Dirce Maria vive correndo.
Abriu o semáforo, corre para atravessar a rua; vence uma pista, ganha fôlego, encara a próxima. Vai correndo.
Desce a ladeira, sobe a calçada, vira na esquina. Sempre correndo.
Corre pra pegar o ônibus, corre pra fugir da chuva.
Vai, Dirce Maria, corre.
Corre, corre. Corre de quê?
Corre de quem?
Corre pra quem?
Levar os filhos na escola; depois tem de buscar.
E a academia, o inglês, a natação?
Hidroginástica, feira, supermercado.
Dentista, ginecologista, cardiologista...psicanalista?
Lá vai, Dirce Maria.
Sempre correndo.
Correndo entra no metrô. Quer sentar? Não, fica porta pra sair mais rápido.
Não pode parar. Está atrasada.
Atende o filho, o marido, o chefe, a mãe, o pai.
Nem se olha direito na frente do espelho.
Dirce Maria sai na rua com a blusa no avesso.
Nem repara.
Só corre. Socorre?
Nem se olha, nem se vê, nem se enxerga.
Nem sequer se sabe, se toca, se ouve.
Corre, corre, pra quê?
Corre, corre, por quê?
Um mergulho no repertório mais estranho, profundo, eclético, divertido, dramático e pungente. Um mistério que nem Freud nem Lacan conseguiram definir... o que é uma mulher? o que quer uma mulher?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior
O rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...

-
Como é difícil o relacionamento entre humanos. Quando se é inconsciente, e a maioria das pessoas é inconsciente, fica mais complicado. Relac...
-
Segue texto de Antônio Roberto Soares (*) sobre "A Culpa e a Busca da Perfeição", enviado a mim pelo meu professor e terapeuta ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário