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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Lado homem, lado mulher

"Os homens costumam pensar e julgar-se apenas como homens, e as mulheres pensam e julgam-se apenas como mulheres, mas os fatos psicológicos mostram que todo ser humano é andrógino".

A frase é do psicanalista junguiano John Sanford (1929 - 2005) que defendia a ideia de que uma pessoa combina em sua personalidade tanto elementos masculinos quanto femininos. É como se fôssemos todos hermafroditas, palavra com origem no deus grego Hermafrodito, que nasceu de Afrodite e Hermes e  encarnava as características sexuais de ambos, ou seja, era um pouco Hermes e um pouco Afrodite.


Algumas lendas contam histórias da Gênese referindo-se ao homem/mulher como sendo uma única criatura e que o "castigo", ou a perda do Paraíso, teria sido justamente dividir/separar as duas partes do todo. Unidos, masculino e feminino teriam força absoluta. Separados se tornariam fracos e imperfeitos. Faz sentido?

Pode ser. Senão, de onde teriam saído as frases que encerram a sabedoria dos antigos sobre as pessoas serem completas apenas quando encontram suas caras-metades, ou as tampas de suas panelas, as metades de suas laranjas etc.

"Dentro de todo homem existe o reflexo de uma mulher, e dentro de cada mulher há o reflexo de um homem!", descreve o índio americano segundo mesmo John Sanford (2011).

Segundo ele, a ideia da androginia humana é antiga e, de fato, já foi intuída e expressa por vários filósofos, poetas e pensadores, sem falar na mitologia e nos contos de fadas.

No pop rock nacional, Pepeu Gomes, nos anos 70, já cantava em "Masculino e Feminino" 
Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...


E Gilberto Gil, um pouco depois também vai assumir seu lado feminino em "Super-homem":
Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver
Dá até a impressão que Pepeu e Gil se inspiraram nas teorias de Sanford. Mais contemporaneamente, do lado dos teóricos dedicados a compreender os mistérios do existir, o psiquiatra suíço (e quase herdeiro de Freud) C.G.Jung foi talvez um dos primeiros a observar esse fato psicológico da natureza humana e a tomá-lo em consideração ao descrever o ser humano no seu todo.

Jung chamou os opostos existentes no homem e na mulher de anima e animus. Onde anima é o componente feminino dentro do homem e animus é o componente masculino dentro da mulher.

Anima ou animus é aquilo que anima, que entusiasma, que empurra para a frente, que impulsiona!


No homem, geralmente mais racional, a anima representa o lado mais emocional ou sensível, que expressa mais seus sentimentos. Na mulher, normalmente mais emocional, o animus representa aquele lado que pensa mais, que organiza, planeja, faz contas.

Na prática, funciona mais ou menos assim: sabe aquele seu amigo sensível, educado, sentimental, de gestos mais refinados, ou seja, que não é nem se parece com um Shreck? Esse sujeito carrega uma anima bacana dentro dele. Ele é hetero, não é gay, e as mulheres o adoram porque ele não é um troglodita. Muitos homens pensam que as mulheres gostam de homens grosseiros. Ah, sim, tem umas que gostam. Mas, isso é outra história.

Agora, sabe aquelas mulheres que são lindas, ultrafemininas e ainda assim são bem-sucedidas na profissão, são ótimas executivas, conciliam vida pessoal e profissional numa boa sem sair do salto, derreter a maquiagem ou estragar o penteado? Então, essas mulheres têm um animus bacana dentro delas. Sem deixar o lado mais sensível elas conseguem ser bem-sucedidas naquilo em que os homens naturalmente enfrentam. Pelo menos era assim que Jung acreditava.

Isso quer dizer que quando as mulheres se dão bem com sua porção masculina, ou quando os homens convivem bem com sua porção feminina, a chance de serem pessoas felizes e bem resolvidas é muito maior do que quando vivem em conflito com seus opostos internos.

Detalhe: esta é uma visão da psicologia analítica de Carl Jung. Para ele, nossa psique funciona mais ou menos assim: conscientemente, um homem sabe que é homem e se sente assim. Inconscientemente ele projeta sua porção anima em uma (ou várias) mulher. Da mesma forma, a mulher inconscientemente projeta seu animus interno, embora conscientemente ela se veja e se sinta como mulher. Ou seja, a pessoa que atraímos para nosso relacionamento possui dentro dela o animus ou anima correspondente e semelhante ao que carregamos dentro de nós.


E para Jung, quais seriam as consequências disso?

Quando não se tem consciência desse processo, somos "tomados" por nossa parte oposta, quer dizer, ficamos refém dela. Por exemplo: homens constantemente mau-humorados, resmungões, geralmente possuem uma anima negativa, dominadora. Homens que não conseguem se relacionar bem com as mulheres, podem ter internamente uma anima estática, paralisada pela figura da mãe/santa, o que os levaria a ficar bloqueados para relacionamentos sexuais e até impotentes.

Da mesma forma, mulheres muito agressivas, possuem um animus infantilizado que está sempre competindo, inseguro precisando provar que é o melhor e vê em outros homens seus oponentes. O resultado é que a mulher talvez tenha dificuldade de se relacionar com os homens de forma saudável, porque eles sempre vão vê-la como uma concorrente, como se ela fosse um outro homem,  e não uma parceira.

Esse animus, digamos, negativo, por outro lado, destrói toda a parte criativa e sensível da mulher, a desqualifica e a desencoraja a ser feminina porque para esse tipo de animus, isso é sinônimo de fraqueza. Daí, a explicação para a existência de mulheres "fortes", porém, masculinizadas. Jung não faz nenhuma correlação com opção ou identidade sexual. Ele está tratando, nesse caso, apenas de relações heteroafetivas.

Segundo Jung, muitas vezes, nosso desconforto no trato com o sexo oposto surge das atitudes que nossos animus e anima nos levam a ter. O movimento é inconsciente, e, por isso, traz dor e sofrimento. Daí aquela famosa frase atribuída a Jung: "Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino".

Em tempos de muita discussão sobre igualdade de gênero, e demais temas relacionados, é interessante conhecer várias teorias. Em breve, vamos falar sobre a bissexualidade, constitutiva do ser humano, segundo o mestre Freud!

Este texto foi baseado no livro Os Parceiros Invisíveis, do psicanalista junguiano John Sanford.

Hermafrodita Dormindo é uma antiga escultura de mármore retratando Hermafrodito em tamanho natural deitado num colchão esculpido pelo artista italiano Gian Lorenzo Bernini em 1620. A forma é derivada em parte de antigos retratos de Vênus e de outros nus femininos e parte de retratos feminizadores contemporâneos de Dionísio/Baco. É um tema muitas vezes repetido no período helenístico e na Roma Antiga a julgar pelo número de versões que sobreviveram. Descoberta em Santa Maria della Vittoria, em Roma, o "Hermafrodita Dormindo" foi imediatamente reivindicado pelo cardeal Scipione Borghese e passou para a famosa Coleção Borghese. Conhecido a partir daí como Hermafrodita Borghese, a estátua foi depois vendida para o exército invasor francês e acabou no Louvre, onde está em exposição atualmente.



quinta-feira, 5 de julho de 2012

Branca de Neve versão gótica em livro



Seguindo a onda das novas releituras dos contos de fadas, que trouxe novos filmes sobre velhas histórias, na nova versão do clássico Branca de Neve, lançado pela Geração Editorial, a heroína parece uma gótica e não leva desaforo pra casa

Os tempos são outros, e as crianças e jovens querem ver os personagens dos contos de fadas tradicionais sendo desmistificados, como na série de filmes de animação gráfica Shrek. Para deleite deles, esta nova edição do clássico Branca de Neve não poderia ser mais distante do desenho animado de Walt Disney para o cinema, lançado em 1937.

Esta versão, feita para os pré-adolescentes do século XXI, traz uma heroína que parece uma gótica, graças às ilustrações belíssimas, originais e perturbadoras da renomada artista Camille Rose Garcia. A rainha perversa, a segunda mulher mais bela depois de Branca de Neve, surge aqui como um monstro de quatro olhos. Até os doces animaizinhos da floresta são assustadores, e o Príncipe Encantado não parece particularmente viril.

Outro mérito desta luxuosa e inovadora edição — que traz o texto clássico dos Irmãos Grimm, publicado originalmente há quase 200 anos — é resgatar os aspectos mais sombrios da história que foram suprimidas da versão açucarada de Walt Disney. A rainha perversa tenta matar Branca de Neve não uma, mas quatro vezes. No final, Branca de Neve, na festa do seu casamento com o príncipe, vinga-se da madrasta, forçando-a a dançar com sapatos de ferro em brasa até morrer.

Sobre os autores:
Jacob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) foram acadêmicos e linguistas alemães, célebres por terem popularizado muitos contos de fadas hoje clássicos, como João e Maria, Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel, A Bela Adormecida e Chapeuzinho Vermelho (cuja nova versão também será lançada pela Geração).

Sobre a ilustradora:
As pinturas de CAMILLE ROSE GARCIA mostrando cartuns assustadores de crianças habitando contos de fadas em lugares selvagens são comentários críticos sobre o fracasso das utopias capitalistas, reunindo referências nostálgicas da cultura popularcom uma veia satírica sobre a sociedade moderna.  Seu trabalho foi apresentado em galerias e museus internacionais e impresso em numerosas revistas, incluindo Juxtapoz, Rolling Stone e Modern Painter.  É autora de vários livros e recentemente ilustrou uma nova versão de As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, que constou entre os livros mais vendidos de acordo com a listagem do New York Times.

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Branca de Neve
Autor: Irmãos Grimm
Tradutor: William Lagos
Ilustradora: Camille Rose Garcia
Gênero: Infantojuvenil
Formato: 14,3 x 21cm / capa dura
Peso: 320g
Págs: 80
ISBN: 9788581300795
Preço: R$ 26,00

Sinopse:
Originalmente surgida no folclore francês do século XVII, a história de Branca de Neve há muitos anos vem sendo um dos mais memoráveis contos infantis de todos os tempos, repetido durante gerações ao redor do mundo.
É a história de uma rainha maligna determinada a se livrar de uma menina – com a pele tão branca como a neve, os lábios tão vermelhos quanto o sangue e os cabelos negros de ébano – que ameaça o desejo da rainha de permanecer a mulher mais bela de seu reino.
Esta nova edição destinada a presentear as crianças modernas, apresenta a versão completa do conto dos Irmãos Grimm, com uma interpretação artística original da famosa ilustradora Camille Rose Garcia, que imaginativamente combina o humor com um toque tenebroso de romantismo.

domingo, 10 de junho de 2012

É possível amizade entre homens e mulheres?


O assunto "existe verdadeira amizade entre homens e mulheres" é polêmico e carente de pesquisas que comprovem ou não o questionamento. No livro O JOGO DA SOMBRA (editora Rocco, 2000, Rio de Janeiro) os autores Connie Zweig, Ph.D., psicoterapeuta junguiana que se especializou no trabalho com a sombra, e Steve Wolf, Ph.D., psicólogo clínico que vem desenvolvendo seu trabalho com a sombra, vemos que "dentro de cada mulher e de cada homem, a caverna escura do inconsciente é a guardiã de sentimentos proibidos, desejos secretos e anseios criativos. Com o tempo, essas forças "escuras" adquirem vida própria e formam uma figura intuitivamente reconhecível - a sombra." O texto a seguir faz uma reflexão sobre este fenômeno nas relações de amizade entre homens e mulheres através da análise comportamental do ponto de vista dos mitos. Amizade pode existir. Mas se é verdadeira, sincera ou legítima, fica por nossa conta definir.

"UMA PERSPECTIVA ARQUETÍPICA SOBRE A AMIZADE
Pessoas fortemente influenciadas por padrões arquetípicos distintos que ocupam o assento de poder também têm padrões de amizade distintos. 
Zeus
Por exemplo, homens do tipo Zeus, que usam o escudo de poder, não procuram amigos de alma, nem entre os homens nem entre as mulheres. Incapazes de compartilhar o poder ou trocar sentimentos profundos, eles têm uma atitude mais utilitária sobre as pessoas. Os homens de Poseidon também procuram dominar os outros, mas com um poder emocional em vez de um poder político. Tendem a competir com homens e mulheres, tornando a intimidade difícil. Quando um personagem Hades está presente em um homem, ele terá dificuldades em fazer amizades, mas por outra razão: sua profunda introversão. Um homem tipo Ares, por outro lado, é um companheiro de outros homens, especialmente nas forças armadas ou como membro de um time, onde a agressividade natural é honrada. E um homem tipo Dioniso é um companheiro das mulheres, que tendem a adotá-lo como amigo e nutri-lo, sentindo-se apreciadas por ele. Quando Apolo é forte em um homem, ele é capaz de amizade com mulheres independentes e competentes, especialmente aquelas que compartilham sua paixão por música e arte; mas com outros homens fica competitivo e precisa liderar. Finalmente, quando Hermes influencia um homem, ele é amistoso, espontâneo e comunicativo, encantando as mulheres e unindo os homens em suas atividades. Mas Hermes é também um solitário, que chega e parte sem se comprometer. E pode mentir e enganar para conseguir o que quer.
Apolo
Uma mulher altamente influenciada por Ártemis tende a valorizar os amigos mais que os amantes, formando vínculos de fraternidade com mulheres, o que pode incluir grupos de apoio e o espírito coletivo da irmandade, e também com homens, especialmente aqueles parecidos com seu gêmeo Apolo, o deus andrógino da música e da profecia. Atena, por outro lado, tem poucas amigas mulheres; sua racionalidade e sua natureza competitiva levam-na a ignorar o parentesco com as mulheres e se colocar ao lado dos valores patriarcais. Ela é atraída por homens heróicos e poderosos, como amigos e colegas, e pode agir como conselheira ou confidente.
Afrodite
Quando Hera está na cabeceira da mesa, as mulheres também desvalorizam as amizades com as outras mulheres, colocando suas prioridades no casamento. Como esposas, elas desprezam a mulher solteira, que consideram um fracasso, ou então a enxergam como uma ameaça à sua própria segurança. Quando Deméter está presente em uma mulher, ela valoriza a maternidade acima de tudo, e portanto gosta de amizades com outras mães, para ter apoio emocional. Talvez seja amiga de uma mulher jovem e ingênua, tipo Perséfone, para continuar o padrão de tomar conta de alguém. Ou de um homem jovem e sensível que precisa ser nutrido por uma mulher maternal. Por último, a mulher estilo Afrodite tem amizades problemáticas com os dois sexos. Desejada pelos homens por sua sensualidade erótica, ela tem o hábito de se tornar amante e não amiga. As mulheres não confiam nela exatamente por esta razão, e ela costuma despertar ciúmes, inveja e sentimentos de perigo, especialmente nas mulheres do tipo Hera. Ela pode estabelecer vínculos com mulheres, mas estas ou se sentirão subordinadas aos seus poderes ou precisarão desenvolver sua própria autoconfiança.
Existe um padrão de amizade que tem o potencial de curar o vínculo pai/filho: o padrão senex-puer/puella - isto é, amigo mais velho-amigo mais novo. Como o puer vive em um mundo de idéias, ele ou ela anseiam por pessoas especiais que possam ser chamadas de amigos. Quando um vínculo é formado, o puer tende a se fundir com o Outro derretendo as fronteiras, talvez chamando Afrodite e usando a sexualidade como um meio de se conectar, ou evocando uma conexão espiritual Self a Self, que pode não respeitar limites individuais ou mundanos.
Uma pessoa controlada por este padrão não tem um pai interno, por isso o amigo pode cumprir esta função do lado de fora, sob a forma do amigo do tipo pai ou mentor, isto é, um senex positivo. Como o sábio vidente Merlin para o jovem rei Artur, o senex inicialmente funciona como um professor ou guia, e finalmente se torna um amigo de alma. Na lenda, Merlin ajuda o menino a cultivar sua masculinidade com a ajuda da espada Excalibur, iniciando-o portanto no ofício de Rei - isto é, na relação adequada entre o ego e o Self. Os homens e mulheres que são afortunados o bastante para encontrar este tipo de amigo sábio podem experimentar o próprio sentido de inteireza, se não continuarem a projetar toda a estabilidade e sabedoria fora de si mesmos.
• Que mitos e imagens arquetípicas estão por trás de suas amizades? Como elas enriquecem as amizades? Como interferem nelas?
MULHERES E HOMENS COMO AMIGOS: PERIGOS E DELÍCIAS
a-amizade-entre-homens-e-mulheres-exist.jpgHomens e mulheres talvez possam encontrar verdadeiras amizades da alma entre si, mas os obstáculos no caminho deste tesouro são inúmeros. Por exemplo, se levarmos para estes relacionamentos nossa bagagem estereotipada, esperando secretamente que todos os homens sejam heróicos, racionais e competentes, ou que todas as mulheres sejam acolhedoras, emocionalmente acessíveis e subordinadas, então toda a extensão de nossa autenticidade não poderá ser expressa. Em vez disso, nossa identificação infantil com os padrões de um "filho do pai" ou de uma "filha da mãe" serão reforçados, a variedade emocional reduzida, e os personagens de sombra silenciados.
Os especialistas nos gêneros masculino e feminino, Aaron Kipnis e Liz Herron, mostram que muitos homens encobrem sua vulnerabilidade com os escudos da riqueza e do poder, para serem aceitos. E as mulheres, por sua vez, freqüentemente encobrem seu poder legítimo, usando um escudo de vulnerabilidade, também para serem aceitas. Desta forma, os membros dos dois gêneros perpetuam os mitos arcaicos do herói e da princesa, ou do algoz e da vítima. Assim, a necessidade de carinho dos homens, juntamente com sua depressão e impotência, permanecem na sombra, enquanto a competência, a autoridade e a violência das mulheres também permanecem ocultas.
Algumas amizades com o sexo oposto podem compensar elementos ausentes nos relacionamentos primários. Por exemplo, Doug tinha uma animada troca intelectual com sua amiga Célia, uma "filha do pai" que ele conhecera fazendo pós-graduação. Em seu casamento com uma artista, Doug estava bastante satisfeito, mas depois de voltar para a universidade desejou mais estímulo intelectual. Claramente, o perigo aqui é a triangulação: Sua mulher pode se sentir inadequada ou abandonada, proibindo o relacionamento, ou Célia pode ser incapaz de tolerar os limites da amizade. Qualquer amizade entre um homem e uma mulher, na qual um dos dois é casado, vai exigir uma solução para este problema potencialmente sombrio.
Amigos desde a infância...
A sexualidade complica, e muitas vezes coloca em perigo, as amizades entre homens e mulheres. Se os dois sabem com certeza que não desejam formar um par romântico, as probabilidades melhoram. Mas muitas vezes um dos dois se torna vulnerável, com as flechas de Eros enterradas no coração, e então são despertados perigosos desejos sexuais secretos.
Allen, vinte e nove anos, fazia terapia já há vários anos para explorar seus relacionamentos com mulheres, quando finalmente decidiu falar sobre sua melhor amiga, Tanya, vinte e oito anos. Amigos desde a infância, faziam confidencias um ao outro e iam a jantares e a cinemas juntos. Tanya até ajudou Allen a escolher móveis e decoração para a casa. Quando Allen saía com outras mulheres, dava a Tanya "poder de veto", respeitando suas opiniões e confiando que ela desejava o seu bem. Muitas vezes, quando ele se sentia solitário e os dois estavam juntos, Allen imaginava que um dia a convidaria para um envolvimento romântico com ele. Mas nunca havia contado esta fantasia proibida à sua melhor amiga.
Allen estava saindo com June há vários meses quando confidenciou ao terapeuta que não contara a Tanya que seus sentimentos por June eram cada vez mais fortes. Em vez disso, ele se comunicava mais abertamente com June, experimentando pela primeira vez uma relação sexual com a autenticidade que ele sempre reservara para a amizade. Sentia-se culpado, como se estivesse traindo a amizade com Tanya, ao recusar-se a compartilhar com ela uma parte tão importante de sua vida. Mas não tinha vontade de contar esses novos sentimentos para ela. Tinha medo de que ela se sentisse usurpada, e pavor de que ela se tornasse crítica. Além disso, confessou que se sentia responsável pelos sentimentos dela.
Ao dizer isso, Allen percebeu que transformara sua amiga em mãe, projetando em Tanya a voz crítica da mãe e se achando na obrigação de agradá-la. Se contasse isso a ela, precisaria resgatar a voz crítica, retirando-a da amiga, e portanto declarando sua independência em relação a ela. Talvez então pudesse esclarecer os sentimentos sexuais que evitara por tanto tempo. Ou poderia aprofundar o relacionamento com June sem se sentir culpado por abandonar Tanya.
Nos mitos, como na vida, existem poucos modelos da amizade homem-mulher. Mas na Grécia antiga, onde a amizade masculina era valorizada e as mulheres consideradas propriedade dos maridos, havia uma única exceção: a hetaira, cuja raiz, heter, significa amizade em egípcio. Uma mulher hetaira era uma companheira dos homens, e propriedade de ninguém. Ao contrário das esposas, ela era livre para ir à escola, ler os céus estrelados, velejar nos mares bravios, recitar os grandes poetas, e fazer sacrifícios aos deuses. A hetaira muitas vezes era dona de um salão, onde participava da vida intelectual dos homens. Ela, entre todas as mulheres, era uma igual.
Toni Wolff, que fez o papel de hetaira de Jung, e também de amante, descreveu este padrão arquetípico nas mulheres: Ela estimula os interesses e inclinações dos homens, dando a eles um sentimento de valor pessoal e conduzindo-os além das responsabilidades cotidianas, para uma vida interna mais rica. Se ela o tocar fundo demais, ele pode abandonar o trabalho e sacrificar a segurança, ou mesmo buscar o divórcio, achando que ela o compreende melhor do que a esposa.
Hoje, também, algumas mulheres são basicamente intelectuais ou companheiras espirituais dos homens, em vez de fêmeas. Elas colaboram nos seus projetos, acendendo o fogo da criatividade em vez do fogo do desejo. Elas inspiram os homens a ter uma vida interior, mas em geral não são escolhidas como parceiras. Cheryl, a amiga de Gabriella mencionada antes, percebeu que os homens queriam sua companhia e seus conselhos, mas não a queriam sexualmente. Ela sofreu, em parte, por ser uma hetaira em um mundo cego para este tipo de beleza; uma hetaira em um mundo que não conhece mais esta palavra.
Talvez, ao darmos um nome a este tipo de amizade, possamos reimaginar mulheres e homens juntos, em novas formas. Talvez existam homens hetairas que inspirem as mulheres em suas vidas criativas, para que possam se livrar da limitação dos padrões antigos de desigualdade, descobrindo juntos uma nova forma de amizade.
• Você tem um amigo de alma do sexo oposto? Se não, qual é o personagem de sombra que está impedindo?"

domingo, 16 de outubro de 2011

Quero viver algo assim


"Que você tenha sempre : 

Colo de mãe. 
Abraço apertado. 

Riso de graça.
Brilho nos olhos. 

Amor no que faz. 
Tristeza que passa. 
Força nos ombros. 
Criança por perto. 
Astral bem bonito. 

Prece nos lábios.
Saudade mansinha. 

Fé no futuro. 
Música no ouvido. 

Conversa que cura.
Cotidiano enfeitado. 

Paz no coração. 
Firmeza nos passos. 
Sonhos que salvam e muita saúde. 

E se livre de tudo que te trave o riso.

Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."
(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O poder do feminino ou comerciais de lingerie denigrem mesmo com a imagem da mulher?

Em tempos de proibição de comercial de lingerie para, supostamente, tentar proteger a mulher, vale fazer uma reflexão sobre os "poderes" do feminino (ou não) com ajuda deste texto que publico a seguir que recebi por e-mail da minha professora de Mitos e terapeuta Fátima Corga.
Acho que o texto foi escrito por um homem, mas ela não cita a fonte.


"Estamos no Tempo da "Rainha, do Poder Feminino. Eu particularmente torço para isso, pois o mundo em nossas mãos (masculinas) chegou nesse ponto que estamos vendo.É realmente necessária, para o bem do planeta, da entrada de uma força mais carinhosa, mais amorosa. 

O xamanismo é a prática do Sagrado Feminino. É trabalhar com as energias densas da Mãe Terra e sutilizá-las.
Na verdade todas as mulheres deveriam ser Sacerdotisas Da Lua. A Lua é a Virgem, a Anciã, a Mulher e a Rainha.É a Senhora dos nossos sonhos e das nossas emoções.
Eu já há alguns anos me rendi a essa força. Tanto que há anos rendo homenagens para a Lua, nos momentos de Lua Cheia, onde todas as luas se encontram.
No processo de afirmação da mulher nesses anos, ela teve que utilizar muito a força masculina para posicionar-se melhor no mercado de trabalho, para conseguir seus direitos políticos e etc. frminiono conquistou espaços, mas também foi perdendo um pouco o encanto.
Sinto que a mulher deve saber relacionar-se com o mundo com sua energia feminina, estudando os arquétipos femininos, resgatando o poder sutíl, penetrante, encantador.
A mulher deve saber usar o poder feminino para suas realizações e suas conquistas, em vez de pegar o que o homem tem de ruim para disputar sua posição. Ou seja em vez de enfrentar o homem como homem, deve aprender a seduzí-lo como mulher. Ou numa linguagem mágica: aprender a encantá-lo.(e não foi exatamente isso que o comercial protagonizado por Gisele Bündchen quis transmitir? A mulher "encanta" seu homem de tal forma que ele nem liga que ela bateu o carro etc etc etc?)
E o homem não deve ficar atrás e trabalhar seu lado feminino no que diz respeito a sua intuição, seu lado criativo, seu lado mais sensível. Aprender a compartilhar mais as decisões com a mulher, usando " INTUIÇÃO FEMININA"
Lembro também o conceito taoísta, que dentro do Yang existe um pequeno Yin, e dentro do Yin existe um pequeno Yang. Os opostos complementares.
Eu creio que o momento de grande poder desse planeta será quando o " Rei e a Rainha " reinarem juntos. Assim como Sol se recolhe para o Lua reinar e vice-versa.
Essa polaridade é fundamental vejamos o exemplo da Ayahuasca que em todo o seu poder concentra a Força Masculina do Cipó e a Luz Feminina das Folhas.
Assim cada um fortalecido na sua polaridade poderem fazer um matrimonio perfeito e se fortalecerem pela complementaridade, ao invés de se detonarem pelas suas diferenças
A cumplicidade feminina com as fontes de vida voltam a confirmar-se quando a mulher empreende uma nova tarefa. As mulheres foram, no princípio, coletoras de plantas, e mais tarde, quando se descobriu que uma semente introduzida na terra se reproduzia, transformaram-se em cultivadoras. Os derivados dos vegetais, especialmente os cereais, chegaram para constituir-se uma parte fundamental da alimentação humana. O papel das cultivadoras se transformou num verdadeiro suporte para a vida. O sustento que provinha das mulheres não terminava com sua maternidade.
Há muito tempo atrás, a imagem da Grande Mãe começou a experimentar certas modificações, já não era vista apenas como a extensão da terra. Na época de Ishtar, Isis e uma imensa lista, foram reverenciadas como Mães da Terra e no verdadeiro sentido de Deusas da Fertilidade.
Com frequência as Deusas eram comparadas com a mãe, esposa e amante, algumas vezes nas três simultaneamente.
Em relação às mulheres terrenas, devido a descoberta tardia de sua importância como cultivadoras, na terra invocava-se a Mãe-Terra para poder ter uma boa colheita.
Como a mulher, a Terra nos nutre e nos sustenta, por isso é uma Grande Mãe. Alguns pesquisadores acreditam que os primeiros xamãs foram mulheres.
Em respeito a Mãe Terra, as mulheres mortais são tanto microcosmos como coadjuvantes. Daí deriva-se o sentimento místico que inspira o ciclo menstrual, e a ansiedade que o homem observa em qualquer alteração de fluxo.
Rupert Sheldrake, em "Renascimento da Natureza, faz alguns relatos sobre "A Mãe de Deus " :

A Virgem Maria é a forma predominante sob a qual a Mãe tem sido honrada e venerada pelos cristãos. Ela foi proclamada a Mãe de Deus no Concílio de Éfeso, no ano 431, e seu culto difundiu-se rapidamente por toda a cristandade.
Progressivamente, ela foi incorporando os títulos e os atributos de várias deusas pré-cristãs. Muitos de seus santuários foram erguidos em lugares antes consagrados a deusas, como em Éfeso, lugar onde ficava o templo de Ártemis. Esse processo teve lugar em toda a Europa, e continuou na América Latina e em outras áreas evangelizadas pelos católicos romanos.
Nossa Senhora de Guadalupe é uma Virgem Negra, tanto na forma mexicana como espanhola. Temos aqui no Brasil, a Nossa Senhora da Aparecida, ou sejam "Madonas Negras". Ninguém sabe como surgiu a tradição da Virgens Negras, mas sua importância simbólica deve depender, em parte, de sua associação com a Terra e com a morte. A Grande Mãe das religiões arcaicas era a fonte de vida e fertilidade, e o ventre para qual toda a vida retornava. A deusa negra Kali, é a Grande Mãe em seu aspecto de destruidora, mas é também a fonte de nova vida. E a Virgem Maria está associada com a morte, bem como a fertilidade e com a nutrição : " Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte"
No decorrer de toda a década de 80, visões da Virgem Maria foram relatadas pesistentemente em várias partes do mundo, e foi anunciada como a "Rainha da Paz "Em 1988, o papa proclamou um ano mariano.A atitude do papa de honrar a Terra como Mãe é expressa pelo seu costume de beijar o solo quando descia do avião.
O texto abaixo é de Rosane Volpatto:
A negligência do aspecto interior tem levado, particularmente as mulheres, a certa falsificação de seus valores existenciais. Hoje em dia, o sucesso ou o fracasso da vida de uma mulher não é mais julgado como antigamente pelo critério exclusivo do casamento. À sua adaptação à vida agora, pode ser feita de diversas maneiras, cada uma das quais, oferecendo alguma oportunidade para resolver problemas, sejam de trabalho, de relações sociais ou necessidades emocionais.
O maior problema, observado em nossos dias é que no mundo ocidental se dá ênfase especial à valores externos e isso tem a justa medida à natureza do homem e não da mulher. O espírito feminino é mais subjetivo, mais relacionado com sentimentos do que com leis ou princípios externos, o que acaba regando conflitos. E a resultante destes conflitos é usualmente mais devastadora para as mulheres do que para os homens.
O despertar das deusas interiores, se faz importante, particularmente para as mulheres, mas não esqueçam os homens que este caráter feminino também lhes é peculiar(anima). A maior razão da seriedade deste tema, refere-se ao recente desenvolvimento do lado masculino da mulher (animus), que tem sido uma característica marcante nestes últimos anos. Este desenvolvimento masculino, está associado às exigências do mundo dos negócios e é até considerado pré-requisito para se ganhar a vida neste mercado tão competitivo. Mas esta mudança, de caráter benéfico na vida profissional das mulheres têm causado alterações profundas na sua relação consigo mesma e com os outros. Este conflito interno estabelecido entre a necessidade de expressa-se através do trabalho como o homem faz e a necessidade interior de viver de acordo com a sua natureza feminina, entraram em "xeque-mate".
Se as mulheres (homens também) pretendem ter contato com seu lado feminino perdido, precisa escolher um caminho que as fará despertar estas deusas adormecidas. Estes mitos e rituais de religiões antigas representam a projeção ingênua de realidades psicológicas. Não são deturpadas pela racionalização, porque em assuntos ligados ao reino do espírito, os povos primitivos e da antiguidade não pensavam, eles somente percebiam, sentiam e intuíam, como de fato ainda fazemos hoje. Consequentemente, estes produtos do inconsciente contêm um material psicológico dos mais puros e que pode ser reunido como formas de conhecimento acerca da realidade subjacente à vida do grupo, tornando-se assim, acessíveis a nós. Pois saibam todos, que quer queiram o não, nós somos geneticamente iguaiszinhos aos nossos antepassados.

Jung já no demonstrou que deuses e rituais representavam a fantasia do grupo e que esse material é interpretado psicologicamente por um método similar ao empregado no estudo dos produtos inconscientes de homens e mulheres a nível individual. E o que se constata, através da história é que mitos e rituais é que mitos e rituais se equivalem até em detalhes em culturas de povos bastante separados, nos levando a concluir, que temas psicológicos gerais são verdadeiros para humanidade como um todo. E, de fato, hoje em dia os sonhos e fantasias das pessoas mostram um caráter generalizado similar, lembrando mitos antigos e primitivos Essa semelhança entre o sonho e algum mito antigo pode ocorrer em casos onde não há nenhum conhecimento da existência de tal mito, de maneira que o sonho não pode ser explicado como "empréstimo". É, com certeza, uma criação espontânea do inconsciente, proveniente da carga hereditária contida naquela célula que é geneticamente igual à daquele nosso antigo ancestral, que nem sequer temos conhecimento de sua existência. Deu para entender? Pois é, mais uma vez, a pedra que os construtores humanos tentam continuamente rejeitar, está se tornando a pedra angular. Tirem suas próprias conclusões, pois eu já tenho a minha opinião formada, graças às minhas DEUSAS!"

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

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