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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ansiedade e depressão podem causar infarto


Ansiedade e depressão aumentam
em 60% o risco de infarto do miocárdio

Problemas cardíacos são responsáveis por 30% das mortes no Brasil. Considerada fator de risco para desenvolvimento de doença cardíaca, depressão será a doença mais comum em 2030, de acordo com a Organização Mundial de Saúde

            Hipertensão arterial, tabagismo, sedentarismo e obesidade são alguns dos mais conhecidos e explorados fatores de risco para o desenvolvimento de problemas cardíacos, que são responsáveis por 30% das mortes por ano no Brasil, mas a ansiedade e a depressão também precisam ser controlados para manter um coração saudável.
            O InterHeart, estudo que envolveu 52 países e teve como objetivo avaliar de forma sistematizada a importância dos fatores de risco para doença arterial coronariana, revelou que fatores psicossociais, como estresse e depressão, aumentam o risco de infarto em 60%. "A depressão e a ansiedade não eram tratadas  como coadjuvantes das doenças coronárias, porém hoje são tratados como marcadores de risco isolados e merecem atenção especial, pois podem ser confundidos com outras crises, como tristeza e melancolia", diz o cardiologista do Hospital do Coração, responsável pelo Programa de Cuidados Clínicos no Infarto do Miocárdio e membro do Comitê Diretivo do estudo Leopoldo Piegas.
            Após a avaliação de 30 mil pacientes que participaram do estudo, os pesquisadores concluíram que a depressão reduz o calibre dos vasos sanguíneos e eleva a pressão arterial. Já a ansiedade e estresse aumentam a produção de substâncias inflamatórias relacionadas a aterosclerose coronária.
            Os impactos da depressão no sistema cardiovascular também são causados devido as alterações comportamentais que a doença causa. "A pessoa em depressão ou alto índice de ansiedade são mais propensas a consumirem bebidas alcoólicas, cigarros, além de outros hábitos que favorecem o surgimento de doenças cardíacas", explica o médico Piegas.
            Outro fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares é o estresse, que está ligado diretamente à ansiedade e à depressão.
            Pesquisa realizada pelo setor de psicologia do HCor com executivos que realizam check-up na instituição revelou que 50% dos executivos com idade média de 40 anos sofrem de estresse.
            Das 234 pessoas avaliadas, 79% são do sexo masculino e 21% do sexo feminino, sendo que 37% ocupam cargos de gerência, 20% cargos de analistas, 8% são engenheiros e 35% outras profissões. Dos sintomas provenientes do estresse destaca-se a ansiedade, com 75% e a irritabilidade com 51%. "Os fatores relacionados ao estresse estão presentes no relacionamento familiar, tempo reduzido para o lazer, sedentarismo, insônia e oscilações de humor. Além disso, características de personalidade, como, perfeccionismo, elevada autoexigência, ansiedade e ligação com o trabalho interferem na intensidade do estresse", explica  a chefe do Serviço de Psicologia do hospital dra. Silvia Cury.

Infelizmente, poucos profissionais da área da saúde indicam psicoterapia para pessoas com esse quadro de estresse, ansiedade e/ou depressão relacionado no estudo internacional.
Ainda existe muito preconceito. As pessoas têm vergonha de dizer que fazem terapia, dizem que isso ou é coisa de louco ou de artista ou de rico ou de quem não tem o que fazer.
E, assim, muitas vidas deixam de ser salvas por puro desconhecimento. Seria muito bom que mais e mais cardiologistas e outras especialidades médicas, pois, em geral, todas as doenças têm como causa fatores psicossociais como estresse, depressão e ansiedade não tratadas, prescrevessem aos seus pacientes não só medicamentos mas, principalmente, um tratamento psicoterápico. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Culpa, medo e manipulação, como se libertar do jogo?

                É muito comum atendermos pessoas com sérios problemas no casamento que envolvem culpa, medo e manipulação. Um cliente, tempos atrás, tinha a seguinte queixa: já havia um certo tempo em que ele se sentia insatisfeito e acabou se envolvendo com outra mulher. O relacionamento extra conjugal veio à tona. A esposa descobriu tudo e muito sofrimento foi gerado. A princípio decidiram se separar. Passado certo tempo da separação conversaram e decidiram retomar o casamento. Ela falava que tentaria perdoar o ocorrido e ele afirmava que tudo seria diferente dali por diante já que dizia realmente gostar da sua esposa e se sentia culpado pelo sofrimento que havia causado.
                Entretanto, algo muito mais fundamental, que vai além do diálogo racional não foi cuidado até aquele momento: os sentimentos de raiva e mágoa da esposa e a culpa que ele sentia.
                Guardando ainda ressentimentos do marido, a esposa passou a exigir mais e mais dele no relacionamento. Demandava que ele abrisse mão de todas as suas vontades para satisfazer as dela. Era ao mesmo tempo uma forma de puni-lo e de exigir que ele provasse que a amava. Como ele carregava a culpa de tê-la feito sofrer no passado, não conseguir impor limites e cedia cada vez mais, para compensar o que tinha feito.
                Esse jogo de manipulação acabou dando origem a brigas e mais sofrimento. Embora os dois afirmassem que desejavam continuar casados, a situação ficava cada vez mais insustentável.
                Quem guarda raiva ou mágoa de outra pessoa será levado de forma inconsciente por esses sentimentos a querer se vingar. Isso pode vir na forma de manipulação como ocorria com este casal. Mas o jogo só funciona quando o outro lado se sente culpado e cede às manipulações como forma de tentar compensar a culpa. Ela remoía e alimentava a mágoa do marido, e ele, sem saber, estava também alimentando a mágoa dela ao manter o sentimento de culpa pois entrava no jogo da chantagem. A cada dia ficavam mais infelizes.
                O jogo de manipulação precisa das duas partes para sobreviver: um lado magoado e o outro lado que se sente culpado para ceder ao jogo. Só existia uma maneira para que ele saísse desse jogo. Ele precisava acabar completamente com todo o seu sentimento de culpa, assim conseguiria impor limites na relação. Isso acabaria sendo benéfico para os dois, pois ela passaria a respeitá-lo e o relacionamento certamente melhoraria.
                Depois de muitas sessões de terapia, ele apresentava sinais de que havia dissolvido o sentimento de culpa. Sugerimos que ele deveria conversar com a esposa, dizendo que entendia a responsabilidade do que ele havia feito e que estava consciente do sofrimento que havia causado. Mas mesmo assim, a partir daquele momento ele voltaria a ter seu espaço no relacionamento como tinha antes. E que se não fosse dessa forma, seria melhor realmente uma separação definitiva pois aquela situação só estava causando mais sofrimento para os dois lados.
                Surgiu então o medo de que isso o levasse a se separar. Esse é também um sentimento que dá grande margem para a manipulação. Afinal, a esposa era resistente a fazer análise, acreditava que o problemático da relação era apenas o marido já que era ela quem fazia terapia.
Ele tentou conversar com ela, expondo seus sentimentos.
                No início ela reagiu à nova postura e tentou fazê-lo novamente sentir culpa relembrando o sofrimento que ele havia lhe causado. Ele ouviu e voltou a afirmar que sabia da sua responsabilidade mas que viveria a vida daquele momento por diante, e que se ela não estivesse preparada, a separação era o único caminho. Ele recomeçou a impor os limites e ela de vez em quando ainda tentava puni-lo. Mas como não havia mais o sentimento de culpa ele não mais cedia, deixando de alimentar a mágoa da esposa. Isso pode parecer frieza para algumas pessoas, mas não se trata disso. É apenas uma forma madura, livre de negatividade, de lidar com uma situação difícil. Ele já havia anteriormente pedido perdão várias vezes, mas ela permanecia alimentando a mágoa.
O processo não é rápido. Mas, com perseverança é bem possível que o relacionamento se transforme e as brigas acabem.
                A culpa que sentimos serve para alimentar a raiva dos outros a quem fizemos ou achamos que fizemos algo de "errado". Quando nos livramos da culpa a mágoa do outro não mais consegue crescer  pois não há mais qualquer ganho secundário em mantê-la já que não é mais possível haver manipulação.
                Quando estamos nesse jogo, a única forma de conseguirmos nos libertar é liberando nossos sentimentos de culpa e medo, deixando o outro livre para se afastar se ele desejar. Mas o afastamento raramente vai ocorrer. Normalmente o que acontece é que nós paramos de alimentar uma relação doente e o outro lado fica também mais saudável e acaba se aproximando de uma forma muito melhor.
                Esse jogo também pode ocorrer entre pais e filhos. Uma mãe que abandonou a filha e depois tenta retomar a relação com ela será muito suscetível a ser manipulada se guardar sentimentos de culpa. A filha vai alimentar a sua mágoa jogando na cara o quanto sua mãe lhe fez sofrer. Com isso a mágoa cresce e a filha tem o poder de conseguir mais coisas desse relacionamento doente. No momento em que essa mãe se libertar da culpa pelo erro cometido e do medo que a filha se afaste, ela conseguirá se aproximar da filha com outra postura e não se deixará manipular. A filha a princípio irá tentar manter o jogo, mas não haverá o outro lado contribuindo. A tendência será então que haja uma reaproximação e melhora na qualidade do relacionamento.
                O processo também pode ocorrer dos filhos para os pais. Filhos de pais manipuladores carregam muitas culpas. Esse pais são mestres em criar esse sentimento nos filhos. Cobram de mais e fazem chantagem emocional. O filho se sente um devedor, que nunca atende às expectativas, e se sente culpado por não conseguir dar alegria aos pais. Movido pela culpa, vira uma presa fácil da manipulação, cria uma vida infeliz de escolhas para agradar o pais, e alimenta a mágoa insana deles. Curando sua culpa, conseguirá se libertar desse jogo, será mais respeitado e uma transformação para melhor ocorrerá no relacionamento.
                O manipulador, embora possa parecer que está ganhando algo, apenas alimenta o seu ego e cria sofrimento para si mesmo e para os outros. A satisfação em fazer o outro atender a sua vontade é apenas uma falsa satisfação que encobre mágoas e problemas de autoestima. Esse texto é importante para ajudar a identificar os dois papéis, assim é possível se libertar de qualquer um deles com mais facilidade. Sozinho é possível, mas muito mais demorado. Procure a ajuda de um profissional.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Não está bom mais vai ficar

De uma cliente: Lourdinha, o que que eu faço? Tem um nó enorme na minha garganta entupindo minha voz, me enchendo de lágrimas que não saem pelos olhos, mas pelos poros e eu não sei mas tenho a impressão que todo mundo percebe pelas minhas olheiras...meus olhos denunciam dizem que meus olhos é o que tenho de mais bonito mas Lu eles estão tristes eu estou triste não tenho vontade nem de colocar pontuação Lu então vai assim mesmo sem ponto vírgula talvez algumas reticências que é o que eu ainda consigo digitar nessa tábua virtual enquanto finjo que trabalho sim estou no trabalho mas tanta gente está também e não está está só de corpo a mente tá longe como eu agora Lu o que que eu faço com esse nó gigante na minha garganta Lu tanta coisa pra dizer sem coragem me falta coragem de romper com tantas coisas vontade dizer eu não gosto de você eu não te suporto eu quero que você desapareça da minha vida eu acho você feio tenho pena de você porque você é assim? ( Lu, agora a pouco um amigo aqui do trabalho me deu um abraço tão gostoso...perguntou se estava tudo bem e eu disse não - acho que ele percebeu pela minha cara - e ele falou mas vai ficar...ah Lu um abraço tão bom...) Agora o nó está diminuindo deve ser porque estou escrevendo pra você e só de escrever já vai ajudando a, como é que você diz? a elaborar, né? mas eu ando cansada sabe Lu porque só eu elaboro sabe a outra pessoa não elabora nada não sai do lugar está interditada paralisada feito uma múmia egípcia me assombrando...Lu, eu fiz uma grande besteira e agora não sei como consertar isso. Não não foi nada assim tão grave, ou talvez seja grave quero dizer sim acho que não é não sei não matei (ou matei), não roubei (ou roubei?) estou confusa Lu, muito confusa. Acho que fiz pior me traí, me sabotei, me sacaneei...aí atraí pra minha vida um filho da puta dum sacana (ops desculpe o palavreado) mas o cara é tão sacana Lu, ele não soma ele não troca ele só suga ele é um vampiro desgraçado maldito que não sai do lugar, não tá mais pra carrapato porque o vampiro ainda tem uma nobreza.
Mas ele não tem nada de nobre é carrapato aquele bicho que gruda e suga e aí ele vai levando vantagem levando vantagem o sacana só se dá bem quer dizer assim não muito porque na verdade é um fudido todo cheio de dívidas enrolado nunca tem grana, mas não me deixa crescer me puxa pra baixo me atrapalha Lu como me livrar de um carrapato? Sabe eu estou cansada de ser humilhada agredida verbalmente...já foi pior porque já fui agredida físicamente mas não estou feliz sabe lu você sabe de quem estou falando a gente não forma um casal. Vejo outros casais como eles são íntimos no olhar no tocar no falar. Vejo casais, pessoas simples, sabe Lu, que falam carinhosamente, de bem, de amor, de benhê, de docinho, de sei lá o quê! mas eu e essa pessoa que você sabe quem é não funciona assim. Lu ele me chama de Ô! é Ô...meus filhos já perceberam que não deu muito certo tudo isso, que foi um engodo. Mas ele me enganou Lu. Ele fez de conta até que gostava dos meus pets! ele fez de conta que tinha mudado que era outra pessoa. O que eu faço Lu?"
Minha resposta:
Cliente querida, preste atenção às suas palavras. Tudo aquilo que vc remete ao outro na verdade existe dentro de vc. Quando vc diz:...a outra pessoa não elabora nada não sai do lugar está interditada paralisada feito uma múmia egípcia me assombrando é a sua sombra mesmo. O Outro te traz aspectos seus internos que vc resiste em aceitar como seus. Isso não quer dizer que o outro não seja interditado e tal. Mas vc só enxerga isso porque também o é. Então, avalie em que aspectos de sua vida vc está interditada, paralisada. Em que aspectos de sua vida vc gostaria de deslanchar e não deslancha? Por que? medo? O medo paralisa, Cliente querida.
Se a pessoa é sacana com vc de fato é vc que atraiu isso pra sua vida já conversamos sobre isso. Toda sua falta de amor por si mesma, toda sua falta de consideração por si mesma. Até quando? Até quando vc vai continuar a não se amar? Como isso é complicado! Porque na teoria, eu sei, tudo parece tão simples. Parece uma fórmula matemática: eu penso A recebo A. Mas não é bem assim que as coisas funcionam.
Tem as suas crenças arraigadas aí dentro de vc anos e anos. Essas crenças todas de desmerecimento. Pessoas que, ao longo de sua vida não te reconheceram e vc achou que isso era importante. Vc registrou no seu inconsciente que era importante ser reconhecida por essa pessoas. 
Mas, Cliente, hoje, vc mais consciente, já sabe que na verdade não precisa do reconhecimento do outro. Vc só precisa do reconhecimento de vc mesma por vc mesma. Ponto. Entende? Por que vc permite que te suguem? Não permita isso. Coloque limites. Sabe, se vcs nunca foram um casal, conforme vc já me relatou dentro do set terapêutico, talvez não venham nunca a ser. E se não for? O que acontece? Vc diz que a pessoa fingiu, enganou...será que não foi vc que se enganou, que enxergou nele aquilo que vc gostaria de ver, como o fato dele gostar dos seus pets? Sua crença de que precisava do outro a fez ver o que não existia. Isso é muito comum. A gente fica cega, mesmo. E depois se arrepende.
Vc não é capaz de viver com vc mesma? Vc é uma mulher bonita, inteligente, culta, capaz, determinada, forte, destemida. Excelente profissional, já provou por A + B que é...Quem disse que vc precisa de outra pessoa para ser feliz ou ter sucesso, ou ganhar dinheiro, ou sobreviver? Vc já provou que é autossuficiente, que é capaz de pagar suas contas, que tem empregabilidade, que que que... Sabe, Cliente, é um equívoco das pessoas, e faz parte das nossas crenças culturais, de que precisamos da tampa da panela, do par do chinelo e esses mitos todos cristalizados em nossas mentes. Se formos indivíduos plenos, atrairemos indivíduos plenos. E pessoas plenas, íntegras não sugam outras nem precisam ser sugadas. Então, se vc ainda atrai esse tipo de pessoa a que vc se refere, pense em tudo o que vc ainda precisa modificar dentro de vc. Mas isso não precisa ser com sofrimento nem humilhação. Vc pode fazer isso sozinha. Vc não precisa construir essa jornada ao lado de alguém que não acrescenta nada em sua vida. Desapegue-se de seus medos e crenças, Cliente!
Ah! e sobre os carrapatos...eu não sei não, mas uma vez, tive problemas com uma cachorrinha lá de casa, a Xuxa, ela vivia tendo carrapatos e a veterinária que a atendia na época disse que era preciso arrancar os bichos com a mão, curar as feridas e passar cal nas paredes do quintal porque os ovos do bicho se instalam ali. Talvez vc necessite dar um fim nos carrapatos internos que vc mantém aí, te sugando. Vai doer? vai. Mas depois vc vai ficar em paz por muito tempo!
Procure aquietar seu coração agora.
Bjo!


(e-mails trocados entre mim e uma de minhas clientes dia desses. Desculpem pelas abreviações)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Síndrome do pânico: a epidemia psicológica da década

Emprestei o texto abaixo do especialista em hipnoterapia Bayard Galvão. Achei o tema pertinente com tudo o que sempre comentamos por aqui. Espero que seja útil aos meus leitores.




Síndrome do pânico é um sofrimento psíquico provocado pelo “medo de ter medo”, ou mais especificamente, “medo de ter, novamente, uma crise de ansiedade”, sendo essa crise uma ou mais das seguintes sensações, com intensidade: taquicardia, falta de ar, sudorese nas mãos, confusão mental e dor no peito. Ela é muitas vezes confundida com um ataque cardíaco, levando o indivíduo ao hospital por achar que isso está ocorrendo, pelo menos na primeira, ou primeiras vezes. 




O próprio medo de ter uma crise de ansiedade dispara a crise, ou seja, o medo provoca o que é temido, gerando um quadro violento de retro-alimentação: o medo gera a crise, a crise provoca tanto desconforto que gera o medo de ter a crise.


Um ou mais dos seguintes efeitos são comuns ao indivíduo que tem esse quadro psicológico, em maior ou menor nível: medo de fazer esporte, medo de viajar, medo de passar pelos lugares em que a crise ocorreu, depressão, isolamento, medo de sair de casa, início da dependência da companhia de alguém, sensação de incapacidade, diminuição de auto-estima, alterações de apetite e aumento de alguma compulsão.


O seguinte movimento constitui, na maioria esmagadora das vezes, a síndrome do pânico:


Bloco I: ansiedades/ preocupações/ pressões/ cobranças/ "nervosismos" cotidianos


Problemas de relacionamento, no trabalho, doenças, dificuldades financeiras, com filhos, com amigos, crises existenciais, assalto/ violência e/ou uso de drogas geram um acúmulo de um ou mais desses pesos comuns do viver provocando um pico de ansiedade, comumente confundido com ataque cardíaco, direcionando-se ao hospital, geralmente passando por inúmeros exames cardíacos para chegar à descoberta que o corpo está bem, e que a causa das alterações fisiológicas é psíquica.


Bloco II: medo de ter a crise


Após uma ou mais crises, o indivíduo começa a ter medo de sofrê-la novamente, seja pela (a) dor dela em si, (b) sensação de morte que a crise representa, pela possibilidade de (c) passar vexame ao ter a crise em frente a outros ou (d) pensamento suicida por considerar ser uma solução para a dor presente.Ademais, um ou mais desses medos se tornam gatilhos para a crise, bastando pensar neles por segundos para provocá-la.




Um efeito comum, limitante também, é a fobia originada pelo medo de se encontrar no mesmo contexto em que ocorreu a crise, por exemplo: caso tenha ocorrido ao estar no trânsito, avião ou situação social, o indivíduo pode vir a criar uma fobia de passar por essas situações, circunscrevendo mais ainda a vida.


Síndrome do pânico como epidemia


É possível considerar a síndrome do pânico como a doença psíquica da década, e potencialmente do século, por duas crescentes causas (além da divulgação constante de violência, catástrofes e outros aspectos ansiogênicos): (a) culturas/ sociedades têm aumentado as pressões/ cobranças dos indivíduos de múltiplas formas, seja no convívio familiar-relacionamento (antes o homem tinha menos obrigações em casa ou com os filhos, não era tão exigido que fosse um bom ouvinte, que estivesse disposto a conversar com mulher e filhos, que fosse tão atencioso com a mulher e outras exigências de alta performance, inclusive em sexo), no trabalho (antes a mulher não precisava se preocupar tanto em ser bem-sucedida numa profissão, bastava se formar no segundo grau, hoje, tanto homem como mulher precisam ter uma boa faculdade, duas pós-graduações, uma língua além da nativa, ser líder, saber se relacionar bem com os colegas e outras “obrigações de alta performance”), na aparência (é preciso ser magro e jovial por toda a vida para ser digno de valor), ou no estado de humor, é preciso estar de bem com a vida o tempo inteiro, sendo sinal de fraqueza ou inferioridade não “estar sorridente” ; e (b)antes as pessoas tinham mais facilidade de lidar com a morte (embora pudessem sofrer imensamente pelo medo de terem que pagar pelos seus pecados no inferno após a morte), pois as religiões eram mais fortes, dando respaldo para lidar com o fim da vida, diminuindo o medo da finitude (outra causa tão forte para a crise de ansiedade quanto o próprio medo de tê-la).


Portanto, a ansiedade no cotidiano aumentando gradualmente, intensifica radicalmente a probabilidade de ocorrência da “síndrome do pânico”. Contudo, é possível na psicoterapia moderna, principalmente fazendo uso da hipnose, em colaboração com remédios psiquiátricos, curar mais de 70% dos indivíduos com esse sofrimento em até 20 sessões.


Bayard Galvão

domingo, 16 de outubro de 2011

Quer ter saúde? Seja feliz!

"Temos sido vítimas da depressão, da ansiedade e das doenças psicossomáticas. Esperávamos que o ser humano do século XXI fosse feliz, tranquilo, solidário, saudável. Multiplicamos o conhecimento e construímos carro, geladeira, telefone, televisão para facilitar nossa vida, nos dar conforto e alegria, mas nunca o ser humano se sentiu tão desconfortável e estressado. Todavia, apesar das mazelas emocionais terem se intensificado nos dias atuais, elas não são privilégios da nossa geração. Por isso, nossa história está manchada por guerras, discriminações, injustiças, agressividades.
Ser feliz é o requisito básico para a saúde física e intelectual. Todavia, ser feliz, do ponto de vista da psicologia, não é ter uma vida perfeita, mas saber extrair sabedoria dos erros, alegria das dores, força nas decepções, coragem nos fracassos." (Augusto Cury, O Mestre Inesquecível, pág. 92)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Mulheres no trem

Como andam as mulheres nesse trem desumano, pegajoso, que cheira a suor, pum e arroto?
Andam, em sua maioria, em pé, apertadas, amassadas, cansadas, tocadas, bolinadas, caladas, sofridas essas mulheres.
Os homens vão sentados, em sua maioria.
As mulheres, em pé. Poucos homens dão lugar, dão espaço, dão atenção, consideração às mulheres, sejam novas, sejam velhas, crianças, mulheres barrigudas, bonitas, feias, gordas, magras. Carregam sacolas, crianças, malas, guarda-chuvas, pacotes, caixas. Sozinhas. Sem ajuda. Ninguém ajuda, às vezes outra mulher. às vezes mais velha até da mesma idade. Mais nova, difícil. Pensa que não vai envelhecer. Olha pro lado, de lado, desvia o olhar, finge que dorme. Abre a boca. Baba. Homens? Dormem,roncam, têm o olhar perdido no vazio. Desde o século passado sua maior motivação ainda é o futebol. São os primeiros a entram no vagão. São os primeiros a se sentar. As mulheres vão em pé. Ali. Na fuça deles. E, nada!
No frio é menos ruim. Mas não é bom.
No calor é pior. Não tem ar-condicionado. Um sistema de ventilação transforma o ar em algo que venta quente, agrava a temperatura. As janelas abertas não amenizam o abafado. O bafo, o mau-hálito. O calor indesejado no cangote. O encosto. O roçar incômodo. O ultraje. Dos que vão em pé. Não passam nem um perfume, um desodorante...raro sentir um cheiro bom dentro do trem vindo de um macho. Fedem. Não cheiro de macho. Cheiro de falta de banaho, de falta de amor por si mesmo. Não se gostam tanto quanto não gostam de mulheres, de crianças, de velhos...

As mulheres têm alma. Homens têm alma. Alma feminina. Alma masculina. Há que resgatar essas almas. Há que salvar essas almas.
Almas sofridas, vividas, cheias de vida.
Há que deixar essas vidas se manifestar, brotar, nascer, desabrochar, emergir, vir à tona.
Mas como? Como acessar esse feminino tão ultrajado? Tão vilipendiado? De que maneira? E o masculino? Onde está?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

"Saia do trilho e assuma a sua trilha"

Estou lendo este livro (entre tantos outros), de Louis Burlamaqui. "Com base na física quântica e na psicologia, o autor sintetiza 12 passos que conduzem as pessoas a novos padrões de comportamento capazes de promover mudanças que levam à fluidez, característica principal para o novo mundo que desponta. Para isso, é necessária a quebra de paradigmas, com o abandono de crenças limitantes, permitindo ao ser humano tornar-se livre daquilo que não corresponde à sua essência. Dentro dessa proposta, o primeiro passo é a identificação dos pactos, em todos os níveis, acolhidos como verdades e que levam a repetições de histórias, ao desgaste de energia e ao obscurecimento do potencial criativo.  A partir desta identificação, abre-se espaço para a construção de novos comportamentos e, o mais importante, a capacidade de ser quem você é em sua plenitude de realização." O conteúdo do livro me deu a sensação de já ter visto o assunto em outros  estudos, até mesmo na psicologia analítica, na filosofia Brahma Kumaris, em parte no Espiritismo...na PNL. Diferentemente de outros autores, porém, Burlamaqui (será parente da atriz?) consegue fazer o leitor deslizar pelo texto, com uma escrita didática, suave e objetiva. Ele propõe descobrir as chaves para identificar os pactos - o mesmo que crenças, em geral, limitantes, opressivas e repressoras - fazendo perguntas simples para problemas complexos, tipo: O que não está bem na minha vida hoje? O que mais me incomoda hoje? O que eu quero e ainda não obtive? O que mais uma vez ocorreu em minha vida e não me agradou? O que não está bem em mim?
Bom, se vc responder a essas perguntinhas com sinceridade já é meio caminho andado! O primeiro passo para a cura é descobrir que está doente.
Nossas crenças limitantes surgem a partir dos complexos que, por sua vez, surgem a partir de traumas (e trauma, veja, não precisa necessariamente ser um abuso sexual, um quase afogamento etc; surras recorrentes ou seu pai ou sua mãe lhe dizerem que vc é burro já é suficiente para vc amealhar um complexozinho básico de inferioridade que vai lhe perturbar o resto na vida!), que em geral acontecem porque vc quis se expressar genuinamente de alguma forma e não deixaram, ou ridicularizaram ou diminuíram, menosprezaram, desacreditaram, puniram, etc etc etc.
Livros como este de Burlamaqui tentam ajudar a pessoa a mudar suas crenças identificando os pontos de bloqueio da energia - daí o nome do livro "Flua" - porque as crenças limitantes - eu não mereço, eu não sou capaz - bloqueiam a energia vital que faria vc ser o Ronaldo Fenômeno da família em vez de ser aquele que não deu em nada e que todos criticam. Claro que, essas crenças ocorrem em nível inconsciente, mas, a partir do momento que vc as identifica, elas passam a fazer parte do seu consciente e aí é possível transformar sua realidade.
Mas atenção! o livro apenas não resolve porque se resolvesse os consultórios de psicólogos, psiquiatras e analistas não estariam bombando e com filas de espera para atendimento.
Então, é assim, leia o livro - esse e outros que a gente vai indicando por aqui - mas não deixe de fazer sua análise, sua terapia, porque sozinho o caminho é mais longo. Lembre-se: o terapeuta já percorreu o caminho das pedras e está apto a ajudá-lo a percorrer o seu.

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...