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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

A CLARIDADE ESTÁ NA OBSCURIDADE (destituição subjetiva, provérbios e jogo de significantes)



EU NÃO TENHO OPINIÃO FORMADA SOBRE TUDO

EU NÃO TENHO OPINIÃO FORMADA SOBRETUDO

EU NÃO TENHO OPINIÃO FORMADA SOBRE

EU NÃO TENHO OPINIÃO FORMADA SOB

EU NÃO TENHO OPINIÃO FORMADA S

EU NÃO TENHO OPINIÃO FORMADA

EU NÃO TENHO OPINIÃO 

EU NÃO TENHO 

EU NÃO 

EU 

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O real não está onde se espera.

Não na guerra, mas no vidro quebrado.

Não na doença, mas em um esboço de dor.

Naquilo que está relacionado com o furo, com a falta, deficiência.

No "desser" e não no ser.

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O real está na falta.

A claridade está na obscuridade.

Um termo pode significar seu contrário: oposição entre ideia e coisa.

"Toda palavra é uma ideia, toda ideia é uma coisa, toda coisa é uma palavra" (O Desejo e sua Interpretação, pág. 421).

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"Devido ao fato de o significante ser polissêmico é que o sujeito pode sustentar além daquilo que ele acredita querer dizer, e com as mesmas palavras, um discurso completamente diferente".

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"As dores Imaginárias", em O Guerreiro Aplicado, de Jean Paullhan

O ICs reúne os contrários e representa-os em um só objeto (Freud)

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Conceito de falo: 

em Freud esse conceito permite a equivalência de termos aparentemente díspares, como a criança e as fezes.

Funciona como significante do desejo, tanto em um sexo como no outro (enquanto não se reduz ele próprio a um órgão).

é símbolo, no ICs, tanto do interdito como do desejo,

A cada vez, reúne os contrários.

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A Psicanálise leva o sujeito ao encontro com um objeto que constitui, para ele, o real, um objeto certamente bizarro o bastante para que Lacan tenha precisado inventar-lhe um nome: objeto a.

Eu sou objeto a? O objeto a sou eu.

Essa descoberta tem um efeito - destituição subjetiva: o sujeito não é o que imaginava, não é o que pensava,

ELE É ONDE NÃO PENSA

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em "O Guerreiro aplicado" - perlaboração - parágrafos curtos, fragmentados, frases transparentes, pelas quais pode passar a lua.

"A condição da força sustenta-se em uma certa fraqueza".

Onde creio que minhas dores sejam imaginárias, que as invento, dou-me conta de que elas são reais.

Elas me sentem quando eu, na verdde, acreditava que as sentia.

Onde acredito ter ideias, são as ideias que já me elaboraram: sou feito."

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É no assujeitamento que o sujeito pode apreender-se. É nessa destituição, nessa falta a ser, que ele pode, finalmente, encontrar sua realidade: acreditava-se ativo, era passivo; apreendendo o que o constituía sua passividade, pode, enfim, agir.

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Pudor - qualidade para os analistas

Pudor é, em primeiro lugar, uma recusa.

É pudico o homem que mantém à distância suas emoções, sua vontade, seus desejos. Que os trata pelo mistério, sendo belo, dissimula seu corpo; forte, sua potência; enamorado, seu desejo.

Seria bom que o analista também fosse pudico.

Em que sentido?

Não demonstrando seus sentimentos: isso é fácil, ele o aprendeu e chama de neutralidade, esse seu ar de não se deixar abalar; não exibir muito seus pensamentos ou suas opiniões, assim como para qualquer pensamento que o atravesse, antes mesmo de produzi-los. Então, talvez o mais difícil e, ao mesmo tempo, o mais essencial, seja tampouco exaltar em si próprio o assujeitamento.

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A dor sente-me e o significante comanda-me.

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"A experiência do provérbio e o discurso psicanalítico".

"Désêtre" (des-ser), neologismo introduzido por Lacan para dar conta da queda do sujeito suposto saber do lado do analista como correlato da destituição subjetiva do lado do analisante.

Trata-se da queda da consistência (do ser) do analista na situação de fim de análise e passagem do analisante para a posição de analista. Esse termo é empregado por Lacan no discurso proferido  sobre o passe na École freudienne de Paris, em 1967.

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"A experiência do provérbio e o discurso analítico".

A essência da linguagem é o mal-entendido (o mal sabido?).

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A pulsão e o fantasma são dois intermediários. Entre o inconsciente e o consciente quais são

as leis que presidem a formação e a estruturação da pulsão e do fantasma?

o artigo "As lembranças encobridoras", é pela virada ao avesso que Freud estabelece o "fantasma" por trás da lembrança, "levar flores a uma jovem", significando "tomar-lhe sua flor, deflorá-la".

Da mesma forma, a interpretação do fantasma clássico "bate-se em uma criança" gira em torno da virada ao avesso do GESCHLAGEN [bater], um pouco como se aplicasse o provérbio - "quem ama bem castiga bem", ou seu inverso - "quem bate muito gosta muito, ou ainda, "quem bate bem beija bem."

Freud diz: "...o estudo dos provérbios não seria o último a nos esclarecer a respeito do virar ao avesso",

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metáfora: analisante mulher tem um medo obsessivo do que pode sair da boca do analista - o pênis? ele interpreta. Ela rechaça, até que ele cita um provérbio japonês: "o cego não tem medo de serpentes".

"O nervo da metáfora está na substituição como tal" e não nos termos que são substituídos um pelo outro."

Assim, no paciente o desejo acha-se "reconhecido como tal, i.é., reconhecido sem ser conhecido."

a diferença entre "você não quer ver a verdade" e "o cego não tem medo de serpentes" é a diferença entre o imperativo "você deve saber" e o convite "você pode saber",

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Enquanto insistia em fazer sua paciente admitir sua interpretação, o analista mantinha com ela uma relação dual. A relação imaginária do eu (MOI) com o outro, constituía uma barreira para que surgisse o que quer que fosse do ICs.

Para que tal possibilidade seja aberta é preciso ir além do eu (MOI) assim como do VOCÊ. O ICs como discurso do Outro tem essa dimensão que (Moustapha) Safouam designa como dimensão do ELE.

Porém, é inessencial que seja a enunciação de um provérbio que opere esse apagamento da pessoa do analista, correlativo de um discurso que não se dirige mais a um outro, mas ao Outro?

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questão essencial para um psicanalista: " a pressão paradigmática" - Para Octave Mannoni (A elipse e a barra) trata-se de saber como funciona efetivamente, na análise, o significante com seus equívocos, suas próprias leis de homofonia e o que elas induzem.

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Paciente cuja esposa chama-se Laurence e a irmã Florence acha que não  há mais semelhança entre elas do que entre um OEUF (ovo) e um BOEUF (boi).

Para Mannoni o importante é que quando o paciente pronuncia essa frase, é que a homologia das relações, por um lado entre oeuf e boeuf e Laurence e Florence.

Não é isso que surpreende o analisante e sim o provérbio - Quem rouba um oeuf rouba um boeuf certamente ele já havia notado a semelhança entre os nomes sem dar a isso a devida importância e, ainda desta vez, sem dúvida, não teria sido surpreendido pela semelhança significante, pela analogia literal, se não fiosse o provérbio.

"o jogo com os significantes não se manifesta no discurso neurótico senão quando algo de recalcado é posto em questão (se quem rouba um oeuf rouba um boeuf, quem deseja Laurence pode muito bem desejar Florence).

O sentido de um provérbio não é apenas seu sentido aparente, depende do contexto em que foi empregado.

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Provérbio - é preciso lembrar não da imagem, e sim da frase inteira, como se ela fosse apenas uma única palavra.

O provérbio só funciona bem com a condição de não ser tido por provérbio.

Cada provérbio deveria ser tomado como um significante, enigmático enquanto tal e em relação ao qual toda significação só poderia ser secundária.

Todo o problema seria ver como os sujeitos falantes - os falaseres - podem acomodar-se com esse significante, tomando-o por sua conta, comentando-o, dando-lhe sentido.

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O que acontece quando um sujeito choca-se  com o significante? O que ele percebe em primeiro lugar?

- que está dele excluído (faltam peso e valor às suas palavras).

Há "no interior da língua comum"..."uma segunda linguagem esotérica".

Linguagem comum - poderia estar imajada, mas a imagem, inessencial, jamais é percebida como tal. Quando sabe diz que "o boi morto não se defende das moscas", ele não se compara a um boi, não coloca em relação a sua própria imagem a um boi morto. Onde não se está na ordem da significação, todo imaginário é neutralizado.

(trecho de anotações, não sei de que aula, seminário ou estudo, nem de quando. É curioso porque, em geral, costumo anotar datas, nomes e locais...mas, para não perdê-las, registro-as aqui. Poderá ser útil a mais alguém. A mim, me foi bastante.)



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