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segunda-feira, 3 de agosto de 2020

O que acontece quando você se enamora?

 
Basicamente Freud vai dizer que cada indivíduo possui um jeito particular de se relacionar eroticamente, jeito esse resultado de algo inato nele mais as experiências e influências dos primeiros anos, isto é, "nas precondições para enamorar-se que estabelece, nos instintos que satisfaz e nos objetivos que determina a si mesmo no decurso daquela (A Dinâmica da Transferência - vol. 12 - página 111 - Obras Completas Imago).
Ao longo de sua vida o indivíduo vai repetir esse padrão de enamorar-se que é o padrão aprendido lá atrás com sua mãe e "que decerto não é internamente incapaz de de mudar, frente a experiências recentes" (idem pág. 111)
 
Uma parte desses impulsos do "enamorar-se - que determinam em nível consciente, faz parte da realidade. Outra parte, porém, fica retida, afastada da personalidade consciente e da realidade, e impedida de se expandir, a não ser pela fantasia, ou permanecem totalmente no inconsciente, de modo que é desconhecida pela consciência da personalidade.
 
Se a necessidade que alguém tem de amar não é inteiramente satisfeita pela realidade, "ele está fadado a aproximar-se de cada nova pessoa que encontra com ideias libidinosas antecipadas; e é bastante provável que ambas as partes de sua libido, tanto a que é capaz de tornar-se consciente quanto a inconscinete, tenham sua cota de formação dessa atitude."

É importante observar que Freud está nos avisando, grosso modo, do seguinte: seu paciente vai repetir com você, analista, as formas dele de amar. A isso Freud chamou de "transferência, ou seja, a pessoa transfere para o analista o amor que possui e, de certo, .espera que seja retribuído.

E, claro, o bom analista, bem analisado, saberá manejar essa demanda para que isso não se transforme numa contra-transferência, sempre norteado pela ética psicanalítica.

domingo, 19 de julho de 2015

Engraçadinha, mas...


Não tenho inimigos. 
Apenas desafetos
Afetados pelo próprio
(Des) afeto.

Inteiro



Pedaço, pedaço, pedaço, 
Um pedaço pra cada uma. 
Mas quando ele vem
Meu pedaço é só meu. 
Não divido com ninguém. 
O meu pedaço é inteiro
Não vem aos pedaços.

A Outra


Levava a pequena criança pela mão, atravessava o mar de carros na avenida e voltava pra casa. Era assim todas as manhãs e à tarde. Não questionava.
Depois, bebia o chá, comia o bolo e sonhava: agora sou outra.
Feira, açougue, padaria. Fogão, máquina de lavar. Mas hoje, hoje vai ser diferente. Porque agora sou outra.
Coloca o vestido decotado, calça o sapato de domingo, passa o batom e o perfume emprestados, e sai para encontrar seu amor.
No caminho, alimenta o sonho: agora sou outra.
O coração, acelerado, lugar-comum dos apaixonados, quase pára com as lembranças das cenas na sala de estar da casa da melhor amiga. Foram beijos obscenos, pegação, esfrega-esfrega e a promessa de Jurandir: quero te comer todinha. Me liga. Era sua primeira vez como a outra. Mas que importa? Agora sou mesmo outra.
E no local combinado, assenta o corpo na cadeira do café. Pede um cappuccino e suspira enquanto deseja o marido da amiga, um gostoso tão diferente daquele indigente, pai de sua filha.
Meia-hora, uma hora...finalmente...o encontro naufragado. Os olhos choram por dentro. O que eu fiz de errado? Agora não sou a outra?
Travestida de indiferença, paga a conta pro garçom que, acostumado, adivinha o desfecho do enredo. Mas, não, com ela, não. Afinal, agora ela era outra.
Volta pra casa, se arrasta. Depois, pega a criança pequena pela mão, atravessa de volta o mar de carros e em casa faz sopa de letrinhas. Mistura lágrimas à salsinha, coloca ração para o gato, água para o periquito, tira a roupa do varal... enquanto pensa: agora sou outra mulher.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Qual é o segredo para o amor total?

Coincidência ou não a maioria dos textos mais lidos aqui no blog tinham um cunho pessoal. Outro tanto com bastante ibope são os de ficção, em que uma personagem - em geral feminina - relata um episódio de sua existência. Em terceiro lugar aparecem os textos mais teóricos.
Essa constatação me fez ter vontade de dar um sentido mais pessoal ao blog agora neste 2015..  Eu comecei a escrever virtualmente anos atrás porque....nem sei por que! estava desempregada, com muito tempo disponível...deve ter sido isso. Depois, alguns amigos elogiavam, outros diziam que aguardavam ansiosamente os novos posts (mesmo nunca tendo feito um comentário sequer! enfim!), eu escrevia sobre tudo: política, cidade, saúde, dava meus pitáculos em quase tudo... e assim fui mantendo o dito cujo. Teve vários nomes: Blog da Lu, O Revelado e o Oculto (a fase mais junguiana) e agora, de uns dois anos pra cá virou Repertório Feminino (mais psicanalítica).
Foi a busca desse repertório - o que é, afinal, do repertório feminino? - que me levou a batizá-lo dessa forma. 
E como o desejo nos leva ao encontro do que desejamos, a pesquisa tem me colocado ao lado de pessoas que têm me mostrado algo sobre esse universo do feminino.
Qual o papel da mulher num relacionamento afetivo? num casamento? na maternidade?
Tenho observado as pessoas do meu convívio ou as que aparecem no consultório e cada vez mais me convenço de que sem esforço, sem vontade, sem dedicação, sem troca, esse amor desejado, sonhado, imaginado, fantasiado, não vinga, não cresce, não se mantém, morre na primeira curva, na primeira chuva, na primeira turra.
Conheci casais, e revi alguns outros, que são esse exemplo de trabalho contínuo e perpétuo por manter um amor aceso. Homens e mulheres que, apesar de estarem juntos há 20, 30 anos, se olham nos olhos, se perguntam se estão bem, ajeitam cadeiras, abrem portas de carros, servem o prato preferido, trocam beijinhos no meio do dia ao se cruzarem no corredor, ou na escada, não começam a refeição enquanto o par não chega (mesmo autorizado por ele), repõem o copo com a bebida preferida da companheira antes que ela peça, lavam a louça juntos (ou um lava e o outro enxuga), pedem desculpas, tomam a iniciativa de se reconciliar sem esperar que o outro o faça (e às vezes isso acontece ao mesmo tempo e ambos caem na risada e o coração fica aliviado mais rápido), mantêm o erotismo aceso de diversas formas inclusive trocando mensagens picantes pelo WhatsApp, dividem tarefas domésticas sem resmungos ou queixumes desnecessários, conseguem ter opiniões divergentes sem transformar isso num campo de batalha inútil, respeitam as vontades um do outro, se interessam pelo que o companheiro (a) faz, se calam quando percebem que o tempo vai esquentar se continuar a falar e esperam um momento mais adequado pra expor sua opinião...
São perfeitos? Não, absolutamente! Porém, agem assim a maior parte do tempo, eu diria que 90% do tempo. Tanto que se acostumam e dificilmente têm outro comportamento distoante. Por observarem seu par, por ouvir seu par, sabem exatamente o que o desagrada ou não.
E descobri que o papel da mulher no sucesso desses relacionamentos é fundamental.
Sim, meninas, podem espernear quanto quiserem, mas o segredo para um bom relacionamento está em como conduzimos a coisa. Sem manipulação.Apenas sendo nós mesmas, em nosso papel. O homem tem o seu quinhão nesse sucesso? Tem, se permitirmos que ele tenha o quinhão dele.
Às vezes levamos um tempo pra entender. Uma sugestão é ver o filme "O Fabuloso Destino de Amelie Poulin".  Outra é ler o poema de Vinicius de Moraes "Soneto do Amor Total": se uma mulher despertar num homem esse amor descrito pelo poetinha, provavelmente é porque ela sabe ser uma mulher que desperta o que há de melhor num homem. E então, está ciente de seu papel numa relação saudável.

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

sábado, 26 de julho de 2014

Corre, Dirce, corre

Dirce Maria vive correndo. 
Abriu o semáforo, corre para atravessar a rua; vence uma pista, ganha fôlego, encara a próxima. Vai correndo. 
Desce a ladeira, sobe a calçada, vira na esquina. Sempre correndo. 
Corre pra pegar o ônibus, corre pra fugir da chuva.
Vai, Dirce Maria, corre.
Corre, corre. Corre de quê?
Corre de quem?
Corre pra quem?
Levar os filhos na escola; depois tem de buscar. 
E a academia, o inglês, a natação?
Hidroginástica, feira, supermercado.
Dentista, ginecologista, cardiologista...psicanalista?
Lá vai, Dirce Maria.
Sempre correndo.
Correndo entra no metrô. Quer sentar? Não, fica porta pra sair mais rápido. 
Não pode parar. Está atrasada. 
Atende o filho, o marido, o chefe, a mãe, o pai.
Nem se olha direito na frente do espelho. 
Dirce Maria sai na rua com a blusa no avesso. 
Nem repara. 
Só corre. Socorre? 
Nem se olha, nem se vê, nem se enxerga. 
Nem sequer se sabe, se toca, se ouve.
Corre, corre, pra quê?
Corre, corre, por quê?

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Por que você fala A e o outro entende B?

Como é difícil o relacionamento entre humanos. Quando se é inconsciente, e a maioria das pessoas é inconsciente, fica mais complicado. Relacionamento é um sistema intrincado de projeções e de despertamento de complexos que nem sequer sabemos que os possuímos, ou que somos possuídos por eles. A teoria psicanalítica explica bem o processo.

Você fala A com uma determinada intenção - e a intenção sempre existe ainda que você não tenha consciência - e o outro entende B.

Até aí não teria nenhum problema se a interpretação do outro não viesse carregada de tanto afetamento. E o afetamento acontece por causa das projeções. Eu projeto no outro aquilo que não vejo ou não reconheço em mim e vice-versa.

E por que ocorrem as discussões e os mal-entendidos? Porque o A que você falou inocentemente funcionou como um gatilho, um despertador de algum complexo de inferioridade, ou de superioridade, ou de poder, ou paterno, ou materno, enfim, o tal do A interpretado como B desencadeia aquilo que no linguajar terapêutico é o "ficar afetado pelo complexo".

Quer um exemplo?

Joana, uma moça trabalhadora, simples, porém, sofisticada, feliz de um modo geral, com seu trabalho e com sua vida, diz para Paulo, seu colega de departamento, moço bem-sucedido financeiramente, e provavelmente na vida pessoal já que ele nunca comenta nada sobre o assunto de forma negativa, que ele está num nível acima da média da humanidade. Joana se referiu à uma possível condição em nível espiritual, já que Paulo é sempre considerado e citado pelos seus amigos mais próximos como uma pessoa generosa, ponderada, meio fria, não demonstra muito seus sentimentos, mas por isso mesmo é considerado por alguns como uma pessoa que tem controle sobre seus impulsos mais primitivos, que a  maioria dos reles mortais não possui. Resumindo: Paulo aparenta ser uma pessoa perfeita, que, naturalmente não é, embora não faça nenhuma questão de demonstrar para o mundo sua falibilidade.

Paulo entende que Joana está se referindo à sua condição financeira que é, em termos de conta bancária, propriedades etc, sim, maior do que a de Joana, e ele entende que ela, por ter uma condição financeira inferior estava sendo sarcástica e fazendo uma crítica velada ao fato de ele ter uma posição endinheirada "um nível acima" da dela. E aí, Paulo, tomado pelo seu complexo de inferioridade (sim, apesar das aparências Paulo tinha um enorme complexo de inferioridade que vem sempre acompanhado de um de poder, de forma compensatória, claro) começa a discursar para Joana que sempre que ela se refere ao fato de ele ter mais grana do que ela faz com que ele se sinta como um lorde inglês que, no fim da história será descoberto como sendo na verdade o filho do cocheiro. E que ele tem grana porque sempre trabalhou, que nunca roubou, que acorda cedo, que  se sacrificou (sabe lá Deus quanto), que juntou, que poupou, que fez e  aconteceu, sempre de forma honesta, e que não via nenhum problema em ter mais dinheiro do que Joana ou qualquer outra pessoa etc etc etc.

Bom, Joana se espantou com a reação de Paulo. Justamente ele, o ponderado, o controlado, o educado, o sempre tão inteligente e culto. Paulo perdeu as estribeiras e Joana não entendeu por quê.

Você, com certeza já deve ter vivido ou presenciado cenas assim. Tanto no papel de Joana quanto no de Paulo.

Então, bem-vindo(a) à normalidade dos 95% da população neurótica que habita este planeta. Não se avexe. Você não está sozinho. Sozinho permanece aquele que se acha diferente.  Ou que pensa que esse post não é pra ele.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O outro é aquele que me diz quem eu sou.

Você deve conhecer um sem-número de pessoas que passam a maior parte do tempo delas criticando os outros. Do governo ao vizinho passando pelo chefe, colegas de trabalho e parentes.

São pessoas que, em geral, se preocupam muito com a vida dos outros e olham muito pouco pra si mesmas.

Estão sempre envolvidas com questiúnculas que, somadas, transformam suas vidas em verdadeiros infernos. São pessoas que lembram muito aquela figura do cão correndo atrás do próprio rabo, ou seja, não saem do lugar.

E por que criticamos o outro? Porque o outro é aquele que muitas vezes me diz quem eu sou.
E a minha fala sobre o outro revela, em parte, também o que eu penso sobre mim, que vejo refletido no outro. Aliás, existe até uma célebre frase de Freud: "Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo."

Quando ouço o outro falar de mim tenho de tentar entender o que ele fala de mim: é meu mesmo? Ou é dele projetado em mim.
Confuso?

Bem, a clínica psicanalítica pode ajudar nessa tarefa de prestar atenção no que o outro me revela, pois só reconheço no outro aquilo que existe em mim. E o outro só reconhece em mim aquilo que existe nele.

Muitas vezes as pessoas se assustam quando ouvem essa afirmação. E se revoltam. Num movimento natural de autodefesa, negam e repudiam qualquer tentativa de esclarecimento.
Obra de Picasso

Com frequência desdenham psicólogos, psicanalistas e gritam que não precisam de seus conselhos. No que eu concordo. Psicanalista não dá conselhos. Se o seu dá, fuja dele. 

Psicanalistas pontuam, ampliam a fala do analisando, podem interrogar, comparam a fala de hoje com a da sessão anterior, repetem palavras aparentemente ditas ao acaso...não julgam, não se antecipam, aguardam, respeitam silêncios, lágrimas e ausências.

O processo terapêutico, fase inicial da clínica psicanalítica, auxilia o indivíduo a perceber a si mesmo, a se conhecer e, se conhecendo, a se analisar, fase posterior e muito rica, pois é o próprio indivíduo que se descobre, através da fala de si mesmo e da fala do que ouve do outro e que ele traz para dentro do setting terapêutico; dos conteúdos oníricos trazidos na sessão, das lembranças de sua infância, de sua vida de uma forma em geral.

Então, dá próxima vez que se flagrar criticando alguém, olhe para dentro de si mesmo e tente perceber se esse conteúdo está presente também em você.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Filhos? Por que tê-los?


Vinícius de Moraes no "Poema Enjoadinho", já dizia:

Filhos...  Filhos?

Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?

Segundo pesquisas recentes, existem 17,1% de casais sem filhos no Brasil; 5 milhões de solteiros moram sozinhos e 13,7 milhões de mulheres não querem engravidar (14% das brasileiras).
É esse assunto que o livro

Sem filhos por opção - casais, solteiros e muitas razões para não ter filhos!  lançamento da Editora nVersos,  traz à tona colocando em discussão o novo perfil das famílias brasileiras. 

 Mais do que quebrar “tabus”, a proposta deste inédito livro no Brasil, escrito com muito afinco pelo casal Edson Fernandes e Margareth Moura Lacerda, é promover um intenso debate que vai do “casamento sem filhos” até um grande panorama e desmistificação do que são hoje os “Casais Dink” e “Famílias X, Y e Z”.
 “Na virada do século a ‘família’ continua sendo um conceito repleto de mitos, inerente à procriação, portanto, ao convívio com crianças. Refletir ou simplesmente projetar um relacionamento familiar sem crianças é uma situação inusitada, pouco aceita, para não dizer que é motivo de preconceito e de banimento social. Seria possível questionar esse paradigma no século XXI?”. A indagação vem do sociólogo, mestre em filosofia e história da educação Antonio Celso de Oliveira, que antemão elogia e se surpreende com a obra.
 Ainda sobre o olhar de Oliveira, cabe dizer que este livro é um denso e refinado conjunto de dados socioeconômicos, políticos e psicológicos e com variados depoimentos. Fernandes, que é doutor em comunicação, e Margareth, psicóloga e filósofa, proporcionam aos leitores condições objetivas de reflexão e projeção sobre mudanças reais na ideia de “Família”.
  Para a psicóloga Maria G. Rios-Lima, psicóloga, mestre e doutora em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo (USP), o casal se posiciona claramente em favor da ausência voluntária de filhos e reúnem de forma cuidadosa argumentos e dados dos mais diversos âmbitos para embasar tal escolha. “Provam que, ao contrário de uma visão social carregada de estigmas, é possível alcançar uma vida plena e significativa sem filhos. Dentre as tantas possibilidades de projetos e realizações que a pós-modernidade oferece, casamento e filhos passam de destino a opção, e, muitas vezes, acabam por não valer a pena”.
 Eles, que já sofreram preconceitos por não terem filhos, resolveram mostrar com muita teoria e pesquisa, além de depoimentos que demonstram na prática, que a condição de vida optada por eles não deve e não pode ser condenada. “Ainda assim, na sociedade contemporânea é preciso coragem para não ter filhos. Você é visto como um extraterrestre. As pessoas olham como se você não fosse ‘normal’”, observam Edson e Margareth.
Um toque especial do livro é o prefácio da talentosa e já conhecidíssima no mercado editorial, Regina Navarro Lins, sexóloga, psicanalista e autora do best-seller A Cama na Varanda, além de colunista do Portal IG e do Jornal O Dia (RJ).
 Sobre os autores:
Edson Fernandes é doutor em Comunicação, professor universitário, escritor e pesquisador. Margareth Moura Lacerda é psicóloga, pedagoga e filósofa, e trabalha na área de Recursos Humanos.
Eles estarão no dia 2, sábado a partir das 15h30 na Livraria Martins Fontes, na avenida Paulista, 509, recebendo os leitores.
Em breve, traremos mais detalhes sobre o assunto.
Ficha técnica
ISBN: 978-85-64013-55-1
Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 195
Preço: R$ 49,90

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Deixe a raiva secar


Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá todo colorido.
No dia seguinte, Júlia sua amiguinha veio bem cedo convidá-la para brincar.
Mariana não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã.
Júlia então, pediu a coleguinha que emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.
Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial. Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão.
Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada. Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:
"Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo? Emprestei o meu brinquedo e ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.
Totalmente descontrolada, Mariana queria porque queria, ir ao apartamento de Júlia para pedir explicações.
Mas a mãe, com muito carinho ponderou:
"Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro passando jogou lama em sua roupa? Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.
Você lembra o que a vovó falou? Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar.
Pois é, minha filha com a raiva é a mesma coisa. Deixa a raiva secar primeiro.
Depois fica bem mais fácil resolver tudo. Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão. Logo depois alguém tocou a campainha.
Era Júlia, toda sem graça com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
"Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei.
Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você tinha me emprestado. Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você.
Espero que você não fique com raiva de mim. Não foi minha culpa".
"Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou".
E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.
Nunca tome qualquer atitude com raiva. A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são. Assim você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais pela sua posição ponderada e correta. Diante de uma situação difícil.
Lembre-se sempre: Deixe a raiva secar!!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Não está bom mais vai ficar

De uma cliente: Lourdinha, o que que eu faço? Tem um nó enorme na minha garganta entupindo minha voz, me enchendo de lágrimas que não saem pelos olhos, mas pelos poros e eu não sei mas tenho a impressão que todo mundo percebe pelas minhas olheiras...meus olhos denunciam dizem que meus olhos é o que tenho de mais bonito mas Lu eles estão tristes eu estou triste não tenho vontade nem de colocar pontuação Lu então vai assim mesmo sem ponto vírgula talvez algumas reticências que é o que eu ainda consigo digitar nessa tábua virtual enquanto finjo que trabalho sim estou no trabalho mas tanta gente está também e não está está só de corpo a mente tá longe como eu agora Lu o que que eu faço com esse nó gigante na minha garganta Lu tanta coisa pra dizer sem coragem me falta coragem de romper com tantas coisas vontade dizer eu não gosto de você eu não te suporto eu quero que você desapareça da minha vida eu acho você feio tenho pena de você porque você é assim? ( Lu, agora a pouco um amigo aqui do trabalho me deu um abraço tão gostoso...perguntou se estava tudo bem e eu disse não - acho que ele percebeu pela minha cara - e ele falou mas vai ficar...ah Lu um abraço tão bom...) Agora o nó está diminuindo deve ser porque estou escrevendo pra você e só de escrever já vai ajudando a, como é que você diz? a elaborar, né? mas eu ando cansada sabe Lu porque só eu elaboro sabe a outra pessoa não elabora nada não sai do lugar está interditada paralisada feito uma múmia egípcia me assombrando...Lu, eu fiz uma grande besteira e agora não sei como consertar isso. Não não foi nada assim tão grave, ou talvez seja grave quero dizer sim acho que não é não sei não matei (ou matei), não roubei (ou roubei?) estou confusa Lu, muito confusa. Acho que fiz pior me traí, me sabotei, me sacaneei...aí atraí pra minha vida um filho da puta dum sacana (ops desculpe o palavreado) mas o cara é tão sacana Lu, ele não soma ele não troca ele só suga ele é um vampiro desgraçado maldito que não sai do lugar, não tá mais pra carrapato porque o vampiro ainda tem uma nobreza.
Mas ele não tem nada de nobre é carrapato aquele bicho que gruda e suga e aí ele vai levando vantagem levando vantagem o sacana só se dá bem quer dizer assim não muito porque na verdade é um fudido todo cheio de dívidas enrolado nunca tem grana, mas não me deixa crescer me puxa pra baixo me atrapalha Lu como me livrar de um carrapato? Sabe eu estou cansada de ser humilhada agredida verbalmente...já foi pior porque já fui agredida físicamente mas não estou feliz sabe lu você sabe de quem estou falando a gente não forma um casal. Vejo outros casais como eles são íntimos no olhar no tocar no falar. Vejo casais, pessoas simples, sabe Lu, que falam carinhosamente, de bem, de amor, de benhê, de docinho, de sei lá o quê! mas eu e essa pessoa que você sabe quem é não funciona assim. Lu ele me chama de Ô! é Ô...meus filhos já perceberam que não deu muito certo tudo isso, que foi um engodo. Mas ele me enganou Lu. Ele fez de conta até que gostava dos meus pets! ele fez de conta que tinha mudado que era outra pessoa. O que eu faço Lu?"
Minha resposta:
Cliente querida, preste atenção às suas palavras. Tudo aquilo que vc remete ao outro na verdade existe dentro de vc. Quando vc diz:...a outra pessoa não elabora nada não sai do lugar está interditada paralisada feito uma múmia egípcia me assombrando é a sua sombra mesmo. O Outro te traz aspectos seus internos que vc resiste em aceitar como seus. Isso não quer dizer que o outro não seja interditado e tal. Mas vc só enxerga isso porque também o é. Então, avalie em que aspectos de sua vida vc está interditada, paralisada. Em que aspectos de sua vida vc gostaria de deslanchar e não deslancha? Por que? medo? O medo paralisa, Cliente querida.
Se a pessoa é sacana com vc de fato é vc que atraiu isso pra sua vida já conversamos sobre isso. Toda sua falta de amor por si mesma, toda sua falta de consideração por si mesma. Até quando? Até quando vc vai continuar a não se amar? Como isso é complicado! Porque na teoria, eu sei, tudo parece tão simples. Parece uma fórmula matemática: eu penso A recebo A. Mas não é bem assim que as coisas funcionam.
Tem as suas crenças arraigadas aí dentro de vc anos e anos. Essas crenças todas de desmerecimento. Pessoas que, ao longo de sua vida não te reconheceram e vc achou que isso era importante. Vc registrou no seu inconsciente que era importante ser reconhecida por essa pessoas. 
Mas, Cliente, hoje, vc mais consciente, já sabe que na verdade não precisa do reconhecimento do outro. Vc só precisa do reconhecimento de vc mesma por vc mesma. Ponto. Entende? Por que vc permite que te suguem? Não permita isso. Coloque limites. Sabe, se vcs nunca foram um casal, conforme vc já me relatou dentro do set terapêutico, talvez não venham nunca a ser. E se não for? O que acontece? Vc diz que a pessoa fingiu, enganou...será que não foi vc que se enganou, que enxergou nele aquilo que vc gostaria de ver, como o fato dele gostar dos seus pets? Sua crença de que precisava do outro a fez ver o que não existia. Isso é muito comum. A gente fica cega, mesmo. E depois se arrepende.
Vc não é capaz de viver com vc mesma? Vc é uma mulher bonita, inteligente, culta, capaz, determinada, forte, destemida. Excelente profissional, já provou por A + B que é...Quem disse que vc precisa de outra pessoa para ser feliz ou ter sucesso, ou ganhar dinheiro, ou sobreviver? Vc já provou que é autossuficiente, que é capaz de pagar suas contas, que tem empregabilidade, que que que... Sabe, Cliente, é um equívoco das pessoas, e faz parte das nossas crenças culturais, de que precisamos da tampa da panela, do par do chinelo e esses mitos todos cristalizados em nossas mentes. Se formos indivíduos plenos, atrairemos indivíduos plenos. E pessoas plenas, íntegras não sugam outras nem precisam ser sugadas. Então, se vc ainda atrai esse tipo de pessoa a que vc se refere, pense em tudo o que vc ainda precisa modificar dentro de vc. Mas isso não precisa ser com sofrimento nem humilhação. Vc pode fazer isso sozinha. Vc não precisa construir essa jornada ao lado de alguém que não acrescenta nada em sua vida. Desapegue-se de seus medos e crenças, Cliente!
Ah! e sobre os carrapatos...eu não sei não, mas uma vez, tive problemas com uma cachorrinha lá de casa, a Xuxa, ela vivia tendo carrapatos e a veterinária que a atendia na época disse que era preciso arrancar os bichos com a mão, curar as feridas e passar cal nas paredes do quintal porque os ovos do bicho se instalam ali. Talvez vc necessite dar um fim nos carrapatos internos que vc mantém aí, te sugando. Vai doer? vai. Mas depois vc vai ficar em paz por muito tempo!
Procure aquietar seu coração agora.
Bjo!


(e-mails trocados entre mim e uma de minhas clientes dia desses. Desculpem pelas abreviações)

domingo, 16 de outubro de 2011

Quer ter saúde? Seja feliz!

"Temos sido vítimas da depressão, da ansiedade e das doenças psicossomáticas. Esperávamos que o ser humano do século XXI fosse feliz, tranquilo, solidário, saudável. Multiplicamos o conhecimento e construímos carro, geladeira, telefone, televisão para facilitar nossa vida, nos dar conforto e alegria, mas nunca o ser humano se sentiu tão desconfortável e estressado. Todavia, apesar das mazelas emocionais terem se intensificado nos dias atuais, elas não são privilégios da nossa geração. Por isso, nossa história está manchada por guerras, discriminações, injustiças, agressividades.
Ser feliz é o requisito básico para a saúde física e intelectual. Todavia, ser feliz, do ponto de vista da psicologia, não é ter uma vida perfeita, mas saber extrair sabedoria dos erros, alegria das dores, força nas decepções, coragem nos fracassos." (Augusto Cury, O Mestre Inesquecível, pág. 92)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Convide o "outro" para almoçar

O vídeo da ativista americana Elizabeth Lesser segue na linha do "o que me incomoda no outro está em mim".
Vale como reflexão também sobre assumirmos que o "outro" reflete aquilo que está em mim e que eu não reconheço.
Com o tempo começamos a entender o verdadeiro significado do conceito africano ubundu adotado pelo 10º presidente da África do Sul, Nelson Mandela, " Eu preciso de você para ser eu, e você precisa de mim para ser você", e citado por Elizabeth durante sua palestra.
Acesse o link abaixo e surpreenda-se!




Elizabeth Lesser: Convide “o Outro” para almoçar | Video on TED.com

domingo, 25 de setembro de 2011

Repetindo padrões

Se você é daquelas pessoas que estão sempre entrando em situações desagradáveis que se repetem em sua vida, e que o fazem dizer: eu não tenho sorte com amor, com dinheiro, com empregos, com chefes...então, o texto a seguir, extraído do livro "FLUA" de Louis Burlamaqui vai ajudá-lo a compreender que, se você está repetindo padrões de comportamentos é saudável prestar atenção e procurar a ajuda de um profissional especializado, porque dificilmente saímos desse círculo vicioso sozinhos.

"O verdadeiro propósito das relações humanas é o aprendizado. Todos nós aprendemos nos relacionando. É comum casais divergirem, e não há problema nenhum nisso. O aprendizado reside em outra esfera, mais sutil. Ele existe na irritação e na raiva, quando manifestadas em alguma situação ou no comportamento de alguém na relação a dois. 
A irritação e a raiva são sinais poderosos sobre nós mesmos por meio do espelhamento do outro. A disfunção é revelada pela emoção.
Quando sentimos raiva ou uma irritação forte devido a algum comportamento do companheiro ou companheira, isso pode ser um sinal de algo de que não gostamos em nós mesmos e que não foi reconhecido nem tratado.
Relacionamentos são acordos entre as partes para compartilhar realidades mútuas, de modo a obter feedbacks sobre a verdadeira natureza da experiência.
Se vivemos sempre os mesmos problemas com as pessoas e temos a sensação de que determinada situação se repete em nossa vida, isso nada mais é do que um sinal de que ainda precisamos desses "joguinhos" emocionais para alimentar nosso aprendizado.
Flávia é uma oftalmologista (...) que antes de se casar (...) sempre namorou homens que lhe traziam problemas. Eles a tratavam mal, moldavam-na, queriam ter pleno controle sobre ela. Ela sempre se queixava, apaixonava-se por eles e sofria nas relações. Quando terminava comum pelos motivos acima, aparecia um novo namorado, com personalidade diferente, estilo diferente, mas que a tratava da mesma forma. Até que um dia se casou.
Dois anos depois, sentada no sofá da casa de sua mãe, chorando, disse que era sempre agredida com palavras e que o marido era rude, dentre outras coisas. Disse que sempre sonhou com um homem gentil, e não entendia por que o destino sempre trazia homens bonitos, sarados e dominadores para a sua vida. Ela sempre se apaixonava pelos homens errados. Dos poucos que conheceu que eram realmente diferentes ela não conseguiu gostar.
Ora, a vida não trouxe nenhum desses homens para ela. Foi Flávia quem os atraiu. Foi seu modelo de ressonância, Ela precisava desses homens para aprender algo. O problema é que, como não apreendia, o padrão se repetia. E sempre vai se repetir enquanto não houver aprendizado. Rompe-se uma relação e o padrão vem em outra, mais cedo ou mais tarde, se não existir aprendizado."


sábado, 24 de setembro de 2011

O que me incomoda no outro está em mim

"Na China antiga, um homem chamado Wong sentia-se hostilizado pelas pessoas da pequena aldeia onde morava. Um dia, o sr. Wong foi visitar o sábio da região e desabafou:

_Cumpro minha obrigações para com os deuses, sou um bom cidadão, um exemplar chefe de família, vivo praticando a caridade...Por que as pessoas não gostam de mim?

A resposta do mestre foi simples: embora o sr. Wong fosse caridoso, o seu rosto sério levava todos a uma conclusão diferente. Ainda que fosse muito rico, era pobre de alegria e cordialidade, e nunca sorria, apesar de sempre ajudar as pessoas.

O sábio deu ao sr. Wong uma máscara sorridente, que se ajustava perfeitamente ao seu rosto. Advertiu-o, entretanto, de que, se algum dia a tirasse do rosto, não conseguiria recolocá-la. No primeiro dia em que Wong saiu à rua, todos começaram a cumprimentá-lo e, em pouquíssimo tempo, já estava cheio de amigos. Mas, um dia, chegou à conclusão de que as pessoas não gostavam dele, mas da máscara, pensou: "É  preferível ser hostilizado a ser estimado por uma máscara falsa". Foi até o espelho e retirou a máscara sorridente. Mas que surpresa...O seu rosto tornara-se também sorridente, assumira as expressões e o sorriso da máscara....

O sr. Wong mudou sua face simplesmente porque começou a retribuir o que recebia. Isso remete-nos ao simples fato de que entre mim e o outro existe uma relação fina de troca, seja positiva, seja negativa, e ela é sem dúvida uma oportunidade de muito aprendizado.

Sempre que o leitor julgar alguém, sempre que se sentir irritado, ressentido com os defeitos do outro, deverá refletir: "Será que eu não tenho algo semelhante e estou com dificuldade de reconhecer isso em mim, sendo mais fácil acusar p outro?".
(Texto extraído do livro "Flua", de Louis Burlamaqui, 2011)

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...