terça-feira, 12 de março de 2013

Internação compulsória: sim ou não?


O crack é usado hoje por pessoas de todas as classes sociais e faixas etárias, atingindo, por exemplo, executivos que o consomem em casa, nos finais de semana, de forma relativamente controlada. “O perfil do usuário atual é mais amplo”, comenta a professora Amanda Reinaldo, especialista em dependência química e professora do Departamento de Enfermagem Aplicada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
    Ela é a coordenadora do Ciclo de estudos em crack e outras drogas, que começa hoje, 12/03/2013, na Escola de Enfermagem, e reunirá, em sete encontros periódicos que se estendem até julho, especialistas e profissionais de saúde que lidam com temas como o estigma sobre o usuário de drogas, a rede de saúde e de atendimento e a importância da participação da família na recuperação do dependente químico.
    Em entrevista ao Portal UFMG, a professora Amanda Reinaldo analisa o comportamento não exclusivista do dependente de crack, que também consome outras drogas, o forte estigma social que o persegue e sugere estratégias para o tratamento dos viciados – e elas não passam, em sua avaliação, pela internação compulsória, adotada desde o início do ano em São Paulo.
    “O ideal seria que as políticas públicas para essa área seguissem o princípio da redução de danos, que foca seus esforços na relação que o usuário tem com a droga”, propõe.

    O ciclo de estudos que começa hoje, na UFMG, tem o crack em lugar de destaque nos debates e até mesmo no nome do evento. Por que essa droga tem ganhado tanto espaço na agenda do governo e da sociedade?
    O crack é a bola da vez. Se pensarmos epidemiologicamente, outras drogas como o álcool provocam mais impactos sociais e financeiros que o crack. Mas o crack choca a sociedade e chama a atenção, porque seus usuários estão na rua, eles saem de suas casas e vão para as cracolândias, perambulam pela cidade e isso incomoda a sociedade. O uso do crack levanta outras questões sociais como prostituição e a degradação humana. Já o usuário de álcool em geral tem sua família e sua casa e não incomoda tanto a sociedade, a não ser nos casos de acidentes de trânsito. O crack incomoda muito mais, socialmente falando.
    O crack então é uma droga menos aceita socialmente?
    Sim, por conta da degradação e outras questões sociais que ele gera. O crack está associado à violência e a comportamentos de risco. Como exemplo, lembro que têm aumentado os casos de crianças portadoras do HIV; as mães usuárias e contaminadas pelo vírus não fazem pré-natal, o que poderia impedir a criança de contrair o vírus.
    A violência e outros problemas que aparecem associados ao uso do crack são os responsáveis pela exclusão social dos usuários dessa droga?
    Não acho que usuário do crack seja excluído socialmente. Ele é temido socialmente, a partir do momento em que causa um incômodo, as pessoas não querem vê-lo perambulando pelas cidades. Ele está na cidade, anda e convive com as outras pessoas, mas incomoda. Ele não está excluído na periferia, circula pelos espaços. Em geral, as pessoas têm mais medo do usuário de crack do que de um alcoolista ao volante.
    Por que o crack tem matado tantos usuários?
    Não podemos falar que o crack é a droga mais devastadora para o organismo. O uso de qualquer droga deve ser visto como uma doença e não um desvio de caráter, e o crack não mata por si só, está associado a doenças secundárias, tais como tuberculose, aids, pneumonia, câncer de boca. O usuário morre devido às comorbidades associadas ao uso da droga. Alguns indícios trazidos por determinadas pesquisas mostram que os usuários de crack estão começando a autorregular o seu uso da droga.
    Como isso acontece?
    Há estudos em andamento que mostram que o crack está entrando em uma fase de uso mais “estabilizado”, por assim dizer. Quando a droga surgiu, houve um boom no seu uso, sendo que o ápice foi percebido pela população com o surgimento das cracolândias. Mas hoje já existem sinais apontando que as pessoas que usam crack, assim como os usuários de cocaína e álcool, estão começando a moderar o consumo. Há usuários de fim de semana que controlam o uso para trabalhar e ter uma vida normal.
    Qual é o perfil desse novo usuário?
    É muito difícil traçarmos esse perfil, porque ele é muito amplo. Há desde o executivo que faz uso aos fins de semana em casa, de forma regular, porém mais controlado, até as donas de casa e os aposentados. O crack não é mais uma droga da rua, seu perfil mudou e ele agora atinge todas as classes sociais. Além disso, os consumidores de crack são "poliusuários".
    Isso significa que não uma há exclusividade no consumo...
    É muito difícil vermos usuários de uma droga só. As pessoas experimentam de tudo, mas fazem uso maior daquela droga à qual se adaptam melhor, que gostam mais do efeito. Aquele caminho clássico indicando que a pessoa começava no cigarro, migrava para a maconha e depois para drogas consideradas “mais fortes” não é mais comum. O grande “barato” do crack é o efeito instantâneo, mais rápido. Mas o usuário de crack também consome maconha, álcool e cocaína.
    Como o usuário de crack deveria ser tratado?
    O usuário de drogas é uma pessoa doente e que precisa de tratamento. O ideal seria que as políticas públicas para essa área seguissem a mesma linha do álcool, por exemplo. É a política de redução de danos, que foca seus esforços na relação que o usuário tem com a droga. O objetivo final é sempre a abstinência, que a pessoa pare de vez de usar o crack. Mas se hoje a pessoa fuma 20 pedras por semana e consegue passar a fumar 10 ou 5, isso já é bom. Juntamente com essa redução de danos, deve haver ações como reinserção no mercado de trabalho e na família, para que a pessoa consiga parar de usar a droga e voltar a ter vida normal. O usuário de crack precisa ser amparado de todas as formas e reintegrado à sociedade.
    A recuperação de usuários de crack é mais difícil que a de dependentes de outras drogas?
    É uma recuperação bem árdua, tanto pela dependência física, quanto pela psíquica. O usuário de crack pensa que precisa da pedra para sobreviver. Ele não acha que a droga em si é ruim, porque, se assim fosse, ninguém usaria. O usuário se sente mais forte e corajoso, e isso dificulta o tratamento. O ex-usuário precisa desenvolver um autocontrole e tentar não se expor às situações de risco.
    As internações compulsórias são uma solução para o problema do crack nas grandes cidades?
    Na área da saúde há grupos contrários e favoráveis a essa medida. Os grupos a favor alegam que o dependente perde a capacidade de decidir o que é bom e o que é ruim, e, por isso, o Estado tem a obrigação de decidir por ele. Os grupos contrários encaram essa internação como violação de direitos e de autonomia. A internação compulsória não vai resolver o problema do crack, mas é preciso dar uma resposta à sociedade.
    Como tem sido o resultado dessa medida nos locais onde foi adotada?
    Até onde temos conhecimento, a maioria dos internados compulsórios retorna ao uso, porque não há o desejo do tratamento. Quantas vezes a internação compulsória já foi feita e não deu certo? Foi feita com os portadores de hanseníase, com os doentes mentais e com os tuberculosos. Todas essas pessoas incomodaram a sociedade e foram retiradas das ruas pelo Estado. Com os anos, nenhuma dessas internações deu resultado, porque você isola a pessoa e cria uma sociedade à parte, sem solucionar o problema. Ao tirar as pessoas da rua e interná-las à força, o crack não deixa de existir. E em algum momento elas vão sair da internação, pois ninguém pode ficar enclausurado para sempre. Logo vai aparecer outra droga e qual será o próximo passo? Vamos criar serviços de internação para cada nova droga? Esse é um assunto muito delicado e que desperta posições conflitantes. Alguns usuários questionam a internação compulsória e, ao sair, voltam a usar droga. Já outros agradecem pela internação depois que se recuperam.
    Como o Estado participa dessas internações?
    Nos locais em que ocorrem, elas são resultado de parceria do governo com a justiça. Nossa preocupação é que o Estado pode não dar conta de manter as internações compulsórias, porque isso é muito caro. A quem interessa a internação compulsória se o Estado não tem condição de internar todo mundo? As clínicas privadas vão se interessar e aí a pessoa deixa de ser um usuário de drogas, sabidamente doente, e se transforma em uma cifra. Quanto mais usuários, mais serviços privados e mais dinheiro o processo vai envolver. Já existe a intenção e esforço político para a causa, mas esse esforço tem que ser canalizado de forma inteligente.
    Como a universidade tem participado dos debates sobre dependência química e uso do crack e outras drogas?
    A UFMG difunde o conhecimento e cria políticas de multiplicadores desse conhecimento. A universidade ajuda a destruir mitos e a mostrar que este é um problema de saúde pública. Além disso, ela forma profissionais nas áreas da saúde que estão se preparando para enfrentar o problema. Muitos profissionais estão indo para o mercado de trabalho sem saber lidar com essa questão. Além disso, a UFMG tem feito avanços na pesquisa para gerar conhecimentos que ajudam a compreender melhor a dependência química.

    Fonte: Agência de Notícias da UFMG

    Particularmente não concordo com algumas ideias da professora, principalmente no que diz respeito à comparação que ela fez entre hansenianos, tuberculosos e dependentes de crack. A hanseníase e a tuberculose, assim como a Aids e outras doenças infecto-contagiosas não limitam a capacidade do doente de discernir e tomar decisões. Dependentes químicos, em geral, e de crack em particular, em graus muito avançados de fato não conseguem ter lucidez suficiente para decidir o que é melhor para eles, nem se querem mesmo se tratar ou não. Como afirmar que todo dependente químico que foi internado compulsoriamente tem recaída por esse motivo? Então, por que razão os que são internados voluntariamente também têm recaídas? O assunto é muito complexo e vai além de questões do tipo: concordo ou não concordo com essa ou com aquela política pública. O sistema prisional, igualmente, não resolve a questão da recuperação dos presos e nem por isso, não prender um infrator seria a solução ou perguntar para ele se ele quer ser preso seria a solução. Ah! não sou a favor da internação compulsória nem de hansenianos nem de tuberculosos ou aidéticos. Mas se internar compulsoriamente dependentes químicos não resolve, me parece que deixá-los à revelia também não. Vide caso recente do cantor Chorão, morto semana passada. A Justiça, sempre sábia, não concordou em interná-lo compulsoriamente e o fim da história nós vimos como foi. 

sábado, 2 de março de 2013

Memória celular


A música toca alto nos seus ouvidos através dos fones devidamente encaixados, mas assim mesmo aquela voz lá de dentro fala pra você que não vale a pena brigar, lutar, que é assim mesmo, mas que é possível mudar a realidade. Basta você querer. Bullshit. Besteira. Corta. E apressa o passo que o trem está chegando, mas que música é aquela? que lindo! aquele violão (é violão?), aquela marcação ritmada e uma vontade dançar, bater o pé, palmas e corre que o trem está perto. Atravessa a catraca, enrosca a alça da bolsa. Corre, chega o trem, abre a porta, entra, vê um lugar vago, senta. Olha pra janela. Não, fecha os olhos e sente a música que vai entrando pelos poros tomando conta das células. Vai explicando pra elas (pras células) que agora vocês estão aprendendo a dançar flamenco. É difícil, é diferente, vocês não estão acostumadas. Não? Como não? elas respondem. mas e a sua ancestralidade? Seus avós, bisavós, tataravós não eram espanhóis ou pelo menos é isso que seus sobrenomes por parte de pai e de mãe denunciam, Olé! Então? se existe memória celular para escassez, para repetir padrão negativo e blá-blá-blá deve haver memória suficiente aí nas suas células pra dançar flamenco, olé! Arriba! Gracia! por que não foi aprender espanhol? por que negou as origens? Só agora foi atrás de resgatar isso? Boa, olé! Nunca, nunca é tarde! e que sorte! Sorte? Sim, seu professor tem nome de  personagem de mito épico. Sabe quem foi Ulysses? De James Joyce? Não, o de Homero mesmo, o original. Ulisses, era casado com Penélope.
Que engraçado, há uns 20 anos um moço te chamava de Penélope charmosa...aquela personagem do desenho animado e você  gostava tanto...Agora Ulysses te ensina a dançar, mas você  não tem mais 30 anos. Só Ulisses. Mas as células já conhecem todos os passos, todos os ritmos, todas as canções. Só precisa reativar suas memórias. estrá tudo aí. Dentro de você. deixa sair, deixa subir, deixa evaporar. A música entra pelos poros e sai em forma de lágrimas. Mas por que estou chorando? De onde vem essa sensibilidade toda? Deve ser a música de José Antonio Rodriguez. O professor gravou 606 músicas no pen drive. 606? 6 é o seu número, aquele da numerologia, aquele da soma das letras etc. Duas vezes seu número com um zero no meio....
Jose Antonio Rodriguez, flamenco com pegada jazzística
O professor explicou: fiz três pastas: Pra gostar, Pra abrir os ouvidos e Essência. Primeiro ouça Pra gostar, depois, pra abrir os ouvidos e por último a essência. Pra gostar tem Vicente Amigo. O que é aquilo? É lindo demais. Mas no celular misturou tudo e aí não dá pra saber, mas acho que José estava na pasta essência. Ou pra abir os ouvidos? Não sei, só sei que cheguei à estação, desci, e as lágrimas por detrás dos óculos escuros teimavam em escorrer...Subi a escada rolante, desci na outra plataforma, tomei o segundo trem e, nada! Lá estavam elas novamente, intermitentes. As lágrimas, as notas, as células dançando ao som de J.A.R. e seu violão abrindo não os ouvidos, mas meu coração.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Velha, eu?

Difícil de ver. Sempre em movimento está o futuro.
Uma cliente em terapia relatou outro dia:" Será que estou com cara de muito velha? Velhinha?"
Devolvi assim: Por que você está preocupara com isso? Ela respondeu: "Não sei, ás vezes tenho a impressão que as pessoas me acham velha. Outras penso que me elogiam para me consolar. Como uma moça que não via há muito tempo. Ela me disse que eu estava muito bem e me perguntou o que eu andava fazendo. Eu dei risada e respondi: nada do que vc está pensando que eu estou fazendo! Muitas pessoas, muitas não, algumas, me tratam como jovem, me tratam como se não houvesse essa questão do tempo. Outras...não sei, não sei mesmo o que pensam a meu respeito. Algumas pessoas com quem convivo diariamente nunca me fizeram um único elogio, nem desses simples que se faz assim só para agradar, ou consolar, tipo, 'como vc está bonita hoje'. Esse é o tipo de elogia seletivo. Vc está bonita naquele dia por alguma razão especial. Isso não quer dizer que vc é uma pessoa bonita. Não, de jeito nenhum. Vc é uma pessoa comum, mas naquele dia estava bonita. Pode ser um dia que vc acordou de bem com a vida, com os gatos, com o cachorro, enfim. Pode ser um dia que vc se maquiou melhor, se vestiu com mais apreço...
Mas quando eu entro no metrô e alguém se apressa a se levantar para me dar o lugar...eu aceito, sabe?, mas sempre fico me perguntando, será que pareço ser assim tão velha? Afinal, aquela reserva de bancos especiais é para maiores de 60 e eu ainda não tenho essa idade...Quem inventou essa história de "melhor idade" não tem nem 40 anos!

domingo, 30 de dezembro de 2012

Domingo

Caminhos...
Você acorda, e ainda na cama alonga os músculos do corpo todo num espreguiçar enorme....olha para o celular na mesinha de cabeceira, vê que horas são e pensa que a noite, afinal, não foi de todo ruim mas podia ter sido melhor.
Enumera mentalmente e rapidamente o que precisa ser feito o que deve ser feito e não o que quer fazer/gosta de fazer enquanto afasta os lençóis e estica as pernas para fora da cama. Encontra os chinelos embaixo da cachorrinha que dormia ao lado, sai do quarto e, apesar da vontade de fazer xixi, desce a escada, abre a porta da sala, pega os jornais e vai para a cozinha. No caminho, vê a caca dos cachorros que precisa ser limpa e que hoje, por causa da chuva está pior a bagunça do que nos dias secos. Resiste a limpar a lavanderia e vai mesmo direto pra cozinha, mas não resiste á bagunça da mesa do sábado. Passa um Veja em tudo e quando percebe está fazendo isso também no balcão, e aí, para. Coloca a toalha limpa na mesa e vai ajeitar as xícaras, pires, talheres etc. Olha para a Tv e pensa se deve ou não ligá-la. Melhor seria ouvir uma música, um mantra...mas pra isso teria de subir até o quarto, pegar o CDplayer os CDs....desiste. Ajeita as xícaras nos pires, coloca as frutas nos pratinhos auxiliares, guardanapos...tudo em ordem/ mais ou menos, pensa. Só então vai beber seu leite com café. Antes, engole suco com farelo de trigo (ouviu num programa de Tv sobre saúde que é bom para o funcionamento do intestino) e junto vão as cápsulas de vitamina D, quitosana, spirulina e isoflavona, metade receitado pelo ginecologista para ajudar na menopausa, metade pegou por intuição na prateleira da loja de produtos naturais porque leu em algum lugar que ajudavam a emagrecer. Há 4 anos briga com a balança. Coincidentemente, há quatro anos não menstrua mais. Já fez caminhadas, academia, pilates, dietas orientadas por nutricionistas....e, nada. Piorou há dois anos quando resolveu reatar um casamento abandonado há 12 anos. Mas piorou muito mais quando há mais ou menos um, teve certeza de que a escolha fora equivocada. Aliás, parece que escolhas equivocadas são sua marca registrada. Você olha para as torradas com patê de peito de peru e chega quase a se deprimir.
Mas decide que não adianta chorar pelo leite derramado. Coloca a caneca personalizada dentro da pia, dá tchau pros pets, pega a bolsa e sai sem escovar os dentes. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Mais uma véspera da véspera

Quando eu era criança a véspera da véspera era como se fosse a véspera do Natal porque lá em casa a gente sempre abria os presentes na madrugada do dia 25. O dia 23 era de grande expectativa porque o dia 24 a gente ia à Missa do Galo - que eu nunca entendi por que tinha esse nome já que nunca vi galo nenhum na Missa - (depois de grande entendi, mas não vou explicar porque isso não é importante agora) e quando a gente voltava da igreja quase duas horas da madruga chegávamos em casa e não sei como nem quando mas minha mãe deixava todos os presentes embaixo da árvore e eu acreditava que era o Papai Noel que deixava tudo lá, uma vez até vi, eu juro, eu vi o dito cujo passar pelo céu com suas renas e trenó etc etc...Bom, eu chegava em casa e abria tudo. Sempre tinha muitos presentes. Não posso reclamar da minha infância. Não foi uma infância pobre. Ganhava muitas bonecas, pianinho, casinha de boneca, panelinhas, pratinhos, ganhava roupas, sapatos, sim, no plural....Tive Susi, Barbies, bonecas de todo tipo e tamanho, que falavam, que andavam, que choravam, que faziam xixi, que dormiam, que cantavam...
Aí,  a gente ia ceiar. Nós tínhamos uma moça que morava em casa e trabalhava para nós. Isso durou até os meus 12 ou 13 anos...depois veio a fase de menos valia. Mas isso é outra história.
A história boa é que durante muitos anos eu acreditei naquele bom velhinho que via na loja, sim, mas não entendia, como ele conseguia entregar presentes pra tantas pessoas que ele atendia lá naquela loja (era o Mappin! lá na Praça Ramos, uma loja de departamentos enorme com vários andares e ascensorista no elevador que ia falando: segundo andar, eletrodomésticos; terceiro andar, brinquedos, quarto andar, mesa, cama e banho...). naquela época não existiam shoppings. O nosso shopping era o Mappin, depois a Mesbla...ah como era chique comprar na Mesbla, como era bom quando as tias ricas te davam presentes da Mesbla, principalmente roupas! Eram sempre peças bonitas, finas, exclusivas...em São Caetano, onde eu nasci e morei até os 20 anos, não tinha essas coisas. Sim, depois a Mesbla veio pra santo André...do lado de SCS...ah e como era chique dar uma volta no centro de Santo André e andar pelas escadas rolantes da Mesbla que ficava na Praça do Carmo! sim, essa mesma onde está a Catedral do Carmo onde casaram meus primos e onde minha filha também se casou recentemente...
Ah, o Natal...as ceias eram lá em casa e os almoços do dia 25 também porque era meu aniversário (bom, é até hoje!), e ao contrário do que TODO MUNDO diz quando sabe que eu faço aniversário no Natal (ah, que chato, você ganha um presente só....) MENTIRA! EU SEMPRE GANHEI DOIS PRESENTES: um de NATAL e outro de ANIVERSÁRIO!!!! invejosos, morram de INVEJA! Eu ganhava DOIS presentes. Ou outros meros mortais é que ganhavam um só de Natal.
Então, no dia seguinte, a gente acordava tarde porque já tinha ido á Missa do Galo e não precisava acordar cedo pra ir á Missa de Natal. E aí era o dia do meu aniversário! No almoço já ganhava mais presentes, agora eram os de aniversário: da tia, do vô, da mãe, do pai...e o pessoal ia chegando, mais tios e tias e primos e primas e a casa ia lotando, e os presentes chegando....sempre dois: um de natal, outro de aniversário.
Muito bem, e daí! Depois dos 15 anos parece que tudo ficou meio estranho. Meu avô morreu, minha tia se mudou pra Santos, meu primo se divorciou (foi o primeiro da fila) e, sei lá....ficou tudo um tanto estranho. Meu irmão foi embora pra Guaratinguetá ser militar, depois foi morar no rio Grande do Sul...depois eu casei (a primeira vez), depois meu pai morreu...aí, sei lá, ficou tudo mais estranho ainda.
Às vezes bate a saudade daquele tempo, quando eu voltava da Igreja segurando a mão da minha mãe, de madrugada, pelas ruas quietas de São Caetano....vestindo um vestidinho engomado, com fitas coloridas, um sapato branco de verniz, uma fita no cabelo encaracolado....uma pulseirinha de ouro com meu nome gravado....olhando pro céu estrelado (que na época ainda era estrelado), vendo o Cruzeiro do Sul, as Três Marias, Vênus na linha do horizonte e, quem sabe, o Papai Noel em seu trenó dourado puxado pelas renas brilhantes.
Feliz sonhos, feliz lembranças para todos!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Lado homem, lado mulher

"Os homens costumam pensar e julgar-se apenas como homens, e as mulheres pensam e julgam-se apenas como mulheres, mas os fatos psicológicos mostram que todo ser humano é andrógino".

A frase é do psicanalista junguiano John Sanford (1929 - 2005) que defendia a ideia de que uma pessoa combina em sua personalidade tanto elementos masculinos quanto femininos. É como se fôssemos todos hermafroditas, palavra com origem no deus grego Hermafrodito, que nasceu de Afrodite e Hermes e  encarnava as características sexuais de ambos, ou seja, era um pouco Hermes e um pouco Afrodite.


Algumas lendas contam histórias da Gênese referindo-se ao homem/mulher como sendo uma única criatura e que o "castigo", ou a perda do Paraíso, teria sido justamente dividir/separar as duas partes do todo. Unidos, masculino e feminino teriam força absoluta. Separados se tornariam fracos e imperfeitos. Faz sentido?

Pode ser. Senão, de onde teriam saído as frases que encerram a sabedoria dos antigos sobre as pessoas serem completas apenas quando encontram suas caras-metades, ou as tampas de suas panelas, as metades de suas laranjas etc.

"Dentro de todo homem existe o reflexo de uma mulher, e dentro de cada mulher há o reflexo de um homem!", descreve o índio americano segundo mesmo John Sanford (2011).

Segundo ele, a ideia da androginia humana é antiga e, de fato, já foi intuída e expressa por vários filósofos, poetas e pensadores, sem falar na mitologia e nos contos de fadas.

No pop rock nacional, Pepeu Gomes, nos anos 70, já cantava em "Masculino e Feminino" 
Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...


E Gilberto Gil, um pouco depois também vai assumir seu lado feminino em "Super-homem":
Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver
Dá até a impressão que Pepeu e Gil se inspiraram nas teorias de Sanford. Mais contemporaneamente, do lado dos teóricos dedicados a compreender os mistérios do existir, o psiquiatra suíço (e quase herdeiro de Freud) C.G.Jung foi talvez um dos primeiros a observar esse fato psicológico da natureza humana e a tomá-lo em consideração ao descrever o ser humano no seu todo.

Jung chamou os opostos existentes no homem e na mulher de anima e animus. Onde anima é o componente feminino dentro do homem e animus é o componente masculino dentro da mulher.

Anima ou animus é aquilo que anima, que entusiasma, que empurra para a frente, que impulsiona!


No homem, geralmente mais racional, a anima representa o lado mais emocional ou sensível, que expressa mais seus sentimentos. Na mulher, normalmente mais emocional, o animus representa aquele lado que pensa mais, que organiza, planeja, faz contas.

Na prática, funciona mais ou menos assim: sabe aquele seu amigo sensível, educado, sentimental, de gestos mais refinados, ou seja, que não é nem se parece com um Shreck? Esse sujeito carrega uma anima bacana dentro dele. Ele é hetero, não é gay, e as mulheres o adoram porque ele não é um troglodita. Muitos homens pensam que as mulheres gostam de homens grosseiros. Ah, sim, tem umas que gostam. Mas, isso é outra história.

Agora, sabe aquelas mulheres que são lindas, ultrafemininas e ainda assim são bem-sucedidas na profissão, são ótimas executivas, conciliam vida pessoal e profissional numa boa sem sair do salto, derreter a maquiagem ou estragar o penteado? Então, essas mulheres têm um animus bacana dentro delas. Sem deixar o lado mais sensível elas conseguem ser bem-sucedidas naquilo em que os homens naturalmente enfrentam. Pelo menos era assim que Jung acreditava.

Isso quer dizer que quando as mulheres se dão bem com sua porção masculina, ou quando os homens convivem bem com sua porção feminina, a chance de serem pessoas felizes e bem resolvidas é muito maior do que quando vivem em conflito com seus opostos internos.

Detalhe: esta é uma visão da psicologia analítica de Carl Jung. Para ele, nossa psique funciona mais ou menos assim: conscientemente, um homem sabe que é homem e se sente assim. Inconscientemente ele projeta sua porção anima em uma (ou várias) mulher. Da mesma forma, a mulher inconscientemente projeta seu animus interno, embora conscientemente ela se veja e se sinta como mulher. Ou seja, a pessoa que atraímos para nosso relacionamento possui dentro dela o animus ou anima correspondente e semelhante ao que carregamos dentro de nós.


E para Jung, quais seriam as consequências disso?

Quando não se tem consciência desse processo, somos "tomados" por nossa parte oposta, quer dizer, ficamos refém dela. Por exemplo: homens constantemente mau-humorados, resmungões, geralmente possuem uma anima negativa, dominadora. Homens que não conseguem se relacionar bem com as mulheres, podem ter internamente uma anima estática, paralisada pela figura da mãe/santa, o que os levaria a ficar bloqueados para relacionamentos sexuais e até impotentes.

Da mesma forma, mulheres muito agressivas, possuem um animus infantilizado que está sempre competindo, inseguro precisando provar que é o melhor e vê em outros homens seus oponentes. O resultado é que a mulher talvez tenha dificuldade de se relacionar com os homens de forma saudável, porque eles sempre vão vê-la como uma concorrente, como se ela fosse um outro homem,  e não uma parceira.

Esse animus, digamos, negativo, por outro lado, destrói toda a parte criativa e sensível da mulher, a desqualifica e a desencoraja a ser feminina porque para esse tipo de animus, isso é sinônimo de fraqueza. Daí, a explicação para a existência de mulheres "fortes", porém, masculinizadas. Jung não faz nenhuma correlação com opção ou identidade sexual. Ele está tratando, nesse caso, apenas de relações heteroafetivas.

Segundo Jung, muitas vezes, nosso desconforto no trato com o sexo oposto surge das atitudes que nossos animus e anima nos levam a ter. O movimento é inconsciente, e, por isso, traz dor e sofrimento. Daí aquela famosa frase atribuída a Jung: "Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino".

Em tempos de muita discussão sobre igualdade de gênero, e demais temas relacionados, é interessante conhecer várias teorias. Em breve, vamos falar sobre a bissexualidade, constitutiva do ser humano, segundo o mestre Freud!

Este texto foi baseado no livro Os Parceiros Invisíveis, do psicanalista junguiano John Sanford.

Hermafrodita Dormindo é uma antiga escultura de mármore retratando Hermafrodito em tamanho natural deitado num colchão esculpido pelo artista italiano Gian Lorenzo Bernini em 1620. A forma é derivada em parte de antigos retratos de Vênus e de outros nus femininos e parte de retratos feminizadores contemporâneos de Dionísio/Baco. É um tema muitas vezes repetido no período helenístico e na Roma Antiga a julgar pelo número de versões que sobreviveram. Descoberta em Santa Maria della Vittoria, em Roma, o "Hermafrodita Dormindo" foi imediatamente reivindicado pelo cardeal Scipione Borghese e passou para a famosa Coleção Borghese. Conhecido a partir daí como Hermafrodita Borghese, a estátua foi depois vendida para o exército invasor francês e acabou no Louvre, onde está em exposição atualmente.



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ansiedade e depressão podem causar infarto


Ansiedade e depressão aumentam
em 60% o risco de infarto do miocárdio

Problemas cardíacos são responsáveis por 30% das mortes no Brasil. Considerada fator de risco para desenvolvimento de doença cardíaca, depressão será a doença mais comum em 2030, de acordo com a Organização Mundial de Saúde

            Hipertensão arterial, tabagismo, sedentarismo e obesidade são alguns dos mais conhecidos e explorados fatores de risco para o desenvolvimento de problemas cardíacos, que são responsáveis por 30% das mortes por ano no Brasil, mas a ansiedade e a depressão também precisam ser controlados para manter um coração saudável.
            O InterHeart, estudo que envolveu 52 países e teve como objetivo avaliar de forma sistematizada a importância dos fatores de risco para doença arterial coronariana, revelou que fatores psicossociais, como estresse e depressão, aumentam o risco de infarto em 60%. "A depressão e a ansiedade não eram tratadas  como coadjuvantes das doenças coronárias, porém hoje são tratados como marcadores de risco isolados e merecem atenção especial, pois podem ser confundidos com outras crises, como tristeza e melancolia", diz o cardiologista do Hospital do Coração, responsável pelo Programa de Cuidados Clínicos no Infarto do Miocárdio e membro do Comitê Diretivo do estudo Leopoldo Piegas.
            Após a avaliação de 30 mil pacientes que participaram do estudo, os pesquisadores concluíram que a depressão reduz o calibre dos vasos sanguíneos e eleva a pressão arterial. Já a ansiedade e estresse aumentam a produção de substâncias inflamatórias relacionadas a aterosclerose coronária.
            Os impactos da depressão no sistema cardiovascular também são causados devido as alterações comportamentais que a doença causa. "A pessoa em depressão ou alto índice de ansiedade são mais propensas a consumirem bebidas alcoólicas, cigarros, além de outros hábitos que favorecem o surgimento de doenças cardíacas", explica o médico Piegas.
            Outro fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares é o estresse, que está ligado diretamente à ansiedade e à depressão.
            Pesquisa realizada pelo setor de psicologia do HCor com executivos que realizam check-up na instituição revelou que 50% dos executivos com idade média de 40 anos sofrem de estresse.
            Das 234 pessoas avaliadas, 79% são do sexo masculino e 21% do sexo feminino, sendo que 37% ocupam cargos de gerência, 20% cargos de analistas, 8% são engenheiros e 35% outras profissões. Dos sintomas provenientes do estresse destaca-se a ansiedade, com 75% e a irritabilidade com 51%. "Os fatores relacionados ao estresse estão presentes no relacionamento familiar, tempo reduzido para o lazer, sedentarismo, insônia e oscilações de humor. Além disso, características de personalidade, como, perfeccionismo, elevada autoexigência, ansiedade e ligação com o trabalho interferem na intensidade do estresse", explica  a chefe do Serviço de Psicologia do hospital dra. Silvia Cury.

Infelizmente, poucos profissionais da área da saúde indicam psicoterapia para pessoas com esse quadro de estresse, ansiedade e/ou depressão relacionado no estudo internacional.
Ainda existe muito preconceito. As pessoas têm vergonha de dizer que fazem terapia, dizem que isso ou é coisa de louco ou de artista ou de rico ou de quem não tem o que fazer.
E, assim, muitas vidas deixam de ser salvas por puro desconhecimento. Seria muito bom que mais e mais cardiologistas e outras especialidades médicas, pois, em geral, todas as doenças têm como causa fatores psicossociais como estresse, depressão e ansiedade não tratadas, prescrevessem aos seus pacientes não só medicamentos mas, principalmente, um tratamento psicoterápico. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

FREUD E O LUCRO DOS SEUS NEGÓCIOS


Luiz Fernando Garcia
Neste post, dou espaço para Luiz Fernando Garcia que é especialista em psicodinâmica aplicada à gestão. Ele  reúne empresários de médio e grande porte e por meio de uma terapia em grupo ajuda-os a compreenderem e, com isso, alterarem seus comportamentos no dia a dia dos negócios.
 No artigo “Freud e o lucro dos seus negócios”, Luiz Fernando explica como o controle de alguns comportamentos _ presentes na rotina dos negócios  e também estudados por Freud – pode melhorar o desempenho de toda a empresa.




O que o famoso alemão Sigmund Freud tem a ver com o sucesso de empresários e seus empreendimentos? Muitas vezes, a reposta é simples: tudo. Entender os conceitos da Psicanálise e aplicá-los à prática do universo corporativo pode ser a solução para muitos homens e mulheres que não conseguem entender por que suas empresas não conseguem ter um bom desempenho.

Considerado por muitos como um dos grandes gênios dos séculos XIX e XX, Freud deixou um legado àqueles que buscam o entendimento da própria mente – fato este que, muitas vezes, não é almejado pelos donos de negócios. Sobre isso, vale dizer que um dos maiores desafios que enfrento no dia a dia com empresários é fazer com que entendam que a origem de problemas como baixos resultados financeiros pode não estar em estratégias, funcionários ou sócios. Em grande parte dos casos, o ponto-chave é a própria dinâmica mental desses executivos.

Ao se aproximarem dos conceitos do Pai da Psicanálise, homens e mulheres de negócios “desatam os nós” que possuem, e quase sempre passam a colher os frutos com o melhor desempenho de todos na empresa e, consequentemente, com o aumento dos lucros. Durante a convivência com mais de 1.200 empresários ao longo dos últimos 12 anos, busquei fazer com que entendessem os Mecanismos de Defesa da Psicanálise, algo constantemente presente no cotidiano corporativo.

Praticamente todos os empresários, inconscientemente, põem em prática esses mecanismos, o que prejudica – e muito – o desempenho dos negócios. Ao levar para a empresa um problema mal resolvido em casa, eles aplicam o que Freud chamou de Deslocamento e apenas transferem as preocupações de ambiente. Outro fator presente no comportamento dos donos de negócios é a Negação. Ou seja, eles deixam de enxergar determinado problema para realizar seu objetivo, por exemplo, um investimento arriscado. Mesmo que os números do relatório preparado pelo contador apontem que o momento não é propício para ampliar a fábrica ou fazer contratações, os empreendedores em estado de negação optam pelo caminho do “sei que vai dar certo” e correm até o risco de quebrar.

Além de negar o risco em uma negociação, o empresário, frequentemente, é “muito apaixonado” por seu negócio. Por conta disso, põe em prática a Idealização para justificar uma decisão, especialmente as que parecem não fazer sentido para o restante das pessoas. A chamada Projeção também é algo muito presente no ambiente empresarial. Esse Mecanismo de Defesa pode ser observado, por exemplo, em uma relação de sociedade, com a transferência de desejos ou conteúdos que estão em você ao outro – “ele vive viajando” e “ele vive com mulheres mais jovens” são frases que podem exemplificar esse tipo de atitude. Em linhas mais populares, poderíamos tratar esse último tópico como “uma inveja disfarçada pela visão crítica”, já que os defeitos dos outros são, na verdade, muitas vezes as virtudes que gostaríamos de ter.

Com o conhecimento dos conceitos da Psicanálise e a prática de algumas técnicas, esses comportamentos inconscientes são compreendidos e alterados. Ao mudar sua maneira de pensar, o empresário também passa a agir de forma diferente. Isso potencializa o desempenho de seus subordinados e acaba por ampliar os lucros nos negócios.

Luiz Fernando Garcia – Administrador de Empresas, criador da metodologia de Psicodinâmica em Negócios, formando em Psicanálise e responsável pelo desenvolvimento de mais de 50 metodologias de treinamento destinadas à capacitação de empresários e profissionais de liderança, com mais de 1.500 empresas atendidas em 30 mil horas de aplicação em estratégia de desenvolvimento.

domingo, 12 de agosto de 2012

Jung e sua impopularidade

Jung em 1910
Uma das razões para a impopularidade de Jung é o fato de ele sempre bater na tecla da necessidade do autoconhecimento, para que as pessoas se transformassem em pessoas melhores (através do processo de individuação) e as pessoas sendo melhores o mundo se transformasse num mundo melhor.

Um texto que retrata bem essa posição de Carl. G. Jung, está no livro "Sobre o Amor", em que o analista suíço fala sobre o autoconhecimento e sua importância. 

"Deveríamos ter algo como escolas para adultos, m que poderíamos ensinar às pessoas pelo menos as coisas mais elementares do autoconhecimento e do conhecimento das pessoas. Já fiz essa proposta várias vezes, mas ela permaneceu como um desejo de fé, apesar de todos admitirem teoricamente que sem autoconhecimento não pode haver um entendimento geral. Acabaríamos encontrando meios e caminhos caso se tratasse de algum problema técnico. Mas como se trata apenas do que é mais importante, ou seja, da alma do ser humano e dos relacionamentos humanos, não existem professores nem alunos para isso, nem material didático nem currículos, tudo fica sempre encalhado naquele encolher de ombros, no 'deveríamos'. É muito impopular dizer que cada um deveria começar consigo mesmo por isso tudo continua na mesma. Só quando as pessoas ficam tão nervosas a ponto de o médico diagnosticar uma neurosa é que consultamos os especialistas, cujo horizonte na medicina via de regra não inclui a responsabilidade social." (Briefe II 419)

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...