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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

LUTO

Hoje faz um mês que meu irmão, Zezé, morreu. 

Não temos muitas fotos juntos. Uma ou outra quando eu era bebê, ele me carregando no colo. Depois, acho que no casamento dele (eu fui madrinha do primeiro) e no meu (ele foi padrinho do primeiro) e alguns Natais e encontros familiares. 


Esta foto aí foi tirada em 2003/4 não tenho certeza. 
Foi em Foz do Iguaçú numa casa linda onde ele morou com a segunda família. 


Nunca fomos muito próximos, sabe? desses irmãos superunidos? não. Não era o nosso caso.
Mas nos ajudamos sempre que foi possível. Teve um tempo que precisei morar na casa dele com toda minha família e ele me acolheu. Teve um tempo que ele veio pra minha.
Ele saiu de casa muito jovem. Com 16 ou 17 anos foi pra Guaratinguetá servir na Aeronáutica. Depois foi morar no RGS por muitos anos. Nos víamos nas férias. Nos anos 80 ele veio pra SP. Eu fui pra Boituva em 87 e acho que até 96 foi o período que estivemos mais unidos. Praticamente todos os finais de semana ele ia pra minha casa em Boituva. Fim de ano revezávamos: um ano lá, outro cá.
Na última década estivemos bem distantes. Não só geograficamente (ele estava em Mongaguá). Mas era uma coisa assim: não houve uma briga, uma discussão...nada. 

Apenas um distanciamento silencioso. Sem mágoas (pelo menos de minha parte). Nos falávamos por telefone e mais recentemente pelos aplicativos de praxe. Ele sempre muito reservado. Pelo menos comigo. Era a impressão que eu tinha. Diferente daquele Zezé que animava as festas em casa.
Em maio ele me deu uma notícia chata: era sobre a sua doença. Nos vimos algumas vezes nesses últimos seis meses - não tantas quantas eu gostaria -.
Mas a última vez (que eu ainda não queria aceitar que seria a última, embora lá no fundo da alma soubesse) foi decisiva. Houve um olhar. Houve um aperto de mão longo, carinhoso, forte.. ficamos minutos assim, de mãos dadas, mas era um aperto de mão diferente. Um significante de "eu te amo" que acho que eu só disse uma vez, numa carta, quando ele estava havia poucos meses no RGS quando eu tinha uns 15 anos.
Parece que preciso da distância pra avaliar com clareza os sentimentos. A sensação, hoje, é a de que ele simplesmente está distante, meio que como sempre esteve de um jeito ou de outro, mas que a qualquer momento vamos nos ver, ou nos falar.
É isso. Não tive vontade de expor publicamente um mês atrás. Mas agora é possível.
Precisei de um certo distanciamento. De novo.


(texto publicado originalmente no Facebook em 06/12/2017)

domingo, 28 de junho de 2015

O velório

 


Sono, pálpebras pesadas,
fecho os olhos, era eu ali
engolindo as mortas-vivas....
uma pós-culpa.
era eu Julieta.
Bebo o veneno.
morro antes do alvorecer?
Não. Mato antes.
Que se dane.
quero que ela morra
de morte bem matada.
E a outra? Idem.
de morte bem morrida.
As duas debaixo de sete palmos
de terra feia e escura.
Morram! Antes elas do que eu
Eu vivo! ele vive, e nem sabe, o defunto.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Felizes para sempre? Ou Onde colocar o desejo?

Em tempos da minissérie da Globo com o sugestivo nome Felizes para sempre?, que ainda está no segundo episódio quando escrevo este texto, vale sempre a pena pensar e repensar nas relações humanas. O enredo mostra quatro casais - aparentemente saudáveis, felizes e bem-sucedidos - de uma mesma família, a família Drumond, com um tema em comum: relacionamento, claro! Afinal, o que move a humanidade desde os primórdios da civilização não é o amor? Mas, afinal, o que é amor? Quem inventou o amor? Provavelmente, Hollywood, pra vender filmes e seus acessórios. E a Rede Globo tem contribuído bastante nesse sentido!
Bom, segundo Freud, o ser humano é constituído de uma parte gigante chamada ID responsável tanto por nossa preservação (instintos de vida e de morte) quanto por nosso desejos - dos mais simples e explícitos aos mais sombrios e ocultos. E é essa estrutura que basicamente nos comanda. Desejo, logo existo. Mas onde colocar o desejo?

Uma outra parte dessa estrutura constituinte da psique humana, porém, é formada, desde que nascemos, por aquilo que chamamos de regras, leis, ou seja, aquilo que culturalmente vai nos dizer o que é certo ou errado. E aí, quando desejamos algo natural como o sexo, talvez o tenhamos de reprimir, caso a cultura em que nascemos nos diga que sexo é pecado, por exemplo. Por isso, apesar de bom (por ser da natureza humana) pode nos parecer ruim (por ser proibido pela mãe, pela religião etc). Quanto mais repressão, mais essa pulsão vai sair por outro lado. A violência pode ser uma expressão dessa libido reprimida. Estão aí nossos amigos islãmicos que não deixam mentir!

A pulsão sexual (que não é a mesma coisa que sexo, mas tem a ver com) faz parte do homem e da mulher, ou seja, o desejo (homo ou heterossexual) sempre vai existir e sempre vai se manifestar.

A civilização nos trouxe os freios. A começar que nos proibiu de desejar nossa mãe e nosso pai (embora recentes notícias na internet digam que esse tabu também já está indo pelo ralo da pia quando lemos que Menina de 18 anos se prepara para casar com o próprio pai), e apesar de nós os desejarmos inconscientemente quando criancinhas ainda no colo, à medida que fomos crescendo aprendemos a conter esse desejo que, depois de algum tempo, vai se direcionar para outros objetos (de desejo).

Fato é que a gente não sai transando por aí a torto e a direito. E quem o faz, é punido (pela sociedade). Esse freio é formado em parte pelo nosso Supereu e em parte pelo próprio Eu. A minissérie, parece, vai seguir por uma trilha parecida...casais descontentes com o status quo de suas relações procuram outras formas de satisfazer esse desejo que elas não sabem onde colocar! Ainda não sabemos em que direção a trama vai seguir: se do moralismo maniqueísta ou da liberalidade perversa, A conferir!

Daí que um casamento nos moldes dos dias atuais, em que as pessoas são livres para escolher seus parceiros, sempre começa pelo tesão, pela atração física, pela atração intelectual... E pode terminar exatamente por causa dessa mesma liberdade de escolha.

E o que fazer, me dirão os jovens recém-casados, se com o tempo a libido tende a diminuir?  Bom, ela pode ser deslocada para outras esferaa. Por isso é importante que o casal tenha sempre planos, projetos e sonhos em comum. É isso que vai manter a chama acesa por mais tempo. Se não houver esse cuidado...a libido pode ser projetada em outra pessoa???? Sim, com certeza...Aí, o bicho pode pegar. Ou não, parece que a humanidade está começando a achar que ter mais de um parceiro por vez não é assim tão condenável (na verdade isso sempre existiu só que ficava nos bastidores e agora está vindo para o palco da vida, de boa!).

Um casamento, ou um relacionamento íntimo e pessoal, só se mantém pelo compromisso de ambas as partes de permanecerem juntas uma com a outra, pois a pulsão pode mudar a todo momento de direção. E muda! Atire a primeira pedra quem nunca? querendo me enganar, é?

Se não houver compromisso....e se o SuperEu não for muito rígido...fatalmente relações múltiplas começarão a surgir e a relação, digamos oficial, pode balançar até  cair. 

Isso é bom? Ruim? Não dá pra afirmar nada! Porque cada pessoa vai lidar com isso do seu jeito! Não existe fórmula mágica. Talvez a fórmula seja cada um descobrir como lidar com o seu desejo, onde colocá-lo!

No consultório é comum a queixa feminina da diminuição do interesse sexual do parceiro tanto quanto é do lado masculino. Ou ainda mulheres e homens que, simplesmente não desejam mais seus parceiros sem uma razão aparente... São sinais de alerta importantes.

Mas casamento é só sexo? Bom, não é SÓ. Existem casais que decidiram não fazer sexo entre si, liberaram seus pares e, aparentemente, vivem felizes assim. Será? Se não há uma separação oficial, pode haver uma acomodação, um acordo de convivência...existem muito mais pessoas vivendo de aparência do que imagina nossa vã ignorância, meus caros!

De qualquer forma, se o casal procura ajuda, juntos ou individualmente, mas ambos (não adianta apenas um dos lados), as chances de se restabelecer (ou estabelecer, às vezes nem havia uma!) uma nova relação são muito maiores.

Se apenas um dos pares procura o auxílio da análise é bem provável que o casamento termine ainda que seja para esse par entender por que as coisas desandaram e talvez, quem sabe, desejar criar um novo vínculo com o par anterior ou com um novo. Por isso, o ideal é o casal, junto, buscar o entendimento.

E por que casamento é uma expressão da fantasia humana? Porque as pessoas, em pleno século 21, ainda se casam pensando que viverão um conto de fadas, o eterno "e viveram felizes para sempre"...e isso, definitivamente, não existe.

Porém, é possível, através de esforço e atenção permanentes, construir seu casamento, do jeito específico do casal, seja lá como os dois imaginam que seja satisfatório para os dois, dia após dia, juntos! Pode ser até com a participação de terceiros ou quartos...vai saber! Já comentamos aqui: o poliamor já é uma clara tendência. Só que não!

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...