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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

SOBRE O CIÚME

Freud afirma que "o ciúme é um daqueles estados emocionais, como o luto, que podem ser descritos como normais." 
E alerta:" Se alguém parece não possuí-lo, justifica-se a inferência de que ele (o ciúme) experimentou severa repressão e, consequentemente, desempenha um papel ainda maior em sua vida mental inconsciente".
Ou seja, aquelas pessoas que costumam dizer que não são ciumentas...sinto muito informá-las, mas sim, vcs são ciumentas.. 
Freud divide o ciúme em três categorias - ou camadas ou graus, para manter os termos originais.
O primeiro nível seria esse que ele chama de "normal", mas que, "não é, em absoluto, completamente racional". Ou seja, por estar enraizado no inconsciente (sempre) e ser uma continuação das primeiras manifestações de ciúmes que temos em relação aos nossos pais, principalmente em relação à mamãe, pode levar às famosas e intermináveis DRs em que o enciumado cobra do seu objeto de amor, geralmente, mais atenção, etc, exatamente como fazia com sua mãe por ela dar (na sua opinião) mais atenção ao irmão mais velho, ou mais novo, ou ao pai, hoje em dia, ao trabalho.
Parece simples, mas não é. Tomado pelo ciúme, ainda que nesse primeiro nível, o sujeito pode imaginar situações envolvendo seu (sua) amado (a) que não correspondem exatamente à verdade. Às vezes, ele (ela) acerta em suas desconfianças. E então... há uma quebra da confiança, e o amor é posto à prova. 

Numa primeira vez é possível superar a crise. Mas quando a quebra de confiança se repete indefinidamente e as promessas de mais atenção não se cumprem, dificilmente o amor resistirá.
E aquelas pessoas que dizem que não têm ciúmes?
Nesse caso, Freud vai dizer que se trata do ciúme da segunda camada, o ciúme projetado, ou seja, essas pessoas já partem de sua própria infidelidade (realizada ou imaginada) e, portanto, acreditam que se elas traem, todo mundo trai, portanto, pra quê perder tempo com ciúme? O que elas não sabem é que elas têm tanto ciúme reprimido (lá atrás, pela mamãe, mesma coisa) que encontram alívio às pressões das convenções sociais projetando no(a) parceiro(a) a sua incapacidade de se manter fiel (minha mãe não foi fiel a mim, por que serei a ela??). Se o seu objeto de amor o trair, tanto melhor. Além de comprovar sua teoria, alivia sua própria culpa.
E a terceira camada fica com os absolutamente paranoicos, delirantes que chegam às vias de fato e cometem verdadeiras insanidades em função de seus delírios, parcela mínima da sociedade. Raros estão em análise. Geralmente quem procura ajuda são as vítimas dos seus delírios.
A maioria das pessoas talvez se encaixe no grau um e uma faixa representativa no dois. Não existem estatísticas. Mas o que se vê na clínica é:
- Se uma pessoa da camada 1 se relaciona com um indivíduo do grau 2 teremos conflitos eternos. Até porque a pessoa da camada 1 vai viver reclamando ao companheiro a falta de ciúmes dele - o que pra ela significa falta de amor - sem falar nas checadas de mensagens de celular e outras atitudes de controle que toda pessoa da camada 1 exerce. E o companheiro vai passar a vida acreditando que tudo aquilo é cena e que no fundo seu parceiro o trai, traiu ou trairá, porque afinal, para o tipo 2 ninguém é fiel, a começar dele.
- Se a pessoa da camada 1 se relacionar com outra da camada 1 poderá experimentar do próprio veneno quando o parceiro também fizer sua cena de ciúme. Talvez seja o melhor remédio e a possibilidade de o casal se equilibrar na confiança mútua é grande.
- Quanto ao sujeito da camada 2, ele já se relaciona - simultaneamente - com outros da camada 2 na categoria de amantes - porque todo amante é aquele que projeta a infidelidade no outro e, portanto, trai. E deve ter mais de um, claro! É um tipo bem mais resistente à análise.
O assunto Ciúme não se esgota aqui. É mais complexo. Mas por ora, ficamos assim.
A base para este texto foi o de Freud, "Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranoia e no homossexualismo", que vc encontra em Obras Completas - Vol XVIII.

(texto publicado originalmente na minha página do Facebook 
https://www.facebook.com/lourdesriverapsi)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Pajelança das letras

Você que lê e curte Repertório Feminino, experimente também Pajelança das Letras.

http://aladylou.blogspot.com.br/

Tem outra pegada, mais literária, ainda que não tenha pretensão de, serve como um laboratório para meus escritos.
Te espero lá!

domingo, 19 de julho de 2015

A Outra


Levava a pequena criança pela mão, atravessava o mar de carros na avenida e voltava pra casa. Era assim todas as manhãs e à tarde. Não questionava.
Depois, bebia o chá, comia o bolo e sonhava: agora sou outra.
Feira, açougue, padaria. Fogão, máquina de lavar. Mas hoje, hoje vai ser diferente. Porque agora sou outra.
Coloca o vestido decotado, calça o sapato de domingo, passa o batom e o perfume emprestados, e sai para encontrar seu amor.
No caminho, alimenta o sonho: agora sou outra.
O coração, acelerado, lugar-comum dos apaixonados, quase pára com as lembranças das cenas na sala de estar da casa da melhor amiga. Foram beijos obscenos, pegação, esfrega-esfrega e a promessa de Jurandir: quero te comer todinha. Me liga. Era sua primeira vez como a outra. Mas que importa? Agora sou mesmo outra.
E no local combinado, assenta o corpo na cadeira do café. Pede um cappuccino e suspira enquanto deseja o marido da amiga, um gostoso tão diferente daquele indigente, pai de sua filha.
Meia-hora, uma hora...finalmente...o encontro naufragado. Os olhos choram por dentro. O que eu fiz de errado? Agora não sou a outra?
Travestida de indiferença, paga a conta pro garçom que, acostumado, adivinha o desfecho do enredo. Mas, não, com ela, não. Afinal, agora ela era outra.
Volta pra casa, se arrasta. Depois, pega a criança pequena pela mão, atravessa de volta o mar de carros e em casa faz sopa de letrinhas. Mistura lágrimas à salsinha, coloca ração para o gato, água para o periquito, tira a roupa do varal... enquanto pensa: agora sou outra mulher.

domingo, 23 de novembro de 2014

Todo esse mistério

A menina de sapato amarelo e calça jeans delavé (que coisa mais demodé), não sabe.
O rapaz de cabelo rastafári e celular simplesinho, não sabe.
A senhora de chinelo havaiana de duas cores, também ignora.
O distinto cavalheiro de cavanhaque azulado e sobrancelhas grossas...ignora completamente.
A menina de saia rodada e chinelo de dedo...nem desconfia!
O idoso com cara de inteligente... talvez desconfie, mas não tem certeza.
O jovem de óculos tradicionais pensa que sabe...mas está frio.
A mulher de barriga de fora e calça justa pode ser...mas é improvável.
O casal gay feminino está tão ocupado em firmar sua posição, que não vai dar atenção...ao sorriso daquela senhora, beirando os 50, mas bonitona ainda, jovial...Que sorriso é esse? de lagarto?
E aquela japonesinha...loira, de minissaia, tatuada...nem aí...fone de ouvido...nem imagina...
O homem velho, mas vigoroso, acredita que a japinha sorriu pra ele...
Ninguém sabe...
A mulher de chapéu de palha e boca ajustada no preenchimento sorri para o cobrador do ônibus, que solenemente ignora...
O sujeito com cara de executivo decepciona ao tirar a Bíblia da mochila e recitar Provérbios...
A moça com cara de modelo é um travesti. E aí?
Mas ninguém sabe o motivo de seu sorriso de lagarto.
E como Marina, o que você quer é "todo esse mistério"....

sábado, 26 de julho de 2014

Corre, Dirce, corre

Dirce Maria vive correndo. 
Abriu o semáforo, corre para atravessar a rua; vence uma pista, ganha fôlego, encara a próxima. Vai correndo. 
Desce a ladeira, sobe a calçada, vira na esquina. Sempre correndo. 
Corre pra pegar o ônibus, corre pra fugir da chuva.
Vai, Dirce Maria, corre.
Corre, corre. Corre de quê?
Corre de quem?
Corre pra quem?
Levar os filhos na escola; depois tem de buscar. 
E a academia, o inglês, a natação?
Hidroginástica, feira, supermercado.
Dentista, ginecologista, cardiologista...psicanalista?
Lá vai, Dirce Maria.
Sempre correndo.
Correndo entra no metrô. Quer sentar? Não, fica porta pra sair mais rápido. 
Não pode parar. Está atrasada. 
Atende o filho, o marido, o chefe, a mãe, o pai.
Nem se olha direito na frente do espelho. 
Dirce Maria sai na rua com a blusa no avesso. 
Nem repara. 
Só corre. Socorre? 
Nem se olha, nem se vê, nem se enxerga. 
Nem sequer se sabe, se toca, se ouve.
Corre, corre, pra quê?
Corre, corre, por quê?

domingo, 30 de dezembro de 2012

Domingo

Caminhos...
Você acorda, e ainda na cama alonga os músculos do corpo todo num espreguiçar enorme....olha para o celular na mesinha de cabeceira, vê que horas são e pensa que a noite, afinal, não foi de todo ruim mas podia ter sido melhor.
Enumera mentalmente e rapidamente o que precisa ser feito o que deve ser feito e não o que quer fazer/gosta de fazer enquanto afasta os lençóis e estica as pernas para fora da cama. Encontra os chinelos embaixo da cachorrinha que dormia ao lado, sai do quarto e, apesar da vontade de fazer xixi, desce a escada, abre a porta da sala, pega os jornais e vai para a cozinha. No caminho, vê a caca dos cachorros que precisa ser limpa e que hoje, por causa da chuva está pior a bagunça do que nos dias secos. Resiste a limpar a lavanderia e vai mesmo direto pra cozinha, mas não resiste á bagunça da mesa do sábado. Passa um Veja em tudo e quando percebe está fazendo isso também no balcão, e aí, para. Coloca a toalha limpa na mesa e vai ajeitar as xícaras, pires, talheres etc. Olha para a Tv e pensa se deve ou não ligá-la. Melhor seria ouvir uma música, um mantra...mas pra isso teria de subir até o quarto, pegar o CDplayer os CDs....desiste. Ajeita as xícaras nos pires, coloca as frutas nos pratinhos auxiliares, guardanapos...tudo em ordem/ mais ou menos, pensa. Só então vai beber seu leite com café. Antes, engole suco com farelo de trigo (ouviu num programa de Tv sobre saúde que é bom para o funcionamento do intestino) e junto vão as cápsulas de vitamina D, quitosana, spirulina e isoflavona, metade receitado pelo ginecologista para ajudar na menopausa, metade pegou por intuição na prateleira da loja de produtos naturais porque leu em algum lugar que ajudavam a emagrecer. Há 4 anos briga com a balança. Coincidentemente, há quatro anos não menstrua mais. Já fez caminhadas, academia, pilates, dietas orientadas por nutricionistas....e, nada. Piorou há dois anos quando resolveu reatar um casamento abandonado há 12 anos. Mas piorou muito mais quando há mais ou menos um, teve certeza de que a escolha fora equivocada. Aliás, parece que escolhas equivocadas são sua marca registrada. Você olha para as torradas com patê de peito de peru e chega quase a se deprimir.
Mas decide que não adianta chorar pelo leite derramado. Coloca a caneca personalizada dentro da pia, dá tchau pros pets, pega a bolsa e sai sem escovar os dentes. 

quinta-feira, 22 de março de 2012

A estratégia é o autoconhecimento

É pura ilusão pensar que vivemos em paz. Só porque não temos tropas de exército inimigo nas ruas, literalmente, como ocorre em outros países, não significa que estamos em paz.
Em geral,  estamos em guerra permanente com todas as pessoas com as quais nos relacionamos e, pior, conosco mesmos.
Disputamos poder com filhos, maridos, esposas, chefes, colegas de trabalho; disputamos poder quando achamos que temos mais direito que o outro de sentar num assento vazio no metrô, ou de ser atendido primeiro numa fila de banco, ou de que o caixa do supermercado deveria ser mais rápido - para atender à nossa pressa.
Estamos em guerra permanente. Quando um amigo nos conta sobre sua doença e dizemos que a nossa é maior ou quando dizemos que nunca adoecemos.
E como o soldado no campo de batalha literal precisamos de estratégias para vencer as nossas batalhas diárias, muito mais do que estarmos armados. Aliás, isso é o que mais fazemos: a maior prova de que vivemos em guerra permanente é que vivemos na defensibilidade, ou seja, estamos sempre na defensiva, em estado de alerta, prontos para o ataque.
Mas, como nem sempre aceitamos o fato de que estamos em guerra permanentemente, como nem sempre somos conscientes de nossos atos, o ideal seria fazer como sugere o mais antigo tratado no assunto, "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, que diz o seguinte:
"Se conhecer seu inimigo e a si mesmo, ainda que você enfrente 100 batalhas, nunca sairá derrotado. Se não conhecer seu inimigo mas conhecer a si mesmo, suas chances de perder ou ganhar serão as mesmas. Se não conhecer o inimigo nem a si mesmo pode ter certeza de que perderá todas a batalhas."
Uma das maneiras de nos conhecermos é através da terapia analítica.
Algumas religiões também levam ao autoconhecimento.
E você? quer continuar a perder ou quer enfrentar seus inimigos com mais propriedade?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O sapo que virou príncipe, que virou sapo, que virou....

Walkiria me mandou por escrito, a seguinte questão: "Lu, não é mágoa, não é revolta. É uma questão de justiça. As mulheres ganharam um presente de grego com a tal da emancipação feminina, igualdade de direitos ou coisa do tipo que o valha, vc não acha? Com raríssimas exceções, as mulheres hoje em dia têm duas ou três jornadas de trabalho enquanto seus homens (quando elas conseguem ter tempo para um relacionamento estável) assistem passivamente aos seus programas favoritos de televisão.Existem pesquisas sérias que apontam um número astronômico de mulheres chefes de família. Até aí, tudo bem. Não tem uma figura masculina pra ocupar o posto. Eu mesmo, ano passado, quando respondi à pesquisa do IBGE fui recenseada como chefe de família. Olha eu lá na estatística, Lu. Existem mais mulheres tomando conta sozinhas de suas casas e filhos enquanto trabalham e estudam, do que homens nessa mesma situação. Sem falar que muitos homens, estatisticamente, se estudam não trabalham, se trabalham não estudam. Não é piada, não, Lu.
Bom, vamos imaginar como é a vida de mulheres Classe A: têm mensalistas, babás, carro de R$ 70 mil automático, secretária pessoal e às vezes, motorista. Não paga contas, porque é casada com um cara muuuito mais bem resolvido economicamente do que ela. Vai ao cabeleireiro duas vezes por semana, massagista, dermatologista etc etc etc.
A Classe C, assim, tipo eu, Lu, vc sabe, trabalha fora, paga as contas da casa e dos filhos e lava, passa, cozinha, faxina porque é óbvio, não tem faxineira e muito menos mensalista. Uma mensalista consumiria o equivalente a 30% do salário de uma Classe C feito eu. Não tem carro, anda a pé, de ônibus ou de trem.
Ainda que eu sou privilegiada. Tenho um emprego que me permite fazer várias coisas pela manhã. Por exemplo: acordo às 6h, tomo café com meu filho, subo para o quarto dele (pra poder curtir um pouco a gatinha e a cachorrinha que gostam e estavam acostumadas a dormir comigo na minha cama antes de eu voltar a estar casada) mais ou menos às 6h30, faço meditação até mais ou menos 7h30 (com a gatinha e a cachorrinha grudadas em mim!). Aí, posso dormir de novo até às 8h30 (normalmente chego em casa após o trabalho depois da meia-noite, uma duas da manhã quando não três, quatro, então, de manhã sinto muito sono) ou começar a lida: tirar roupa do varal, colocar roupa na máquina, depois no varal novamente, lavar a louça do dia anterior (que muitas vezes dorme na pia, embora tenha pessoas que vivem na mesma casa que chegam bem mais cedo do que eu, mas que, infelizmente, não se sensibilizam com a situação), limpar o fogão, a geladeira, varrer a casa toda, passar pano na sala, guardar todo tipo de coisa espalhada pela casa, arrumar estantes, tirar pó das mesmas (rs, das mesmas é horrível!), abrir e fechar a porta da sala para as cachorras tomarem um solzinho na garagem...Pensar o que vou fazer para o almoço, preparar o almoço (só essa tarefa implica uma série de sub-tarefas como lavar e cortar legumes, lavar grãos, cortar temperos, tomar conta pra que nada fique queimado....molhar e enxugar as mãos um milhão, setencentas e cinco vezes), colocar água nos potes de água das gatas e das cachorras, limpar as caixinhas de terrinha das gatas, limpar o coco das cachorras do chão da lavanderia, recolher o saco de lixo dos banheiros e o lixo orgãnico e colocar o saco na rua. Depois, tomar banho, me arrumar (mais uma série de sub-tarefas), almoçar e sair para o trampo (o que significa andar a pé uns 20 minutos no sol escaldante das 14 horas, ou na chuva ou no frio, até a estação de trem mais próxima). Às vezes também consigo passar roupa, mas aí, não limpo a casa. Então, num dia limpo a casa, no outro passo a roupa. Me sobra muito pouco tempo para fazer o que gosto de verdade que é ler, estudar (tenho uma infinidade de livros começados e não finalizados na cabeceira da cama, livros que preciso estudar para o meu curso de fim de semana, filmes que preciso assistir e analisar, videos....e está lá tudo parado). Preciso aplicar Reiki em mim mesma, treinar as técnicas de radiestesia....mas não sobra tempo, Lu. Ou eu largo a casa. E se largo a casa ela fica lá, suja, empoeirada, as roupas ficam dias e dias no varal, ninguém as recolhe, as que estão no cesto de roupa suja ficam lá, ninguém as coloca na máquina e as limpas para passar vão se acumulando nos cestos respectivos, ninguém passa. Vivemos numa comunidade mas só eu limpo o fogão, só eu limpo janelas, só eu limpo portas, portão, paredes....só eu arrumo armários, limpo armários Só eu coloco roupas para lavar, só eu tiro roupas do varal. Estou com sobrepeso, Lu, engordei pra caramba. Mes into inchada. Preciso emagrecer uns 4 quilos pelo menos. Se isso não me afetasse, tudo bem. Mas me sinto gorda, feia, e envelhecida. Mas que horas vou correr ou caminhar ou me exercitar? Com todas essas coisas para fazer em casa? E se eu for andar, as coisas da casa ficam lá, paradas.
Eu não me incomodaria de fazer tudo isso, Lu, se eu só fizesse isso. Se depois ainda não tivesse de ir até o outro lado da cidade todo santo dia e chegar tarde toda santa noite. Então, chego tarde, cansada e aí não tenho vontade de ler, de estudar. Mas se eu não trabalhar, quem vai pagar meu curso, meus livros? o inglês e o dentista do meu filho, meu plano de saúde... Quem?
Sem falar que muitas vezes os homens que estão com as mulheres não as tratam como elas gostariam de ser tratadas: com carinho, amorosidade, ternura...Homens não são gentis por natureza?  Será isso, Lu? Eu até entendo que suas mães não disseram a eles como deveriam ser cuidadosos com suas mulheres quando as tivessem, porque suas mães aceitavam a falta de carinho de seus maridos, as grosserias e ainda se curvavam humildemente levando o chinelo e o prato de sopa quando o marajá se refestelava no sofá para ver TV. Muitas mulheres acreditavam que a vida era assim mesmo. Que o homem devia ser um grosso mesmo, afinal ele também aprendera a ser assim com seu pai, avô. Só estava repetindo o padrão familiar.
Mas eu estou cansada de grosserias. de falta de verniz...de narcisismos, de só enxergar o próprio umbigo, de atitudes egoístas, individualistas....de tom de voz agressivo, de falta de carinho na voz, sabe como é? De um olhar carinhoso. E sorriso, então? Nossa, nem sei mais o que é isso, já tem um tempo... O que fazer? A pessoa diz que sou eu que faço tudo isso, Lu, ou melhor, que não faço. Mas os filhos não têm a mesma opinião. Mas esse assunto é assunto para uma próxima consulta virtual. Sei que o meu dilema é muito parecido com o de milhares de mulheres. O sapo que virou príncipe e que depois virou sapo novamente.
Eu não sou diferente de milhares de mulheres que se enfiaram numa sinuca de bico enorme com essa tal de emancipação feminina.
Se eu estivesse sozinha não estaria escrevendo nada disso. Mas não estou. E isso está me incomodando. Não é mágoa, nem ressentimento. É só uma questão de justiça, Lu. O que eu devo fazer? Me sinto na beira do precipício com um leão faminto na minha cola."
Alguém tem aí uma sugestão para a minha amiga Walkiria? Porque se eu tivesse já a teria utilizado em benefício de mim mesma.

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...