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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Filhos? Por que tê-los?


Vinícius de Moraes no "Poema Enjoadinho", já dizia:

Filhos...  Filhos?

Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?

Segundo pesquisas recentes, existem 17,1% de casais sem filhos no Brasil; 5 milhões de solteiros moram sozinhos e 13,7 milhões de mulheres não querem engravidar (14% das brasileiras).
É esse assunto que o livro

Sem filhos por opção - casais, solteiros e muitas razões para não ter filhos!  lançamento da Editora nVersos,  traz à tona colocando em discussão o novo perfil das famílias brasileiras. 

 Mais do que quebrar “tabus”, a proposta deste inédito livro no Brasil, escrito com muito afinco pelo casal Edson Fernandes e Margareth Moura Lacerda, é promover um intenso debate que vai do “casamento sem filhos” até um grande panorama e desmistificação do que são hoje os “Casais Dink” e “Famílias X, Y e Z”.
 “Na virada do século a ‘família’ continua sendo um conceito repleto de mitos, inerente à procriação, portanto, ao convívio com crianças. Refletir ou simplesmente projetar um relacionamento familiar sem crianças é uma situação inusitada, pouco aceita, para não dizer que é motivo de preconceito e de banimento social. Seria possível questionar esse paradigma no século XXI?”. A indagação vem do sociólogo, mestre em filosofia e história da educação Antonio Celso de Oliveira, que antemão elogia e se surpreende com a obra.
 Ainda sobre o olhar de Oliveira, cabe dizer que este livro é um denso e refinado conjunto de dados socioeconômicos, políticos e psicológicos e com variados depoimentos. Fernandes, que é doutor em comunicação, e Margareth, psicóloga e filósofa, proporcionam aos leitores condições objetivas de reflexão e projeção sobre mudanças reais na ideia de “Família”.
  Para a psicóloga Maria G. Rios-Lima, psicóloga, mestre e doutora em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo (USP), o casal se posiciona claramente em favor da ausência voluntária de filhos e reúnem de forma cuidadosa argumentos e dados dos mais diversos âmbitos para embasar tal escolha. “Provam que, ao contrário de uma visão social carregada de estigmas, é possível alcançar uma vida plena e significativa sem filhos. Dentre as tantas possibilidades de projetos e realizações que a pós-modernidade oferece, casamento e filhos passam de destino a opção, e, muitas vezes, acabam por não valer a pena”.
 Eles, que já sofreram preconceitos por não terem filhos, resolveram mostrar com muita teoria e pesquisa, além de depoimentos que demonstram na prática, que a condição de vida optada por eles não deve e não pode ser condenada. “Ainda assim, na sociedade contemporânea é preciso coragem para não ter filhos. Você é visto como um extraterrestre. As pessoas olham como se você não fosse ‘normal’”, observam Edson e Margareth.
Um toque especial do livro é o prefácio da talentosa e já conhecidíssima no mercado editorial, Regina Navarro Lins, sexóloga, psicanalista e autora do best-seller A Cama na Varanda, além de colunista do Portal IG e do Jornal O Dia (RJ).
 Sobre os autores:
Edson Fernandes é doutor em Comunicação, professor universitário, escritor e pesquisador. Margareth Moura Lacerda é psicóloga, pedagoga e filósofa, e trabalha na área de Recursos Humanos.
Eles estarão no dia 2, sábado a partir das 15h30 na Livraria Martins Fontes, na avenida Paulista, 509, recebendo os leitores.
Em breve, traremos mais detalhes sobre o assunto.
Ficha técnica
ISBN: 978-85-64013-55-1
Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 195
Preço: R$ 49,90

domingo, 16 de outubro de 2011

Quero viver algo assim


"Que você tenha sempre : 

Colo de mãe. 
Abraço apertado. 

Riso de graça.
Brilho nos olhos. 

Amor no que faz. 
Tristeza que passa. 
Força nos ombros. 
Criança por perto. 
Astral bem bonito. 

Prece nos lábios.
Saudade mansinha. 

Fé no futuro. 
Música no ouvido. 

Conversa que cura.
Cotidiano enfeitado. 

Paz no coração. 
Firmeza nos passos. 
Sonhos que salvam e muita saúde. 

E se livre de tudo que te trave o riso.

Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."
(Fernando Pessoa)

domingo, 18 de setembro de 2011

As Walkirias - uma breve pesquisa

Aproveitando a participação da terapeuta Luciaurea Coelho em nosso blog, resolvi publicar uma pesquisa feita tempos atrás, assim que minha amiga Walkiria decidiu se manifestar e dar as caras por aqui. Espero que gostem e que, de certa forma, algumas questões se iluminem não só para a Wal como para todas nós mulheres, porque o dilema dela é muito parecido com o de milhares de mulheres nos dias de hoje.
No próximo post vou explicar que todos nós vivemos um mito e como isso influencia nossas atitudes. Os movimentos são inconscientes, mas saber que existe essa influência dos mitos, que é arquetípica, nos ajuda a identificar os motivos que nos levam a agir dessa ou daquela forma. Deixamos de agir inconscientemente e passamos a agir com mais consciência. De certo modo, é isso que minha amiga está tentando fazer: ser mais consciente de seus dilemas e, a partir daí, transformar sua vida. Porque uma coisa é fato: acredite você ou não nisso, pode apostar, seus atos são influenciados, guiados, conduzidos por mitos. Quanto mais cedo descobrir, menos tempo perderá sofrendo.

The Valkyrie's Vigil ("A Vigília da valquíria"), de Edward Robert Hughes
Na mitologia nórdica, as valquírias eram deidades[1] menores, servas de Odin[2]. O termo deriva do nórdico antigo valkyrja (em tradução literal significa "as que escolhem os que vão morrer"). Nos séculos VIII e IX o termo usado era wælcyrge.
As valquírias eram belas jovens mulheres que montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoavam os campos de batalha escolhendo quais guerreiros, os mais bravos, recém-abatidos entrariam no Valhala[3]. Elas o faziam por ordem e benefício de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha vindoura do Ragnarok.[4]

As valquírias escoltavam esses heróis, que eram conhecidos como Einherjar, para Valhala, o salão de Odin. Lá, os escolhidos lutariam todos os dias e festejariam todas as noites em preparação ao Ragnarok, quando ajudariam a defender Asgard na batalha final, em que os deuses morreriam. Devido a um acordo de Odin com a deusa Freya,[5] que chefiava as valquírias, metade desses guerreiros e todas as mulheres mortas em batalha eram levadas para o palácio da deusa.

Estátua de uma valqíria com uma lança - Copenhagen, Dinamarca
feita em 1908 pelo escultor norueguês Stephan Sinding (1846-1922).
As valquírias cavalgavam nos céus com armaduras brilhantes e ajudavam a determinar o vitorioso das batalhas e o curso das guerras. Elas também serviam a Odin como mensageiras e quando cavalgavam como tais, suas armaduras faiscavam causando o estranho fenômeno atmosférico chamado de Aurora Boreal.

As valquírias originais eram Brynhild ou Brynhildr ("correspondente de batalha", muitas vezes confundida Brunhilde, da Saga dos Nibelungos), Sigrun ("runa da vitória"), Kara, Mist, Skogul ("batalha"), Prour ("força"), Herfjotur ("grilhão de guerra"), Raogrior ("paz do deus"), Gunnr ("lança da batalha"), Skuld ("aquela que se torna"), Sigrdrifa ("nevasca da vitória"), Svana, Hrist ("a agitadora"), Skeggjold ("usando um machado de guerra"), Hildr ("batalha"), Hlokk ("estrondo de guerra"), Goll ou Göll ("choro da batalha"), Randgrior ("escudo de paz"), Reginleif ("herança dos deuses"), Rota ("aquela que causa tumulto") e Gondul ou Göndul ("varinha encantada" ou "lobisomem").

O portal norte da Igreja de madeira de Urnes do século XI tem sido interpretado como contendo representações de serpentes e dragões que representam o Ragnarök[11]
Richard Wagner compôs uma imponente ópera chamada "As Valquírias" (Die Walküre).[6]


[1] Deidade é o conjunto de forças ou intenções que materializam a divindade. A deidade é a fonte de tudo aquilo que é divino. A deidade é característica e invariavelmente divina, mas nem tudo o que é divino é deidade necessariamente, ainda que esteja coordenado com a deidade e tenha a tendência de estar, em alguma fase, em unidade com a deidade – espiritual, mental ou pessoalmente. Etimologia A palavra "deidade" deriva do Latim "deus. Relacionando os conceitos de céu ("divum", em latim) e dia ("dies"), além de estar relacionada ao termo "divino" e "divinidade," no latim "divinus," oriundo de "divus." Pode-se fazer propor uma influência do Sânscrito que também possui termos como "div(céu), e diu (dia)". Crenças - Em Filosofia, mais especificamente em epistemologia, crença é um estado mental que pode ser verdadeiro ou falso. Ela representa o elemento subjentivo do conhecimento Platão, iniciando da tradição epistemológica , ópos a crenças (opinão-"doxa"em grego) ao conceito de conhecimento.

[2] Odin ou Ódin (em nórdico antigo: Óðinn) é considerado o deus principal da mitologia nórdica.Seu papel, como o de muitos deuses nórdicos, é complexo; é o deus da sabedoria, da guerra e da morte, embora também, em menor escala, da magia, da poesia, da profecia, da vitória e da caça.Odin morava em Asgard, no palácio de Valaskjálf, que ele construiu para si, e onde se encontra seu trono, o Hliðskjálf, desde onde podia observar o que acontecia em cada um dos nove mundos.[1] Durante o combate brandia sua lança, chamada Gungnir, e montava seu corcel de oito patas, chamado Sleipnir.Era filho de Borr e da jotun ("gigante") Bestla, irmão de Vili e Ve,[2] esposo de Frigg e pai de muitos dos deuses.[3] tais como Thor, Baldr, Vidar e Váli. Na poesia escáldica faz-se referência a ele com diversos kenningar, e um dos que são utilizados para mencioná-lo é Allföðr ("pai de todos").[4]Como deus da guerra, era encarregado de enviar suas filhas, as valquírias, para recolher os corpos dos heróis mortos em combate,[5] os einherjer, que se sentam a seu lado no Valhalla de onde preside os banquetes. No fim dos tempos Odin conduzirá os deuses e os homens contra as forças do caos na batalha do fim do mundo, o Ragnarök. Nesta batalha o deus será morto e devorado pelo feroz lobo Fenrir, que será imediatamente morto por Vidar, que, com um pé sobre sua garganta, lhe arrancará a mandíbula.[6]

[3] Valhala, Valíala,Valhalla ou Walhala (há, ainda, quem use a forma original, Valhol) na mitologia nórdica ou escandinava é o local onde os guerreiros vikings eram recebidos após terem morrido, com honra, em batalha.
Odin teria ouvido que matariam todos os seus filhos e demais guerreiros. Curioso e precavido, achegou-se a deusa da sabedoria, um oráculo, que não quis lhe revelar a veracidade do boato. Insistente, Odin teria a seduzido, resultando em nove filhas conhecidas como valquírias. Odin, então, ordenara a uma delas, que foi incumbida de construir e organizar um palácio mágico, Castelo de Valhala, em Asgard (a terra dos deuses nórdicos), para onde seriam enviados todos os guerreiros mortos em batalha, chamados Einherjar. Metade das almas dos guerreiros passariam, então, os seus dias a treinarem-se em combates, desfrutando grandes banquetes e orgias a noite. A condição imposta seria a de proteger o castelo. Elas formariam um exército ("Exército das Almas Vivas"), invencível até ao advento do Ragnarok, quando combateriam ao lado de Odin. Com a chegada da noite, metade das almas seriam reconfortadas com as mesmas refeições dos deuses. A outra metade seguia para Folkvang, o palácio de Freyja.

[4] Na mitologia nórdica, Ragnarök (nórdico antigo "destino final dos deuses") é uma série de eventos futuros, incluindo uma grande batalha anunciada para por fim resultar na morte de um número de figuras importantes (incluindo os deuses Odin, Thor, Týr, Freyr, Heimdallr e Loki), a ocorrência de vários desastres naturais e a submersão subsequente do mundo em água. Depois, o mundo vai ressurgir de novo e fértil, os sobreviventes e os deuses renascidos se reunirão e o mundo será repovoado por dois sobreviventes humanos. Ragnarök é um evento importante na cânone nórdica e tem sido o tema de discurso acadêmico e teórico. O Ragnarök é o tema de muitos discursos e controvérsias para determinar a verdadeira origem da história escrita mais tarde, após a cristianização do mundo nórdico. Muitos especialistas argumentam que os textos fazem referências ao fim do mundo profético são inspirados em histórias bíblicas[1][2] do Juízo Final[3], especialmente o Apocalipse e o fim do mundo do Milenarismo[4][5], e do Eclesiastes[6][7][8]. Há também algumas comparações com outras histórias das mitologias indo-europeias, o que poderia indicar uma origem comum de mitos ou de influências pagãs externas. Para muitos estudiosos, essas influências emprestadas de outras culturas e reescritas por clérigos cristãos são erroneamente atribuídas à mitologia viking, e têm distorcido o conhecimento que temos da fé escandinava[9][10]. O texto também pode tirar suas fontes na observação das catástrofes naturais na Islândia.

O evento é atestado primeiramente no Edda poética, compilado no século XIII antes de fontes tradicionais e no Edda em prosa, escrito no século XIII por Snorri Sturluson. No Edda em prosa e em um único poema no Edda poética, o evento é conhecido como Ragnarökr ou Ragnarökkr (nórdico antigo "Crepúsculo dos Deuses"), um uso popularizado no século XIX pelo compositor Richard Wagner com o título da última de suas óperas Der Ring des Nibelungen, Götterdämmerung.

[5] Freia (em nórdico antigo: Freyja, também grafado Freya, Freja, Freyia, e Frøya) é a deusa mãe da dinastia de Vanir na mitologia nórdica. Filha de Njord e Skade (Skadi), o deus do mar, e irmã de Frey, ela é a deusa do sexo e da sensualidade, fertilidade, do amor, da beleza e da atração, da luxúria, da música e das flores. É também a deusa da magia e da adivinhação, da riqueza (as suas lágrimas transformavam-se em ouro) e líder das Valquírias (condutoras das almas dos mortos em combate).De carácter arrebatador, teve vários deuses como amantes e é representada como uma mulher atraente e voluptuosa, de olhos claros, baixa estatura, sardas, trazendo consigo um colar mágico, emblema da deusa da terra.Diz a lenda que ela estava sempre procurando, no céu e na terra, por Odur, seu marido perdido, enquanto derramava lágrimas que se transformavam em ouro na terra e âmbar no mar.Na tradição germânica, Freia e dois outros vanirs (deuses de fertilidade) se mudaram para Asgard para viver com os aesirs (deuses de guerra) como símbolo da amizade criada depois de uma guerra. Ela usava o colar de Brisingamen, um tesouro de grande valor e beleza que obteve dormindo com os quatro anões que o fizeram.Ela compartilhava os mortos de guerra com Odin. Metade dos homens e todas as mulheres mortos em batalha iriam para seu salão Sessrumnir. O seu nome tem várias representações (Freia, Freja, Froya, etc.) sendo também, por vezes, relacionada ou confundida com a deusa Frigga, mas ela também foi uma grande fiandeira na antiguidade. Freia também tinha uma suposta paixão pelo deus Loki, o deus do fogo.

[6] Cavalgada das Valquírias (em alemão: Walkürenritt) é o termo popular para o início do ato III da ópera Die Walküre (A Valquíria) de Richard Wagner. O tema principal da cavalgada, o leitmotiv Walkürenritt foi escrito originalmente em 23 de julho de 1851. Um esboço preliminar da composição foi composta em 1854 como parte da composição de toda a ópera, que foi completamente orquestrada no início de 1856. Junto com o coro nupcial de Lohengrin, Cavalgada das Valquírias é uma das obras mais conhecidas de Wagner, destacada parcialmente por suas referências na cultura popular, sendo usada como um estereótipo da Grand Ópera.  

Cena do filme Apocalypse Now, estrelado por Marlon Brando
Cultura popular - Cavalgada das Valquírias é provavelmente mais conhecida por seu uso no filme Apocalypse Now (1979) na cena em que um esquadrão de helicópteros atacam uma vila vietnamita. Desde então, tem sido usada em diversos filmes, jogos eletrônicos e comerciais. Exemplos de uso incluem Valkyrie (2009), Lord of War (2005), Casper (1995), (1963) e The Birth of a Nation (1915).

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O sapo que virou príncipe, que virou sapo, que virou....

Walkiria me mandou por escrito, a seguinte questão: "Lu, não é mágoa, não é revolta. É uma questão de justiça. As mulheres ganharam um presente de grego com a tal da emancipação feminina, igualdade de direitos ou coisa do tipo que o valha, vc não acha? Com raríssimas exceções, as mulheres hoje em dia têm duas ou três jornadas de trabalho enquanto seus homens (quando elas conseguem ter tempo para um relacionamento estável) assistem passivamente aos seus programas favoritos de televisão.Existem pesquisas sérias que apontam um número astronômico de mulheres chefes de família. Até aí, tudo bem. Não tem uma figura masculina pra ocupar o posto. Eu mesmo, ano passado, quando respondi à pesquisa do IBGE fui recenseada como chefe de família. Olha eu lá na estatística, Lu. Existem mais mulheres tomando conta sozinhas de suas casas e filhos enquanto trabalham e estudam, do que homens nessa mesma situação. Sem falar que muitos homens, estatisticamente, se estudam não trabalham, se trabalham não estudam. Não é piada, não, Lu.
Bom, vamos imaginar como é a vida de mulheres Classe A: têm mensalistas, babás, carro de R$ 70 mil automático, secretária pessoal e às vezes, motorista. Não paga contas, porque é casada com um cara muuuito mais bem resolvido economicamente do que ela. Vai ao cabeleireiro duas vezes por semana, massagista, dermatologista etc etc etc.
A Classe C, assim, tipo eu, Lu, vc sabe, trabalha fora, paga as contas da casa e dos filhos e lava, passa, cozinha, faxina porque é óbvio, não tem faxineira e muito menos mensalista. Uma mensalista consumiria o equivalente a 30% do salário de uma Classe C feito eu. Não tem carro, anda a pé, de ônibus ou de trem.
Ainda que eu sou privilegiada. Tenho um emprego que me permite fazer várias coisas pela manhã. Por exemplo: acordo às 6h, tomo café com meu filho, subo para o quarto dele (pra poder curtir um pouco a gatinha e a cachorrinha que gostam e estavam acostumadas a dormir comigo na minha cama antes de eu voltar a estar casada) mais ou menos às 6h30, faço meditação até mais ou menos 7h30 (com a gatinha e a cachorrinha grudadas em mim!). Aí, posso dormir de novo até às 8h30 (normalmente chego em casa após o trabalho depois da meia-noite, uma duas da manhã quando não três, quatro, então, de manhã sinto muito sono) ou começar a lida: tirar roupa do varal, colocar roupa na máquina, depois no varal novamente, lavar a louça do dia anterior (que muitas vezes dorme na pia, embora tenha pessoas que vivem na mesma casa que chegam bem mais cedo do que eu, mas que, infelizmente, não se sensibilizam com a situação), limpar o fogão, a geladeira, varrer a casa toda, passar pano na sala, guardar todo tipo de coisa espalhada pela casa, arrumar estantes, tirar pó das mesmas (rs, das mesmas é horrível!), abrir e fechar a porta da sala para as cachorras tomarem um solzinho na garagem...Pensar o que vou fazer para o almoço, preparar o almoço (só essa tarefa implica uma série de sub-tarefas como lavar e cortar legumes, lavar grãos, cortar temperos, tomar conta pra que nada fique queimado....molhar e enxugar as mãos um milhão, setencentas e cinco vezes), colocar água nos potes de água das gatas e das cachorras, limpar as caixinhas de terrinha das gatas, limpar o coco das cachorras do chão da lavanderia, recolher o saco de lixo dos banheiros e o lixo orgãnico e colocar o saco na rua. Depois, tomar banho, me arrumar (mais uma série de sub-tarefas), almoçar e sair para o trampo (o que significa andar a pé uns 20 minutos no sol escaldante das 14 horas, ou na chuva ou no frio, até a estação de trem mais próxima). Às vezes também consigo passar roupa, mas aí, não limpo a casa. Então, num dia limpo a casa, no outro passo a roupa. Me sobra muito pouco tempo para fazer o que gosto de verdade que é ler, estudar (tenho uma infinidade de livros começados e não finalizados na cabeceira da cama, livros que preciso estudar para o meu curso de fim de semana, filmes que preciso assistir e analisar, videos....e está lá tudo parado). Preciso aplicar Reiki em mim mesma, treinar as técnicas de radiestesia....mas não sobra tempo, Lu. Ou eu largo a casa. E se largo a casa ela fica lá, suja, empoeirada, as roupas ficam dias e dias no varal, ninguém as recolhe, as que estão no cesto de roupa suja ficam lá, ninguém as coloca na máquina e as limpas para passar vão se acumulando nos cestos respectivos, ninguém passa. Vivemos numa comunidade mas só eu limpo o fogão, só eu limpo janelas, só eu limpo portas, portão, paredes....só eu arrumo armários, limpo armários Só eu coloco roupas para lavar, só eu tiro roupas do varal. Estou com sobrepeso, Lu, engordei pra caramba. Mes into inchada. Preciso emagrecer uns 4 quilos pelo menos. Se isso não me afetasse, tudo bem. Mas me sinto gorda, feia, e envelhecida. Mas que horas vou correr ou caminhar ou me exercitar? Com todas essas coisas para fazer em casa? E se eu for andar, as coisas da casa ficam lá, paradas.
Eu não me incomodaria de fazer tudo isso, Lu, se eu só fizesse isso. Se depois ainda não tivesse de ir até o outro lado da cidade todo santo dia e chegar tarde toda santa noite. Então, chego tarde, cansada e aí não tenho vontade de ler, de estudar. Mas se eu não trabalhar, quem vai pagar meu curso, meus livros? o inglês e o dentista do meu filho, meu plano de saúde... Quem?
Sem falar que muitas vezes os homens que estão com as mulheres não as tratam como elas gostariam de ser tratadas: com carinho, amorosidade, ternura...Homens não são gentis por natureza?  Será isso, Lu? Eu até entendo que suas mães não disseram a eles como deveriam ser cuidadosos com suas mulheres quando as tivessem, porque suas mães aceitavam a falta de carinho de seus maridos, as grosserias e ainda se curvavam humildemente levando o chinelo e o prato de sopa quando o marajá se refestelava no sofá para ver TV. Muitas mulheres acreditavam que a vida era assim mesmo. Que o homem devia ser um grosso mesmo, afinal ele também aprendera a ser assim com seu pai, avô. Só estava repetindo o padrão familiar.
Mas eu estou cansada de grosserias. de falta de verniz...de narcisismos, de só enxergar o próprio umbigo, de atitudes egoístas, individualistas....de tom de voz agressivo, de falta de carinho na voz, sabe como é? De um olhar carinhoso. E sorriso, então? Nossa, nem sei mais o que é isso, já tem um tempo... O que fazer? A pessoa diz que sou eu que faço tudo isso, Lu, ou melhor, que não faço. Mas os filhos não têm a mesma opinião. Mas esse assunto é assunto para uma próxima consulta virtual. Sei que o meu dilema é muito parecido com o de milhares de mulheres. O sapo que virou príncipe e que depois virou sapo novamente.
Eu não sou diferente de milhares de mulheres que se enfiaram numa sinuca de bico enorme com essa tal de emancipação feminina.
Se eu estivesse sozinha não estaria escrevendo nada disso. Mas não estou. E isso está me incomodando. Não é mágoa, nem ressentimento. É só uma questão de justiça, Lu. O que eu devo fazer? Me sinto na beira do precipício com um leão faminto na minha cola."
Alguém tem aí uma sugestão para a minha amiga Walkiria? Porque se eu tivesse já a teria utilizado em benefício de mim mesma.

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...