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domingo, 24 de abril de 2016

Essa sua canalhice

Não tem como. Hoje vou dar um fim em tudo. Essa sua miserável apatia me enlouquece.
Acendi um incenso pra ter pelo menos um cheiro bom no ar.
Coloquei mais açúcar na caipirinha pra ter um doce pra sentir.
Outro dia você me trouxe flores. Até chorei, lembra? Mas os chocolates....dei pro cachorro depois de saber das tantas outras presenteadas... Eu sei, você disse, você sempre diz: elas não importam.
Mas essa sua miserável inércia...
Não tem como. Hoje vou ter de dar um fim.
Liguei o ventilador pra ter mais ar.
Traguei a fumaça do charuto pra esquentar o peito vazio. Você deixa ele assim.
Naquele dia, você me deu o anel, lembra?
Eu te beijei por cinco minutos, boca, rosto, olhos, nariz... e você ria, ria... Estava feliz. Mas as cartas... dei pra reciclagem depois que encontrei as trocadas com tantas outras...
Eu sei. Você disse. Você sempre diz. Elas são nada!
Mas essa sua miserável presença...
Não tem como. Hoje vou ter de dar um basta.
Já deixei tudo pronto: martelo, cutelo, câmeras desligadas, as malas.
Quando você chegar com sua sedução eu vou te embriagar com aquele vinho, você sabe qual, aquele do encontro, o único que valeu a pena...por que pegaria um avião?...você disse, você sempre diz.
Tirei as crianças de casa e liguei o som.
Quando você dormir nos meus braços - sim, você vai adormecer feito um príncipe, como sempre, aninhado depois do amor, nos meus seios - nessa hora, vou dar um fim em tudo. Não tem como.
Essa sua miserável canalhice me excita.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Qual é o segredo para o amor total?

Coincidência ou não a maioria dos textos mais lidos aqui no blog tinham um cunho pessoal. Outro tanto com bastante ibope são os de ficção, em que uma personagem - em geral feminina - relata um episódio de sua existência. Em terceiro lugar aparecem os textos mais teóricos.
Essa constatação me fez ter vontade de dar um sentido mais pessoal ao blog agora neste 2015..  Eu comecei a escrever virtualmente anos atrás porque....nem sei por que! estava desempregada, com muito tempo disponível...deve ter sido isso. Depois, alguns amigos elogiavam, outros diziam que aguardavam ansiosamente os novos posts (mesmo nunca tendo feito um comentário sequer! enfim!), eu escrevia sobre tudo: política, cidade, saúde, dava meus pitáculos em quase tudo... e assim fui mantendo o dito cujo. Teve vários nomes: Blog da Lu, O Revelado e o Oculto (a fase mais junguiana) e agora, de uns dois anos pra cá virou Repertório Feminino (mais psicanalítica).
Foi a busca desse repertório - o que é, afinal, do repertório feminino? - que me levou a batizá-lo dessa forma. 
E como o desejo nos leva ao encontro do que desejamos, a pesquisa tem me colocado ao lado de pessoas que têm me mostrado algo sobre esse universo do feminino.
Qual o papel da mulher num relacionamento afetivo? num casamento? na maternidade?
Tenho observado as pessoas do meu convívio ou as que aparecem no consultório e cada vez mais me convenço de que sem esforço, sem vontade, sem dedicação, sem troca, esse amor desejado, sonhado, imaginado, fantasiado, não vinga, não cresce, não se mantém, morre na primeira curva, na primeira chuva, na primeira turra.
Conheci casais, e revi alguns outros, que são esse exemplo de trabalho contínuo e perpétuo por manter um amor aceso. Homens e mulheres que, apesar de estarem juntos há 20, 30 anos, se olham nos olhos, se perguntam se estão bem, ajeitam cadeiras, abrem portas de carros, servem o prato preferido, trocam beijinhos no meio do dia ao se cruzarem no corredor, ou na escada, não começam a refeição enquanto o par não chega (mesmo autorizado por ele), repõem o copo com a bebida preferida da companheira antes que ela peça, lavam a louça juntos (ou um lava e o outro enxuga), pedem desculpas, tomam a iniciativa de se reconciliar sem esperar que o outro o faça (e às vezes isso acontece ao mesmo tempo e ambos caem na risada e o coração fica aliviado mais rápido), mantêm o erotismo aceso de diversas formas inclusive trocando mensagens picantes pelo WhatsApp, dividem tarefas domésticas sem resmungos ou queixumes desnecessários, conseguem ter opiniões divergentes sem transformar isso num campo de batalha inútil, respeitam as vontades um do outro, se interessam pelo que o companheiro (a) faz, se calam quando percebem que o tempo vai esquentar se continuar a falar e esperam um momento mais adequado pra expor sua opinião...
São perfeitos? Não, absolutamente! Porém, agem assim a maior parte do tempo, eu diria que 90% do tempo. Tanto que se acostumam e dificilmente têm outro comportamento distoante. Por observarem seu par, por ouvir seu par, sabem exatamente o que o desagrada ou não.
E descobri que o papel da mulher no sucesso desses relacionamentos é fundamental.
Sim, meninas, podem espernear quanto quiserem, mas o segredo para um bom relacionamento está em como conduzimos a coisa. Sem manipulação.Apenas sendo nós mesmas, em nosso papel. O homem tem o seu quinhão nesse sucesso? Tem, se permitirmos que ele tenha o quinhão dele.
Às vezes levamos um tempo pra entender. Uma sugestão é ver o filme "O Fabuloso Destino de Amelie Poulin".  Outra é ler o poema de Vinicius de Moraes "Soneto do Amor Total": se uma mulher despertar num homem esse amor descrito pelo poetinha, provavelmente é porque ela sabe ser uma mulher que desperta o que há de melhor num homem. E então, está ciente de seu papel numa relação saudável.

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

No Apocalipse, sobrarão apenas os sem-rede

Um post, dois posts, três posts e quando percebeu escancarou toda sua vida ali, naquele retângulo que insiste em saber: "No que você está pensando?". Repare: não é "o que você está fazendo". É "em que você está pensando?" A "Rede" quer entrar em você, descobrir seus pensamentos, desejos, sonhos, preferências!
E você escreve, conta onde está, com quem, o que faz, como faz, por que faz, fotografa, é fotografado, curte, é curtido, ganha amigos, inimigos, destila veneno, atrai inveja...
E a Rede ali, ciente de tudo. Mais que Deus, porque Deus a gente nunca viu. E quem está por trás da Rede que tudo vê, tudo sabe? A Rede rastreia e vasculha toda sua vida sem que você se dê conta. Depois coloca tudo num gráfico para a estatística final. No Apocalipse, sobrarão apenas os sem-rede? Só a Rede poderá nos salvar!

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...