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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Filhos? Por que tê-los?


Vinícius de Moraes no "Poema Enjoadinho", já dizia:

Filhos...  Filhos?

Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?

Segundo pesquisas recentes, existem 17,1% de casais sem filhos no Brasil; 5 milhões de solteiros moram sozinhos e 13,7 milhões de mulheres não querem engravidar (14% das brasileiras).
É esse assunto que o livro

Sem filhos por opção - casais, solteiros e muitas razões para não ter filhos!  lançamento da Editora nVersos,  traz à tona colocando em discussão o novo perfil das famílias brasileiras. 

 Mais do que quebrar “tabus”, a proposta deste inédito livro no Brasil, escrito com muito afinco pelo casal Edson Fernandes e Margareth Moura Lacerda, é promover um intenso debate que vai do “casamento sem filhos” até um grande panorama e desmistificação do que são hoje os “Casais Dink” e “Famílias X, Y e Z”.
 “Na virada do século a ‘família’ continua sendo um conceito repleto de mitos, inerente à procriação, portanto, ao convívio com crianças. Refletir ou simplesmente projetar um relacionamento familiar sem crianças é uma situação inusitada, pouco aceita, para não dizer que é motivo de preconceito e de banimento social. Seria possível questionar esse paradigma no século XXI?”. A indagação vem do sociólogo, mestre em filosofia e história da educação Antonio Celso de Oliveira, que antemão elogia e se surpreende com a obra.
 Ainda sobre o olhar de Oliveira, cabe dizer que este livro é um denso e refinado conjunto de dados socioeconômicos, políticos e psicológicos e com variados depoimentos. Fernandes, que é doutor em comunicação, e Margareth, psicóloga e filósofa, proporcionam aos leitores condições objetivas de reflexão e projeção sobre mudanças reais na ideia de “Família”.
  Para a psicóloga Maria G. Rios-Lima, psicóloga, mestre e doutora em psicologia clínica pela Universidade de São Paulo (USP), o casal se posiciona claramente em favor da ausência voluntária de filhos e reúnem de forma cuidadosa argumentos e dados dos mais diversos âmbitos para embasar tal escolha. “Provam que, ao contrário de uma visão social carregada de estigmas, é possível alcançar uma vida plena e significativa sem filhos. Dentre as tantas possibilidades de projetos e realizações que a pós-modernidade oferece, casamento e filhos passam de destino a opção, e, muitas vezes, acabam por não valer a pena”.
 Eles, que já sofreram preconceitos por não terem filhos, resolveram mostrar com muita teoria e pesquisa, além de depoimentos que demonstram na prática, que a condição de vida optada por eles não deve e não pode ser condenada. “Ainda assim, na sociedade contemporânea é preciso coragem para não ter filhos. Você é visto como um extraterrestre. As pessoas olham como se você não fosse ‘normal’”, observam Edson e Margareth.
Um toque especial do livro é o prefácio da talentosa e já conhecidíssima no mercado editorial, Regina Navarro Lins, sexóloga, psicanalista e autora do best-seller A Cama na Varanda, além de colunista do Portal IG e do Jornal O Dia (RJ).
 Sobre os autores:
Edson Fernandes é doutor em Comunicação, professor universitário, escritor e pesquisador. Margareth Moura Lacerda é psicóloga, pedagoga e filósofa, e trabalha na área de Recursos Humanos.
Eles estarão no dia 2, sábado a partir das 15h30 na Livraria Martins Fontes, na avenida Paulista, 509, recebendo os leitores.
Em breve, traremos mais detalhes sobre o assunto.
Ficha técnica
ISBN: 978-85-64013-55-1
Formato: 14 x 21 cm
Páginas: 195
Preço: R$ 49,90

Parar de fumar engorda?


Isso é mito. Nutricionista da Rede D'Or lista os alimentos mais indicados para quem acabou de largar o cigarro. Exercícios físicos, terapia e alimentação saudável impedem de engordar o indivíduo disposto a parar de fumar.

Que lutar contra a dependência do cigarro é difícil, isso os médicos, neurocientistas, fumantes e ex-fumantes já sabem. Seja pelo fato de a nicotina agir no sistema nervoso como estimulador da produção de neurotransmissores que geram a sensação de prazer, seja pelo medo que se tem de engordar após largar o cigarro, estes dois fatores têm forte ligação explicada pela influência da nicotina no cérebro. Segundo a nutricionista Juliana Martins, do Hospital Copa D’Or no Rio de Janeiro, não é um mito que quem tenta abandonar o cigarro tem grandes chances de engordar.

“A nicotina provoca duas sensações no fumante: bem estar e alterações no olfato e no paladar. Geralmente, a pessoa se sente bem ao fumar e, como não sente mais tanta atração pela comida, acaba se bastando muitas vezes no cigarro”, explica  Juliana. Além de inibir a fome, a substância acelera o metabolismo e pode levar a uma perda de peso natural. “O equilíbrio do peso causado pelo cigarro não é saudável, no entanto, pois se o fumante se deixa levar pela falta de apetite e não se alimenta, pode chegar a um quadro de desnutrição”, diz.

Quando consegue parar de fumar e a nicotina deixa de fazer efeito no organismo, em poucos meses o fumante já sente diferenças no olfato e no paladar. Ao aguçar estes dois sentidos, essenciais para o apetite, existem fortes chances de o indivíduo aumentar consideravelmente a ingestão de alimentos. Outro efeito comum é substituir o prazer que a nicotina garantia ao cérebro por meio de balas, chocolates e outras guloseimas altamente calóricas e pouco nutritivas. O melhor seria beber água em vez de consumir guloseimas. Além de auxiliar na desintoxicação, ajuda a perder peso.

A nutricionista recomenda a prática de exercícios físicos e psicoterapia como formas de aliviar as tensões pós-cigarro, uma vez que também são fontes naturais de liberação de bem estar. A alimentação também pode ser uma boa aliada para que o estágio entre o fim do tabagismo e a nova vida não seja uma etapa marcada por frustrações estéticas.

Dicas de alimentos que devem ser incluídos na alimentação:

•Tomate, melancia e goiaba são ricos em licopeno, que além de combater o envelhecimento das células, estimula o sistema de defesa do organismo;
•Vegetais crucíferos, como brócolis, couve-flor e repolho são fontes de sulfarofanos, capaz de eliminar substâncias químicas;
•O resveratrol, a catequina e a epicatequina, antioxidantes presentes nas uvas vermelhas, sucos de uva e vinho tinto, são fundamentais para combater os radicais livres;
•Frutas cítricas (laranja, acerola, limão, goiaba e tangerina) também estão na lista dos alimentos fontes de antioxidante, pois são fontes de vitamina C que estimula o sistema imunológico;
•O chá verde e o chá branco são excelentes fontes de flavonoides e compostos antioxidantes;
•Vitaminas do complexo B, presentes nos cereais integrais, como aveia e os minerais zinco e magnésio encontrados na semente de abóbora, castanha de caju, nozes e pistache também auxiliam na proteção das células contra os radicais livres;
•O consumo de alho cru, como tempero, por exemplo, fornece sulfetos alílicos, como os antioxidantes aliina e alicina. Além disso, auxilia no combate a infecções atuando coimo antibiótico natural;
•Consumo de alimentos integrais e ricos em fibras é importante para o controle da saciedade. A chia é um grão rico em ômega 3 e que possui grande poder no controle da saciedade, sendo recomendado o consumo de 1 colher de sopa ao dia;
•Além destas inclusões, a ingestão de líquidos (além do leite e dos laticínios) e a alimentação regular a cada 3 horas é importante.




quinta-feira, 24 de maio de 2012

Abusos e abusadas

Eu não vi, mas fiquei sabendo que no domingo 22 uma famosa apresentadora da televisão deu um depoimento sobre os abusos que sofreu quando criança, de uma pessoa próxima, um parente ou algo assim.
Acho interessante que pessoas famosas e conhecidas relatem publicamente que sofreram abusos na infância porque isso, infelizmente, é mais comum do que se pode imaginar. No ano passado uma outra pessoa conhecida, irmã de um grande empresário do ramo de supermercados fez uma revelação semelhante. Uma ex-modelo, famosa nos anos 80, também apareceu num programa de entrevistas na tevê comentando sobre os abusos que sofreu. Em comum, além de da beleza, as moças foram molestadas por familiares muito próximos, pessoas que conviviam com elas no seu dia a dia.
Não acho que abusos estejam acontecendo mais só nos dias de hoje (leia reportagem com os índices do Ministério da Saúde no fim deste texto). Acho que isso sempre ocorreu. Mas não era tão divulgado, as pessoas não tinham nenhum tipo de apoio familiar nem terapeutas (isso era coisa de louco ou de rico) que pudessem ouvir seus dramas. E essas pessoas famosas virem agora a público revelando seus segredos de infância só reforça minha tese. Muitas pessoas que estão lendo este blog neste momento podem ter passado por situação semelhante e, provavelmente, nunca comentou o fato com ninguém.
Eu também sofri abusos quando criança. O primeiro de uma pessoa da família bem próxima a mim. O abuso na verdade não se concretizou completamente porque outra pessoa interrompeu. Foi a minha salvação. Mas, assim como a maioria dos que sofrem abusos, eu também não contei nada pra ninguém. Porque, assim como a maioria das pessoas, se contasse, isso implicaria delatar alguém muito próximo, alguém tido como de confiança da família....e aí? como ficaria a situação? essa pessoa, o abusador, seria condenado, punido...e eu ficaria no papel de algoz. Eu era muito pequena, devia ter uns 4 ou 5 anos. Mais tarde, com 8 ou 9, fui bolinada por um senhor, um alfaiate que fazia roupas para minha mãe e para mim e que era pai de uma das melhores amigas dela. Saí correndo do ateliê do velhinho que ficava na edícula da casa dessa amiga da minha mãe Entrei na cozinha onde elas conversavam animadamente. Elas devem ter percebido que algo acontecera. Me perguntaram, mas eu não tive coragem de falar. Como eu ia estragar a amizade da minha mãe com aquela moça tão boa, tão bacana? Não falei nada, mas depois, a caminho de casa, disse à minha mãe que não queria mais fazer roupas com o senhor fulano, que preferia comprar em lojas que eram mais modernas do que as roupas que ele fazia. Ela não fez nenhum comentário. Mas nunca mais fizemos roupas com o alfaiate sacana. Não sei se ela desconfiou de algo...talvez intuitivamente, quem sabe? O fato é que não fiz mais as roupas lá.
Uma de minhas filhas também foi molestada quando era criança. Foi molestada por uma menina mais velha, filha de uma amiga minha. Viviam brincando juntas - porque apesar de mais velha a garota era bem infantilizada - .Ela só me contou depois de adulta...perguntei pra ela por que não me contara na ocasião? e ela me deu os mesmos motivos pelos quais eu também não revelei à minha mãe os abusos que sofri. Se ela contasse, a amizade entre mim e a mãe da menina acabaria e ela seria responsabilizada por isso.
Desconheço se minha mãe sofreu algum abuso na infância. Mas uma das irmãs dela disse que foi molestada pelo próprio pai, ou seja, meu avô, aquele velhinho risonho, que era tão carinhoso comigo, que levava bombons Sonho de Valsa todos os domingos numa caixa em formato de coração quando ia almoçar na minha casa... Bom, ela teve coragem de falar, mas ninguém na família lhe deu crédito. Não sei o que é pior. Carregar o segredo para o resto de sua vida ou revelá-lo e ninguém acreditar e você ainda passar por mentirosa, imaginativa, pessoa que vê coisas, ou ainda ser acusada de alguma forma ter provocado aquela situação, e isso é muito comum. Não ser considerada, nesses casos, ou seja, não ter crédito, causa mais trauma do que o abuso em si.
Conheço umas cinco moças e pelo menos dois rapazes que também sofreram algum tipo de abuso na infância. Algumas dessas pessoas contaram, foram consideradas, outras não contaram. Algumas amargam até hoje consequências doídas dessa situação vivida quando crianças...outras, viveram suas vidas como se nada tivesse acontecido, guardaram num cantinho da memória aquilo que lhes faz tanto mal um dia.
Sofrer um abuso nos causa um constrangimento muito grande. Vergonha, culpa, são sentimentos que acabam nos acompanhando por muito tempo.
Veja bem: o abuso que eu sofri não é nada comparado com o abuso que milhares de crianças sofrem todos os dias de pais, tios, irmãos, padastros estupradores. Pais e padastros que abusam de suas filhas anos a fio. Filhas que geram filhos de seus abusadores.
Esse não foi o meu caso nem de minhas conhecidas, mas nem por isso, por ser algo "menos" contundente, deixamos de sofrer o trauma. Porque toda violência gera um trauma.
A diferença da consequência do ato de abuso na psique de uma pessoa para outra é a interpretação que ela dá ao fato. Existem relatos de meninas que abusadas por seus parentes próximos anos a fio diziam pensar que era assim mesmo já que suas mães, muitas vezes, eram coniventes com o caso. Tinham conhecimento e nada faziam. 
Cada caso é um caso. Nunca podemos generalizar.
Uma pessoa como a apresentadora famosa pode ter virado o jogo e, inconscientemente, pensado: ninguém mais vai abusar de mim. Vou crescer, ser feliz, ter sucesso! e vai em frente! Outras, também inconscientemente, acabam acreditando que mereceram ser abusadas e passam a vida sendo "abusadas" por terceiros: abusam de sua paciência, de seu talento, de seu tempo, de sua saúde, beleza....
Contar é sempre melhor do que não contar. Muitas vezes o apoio de uma terapia é o melhor caminho para amenizar os prejuízos causados na alma do(a) abusado(a).
Abuso é abuso. Não é brincadeira. E é crime. Confira mais dados oficiais na reportagem abaixo que transcrevi do site Terra.

A violência sexual em crianças de até 9 anos é o segundo maior tipo de abuso de força característico desta faixa etária, ficando pouco atrás apenas das notificações de negligência e abandono. A conclusão é de um levantamento inédito do Ministério da Saúde, que registrou 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos em 2011.
O abuso sexual contra crianças até 9 anos representa 35% das notificações. Já negligência e abandono tem 36% dos registros. Os números são do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde. O VIVA possibilita conhecer a frequência e a gravidade das agressões e identificar a violência doméstica, sexual e outras formas (física, psicológica e negligência/abandono). Esse tipo de notificação se tornou obrigatório a todos os estabelecimentos de saúde do Brasil, no ano passado.
A maior parte das agressões ocorreram na residência da criança (64,5%). Em relação ao meio utilizado para agressão, a força corporal/espancamento foi o meio mais apontado (22,2%), atingindo mais meninos (23%) do que meninas (21,6%). Em 45,6% dos casos, o provável autor da violência era do sexo masculino. Grande parte dos agressores são pais e outros familiares, ou alguém do convívio muito próximo da criança e do adolescente, como amigos e vizinhos.
"Todos os dias, milhares de crianças e adolescentes sofrem algum tipo de abuso. A denúncia é um importante meio de dar visibilidade e, ao mesmo tempo, oportunizar a criação de mecanismos de prevenção e proteção. Além disso, os serviços de escuta, como o disque-denúncia, delegacias, serviços de saúde e de assistência social, escolas, conselhos tutelares e a própria comunidade, devem estar preparados para acolher e atender a criança e o adolescente", afirma a diretora de análise de situação em saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta. "Este assunto deve ser debatido incansavelmente nas escolas, comunidades, família, serviços de saúde, entre outros setores da sociedade", ressalta ela.
Os dados preliminares mostram que a violência sexual também ocupa o segundo lugar na faixa etária de 10 a 14 anos, com 10,5% das notificações, ficando atrás apenas da violência física (13,3%). Na faixa de 15 a 19 anos, esse tipo de agressão ocupa o terceiro lugar, com 5,2%, atrás da violência física (28,3%) e da psicológica (7,6%). Os dados apontam também que 22% do total de registros (3.253) envolveram menores de 1 ano e 77% foram na faixa etária de 1 a 9 anos. O percentual é maior em crianças do sexo masculino (17%) do que no sexo feminino (11%).http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5788485-EI5030,00-Abuso+sexual+e+o+segundo+maior+tipo+de+violencia+no+Brasil.html

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Existe receita da felicidade?


  • Tenha saúde suficiente para trabalhar com prazer (se não sente prazer nem em trabalhar nem em seu trabalho atual, pare e repense sua vida).

  • Uma pitada de força (de vontade) para lutar contra as dificuldades e superá-las.

  • Alguma humildade para admitir os próprios erros e se perdoar.

  • Muita paciência para perseverar até atingir o seu objetivo (pressupondo que você já tem um objetivo. Se não tem, não seria o caso de pensar sobre isso?).

  • Bastante caridade para ver algo de bom e positivo no próximo (seja ele quem for).

  • Amor por si mesmo para poder ser útil às pessoas (aliás, sem isso os itens anteriores deixam de existir automaticamente).

  • Muita, muita fé para transformar em realidade as coisas divinas (entenda por coisas divinas todos os seus sonhos e desejos).

  • Um tantinho de esperança para afastar os temores acerca do futuro (até porque o futuro não existe; quando ele chega é o presente. Então, viva o hoje e esqueça o ontem).




As dicas originalmente foram escritas há mais de um século pelo escritor alemão Goethe.
Tomei a liberdade de colocar minhas impressões entre parênteses.
Encontrei o texto no livro "Nietzsche para estressados" de Allan Percy.

terça-feira, 20 de março de 2012

É preciso amar (a si mesmo) como se não houvesse amanhã

No livro "Nietzsche para estressados", de Allan Percy (Sextante, 2009) encontramos algumas dicas para o dia a dia, baseadas nos aforismos do célebre pensador alemão nascido em 1844.

"Precisamos amar a nós mesmos para sermos capazes de nos tolerar e não levar uma vida errante"


Aqui estão cinco passos para aumentar a autoestima:


1. Viva para si mesmo, não para o mundo. As pessoas que não sabem amar a si mesmas buscam constantemente a aprovação alheia e sofrem quando são rejeitadas. Para quebrar essa dinâmica, devemos admitir que não podemos satisfazer a todos.
2. Fuja das comparações. Elas são uma importante causa de infelicidade. Muita gente tem qualidades e atributos que você não tem, mas você também possui virtudes que não estão presentes nos outros. Pare de olhar para os lados e trabalhe na construção de seu próprio destino.
3. Não busque a perfeição. Nem nos outros nem em si mesmo, já que a perfeição não existe. O que existe é uma margem para melhorar.
4. Perdoe seus erros. especialmente os do passado, pois já não podem ser contornados nem têm qualquer utilidade. Aprenda com eles, para não repeti-los.
5. Pare de analisar. Em vez de ficar penando no que deu errado, é muito melhor agir, porque isso permite aperfeiçoar suas qualidades. Movimentar-se é sinal de vida e de evolução.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Afinal, o que é psicoterapia?

Por  Adriana Tanese Nogueira 

“A psicoterapia é um ramo da arte de curar que se desenvolveu e alcançou uma certa autonomia nos últimos cinquenta anos. As opiniões neste campo foram se transformando e se diferenciando de vários modos, e a massa de experiências que se acumulou deu lugar a diferentes interpretações. Isso porque a psicoterapia não é aquele método simples e único que num primeiro tempo se acreditava, mas revelou-se aos poucos uma espécie de “procedimento dialético”, um dialogo, uma avaliação entre duas pessoas. A dialética, originariamente arte de conversar dos filósofos antigos, logo serviu para designar um processo criativo de novas sínteses.” (“Pratica della Psicoterapia”, C. G. Jung Opere, Torino, Boringhieri, 1981, Vol. XVI, p. 7).

          Essas são as primeiras palavras que abrem o livro de Jung “Princípios da psicoterapia prática”, cuja primeira edição saiu em 1935. Vejamos o que elas querem dizer.
          A psicoterapia é uma cura, precisamente “uma arte de curar”, uma forma de produzir saúde, no caso, saúde “mental”. A saúde psíquica em questão se expressa como alegria de viver e geral bem estar, capacidade de tomar iniciativas, de  concentrar-se e perseguir os objetivos postos, criatividade para formular projetos de vida e atividades, independência física, emocional e intelectual, habilidade de reagir de forma adequada frente às decepções e dificuldades. É psicologicamente saudável a pessoa age não conforme estereótipos e “obrigações morais”, mas como resultado de sua profunda auto-consciência. Também, possuir discernimento e escolha faz parte do ser psicologicamente saudável.
          Psicoterapia não é destinada a doentes mentais, apesar deles poderem em alguns casos se beneficiar dela como tratamento colateral ao psiquiátrico. Esquizofrenia, psicóses, alucinações e outros distúrbios mentais graves pode ser inteiramente devidos a problemas orgânicas, necessitando portanto de tratamento médico. O psicoterapeuta não faz uso de remédios e conta com a consciência do analizando para poder fazer seu trabalho. Quando esta consciência (de qualquer nível for) faltar, o único tratamento possível é o psiquiatro. Como Jung escreve, psicoterapia é dialogo, e sabemos que com os loucos não tem conversa.
          A psicoterapia é destinada a todas as pessoas “normais” que não estão satisfeitas com sua vida ou aspectos da mesma. São pessoas que querem entender o que sentem e por que sentem o que sentem; desejam se conhecer para compreender suas escolhas e as situações que vivem; querem mudar o padrão de suas relações ou encontrar a bússola para sua vida. Enfim, a psicoterapia é para pessoas “normais” que têm problemas. Estes porém todos temos, problemas fazem parte da vida. Então por que fazer terapia?
          Einstein disse: “É a teoria que decide o que podemos observar”, o que significa que a mentalidade que temos (a teoria) nos faz ver uma coisa e não outra, privilegia pontos de vista, esconde ou revela o que é aceito pelos seus conceitos. Ninguém percebe o que seus olhos não estão acostumados a ver; a forma de pensar decide o que existe e o que não existe, além de dar interpretações previstas pela “teoria”. Logo, quando não se consegue resolver um problema é preciso analisar os olhos que estão enxergando esse problema. Isso é o que a psicoterapia faz (além de muitas outras maravilhas).
          A psicoterapia oferece outro ponto de vista. Ele é sempre mais abrangente e rico do que a mentalidade comum, mesmo aquela dos “cultos”, porque sua visão basea-se não só num mais amplo conhecimento da natureza humana como também nos conteúdos inconscientes (sonhos, sensações e etc.). O ponto de partida da psicoterapia é também mais profundo do que o da mentalidade comum porque pressupõe que o psicoterapeuta tenha feito seu trabalho interior e tenha conhecimentos que vão desde as teorias que ele segue à física quântica, antropologia, mitologia, literatura, sociologia e etc.
          Concluindo, psicoterapia é um trabalho de cura baseado no processo de auto-conhecimento do analisando ajudado pelo psicoterapeuta. Acontece semanalmente, uma ou duas vezes por semana, quando analista e analisando se encontram. É pago, pois esta é uma profissão e não um hobby, e fundamenta-se no compromisso, honestidade e continuidade de ambas as partes. O objetivo da psicoterapia é promover o bem estar do indivíduo, capacitando-o a compreender-se melhor e, portanto, a direcionar sua vida de acordo com suas necessidades reais, enfrentando de forma apropriada os conflitos e dificuldades que encontrar. A chave para isso tudo é o poderoso processo de evolução da consciência que leva para inesperadas e atraentes novas interpretações e modos de viver.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Chega de viver entre o medo e a raiva!

O texto abaixo é de autoria do psiquiatra José Angelo Gaiarsa, introdução ao livro de Roberto Shyniashiki A Carícia Essencial. O título original é: AS CARÍCIAS E O ILUMINADO. Mas decidi usar a primeira frase do texto como título aqui no blog por expressar, na minha opinião, o que de fato precisamos vivenciar. O texto é uma delícia! Saudades, dr. Gaiarsa. O sr. faz falta cá deste lado do universo! Ainda bem que deixou textos desse naipe para nosso deleite e crescimento.

Chega de viver entre o medo e a raiva! Se não aprendermos a viver de outro modo, poderemos acabar com nossa espécie.
É preciso começar a trocar carícias, a proporcionar prazer, a fazer com o outro todas as coisas boas que a gente tem vontade de fazer e não faz, porque "não fica bem" mostrar bons sentimentos! No nosso mundo negociante e competitivo, mostrar amor é... Um mau negócio. O outro vai aproveitar, explorar, cobrar... Chega de negociar com sentimentos e sensações. Negócio é de coisas e de dinheiro - e pronto!
Bendito Skinner - apesar de tudo! Ele mostrou por A mais B que só são estáveis os condicionamentos recompensados; aqueles baseados na dor precisam ser reforçados sempre - senão desaparecem. Vamos nos reforçar positivamente.
É o jeito - o único jeito - de começar um novo tipo de convívio social - uma nova estrutura – um mundo melhor.
Freud ajudou a atrapalhar mostrando o quanto nós escondemos de ruim; mas é fácil ver que nós escondemos também tudo o que é bom em nós, a ternura, o encantamento, o agrado em ver, em acariciar, em cooperar, a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo o brincar – com o outro. Tudo tem que ser sério, respeitável, comedido - fúnebre, chato, restritivo, contido...
Há mais pontos sensíveis em nosso corpo do que estrelas num céu invernal.
"Desejo", latim de-si-derio; provém da raiz "sid", da língua zenda, significando ESTRELA como se vê em sideral - relativo às estrelas.
Seguir o desejo é seguir a estrela - estar orientado - saber para onde se vai - conhecer a direção...
"Gente é para brilhar" diz mestre Caetano.
Gente é, demonstravelmente, a maior maravilha, o maior playground e a mais complexa máquina neuromecânica do Universo Conhecido. Diz o Psicanalista que todos nós sofremos de mania de grandeza, de onipotência.
A mim parece que sofremos todos de mania de pequenez.
Qual o homem que se assume em toda a sua grandeza natural? "Quem sou eu, primo..." Em vez de admirar, nós invejamos por não termos coragem de fazer o que nossa estrela determina.
O Medo - eis o inimigo.
O medo principalmente do outro, que observa atentamente tudo o que fazemos - sempre pronto a criticar, a condenar, a pôr restrições - porque fazemos diferente dele.
Só por isso. Nossa diferença diz para ele que sua mesmidade não é necessária. Que ele também pode tentar ser livre - seguindo sua estrela. Que sua prisão não tem paredes de pedra, nem correntes de ferro. Como a de Branca de Neve, sua prisão é de cristal – invisível.
Só existe na sua cabeça. Mas sua cabeça contém - é preciso que se diga - todos os outros - que de dentro dele o observam, criticam, cometem - às vezes até elogiam!
Porque vivemos fazendo isso uns com os outros - nos vigiando e nos obrigando - todos contra todos - a ficarmos bonzinhos dentro das regrinhas do bem comportado - pequenos, pequenos. Sofremos de megalomania porque no palco social nos obrigamos a ser, todos; anões. Ai de quem se salienta – fazendo de repente o que lhe deu na cabeça.
Fogueira para ele! Ou você. pensa que a fogueira só existiu na Idade Média?
Nós nos obrigamos a ser - todos - pequenos, insignificantes, apesar do grego - melhor ainda.
Oligotímicos - sentimentos pequenos - é o ideal ...
Quem é o iluminado?
No seu tempo, é sempre um louco delirante que faz tudo diferente de todos. Ele sofre,
principalmente, de um alto senso de dignidade humana - o que o torna insuportável para todos os próximos - que são indignos.
Ele sofre, depois, de uma completa cegueira em relação à "realidade" (convencional) que ele não respeita nem um pouco. Ama desbragadamente - o sem-vergonha. Comporta-se como se as pessoas merecessem confiança, como se todos fossem bons, como se toda criatura fosse amável, linda, admirável.
Assim ele vai deixando um rastro de luz por onde quer que passe.
Porque se encanta, porque se apaixona, porque abraça com calor e com amor, porque sorri e é feliz.
Como pode esse louco?
Como se pode estar - e viver! - sempre tão fora da realidade - que é sombria, ameacadora; como ignorar que os outros - sempre os outros - são desconfiados, desonestos, mesquinhos, exploradores, prepotentes, fingidos, traiçoeiros, hipócritas...
Ah! Os outros ... (fossem todos como eu, tão bem comportados, tão educados, tão finos de sentimentos...) O que não se compreende é como há tanta maldade num mundo feito somente de gente que se considera tão boa.
Deveras não se compreende.
Menos ainda se compreende que de tantas famílias perfeitas – a família de cada um é sempre ótima - acabe acontecendo um mundo tão infernalmente péssimo.
Ah! Os outros ... Se eles não fossem tão maus - como seria bom ...
Proponho um tema para meditação profunda; é a lição mais fundamental de toda a Psicologia Dinâmica:
Só sabemos fazer o que foi feito conosco.
Só conseguimos tratar bem aos demais se fomos bem tratados.
Só sabemos nos tratar bem se fomos bem tratados.
Se só fomos ignorados, só sabemos ignorar.
Se fomos odiados, só sabemos odiar.
Se fomos maltratados, só sabemos maltratar.
Não há como fugir desta engrenagem de aço: ninguém é feliz sozinho.
Ou o mundo melhora para todos ou ele acaba.
Amar o próximo não é mais idealismo "místico" de alguns. Ou aprendemos a nos acariciar, ou liquidaremos com nossa espécie.
Ou aprendemos a nos tratar bem a nos acariciar - ou nos destruiremos.
Carícias - a própria palavra é bonita.
Carícias ... Mãos deslizando lentas e leves sobre a superfície macia
e sensível da pele.
Carícias ... Olhar de encantamento descobrindo a divindade do outro meu - espelho!
Carícias ... Envolvência (quem não se envolve não se desenvolve....), ondulações, admiração, felicidade, alegria em nós - eu-e-ele, eu-e-outros.
Energia poderosa na a ação comum, na co-operacão.
na co-munhão.
na co-moção.
Só a União faz a Força - sinto muito, mas as verdades banais de todos os tempos são verdadeiras - e seria bom se a gente tentasse FAZER o que elas sugerem, em vez de, críticos e céticos e pessimistas, encolhermos os ombros e deixarmos que a espécie continue, cega, caminhando em velocidade uniformemente acelerada para o Buraco Negro da aniquilação.
Nunca se pôde dizer, como hoje: ou nos salvamos - todos juntos - ou nos danamos - todos juntos.
J.A. Gaiarsa (in memorian)                                                           

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Síndrome do pânico: a epidemia psicológica da década

Emprestei o texto abaixo do especialista em hipnoterapia Bayard Galvão. Achei o tema pertinente com tudo o que sempre comentamos por aqui. Espero que seja útil aos meus leitores.




Síndrome do pânico é um sofrimento psíquico provocado pelo “medo de ter medo”, ou mais especificamente, “medo de ter, novamente, uma crise de ansiedade”, sendo essa crise uma ou mais das seguintes sensações, com intensidade: taquicardia, falta de ar, sudorese nas mãos, confusão mental e dor no peito. Ela é muitas vezes confundida com um ataque cardíaco, levando o indivíduo ao hospital por achar que isso está ocorrendo, pelo menos na primeira, ou primeiras vezes. 




O próprio medo de ter uma crise de ansiedade dispara a crise, ou seja, o medo provoca o que é temido, gerando um quadro violento de retro-alimentação: o medo gera a crise, a crise provoca tanto desconforto que gera o medo de ter a crise.


Um ou mais dos seguintes efeitos são comuns ao indivíduo que tem esse quadro psicológico, em maior ou menor nível: medo de fazer esporte, medo de viajar, medo de passar pelos lugares em que a crise ocorreu, depressão, isolamento, medo de sair de casa, início da dependência da companhia de alguém, sensação de incapacidade, diminuição de auto-estima, alterações de apetite e aumento de alguma compulsão.


O seguinte movimento constitui, na maioria esmagadora das vezes, a síndrome do pânico:


Bloco I: ansiedades/ preocupações/ pressões/ cobranças/ "nervosismos" cotidianos


Problemas de relacionamento, no trabalho, doenças, dificuldades financeiras, com filhos, com amigos, crises existenciais, assalto/ violência e/ou uso de drogas geram um acúmulo de um ou mais desses pesos comuns do viver provocando um pico de ansiedade, comumente confundido com ataque cardíaco, direcionando-se ao hospital, geralmente passando por inúmeros exames cardíacos para chegar à descoberta que o corpo está bem, e que a causa das alterações fisiológicas é psíquica.


Bloco II: medo de ter a crise


Após uma ou mais crises, o indivíduo começa a ter medo de sofrê-la novamente, seja pela (a) dor dela em si, (b) sensação de morte que a crise representa, pela possibilidade de (c) passar vexame ao ter a crise em frente a outros ou (d) pensamento suicida por considerar ser uma solução para a dor presente.Ademais, um ou mais desses medos se tornam gatilhos para a crise, bastando pensar neles por segundos para provocá-la.




Um efeito comum, limitante também, é a fobia originada pelo medo de se encontrar no mesmo contexto em que ocorreu a crise, por exemplo: caso tenha ocorrido ao estar no trânsito, avião ou situação social, o indivíduo pode vir a criar uma fobia de passar por essas situações, circunscrevendo mais ainda a vida.


Síndrome do pânico como epidemia


É possível considerar a síndrome do pânico como a doença psíquica da década, e potencialmente do século, por duas crescentes causas (além da divulgação constante de violência, catástrofes e outros aspectos ansiogênicos): (a) culturas/ sociedades têm aumentado as pressões/ cobranças dos indivíduos de múltiplas formas, seja no convívio familiar-relacionamento (antes o homem tinha menos obrigações em casa ou com os filhos, não era tão exigido que fosse um bom ouvinte, que estivesse disposto a conversar com mulher e filhos, que fosse tão atencioso com a mulher e outras exigências de alta performance, inclusive em sexo), no trabalho (antes a mulher não precisava se preocupar tanto em ser bem-sucedida numa profissão, bastava se formar no segundo grau, hoje, tanto homem como mulher precisam ter uma boa faculdade, duas pós-graduações, uma língua além da nativa, ser líder, saber se relacionar bem com os colegas e outras “obrigações de alta performance”), na aparência (é preciso ser magro e jovial por toda a vida para ser digno de valor), ou no estado de humor, é preciso estar de bem com a vida o tempo inteiro, sendo sinal de fraqueza ou inferioridade não “estar sorridente” ; e (b)antes as pessoas tinham mais facilidade de lidar com a morte (embora pudessem sofrer imensamente pelo medo de terem que pagar pelos seus pecados no inferno após a morte), pois as religiões eram mais fortes, dando respaldo para lidar com o fim da vida, diminuindo o medo da finitude (outra causa tão forte para a crise de ansiedade quanto o próprio medo de tê-la).


Portanto, a ansiedade no cotidiano aumentando gradualmente, intensifica radicalmente a probabilidade de ocorrência da “síndrome do pânico”. Contudo, é possível na psicoterapia moderna, principalmente fazendo uso da hipnose, em colaboração com remédios psiquiátricos, curar mais de 70% dos indivíduos com esse sofrimento em até 20 sessões.


Bayard Galvão

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O outro é você e você é o outro

Preste atenção:  aquilo que você fala sobre o outro, na verdade é uma projeção sua no outro. Ou seja, você vê no outro aquilo que está em você mas você não reconhece em você.
Tem muito você no texto? É de propósito.
Por exemplo: você acha sua vizinha irritante, falsa, esnobe. Então, pare e observe: o que existe de irritante, falso e esnobe em você e que você não reconhece? 
É natural nós não nos enxergarmos a não ser que estejamos em frente a um  espelho - objeto que deve ter sido criado, acredita-se, no Egito antigo, e que foi muito utilizado pela Rainha Má da história da Branca de Neve -, nós não temos como nos ver. É o outro quem me diz quem eu sou. São os outros que dão dicas, pistas de quem somos, como somos ou de como aparentamos ser quando nos dizem: "Que cara feia é essa?" você pode estar distraidamente sério, nem percebeu, mas está com o cenho franzido, ares de preocupado...não é assim mesmo? Ou ainda quando dizem que você está com um sorriso no semblante, um brilho no olhar e você nem se deu conta disso. É o seu inconsciente se manifestando através do seu corpo ou do seu rosto, através dos seus gestos. "O corpo fala", tem até um livro muito conhecido que trata com propriedade desse assunto.
Muito bem.
Outro ponto: a fala da outra pessoa sobre mim é, na verdade, a minha fala (sobre mim). E eu tenho de entender o que ele fala. Ou seja, alguém diz algo sobre mim que está em mim, eu não reconheço, mas é como se eu estivesse falando de mim mesma. Por exemplo: alguém me diz: Nossa, como você está mau-humorado. É como se eu estivesse falando de mim. Mas como eu não reconheço o mau humor em mim, eu penso que o outro está dizendo isso de mim equivocadamente. Então,pare e pense: estou (ou sou)  de fato mau-humorado, desleixado, desequilibrado etc etc etc?
Confuso? Não. Complexo? Sim.
Daí a importância de nós nos conhecermos. Como? olhando para dentro de nós e prestando atenção na fala do outro e na minha fala sobre o outro. Já que o que eu vejo no outro está em mim.
Já colocou um espelho de frente para outro espelho. Faça a experiência.
Somos espelhos uns dos outros. O outro sou eu. Eu sou o outro. O outro é minha sombra, eu sou a sombra do outro. E todos somos um. 
Isso é física quântica. Senão, vejamos: "(...) sabe-se que uma imagem holográfica guarda em cada uma de suas partes, por minúsculas que sejam, as informações do todo. O mesmo espírito norteia a Teoria Geral dos Sistemas, que considera o mundo em função da inter-relação e interdependência de todos os fenômenos. Os sistemas são totalidades integradas, cujas propriedades não podem ser reduzidas às de unidades menores. (...) a engenharia genética ensina-nos que um único filamento do DNA contém todo o código genético de um ser vivo. A biologia também apresenta a Teoria dos campos morfogenéticos, do bioquímico inglês Rupert Sheldrake, que define o campo morfogenético como uma força não energética, uma espécie de memória coletiva que atua além do espaço e do tempo, conectando todas as coisas e todas as formas da natureza. (...) a ecologia, demonstra que todas as formas vivas encontram-se inter-relacionadas numa complexa e delicada teia de relações mútuas." (Farjani, Antonio Carlos - Psicanálise e Quantum, Editora Plêiade, 1995)
No filme Avatar (James Cameron, 2009) ficou famosa a cena em que a personagem de Zoe Saldaña, Neytiri, diz para o personagem de Sam Worthington, Jake Sully: "Eu vejo você". Quando ela o vê? Quando ela descobre que o ama. E o que ela ama em Jake? O que ele tem dela dentro dele. Ela ama o Jake transformado nela. E ele ama o que ela tem dentro dele que ele não sabia. Ou seja, nós nos apaixonamos por nós mesmos!
O perigo disso é estarmos tão identificados com o outro que não sabemos mais quem nós somos e passarmos a atender apenas as necessidades do outro pensando que estamos atendendo às nossas necessidades. Quando eu fico muito identificado com o outro (quando estou apaixonado,por exemplo, ou muito bravo com outra pessoa por causa do que ela me disse e que eu não gostei, que me afetou) fico alienado de mim mesma. Se eu não gostei é porque me identifiquei. Se me for indiferente, provavelmente não me pertence de fato.
Qual a saída para eu ser eu mesma, de forma íntegra e totalmente.
Preciso me conhecer para atender ao que meu EU Superior, ou meu SELF, ou Deus interior, ou partícula divina (depende da crença de cada um) quer que eu faça, atender à minha missão de alma. Se eu não atender ao que o Self quer, eu vou atender ao que o EGO (aquela parte racional que me controla) quer. E o EGO quer atender ao que o outro quer (quando não sabe quem é, quando está identificado com o outro). Daí a importância do AUTOCONHECIMENTO.
Algumas religiões ajudam nesse processo (outras, atrapalham bastante). Mas não são suficientes para alcançarmos bons resultados.
Só uma boa terapia nos ajuda a elucidar quem somos, por que agimos desta ou daquela maneira,por que atraímos isso ou aquilo para a nossa vida (situações que se repetem, pessoas parecidas....), por que temos a sensação de andar em círculos ou para trás, por que nada dá certo comigo, por que sempre me meto em dívidas, confusões, relacionamentos  complicados, por que sempre sou traído(a), enfim, por que sou assim, por que funciono assim?
Dá pra mudar? Dá. Mas não é fácil. O caminho é longo, traz angústia. É preciso coragem, disciplina e determinação.
Gente, estou escrevendo isso para mim mesma! Não é sensacional?

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Convide o "outro" para almoçar

O vídeo da ativista americana Elizabeth Lesser segue na linha do "o que me incomoda no outro está em mim".
Vale como reflexão também sobre assumirmos que o "outro" reflete aquilo que está em mim e que eu não reconheço.
Com o tempo começamos a entender o verdadeiro significado do conceito africano ubundu adotado pelo 10º presidente da África do Sul, Nelson Mandela, " Eu preciso de você para ser eu, e você precisa de mim para ser você", e citado por Elizabeth durante sua palestra.
Acesse o link abaixo e surpreenda-se!




Elizabeth Lesser: Convide “o Outro” para almoçar | Video on TED.com

Mulheres no trem

Como andam as mulheres nesse trem desumano, pegajoso, que cheira a suor, pum e arroto?
Andam, em sua maioria, em pé, apertadas, amassadas, cansadas, tocadas, bolinadas, caladas, sofridas essas mulheres.
Os homens vão sentados, em sua maioria.
As mulheres, em pé. Poucos homens dão lugar, dão espaço, dão atenção, consideração às mulheres, sejam novas, sejam velhas, crianças, mulheres barrigudas, bonitas, feias, gordas, magras. Carregam sacolas, crianças, malas, guarda-chuvas, pacotes, caixas. Sozinhas. Sem ajuda. Ninguém ajuda, às vezes outra mulher. às vezes mais velha até da mesma idade. Mais nova, difícil. Pensa que não vai envelhecer. Olha pro lado, de lado, desvia o olhar, finge que dorme. Abre a boca. Baba. Homens? Dormem,roncam, têm o olhar perdido no vazio. Desde o século passado sua maior motivação ainda é o futebol. São os primeiros a entram no vagão. São os primeiros a se sentar. As mulheres vão em pé. Ali. Na fuça deles. E, nada!
No frio é menos ruim. Mas não é bom.
No calor é pior. Não tem ar-condicionado. Um sistema de ventilação transforma o ar em algo que venta quente, agrava a temperatura. As janelas abertas não amenizam o abafado. O bafo, o mau-hálito. O calor indesejado no cangote. O encosto. O roçar incômodo. O ultraje. Dos que vão em pé. Não passam nem um perfume, um desodorante...raro sentir um cheiro bom dentro do trem vindo de um macho. Fedem. Não cheiro de macho. Cheiro de falta de banaho, de falta de amor por si mesmo. Não se gostam tanto quanto não gostam de mulheres, de crianças, de velhos...

As mulheres têm alma. Homens têm alma. Alma feminina. Alma masculina. Há que resgatar essas almas. Há que salvar essas almas.
Almas sofridas, vividas, cheias de vida.
Há que deixar essas vidas se manifestar, brotar, nascer, desabrochar, emergir, vir à tona.
Mas como? Como acessar esse feminino tão ultrajado? Tão vilipendiado? De que maneira? E o masculino? Onde está?

domingo, 25 de setembro de 2011

Repetindo padrões

Se você é daquelas pessoas que estão sempre entrando em situações desagradáveis que se repetem em sua vida, e que o fazem dizer: eu não tenho sorte com amor, com dinheiro, com empregos, com chefes...então, o texto a seguir, extraído do livro "FLUA" de Louis Burlamaqui vai ajudá-lo a compreender que, se você está repetindo padrões de comportamentos é saudável prestar atenção e procurar a ajuda de um profissional especializado, porque dificilmente saímos desse círculo vicioso sozinhos.

"O verdadeiro propósito das relações humanas é o aprendizado. Todos nós aprendemos nos relacionando. É comum casais divergirem, e não há problema nenhum nisso. O aprendizado reside em outra esfera, mais sutil. Ele existe na irritação e na raiva, quando manifestadas em alguma situação ou no comportamento de alguém na relação a dois. 
A irritação e a raiva são sinais poderosos sobre nós mesmos por meio do espelhamento do outro. A disfunção é revelada pela emoção.
Quando sentimos raiva ou uma irritação forte devido a algum comportamento do companheiro ou companheira, isso pode ser um sinal de algo de que não gostamos em nós mesmos e que não foi reconhecido nem tratado.
Relacionamentos são acordos entre as partes para compartilhar realidades mútuas, de modo a obter feedbacks sobre a verdadeira natureza da experiência.
Se vivemos sempre os mesmos problemas com as pessoas e temos a sensação de que determinada situação se repete em nossa vida, isso nada mais é do que um sinal de que ainda precisamos desses "joguinhos" emocionais para alimentar nosso aprendizado.
Flávia é uma oftalmologista (...) que antes de se casar (...) sempre namorou homens que lhe traziam problemas. Eles a tratavam mal, moldavam-na, queriam ter pleno controle sobre ela. Ela sempre se queixava, apaixonava-se por eles e sofria nas relações. Quando terminava comum pelos motivos acima, aparecia um novo namorado, com personalidade diferente, estilo diferente, mas que a tratava da mesma forma. Até que um dia se casou.
Dois anos depois, sentada no sofá da casa de sua mãe, chorando, disse que era sempre agredida com palavras e que o marido era rude, dentre outras coisas. Disse que sempre sonhou com um homem gentil, e não entendia por que o destino sempre trazia homens bonitos, sarados e dominadores para a sua vida. Ela sempre se apaixonava pelos homens errados. Dos poucos que conheceu que eram realmente diferentes ela não conseguiu gostar.
Ora, a vida não trouxe nenhum desses homens para ela. Foi Flávia quem os atraiu. Foi seu modelo de ressonância, Ela precisava desses homens para aprender algo. O problema é que, como não apreendia, o padrão se repetia. E sempre vai se repetir enquanto não houver aprendizado. Rompe-se uma relação e o padrão vem em outra, mais cedo ou mais tarde, se não existir aprendizado."


sábado, 24 de setembro de 2011

O que me incomoda no outro está em mim

"Na China antiga, um homem chamado Wong sentia-se hostilizado pelas pessoas da pequena aldeia onde morava. Um dia, o sr. Wong foi visitar o sábio da região e desabafou:

_Cumpro minha obrigações para com os deuses, sou um bom cidadão, um exemplar chefe de família, vivo praticando a caridade...Por que as pessoas não gostam de mim?

A resposta do mestre foi simples: embora o sr. Wong fosse caridoso, o seu rosto sério levava todos a uma conclusão diferente. Ainda que fosse muito rico, era pobre de alegria e cordialidade, e nunca sorria, apesar de sempre ajudar as pessoas.

O sábio deu ao sr. Wong uma máscara sorridente, que se ajustava perfeitamente ao seu rosto. Advertiu-o, entretanto, de que, se algum dia a tirasse do rosto, não conseguiria recolocá-la. No primeiro dia em que Wong saiu à rua, todos começaram a cumprimentá-lo e, em pouquíssimo tempo, já estava cheio de amigos. Mas, um dia, chegou à conclusão de que as pessoas não gostavam dele, mas da máscara, pensou: "É  preferível ser hostilizado a ser estimado por uma máscara falsa". Foi até o espelho e retirou a máscara sorridente. Mas que surpresa...O seu rosto tornara-se também sorridente, assumira as expressões e o sorriso da máscara....

O sr. Wong mudou sua face simplesmente porque começou a retribuir o que recebia. Isso remete-nos ao simples fato de que entre mim e o outro existe uma relação fina de troca, seja positiva, seja negativa, e ela é sem dúvida uma oportunidade de muito aprendizado.

Sempre que o leitor julgar alguém, sempre que se sentir irritado, ressentido com os defeitos do outro, deverá refletir: "Será que eu não tenho algo semelhante e estou com dificuldade de reconhecer isso em mim, sendo mais fácil acusar p outro?".
(Texto extraído do livro "Flua", de Louis Burlamaqui, 2011)

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...