eu já há alguns anos me rendi a essa força. Tanto que há anos rendo homenagens para a Lua, nos momentos de Lua Cheia, onde todas as luas se encontram.
No processo de afirmação da mulher nesses anos, ela teve que utilizar muito a força masculina para posicionar-se melhor no mercado de trabalho, para conseguir seus direitos políticos e etc. frminiono conquistou espaços, mas também foi perdendo um pouco o encanto.
Sinto que a mulher deve saber relacionar-se com o mundo com sua energia feminina, estudando os arquétipos femininos, resgatando o poder sutíl, penetrante, encantador.
A mulher deve saber usar o poder feminino para suas realizações e suas conquistas, em vez de pegar o que o homem tem de ruim para disputar sua posição. Ou seja em vez de enfrentar o homem como homem, deve aprender a seduzí-lo como mulher. Ou numa linguagem mágica: aprender a encantá-lo.(e não foi exatamente isso que o comercial protagonizado por Gisele Bündchen quis transmitir? A mulher "encanta" seu homem de tal forma que ele nem liga que ela bateu o carro etc etc etc?)
E o homem não deve ficar atrás e trabalhar seu lado feminino no que diz respeito a sua intuição, seu lado criativo, seu lado mais sensível. Aprender a compartilhar mais as decisões com a mulher, usando " INTUIÇÃO FEMININA"
Lembro também o conceito taoísta, que dentro do Yang existe um pequeno Yin, e dentro do Yin existe um pequeno Yang. Os opostos complementares.
Eu creio que o momento de grande poder desse planeta será quando o " Rei e a Rainha " reinarem juntos. Assim como Sol se recolhe para o Lua reinar e vice-versa.
Essa polaridade é fundamental vejamos o exemplo da Ayahuasca que em todo o seu poder concentra a Força Masculina do Cipó e a Luz Feminina das Folhas.
Assim cada um fortalecido na sua polaridade poderem fazer um matrimonio perfeito e se fortalecerem pela complementaridade, ao invés de se detonarem pelas suas diferenças
A cumplicidade feminina com as fontes de vida voltam a confirmar-se quando a mulher empreende uma nova tarefa. As mulheres foram, no princípio, coletoras de plantas, e mais tarde, quando se descobriu que uma semente introduzida na terra se reproduzia, transformaram-se em cultivadoras. Os derivados dos vegetais, especialmente os cereais, chegaram para constituir-se uma parte fundamental da alimentação humana. O papel das cultivadoras se transformou num verdadeiro suporte para a vida. O sustento que provinha das mulheres não terminava com sua maternidade.
Há muito tempo atrás, a imagem da Grande Mãe começou a experimentar certas modificações, já não era vista apenas como a extensão da terra. Na época de Ishtar, Isis e uma imensa lista, foram reverenciadas como Mães da Terra e no verdadeiro sentido de Deusas da Fertilidade.
Com frequência as Deusas eram comparadas com a mãe, esposa e amante, algumas vezes nas três simultaneamente.
Em relação às mulheres terrenas, devido a descoberta tardia de sua importância como cultivadoras, na terra invocava-se a Mãe-Terra para poder ter uma boa colheita.
Como a mulher, a Terra nos nutre e nos sustenta, por isso é uma Grande Mãe. Alguns pesquisadores acreditam que os primeiros xamãs foram mulheres.
Em respeito a Mãe Terra, as mulheres mortais são tanto microcosmos como coadjuvantes. Daí deriva-se o sentimento místico que inspira o ciclo menstrual, e a ansiedade que o homem observa em qualquer alteração de fluxo.
Rupert Sheldrake, em "Renascimento da Natureza, faz alguns relatos sobre "A Mãe de Deus " :

A Virgem Maria é a forma predominante sob a qual a Mãe tem sido honrada e venerada pelos cristãos. Ela foi proclamada a Mãe de Deus no Concílio de Éfeso, no ano 431, e seu culto difundiu-se rapidamente por toda a cristandade.
Progressivamente, ela foi incorporando os títulos e os atributos de várias deusas pré-cristãs. Muitos de seus santuários foram erguidos em lugares antes consagrados a deusas, como em Éfeso, lugar onde ficava o templo de Ártemis. Esse processo teve lugar em toda a Europa, e continuou na América Latina e em outras áreas evangelizadas pelos católicos romanos.
Nossa Senhora de Guadalupe é uma Virgem Negra, tanto na forma mexicana como espanhola. Temos aqui no Brasil, a Nossa Senhora da Aparecida, ou sejam "Madonas Negras". Ninguém sabe como surgiu a tradição da Virgens Negras, mas sua importância simbólica deve depender, em parte, de sua associação com a Terra e com a morte. A Grande Mãe das religiões arcaicas era a fonte de vida e fertilidade, e o ventre para qual toda a vida retornava. A deusa negra Kali, é a Grande Mãe em seu aspecto de destruidora, mas é também a fonte de nova vida. E a Virgem Maria está associada com a morte, bem como a fertilidade e com a nutrição : " Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte"
No decorrer de toda a década de 80, visões da Virgem Maria foram relatadas pesistentemente em várias partes do mundo, e foi anunciada como a "Rainha da Paz "Em 1988, o papa proclamou um ano mariano.A atitude do papa de honrar a Terra como Mãe é expressa pelo seu costume de beijar o solo quando descia do avião.
O texto abaixo é de Rosane Volpatto:
A negligência do aspecto interior tem levado, particularmente as mulheres, a certa falsificação de seus valores existenciais. Hoje em dia, o sucesso ou o fracasso da vida de uma mulher não é mais julgado como antigamente pelo critério exclusivo do casamento. À sua adaptação à vida agora, pode ser feita de diversas maneiras, cada uma das quais, oferecendo alguma oportunidade para resolver problemas, sejam de trabalho, de relações sociais ou necessidades emocionais.
O maior problema, observado em nossos dias é que no mundo ocidental se dá ênfase especial à valores externos e isso tem a justa medida à natureza do homem e não da mulher. O espírito feminino é mais subjetivo, mais relacionado com sentimentos do que com leis ou princípios externos, o que acaba regando conflitos. E a resultante destes conflitos é usualmente mais devastadora para as mulheres do que para os homens.
O despertar das deusas interiores, se faz importante, particularmente para as mulheres, mas não esqueçam os homens que este caráter feminino também lhes é peculiar(anima). A maior razão da seriedade deste tema, refere-se ao recente desenvolvimento do lado masculino da mulher (animus), que tem sido uma característica marcante nestes últimos anos. Este desenvolvimento masculino, está associado às exigências do mundo dos negócios e é até considerado pré-requisito para se ganhar a vida neste mercado tão competitivo. Mas esta mudança, de caráter benéfico na vida profissional das mulheres têm causado alterações profundas na sua relação consigo mesma e com os outros. Este conflito interno estabelecido entre a necessidade de expressa-se através do trabalho como o homem faz e a necessidade interior de viver de acordo com a sua natureza feminina, entraram em "xeque-mate".
Se as mulheres (homens também) pretendem ter contato com seu lado feminino perdido, precisa escolher um caminho que as fará despertar estas deusas adormecidas. Estes mitos e rituais de religiões antigas representam a projeção ingênua de realidades psicológicas. Não são deturpadas pela racionalização, porque em assuntos ligados ao reino do espírito, os povos primitivos e da antiguidade não pensavam, eles somente percebiam, sentiam e intuíam, como de fato ainda fazemos hoje. Consequentemente, estes produtos do inconsciente contêm um material psicológico dos mais puros e que pode ser reunido como formas de conhecimento acerca da realidade subjacente à vida do grupo, tornando-se assim, acessíveis a nós. Pois saibam todos, que quer queiram o não, nós somos geneticamente iguaiszinhos aos nossos antepassados.

Jung já no demonstrou que deuses e rituais representavam a fantasia do grupo e que esse material é interpretado psicologicamente por um método similar ao empregado no estudo dos produtos inconscientes de homens e mulheres a nível individual. E o que se constata, através da história é que mitos e rituais é que mitos e rituais se equivalem até em detalhes em culturas de povos bastante separados, nos levando a concluir, que temas psicológicos gerais são verdadeiros para humanidade como um todo. E, de fato, hoje em dia os sonhos e fantasias das pessoas mostram um caráter generalizado similar, lembrando mitos antigos e primitivos Essa semelhança entre o sonho e algum mito antigo pode ocorrer em casos onde não há nenhum conhecimento da existência de tal mito, de maneira que o sonho não pode ser explicado como "empréstimo". É, com certeza, uma criação espontânea do inconsciente, proveniente da carga hereditária contida naquela célula que é geneticamente igual à daquele nosso antigo ancestral, que nem sequer temos conhecimento de sua existência. Deu para entender? Pois é, mais uma vez, a pedra que os construtores humanos tentam continuamente rejeitar, está se tornando a pedra angular. Tirem suas próprias conclusões, pois eu já tenho a minha opinião formada, graças às minhas DEUSAS!"

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...