Nenhum grande instrutor disse jamais que o caminho do autoconhecimento é cômodo ou fácil. Ao contrário: é nos momentos desafiadores que o ser humano pode conhecer melhor a si mesmo.
O hábito da preguiça e da comodidade leva à estrada ampla do derrotismo. Mas o ser humano maduro olha profundamente o mundo a seu redor e vê a bênção e a libertação espiritual ocultas sob a aparência de sofrimento. A sua consciência focaliza a fonte da bênção, que é permanente, e ignora o sofrimento, que é passageiro.
Mas o que é, exatamente, otimismo? A pergunta merece ser examinada.
Otimismo é o hábito de harmonizar a mente com o Ótimo que há em nosso interior. O Território do Ótimo está localizado em nossa alma imortal. É ali que mora a bênção permanente; e ela lança sobre nós os raios de sol da iluminação, cada vez que o merecemos. O pessimismo, por outro lado, surge de um estado de infantilidade espiritual e psicológica pelo qual a pessoa sintoniza com alguma forma de preguiça de enfrentar os obstáculos. O pessimismo é uma desistência de avançar em direção à vitória e à sabedoria. É uma justificativa para o hábito de não fazer nada. É uma desculpa para a irresponsabilidade ética. Se não podemos dar grandes passos, podemos dar passos tão pequenos quanto nossas forças permitirem. Mas sempre é possível avançar. Avançar, em teosofia, é sinônimo de TENTAR. Interiormente, toda tentativa séria é um avanço.
A coragem é necessária? Seguramente. Em uma das suas possibilidades etimológicas, a palavra “coragem” vem de “core”, a raiz da palavra “coração”. Por isso temos a expressão popular “coração de leão”; o leão é um símbolo de coragem. O otimismo e a coragem andam juntos porque eles são dois raios da luz que surge do sol, ou do coração. A expressão “raios de luz” é correta porque o coração é o Sol microcósmico do corpo físico e da aura individual. Assim como o cérebro, o coração é um centro de vida e de sabedoria. Mas é bom lembrar que o cérebro de um ser desperto também é comparável a um pequeno sol. Este fato é ilustrado simbolicamente pelas aureolas que há em torno da cabeça dos santos, em obras de arte da antiguidade.
Nos grandes momentos da história humana – como nos grandes momentos da vida de cada aprendiz – rompem-se cascas de ilusão para que a luz brilhe mais diretamente. Naturalmente, aquilo que a luz ilumina nem sempre é belo no primeiro momento. Então os fracos e os inexperientes choram e desanimam. Mas os fortes despertam para o seu verdadeiro potencial, corrigem o rumo, vão à frente e agem à altura dos desafios.
O que é ótimo não está apenas no interior da nossa alma. Ele é também a nossa essência, e por isso a filosofia ensina que todo obstáculo é sempre secundário. Os desafios são convites para o despertar do Eu Interior, do Verdadeiro Ser, do eu superior, Atma-Buddhi. O aprendiz da sabedoria dá atenção ao que é permanente, isto é, à inevitável vitória gradual da alma.
O indivíduo só se deixa carregar para este ou aquele estado de espírito, conforme recebe ou vê notícias 'boas' ou 'ruins' ao seu redor, enquanto a ingenuidade espiritualmente infantil ainda predomina em sua vida. O uso efetivo da força do pensamento – ao longo de um caminho elevado, realista e justo – é um fator determinante em todo processo cármico positivo. O pensamento é o leme do carma. Quando assumimos a nossa responsabilidade sobre o rumo da vida, colocamos o leme na posição correta e passamos a eliminar as causas do sofrimento.
Texto publicado originalmente no boletim “O Teosofista”, n.º17 Outubro de 2008, do website www.FilosofiaEsoterica.com e enviado pelo colega terapeuta Geraldo de Souza