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domingo, 13 de agosto de 2017

Meu pai já era um metrossexual nos anos 50


Não sei se na década de 50 todos os homens eram vaidosos como meu pai. Vendo as fotos de sua juventude, e juntando com as minhas lembranças, acho que ele já era um metrossexual naquela época. Usava terno todos os dias, sempre cheiroso com sua Água de Lavanda Alfazema, tinha o cuidado de sempre ter um lenço de cambraia em um dos bolsos do paletó com o mesmo cheirinho da lavanda (quem viu o filme "O Estagiário", com o Robert de Niro, sabe do que estou falando!). Vestia-se com elegância em todas as ocasiões. Mesmo para ficar em casa, lá estava ele de calça e camisa social (de manga curta), sapatos e meias. Chinelos só para ir do quarto para o banheiro na hora do banho, ou na praia!
Cuidava da nossa saúde, sempre atento a espirros e tosses, febres e diarreias. Nos medicava com fitoterápicos. Era adepto à homeopatia. Queria ter sido médico - sua maior frustração -. Não deu. Com pouco mais de 14 anos teve de sustentar a mãe e mais 9 irmãos menores com a morte prematura do pai - um jornalista boêmio que não se ligava muito em contas e outras obrigações. Herança do avô e do bisavô. Todos jornalistas e boêmios (como a maioria de seus irmãos).
Assim, contam as histórias. Meu pai não foi jornalista, mas adorava ler jornais, lia uns três por dia e eu cresci ali no meio daqueles jornais todos, e discos (ele adorava ouvir música sozinho na sala, na penumbra, e eu já me vi fazendo assim tantas e tantas vezes na minha vida), e livros, prateleiras e prateleiras deles, de todos os gêneros. Meu pai achava que a gente tinha de saber um pouco de tudo, além do que a escola ensinava. Meu interesse pelas civilizações antigas, papiros e pergaminhos vem daqueles livros enormes sobre egípcios, tumbas e faraós, e também um pouco porque ele era da Rosa Cruz - e às vezes eu lia escondida o material da Ordem que ele guardava a sete chaves num baú de madeira.
E a escrivaninha dele? Era meu xodó. Mas deu cupim, não conseguimos salvar.
Ele lutou na Revolução de 1932 - foi "pracinha". Tinha um parabelo e um capacete verde do exército como lembrança. Sentia orgulho de São Paulo ter-se rebelado contra o governo golpista de Getúlio Vargas. Era contra a ditadura mas não era a favor dos comunistas. Contra todo tipo de tortura e violência, como não tinha papas na língua, quando saía para trabalhar ficávamos com medo de ele ser preso porque ele não escondia de ninguém que abominava o governo militar, embora não fosse comunista! Ele sempre deixou clara sua admiração e respeito pelo povo russo, mas achava que ser contra o governo militar não fazia dele um comunista.
Tenho boas lembranças de papai nos almoços de domingo, quando a família invariavelmente se reunia, e em festas nas casas de parentes. E em viagens. Papai gostava de viajar. Nunca teve carro, mas isso não era problema. Tinha um amigo taxista que nos levava até a rodoviária em São Paulo (onde hoje é a cracolândia) e de lá pegávamos o ônibus para Itamonte, em Minas, na bela Serra da Mantiqueira - ponto de partida para passeios no circuito das águas: Caxambu, São Lourenço, Baependi. Outro roteiro de férias era Guaratinguetá, no Vale do Ribeira, onde ele havia passado parte da adolescência e juventude e onde ainda moravam bisavó e tias que fizeram parte de momentos importantes de minha infância. Talvez seu maior defeito fosse beber além da conta quase todos os dias. Mas não ficava agressivo. Chorava se estivesse triste, lamentando sua adolescência interrompida - , ou se estivesse alegre, cantava junto com os discos que ouvia. Arriscava dançar nos melhores dias.
Era um homem que queria ser alegre e deve ter sido. Talvez antes dos filhos chegarem e as responsabilidades aumentarem _ responsabilidade era uma palavra com um peso imenso que ele carregava nas costas desde os 14 anos. Essas fotos que ilustram este texto são de 1950, quando ele ainda estava em lua de mel... Parecia bem feliz!
Meu pai achava que o casamento devia ser a última opção de vida. "Primeiro faça e viva tudo que tem vontade. Conheça lugares, pessoas, tenha experiências..." - era seu mantra. Ele se casou depois de todas irmãs e irmãos se casarem e depois dele ter namorado todas que teve vontade até que conheceu minha mãe. Ele não achava que eu tinha de me casar. Antes, estude, trabalhe... Infelizmente eu não o ouvi - como em geral fazem todos os filhos. Fiz tudo junto e misturado.
Pena que ele morreu cedo. Ele fez (faz) muita falta. Eu mal havia me casado (a primeira vez). Então, meus filhos não tiveram a oportunidade de conviver com esse homem possível, cheio de qualidades e de defeitos, que tinha dias bons e outros nem tanto. Não era santo nem demônio. Era apenas o pai que me coube nesta vida.

domingo, 11 de janeiro de 2015

O amor que a gente inventa

Nossa vida é preenchida por pequenas questões rotineiras.
Não são as grandes causas que nos movem. Como por exemplo a defesa dos animais, das minorias étnicas ou de gênero.
Não. O que nos movimenta são as questiúnculas tipo se temos grana suficientes para honrar nossas contas ficamos felizes e aliviados. Se não temos, bate a angústica, a dúvida e a insegurança.
Se a pessoa que imaginamos que amamos (sim, imaginamos porque não há nenhuma garantia de que de fato amamos e muito menos de que somos amados, por isso, inspiradíssimo, Cazuza declarou "o nosso amor a gente inventa" ) nos manda mensagens pelo WhatsApp recheada de coraçõeszinhos, numa tentativa de demonstrar o quanto nos ama, como se a quantidade de emoticons mensurasse o tamanho do amor, então ficamos felizes, sorrimos e nosso dia se ilumina. Se, porém, o som de notificação emudece, o sol se esconde entre as nuvens e o horizonte anuncia raios e trovoadas.
É assim que tocamos nossa vida. A maior parte do tempo entregamos a decisão de ser feliz ou infeliz em função de situações (ter ou não dinheiro para as contas) ou de pessoas (será que ele não me ama porque não me chamou hoje para um bate-papo?). Quando na verdade deveríamos assumir nossa responsabilidade pelo fato de ter ou não condições de se bancar e ser independente, em vez de culpar terceiros. Ou pensar que não tem problema nenhum tomar a iniciativa de enviar um coraçãozinho em vez de achar que a obrigação é sempre do outro.  Parece lugar-comum o assunto, mas é que ele é recorrente no consultório.

As mulheres, mais do que os homens, costumam cometer esse engano, e viajam loucamente na maionese, deliram mesmo, são quase psicóticas porque criam realidades paralelas fantasísticas para justificar a momentânea ausência do on-line do seu parceiro ou candidato a. Onde, com quem e fazendo o quê são os devaneios mais frequentes. Talvez em primeiro lugar com quem e em segundo, com certeza, fazendo o quê! E às vezes eles estavam de fato apenas numa reunião de trabalho onde o chefe mandou que todos desligassem os smartphones.  E vamos ser realistas: que garantias de que é verdade a gente tem, se a pessoa disser onde está ou com quem ou fazendo o que? É só desligar o localizador geográfico que o sujeito pode estar na Tailândia e dizer pra você que está no Bras! Portanto....Lembrando que isso vale para as mulheres também, é óbvio!
Os homens, porém, são bem mais desencanados em relação a isso, principalmente se estiverem em horário de trabalho. Quando um homem está no seu trabalho o foco dele fica todo concentrado ali. Até porque meninos não conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo, portanto, não adianta ficar mandando figurinhas e mensagenzinhas o dia todo porque o risco de eles não responderem é bem grande. Mas se responderem não estiquem o assunto. Responder pra eles significa muita coisa. Então, fique feliz.
As mulheres são multitarefa desde o tempo das cavernas. Por isso é tão difícil para nós entendermos como ele não arrumou dois segundos pra responder minha mensagem? Dois segundos pra eles é muito tempo!
Agora é claro! Desconfie de sumiços muito longos que não foram antecipadamente avisados. Vez por outra é comum eles prepararem o terreno para os "perdidos" com justificativas triviais: vou viajar a serviço e lá não tem wi-fi e o 3G você sabe, nunca funciona. Provavelmente é verdade e provavelmente mesmo sendo verdade você pode ficar com aquela incômoda pulga atrás da orelha, mas, infelizmente, não tem o que fazer: ou a gente acredita ou termina tudo porque ninguém aguenta viver desconfiando e sendo alvo de desconfianças. Mas também não adianta nada repetir a mesma neura com o próximo amado.
Por isso Cazuza tinha razão: "O nosso amor a gente inventa pra se distrair, e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu". Uma música feita nos anos 80 nunca foi tão atual. Porque é agora, nos dias de hoje, que vemos amores começarem e terminarem na velocidade da transmissão de dados. Não sofra por tão pouco. Vá atrás de ganhar mais dinheiro ou corte gastos pra conseguir equilibrar seu orçamento, se o seu problema for esse. Olhe mais pra você mesma e cheque menos vezes por minuto se chegou ou não uma mensagem nova ou uma curtida nova se o seu problema for relacionamento. Viva mais focada em você e invente menos amores pra satisfazer a sua vaidade.
E pra quem não conhece Cazuza ou quer relembrar o sucesso de 1986 segue a letra e o videoclip (wow que coisa mais antiga!):

O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver
Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu
O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu
O nosso amor
A gente inventa
Inventa
O nosso amor
A gente inventa
Te ver não é mais tão bacana
Quanto a semana passada
Você nem arrumou a cama
Parece que fugiu de casa
Mas ficou tudo fora de lugar
Café sem açúcar, dança sem par
Você podia ao menos me contar
Uma história romântica
O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu
O nosso amor
A gente inventa
Inventa
O nosso amor
A gente inventa

https://www.youtube.com/watch?v=ajU6b0HJ9yU 

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O que quer uma mulher?

"Como Freud demonstrou em seu estudo do lapso, é no erro que melhor se confessa o verdadeiro." Esta frase é do autor do livro O que quer uma mulher, de Sergé André.
Uma mulher quer, no fundo, o que todo mundo quer. Ela pode até não confessar, a não ser pelo lapso, talvez por um olhar, ou por uma lágrima que deixa escapar.
Mas o que quer uma mulher? Quer ser ouvida e escutada (sim, tem diferença e só a prática diária oferece o melhor resultado), acarinhada e acariciada (idem), elogiada, elevada, protegida, cantada em prosa e verso e vice-versa. 
Uma mulher quer ganhar presentes de surpresa e presentes-surpresa. Há que ter uma sensibilidade especial para perceber a diferença. Mulheres são seres diferentes entre si, umas das outras e, ao mesmo tempo, tão parecidas e iguais. Iguais entre si, umas das outras e, ao mesmo tempo, tão parecidas com seus homens, com homens que não são seus, com os homens seres humanos.
Mas é na falta que mulheres (e homens) mais se assemelham aos bebês chorões. Assustados com o sumiço (ainda que temporário) das mamães...Mamães que olham para seus bebês e na sua angústia não sabem, afinal, o que querem seus bebês? 
E todos se perguntam: afinal, o que quer um bebê?
Quer o mesmo que uma mulher, que um homem, que uma criança, que um velho.
Em qualquer fase da vida o que quer o ser humano? Quer o amor, o colo, o calor, o abraço, o cheiro, o beijo, o afeto, o olhar quente, o aconchego.
Mas se querer não é realizar o seu querer...Vamos errando de lapso em lapso confessando nosso desejo verdadeiro.

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...