Um mergulho no repertório mais estranho, profundo, eclético, divertido, dramático e pungente. Um mistério que nem Freud nem Lacan conseguiram definir... o que é uma mulher? o que quer uma mulher?
terça-feira, 27 de novembro de 2012
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Lado homem, lado mulher
"Os homens costumam pensar e julgar-se apenas como homens, e as mulheres pensam e julgam-se apenas como mulheres, mas os fatos psicológicos mostram que todo ser humano é andrógino".
A frase é do psicanalista junguiano John Sanford (1929 - 2005) que defendia a ideia de que uma pessoa combina em sua personalidade tanto elementos masculinos quanto femininos. É como se fôssemos todos hermafroditas, palavra com origem no deus grego Hermafrodito, que nasceu de Afrodite e Hermes e encarnava as características sexuais de ambos, ou seja, era um pouco Hermes e um pouco Afrodite.
Algumas lendas contam histórias da Gênese referindo-se ao homem/mulher como sendo uma única criatura e que o "castigo", ou a perda do Paraíso, teria sido justamente dividir/separar as duas partes do todo. Unidos, masculino e feminino teriam força absoluta. Separados se tornariam fracos e imperfeitos. Faz sentido?
Pode ser. Senão, de onde teriam saído as frases que encerram a sabedoria dos antigos sobre as pessoas serem completas apenas quando encontram suas caras-metades, ou as tampas de suas panelas, as metades de suas laranjas etc.
"Dentro de todo homem existe o reflexo de uma mulher, e dentro de cada mulher há o reflexo de um homem!", descreve o índio americano segundo mesmo John Sanford (2011).
Segundo ele, a ideia da androginia humana é antiga e, de fato, já foi intuída e expressa por vários filósofos, poetas e pensadores, sem falar na mitologia e nos contos de fadas.
No pop rock nacional, Pepeu Gomes, nos anos 70, já cantava em "Masculino e Feminino"
Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...
Jung chamou os opostos existentes no homem e na mulher de anima e animus. Onde anima é o componente feminino dentro do homem e animus é o componente masculino dentro da mulher.
Anima ou animus é aquilo que anima, que entusiasma, que empurra para a frente, que impulsiona!
No homem, geralmente mais racional, a anima representa o lado mais emocional ou sensível, que expressa mais seus sentimentos. Na mulher, normalmente mais emocional, o animus representa aquele lado que pensa mais, que organiza, planeja, faz contas.
Na prática, funciona mais ou menos assim: sabe aquele seu amigo sensível, educado, sentimental, de gestos mais refinados, ou seja, que não é nem se parece com um Shreck? Esse sujeito carrega uma anima bacana dentro dele. Ele é hetero, não é gay, e as mulheres o adoram porque ele não é um troglodita. Muitos homens pensam que as mulheres gostam de homens grosseiros. Ah, sim, tem umas que gostam. Mas, isso é outra história.
Agora, sabe aquelas mulheres que são lindas, ultrafemininas e ainda assim são bem-sucedidas na profissão, são ótimas executivas, conciliam vida pessoal e profissional numa boa sem sair do salto, derreter a maquiagem ou estragar o penteado? Então, essas mulheres têm um animus bacana dentro delas. Sem deixar o lado mais sensível elas conseguem ser bem-sucedidas naquilo em que os homens naturalmente enfrentam. Pelo menos era assim que Jung acreditava.
Isso quer dizer que quando as mulheres se dão bem com sua porção masculina, ou quando os homens convivem bem com sua porção feminina, a chance de serem pessoas felizes e bem resolvidas é muito maior do que quando vivem em conflito com seus opostos internos.
Detalhe: esta é uma visão da psicologia analítica de Carl Jung. Para ele, nossa psique funciona mais ou menos assim: conscientemente, um homem sabe que é homem e se sente assim. Inconscientemente ele projeta sua porção anima em uma (ou várias) mulher. Da mesma forma, a mulher inconscientemente projeta seu animus interno, embora conscientemente ela se veja e se sinta como mulher. Ou seja, a pessoa que atraímos para nosso relacionamento possui dentro dela o animus ou anima correspondente e semelhante ao que carregamos dentro de nós.
E para Jung, quais seriam as consequências disso?
Quando não se tem consciência desse processo, somos "tomados" por nossa parte oposta, quer dizer, ficamos refém dela. Por exemplo: homens constantemente mau-humorados, resmungões, geralmente possuem uma anima negativa, dominadora. Homens que não conseguem se relacionar bem com as mulheres, podem ter internamente uma anima estática, paralisada pela figura da mãe/santa, o que os levaria a ficar bloqueados para relacionamentos sexuais e até impotentes.
Da mesma forma, mulheres muito agressivas, possuem um animus infantilizado que está sempre competindo, inseguro precisando provar que é o melhor e vê em outros homens seus oponentes. O resultado é que a mulher talvez tenha dificuldade de se relacionar com os homens de forma saudável, porque eles sempre vão vê-la como uma concorrente, como se ela fosse um outro homem, e não uma parceira.
Esse animus, digamos, negativo, por outro lado, destrói toda a parte criativa e sensível da mulher, a desqualifica e a desencoraja a ser feminina porque para esse tipo de animus, isso é sinônimo de fraqueza. Daí, a explicação para a existência de mulheres "fortes", porém, masculinizadas. Jung não faz nenhuma correlação com opção ou identidade sexual. Ele está tratando, nesse caso, apenas de relações heteroafetivas.
Segundo Jung, muitas vezes, nosso desconforto no trato com o sexo oposto surge das atitudes que nossos animus e anima nos levam a ter. O movimento é inconsciente, e, por isso, traz dor e sofrimento. Daí aquela famosa frase atribuída a Jung: "Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino".
Em tempos de muita discussão sobre igualdade de gênero, e demais temas relacionados, é interessante conhecer várias teorias. Em breve, vamos falar sobre a bissexualidade, constitutiva do ser humano, segundo o mestre Freud!
Este texto foi baseado no livro Os Parceiros Invisíveis, do psicanalista junguiano John Sanford.
Hermafrodita Dormindo é uma antiga escultura de mármore retratando Hermafrodito em tamanho natural deitado num colchão esculpido pelo artista italiano Gian Lorenzo Bernini em 1620. A forma é derivada em parte de antigos retratos de Vênus e de outros nus femininos e parte de retratos feminizadores contemporâneos de Dionísio/Baco. É um tema muitas vezes repetido no período helenístico e na Roma Antiga a julgar pelo número de versões que sobreviveram. Descoberta em Santa Maria della Vittoria, em Roma, o "Hermafrodita Dormindo" foi imediatamente reivindicado pelo cardeal Scipione Borghese e passou para a famosa Coleção Borghese. Conhecido a partir daí como Hermafrodita Borghese, a estátua foi depois vendida para o exército invasor francês e acabou no Louvre, onde está em exposição atualmente.
A frase é do psicanalista junguiano John Sanford (1929 - 2005) que defendia a ideia de que uma pessoa combina em sua personalidade tanto elementos masculinos quanto femininos. É como se fôssemos todos hermafroditas, palavra com origem no deus grego Hermafrodito, que nasceu de Afrodite e Hermes e encarnava as características sexuais de ambos, ou seja, era um pouco Hermes e um pouco Afrodite.
Pode ser. Senão, de onde teriam saído as frases que encerram a sabedoria dos antigos sobre as pessoas serem completas apenas quando encontram suas caras-metades, ou as tampas de suas panelas, as metades de suas laranjas etc.
"Dentro de todo homem existe o reflexo de uma mulher, e dentro de cada mulher há o reflexo de um homem!", descreve o índio americano segundo mesmo John Sanford (2011).
Segundo ele, a ideia da androginia humana é antiga e, de fato, já foi intuída e expressa por vários filósofos, poetas e pensadores, sem falar na mitologia e nos contos de fadas.
No pop rock nacional, Pepeu Gomes, nos anos 70, já cantava em "Masculino e Feminino"
Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino...
E Gilberto Gil, um pouco depois também vai assumir seu lado feminino em "Super-homem":
Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver
Dá até a impressão que Pepeu e Gil se inspiraram nas teorias de Sanford. Mais contemporaneamente, do lado dos teóricos dedicados a compreender os mistérios do existir, o psiquiatra suíço (e quase herdeiro de Freud) C.G.Jung foi talvez um dos primeiros a observar esse fato psicológico da natureza humana e a tomá-lo em consideração ao descrever o ser humano no seu todo.É o que me faz viver
Jung chamou os opostos existentes no homem e na mulher de anima e animus. Onde anima é o componente feminino dentro do homem e animus é o componente masculino dentro da mulher.
Anima ou animus é aquilo que anima, que entusiasma, que empurra para a frente, que impulsiona!
Na prática, funciona mais ou menos assim: sabe aquele seu amigo sensível, educado, sentimental, de gestos mais refinados, ou seja, que não é nem se parece com um Shreck? Esse sujeito carrega uma anima bacana dentro dele. Ele é hetero, não é gay, e as mulheres o adoram porque ele não é um troglodita. Muitos homens pensam que as mulheres gostam de homens grosseiros. Ah, sim, tem umas que gostam. Mas, isso é outra história.
Agora, sabe aquelas mulheres que são lindas, ultrafemininas e ainda assim são bem-sucedidas na profissão, são ótimas executivas, conciliam vida pessoal e profissional numa boa sem sair do salto, derreter a maquiagem ou estragar o penteado? Então, essas mulheres têm um animus bacana dentro delas. Sem deixar o lado mais sensível elas conseguem ser bem-sucedidas naquilo em que os homens naturalmente enfrentam. Pelo menos era assim que Jung acreditava.
Isso quer dizer que quando as mulheres se dão bem com sua porção masculina, ou quando os homens convivem bem com sua porção feminina, a chance de serem pessoas felizes e bem resolvidas é muito maior do que quando vivem em conflito com seus opostos internos.
Detalhe: esta é uma visão da psicologia analítica de Carl Jung. Para ele, nossa psique funciona mais ou menos assim: conscientemente, um homem sabe que é homem e se sente assim. Inconscientemente ele projeta sua porção anima em uma (ou várias) mulher. Da mesma forma, a mulher inconscientemente projeta seu animus interno, embora conscientemente ela se veja e se sinta como mulher. Ou seja, a pessoa que atraímos para nosso relacionamento possui dentro dela o animus ou anima correspondente e semelhante ao que carregamos dentro de nós.
Quando não se tem consciência desse processo, somos "tomados" por nossa parte oposta, quer dizer, ficamos refém dela. Por exemplo: homens constantemente mau-humorados, resmungões, geralmente possuem uma anima negativa, dominadora. Homens que não conseguem se relacionar bem com as mulheres, podem ter internamente uma anima estática, paralisada pela figura da mãe/santa, o que os levaria a ficar bloqueados para relacionamentos sexuais e até impotentes.
Da mesma forma, mulheres muito agressivas, possuem um animus infantilizado que está sempre competindo, inseguro precisando provar que é o melhor e vê em outros homens seus oponentes. O resultado é que a mulher talvez tenha dificuldade de se relacionar com os homens de forma saudável, porque eles sempre vão vê-la como uma concorrente, como se ela fosse um outro homem, e não uma parceira.
Esse animus, digamos, negativo, por outro lado, destrói toda a parte criativa e sensível da mulher, a desqualifica e a desencoraja a ser feminina porque para esse tipo de animus, isso é sinônimo de fraqueza. Daí, a explicação para a existência de mulheres "fortes", porém, masculinizadas. Jung não faz nenhuma correlação com opção ou identidade sexual. Ele está tratando, nesse caso, apenas de relações heteroafetivas.
Segundo Jung, muitas vezes, nosso desconforto no trato com o sexo oposto surge das atitudes que nossos animus e anima nos levam a ter. O movimento é inconsciente, e, por isso, traz dor e sofrimento. Daí aquela famosa frase atribuída a Jung: "Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino".
Em tempos de muita discussão sobre igualdade de gênero, e demais temas relacionados, é interessante conhecer várias teorias. Em breve, vamos falar sobre a bissexualidade, constitutiva do ser humano, segundo o mestre Freud!
Este texto foi baseado no livro Os Parceiros Invisíveis, do psicanalista junguiano John Sanford.
Hermafrodita Dormindo é uma antiga escultura de mármore retratando Hermafrodito em tamanho natural deitado num colchão esculpido pelo artista italiano Gian Lorenzo Bernini em 1620. A forma é derivada em parte de antigos retratos de Vênus e de outros nus femininos e parte de retratos feminizadores contemporâneos de Dionísio/Baco. É um tema muitas vezes repetido no período helenístico e na Roma Antiga a julgar pelo número de versões que sobreviveram. Descoberta em Santa Maria della Vittoria, em Roma, o "Hermafrodita Dormindo" foi imediatamente reivindicado pelo cardeal Scipione Borghese e passou para a famosa Coleção Borghese. Conhecido a partir daí como Hermafrodita Borghese, a estátua foi depois vendida para o exército invasor francês e acabou no Louvre, onde está em exposição atualmente.
quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Ansiedade e depressão podem causar infarto
Ansiedade e depressão aumentam
em 60% o risco de infarto do miocárdio
Problemas cardíacos são responsáveis por 30% das mortes no Brasil. Considerada fator de risco para desenvolvimento de doença cardíaca, depressão será a doença mais comum em 2030, de acordo com a Organização Mundial de Saúde
Hipertensão arterial, tabagismo, sedentarismo e obesidade são alguns dos mais conhecidos e explorados fatores de risco para o desenvolvimento de problemas cardíacos, que são responsáveis por 30% das mortes por ano no Brasil, mas a ansiedade e a depressão também precisam ser controlados para manter um coração saudável.
O InterHeart, estudo que envolveu 52 países e teve como objetivo avaliar de forma sistematizada a importância dos fatores de risco para doença arterial coronariana, revelou que fatores psicossociais, como estresse e depressão, aumentam o risco de infarto em 60%. "A depressão e a ansiedade não eram tratadas como coadjuvantes das doenças coronárias, porém hoje são tratados como marcadores de risco isolados e merecem atenção especial, pois podem ser confundidos com outras crises, como tristeza e melancolia", diz o cardiologista do Hospital do Coração, responsável pelo Programa de Cuidados Clínicos no Infarto do Miocárdio e membro do Comitê Diretivo do estudo Leopoldo Piegas.
Após a avaliação de 30 mil pacientes que participaram do estudo, os pesquisadores concluíram que a depressão reduz o calibre dos vasos sanguíneos e eleva a pressão arterial. Já a ansiedade e estresse aumentam a produção de substâncias inflamatórias relacionadas a aterosclerose coronária.
Os impactos da depressão no sistema cardiovascular também são causados devido as alterações comportamentais que a doença causa. "A pessoa em depressão ou alto índice de ansiedade são mais propensas a consumirem bebidas alcoólicas, cigarros, além de outros hábitos que favorecem o surgimento de doenças cardíacas", explica o médico Piegas.
Outro fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares é o estresse, que está ligado diretamente à ansiedade e à depressão.
Pesquisa realizada pelo setor de psicologia do HCor com executivos que realizam check-up na instituição revelou que 50% dos executivos com idade média de 40 anos sofrem de estresse.
Das 234 pessoas avaliadas, 79% são do sexo masculino e 21% do sexo feminino, sendo que 37% ocupam cargos de gerência, 20% cargos de analistas, 8% são engenheiros e 35% outras profissões. Dos sintomas provenientes do estresse destaca-se a ansiedade, com 75% e a irritabilidade com 51%. "Os fatores relacionados ao estresse estão presentes no relacionamento familiar, tempo reduzido para o lazer, sedentarismo, insônia e oscilações de humor. Além disso, características de personalidade, como, perfeccionismo, elevada autoexigência, ansiedade e ligação com o trabalho interferem na intensidade do estresse", explica a chefe do Serviço de Psicologia do hospital dra. Silvia Cury.
Infelizmente, poucos profissionais da área da saúde indicam psicoterapia para pessoas com esse quadro de estresse, ansiedade e/ou depressão relacionado no estudo internacional.
Ainda existe muito preconceito. As pessoas têm vergonha de dizer que fazem terapia, dizem que isso ou é coisa de louco ou de artista ou de rico ou de quem não tem o que fazer.
E, assim, muitas vidas deixam de ser salvas por puro desconhecimento. Seria muito bom que mais e mais cardiologistas e outras especialidades médicas, pois, em geral, todas as doenças têm como causa fatores psicossociais como estresse, depressão e ansiedade não tratadas, prescrevessem aos seus pacientes não só medicamentos mas, principalmente, um tratamento psicoterápico.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
FREUD E O LUCRO DOS SEUS NEGÓCIOS
Neste post, dou espaço para Luiz Fernando Garcia que é especialista em psicodinâmica aplicada à gestão. Ele reúne empresários de médio e grande porte e por meio de uma terapia em grupo ajuda-os a compreenderem e, com isso, alterarem seus comportamentos no dia a dia dos negócios.
No artigo “Freud e o lucro dos seus negócios”, Luiz Fernando explica como o controle de alguns comportamentos _ presentes na rotina dos negócios e também estudados por Freud – pode melhorar o desempenho de toda a empresa.
O que o famoso alemão Sigmund Freud tem a ver com o sucesso de empresários e seus empreendimentos? Muitas vezes, a reposta é simples: tudo. Entender os conceitos da Psicanálise e aplicá-los à prática do universo corporativo pode ser a solução para muitos homens e mulheres que não conseguem entender por que suas empresas não conseguem ter um bom desempenho.
Considerado por muitos como um dos grandes gênios dos séculos XIX e XX, Freud deixou um legado àqueles que buscam o entendimento da própria mente – fato este que, muitas vezes, não é almejado pelos donos de negócios. Sobre isso, vale dizer que um dos maiores desafios que enfrento no dia a dia com empresários é fazer com que entendam que a origem de problemas como baixos resultados financeiros pode não estar em estratégias, funcionários ou sócios. Em grande parte dos casos, o ponto-chave é a própria dinâmica mental desses executivos.
Ao se aproximarem dos conceitos do Pai da Psicanálise, homens e mulheres de negócios “desatam os nós” que possuem, e quase sempre passam a colher os frutos com o melhor desempenho de todos na empresa e, consequentemente, com o aumento dos lucros. Durante a convivência com mais de 1.200 empresários ao longo dos últimos 12 anos, busquei fazer com que entendessem os Mecanismos de Defesa da Psicanálise, algo constantemente presente no cotidiano corporativo.
Praticamente todos os empresários, inconscientemente, põem em prática esses mecanismos, o que prejudica – e muito – o desempenho dos negócios. Ao levar para a empresa um problema mal resolvido em casa, eles aplicam o que Freud chamou de Deslocamento e apenas transferem as preocupações de ambiente. Outro fator presente no comportamento dos donos de negócios é a Negação. Ou seja, eles deixam de enxergar determinado problema para realizar seu objetivo, por exemplo, um investimento arriscado. Mesmo que os números do relatório preparado pelo contador apontem que o momento não é propício para ampliar a fábrica ou fazer contratações, os empreendedores em estado de negação optam pelo caminho do “sei que vai dar certo” e correm até o risco de quebrar.
Além de negar o risco em uma negociação, o empresário, frequentemente, é “muito apaixonado” por seu negócio. Por conta disso, põe em prática a Idealização para justificar uma decisão, especialmente as que parecem não fazer sentido para o restante das pessoas. A chamada Projeção também é algo muito presente no ambiente empresarial. Esse Mecanismo de Defesa pode ser observado, por exemplo, em uma relação de sociedade, com a transferência de desejos ou conteúdos que estão em você ao outro – “ele vive viajando” e “ele vive com mulheres mais jovens” são frases que podem exemplificar esse tipo de atitude. Em linhas mais populares, poderíamos tratar esse último tópico como “uma inveja disfarçada pela visão crítica”, já que os defeitos dos outros são, na verdade, muitas vezes as virtudes que gostaríamos de ter.
Com o conhecimento dos conceitos da Psicanálise e a prática de algumas técnicas, esses comportamentos inconscientes são compreendidos e alterados. Ao mudar sua maneira de pensar, o empresário também passa a agir de forma diferente. Isso potencializa o desempenho de seus subordinados e acaba por ampliar os lucros nos negócios.
Luiz Fernando Garcia – Administrador de Empresas, criador da metodologia de Psicodinâmica em Negócios, formando em Psicanálise e responsável pelo desenvolvimento de mais de 50 metodologias de treinamento destinadas à capacitação de empresários e profissionais de liderança, com mais de 1.500 empresas atendidas em 30 mil horas de aplicação em estratégia de desenvolvimento.
domingo, 12 de agosto de 2012
Jung e sua impopularidade
Jung em 1910 |
Um texto que retrata bem essa posição de Carl. G. Jung, está no livro "Sobre o Amor", em que o analista suíço fala sobre o autoconhecimento e sua importância.
"Deveríamos ter algo como escolas para adultos, m que poderíamos ensinar às pessoas pelo menos as coisas mais elementares do autoconhecimento e do conhecimento das pessoas. Já fiz essa proposta várias vezes, mas ela permaneceu como um desejo de fé, apesar de todos admitirem teoricamente que sem autoconhecimento não pode haver um entendimento geral. Acabaríamos encontrando meios e caminhos caso se tratasse de algum problema técnico. Mas como se trata apenas do que é mais importante, ou seja, da alma do ser humano e dos relacionamentos humanos, não existem professores nem alunos para isso, nem material didático nem currículos, tudo fica sempre encalhado naquele encolher de ombros, no 'deveríamos'. É muito impopular dizer que cada um deveria começar consigo mesmo por isso tudo continua na mesma. Só quando as pessoas ficam tão nervosas a ponto de o médico diagnosticar uma neurosa é que consultamos os especialistas, cujo horizonte na medicina via de regra não inclui a responsabilidade social." (Briefe II 419)
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Constelações: a descoberta daquilo que está oculto
No sábado 14, tive a oportunidade de participar mais uma vez de um workshop com a especialista em Constelações, Zaquie Meredith, no seu espaço na rua França Pinto, na Vila Mariana, em São Paulo.
E mais uma vez pude constatar a verdade sobre "A verdade das relações entre as pessoas".
Durante uma constelação somos "bonecos" movimentados pela força do inconsciente das pessoas (personagens) que ali se apresentam.
É uma experiência que nos enriquece como seres humanos apenas como participantes ou mesmo só assistindo. Quando você constela, então, o que está oculto vem à tona. São fatos, emoções e sensações desconhecidas do nosso consciente. E o quebra-cabeças de nossas vidas começa a ter as peças encaixadas e a visão de nossas vidas começa a fazer sentido.
Não é possível explicar ou descrever. Tem de experimentar, vivenciar a experiência para entender como funciona o sistema, o processo.
A seguir, Zaquie nos brinda com um artigo de sua autoria. No final, você encontra todas as informações necessárias para participar das atividades propostas por ela como o curso de formação cujo 1º Módulo acontece dias 18 e 19 de agosto e os workshops. No dia 18, às 14h é possível participar apenas do workshop vivencial que acontece dentro do curso. Para maiores esclarecimentos, entre em contato diretamente com Zaquie. As informações estão ao final do texto. Boa leitura!
A Constelação nada mais é do que uma descoberta sobre a verdade das
relações entre as pessoas. Elas mostram o verdadeiro sentimento e sensações que
se passam entre as pessoas e que raramente são ditas.
Quando constelamos algo do passado,
então isso vem à tona mais claramente, por exemplo, quando antigamente
havia muitos “segredos” de família que ninguém ousava falar.
Tive um deles quando constelava uma família em Brasília a respeito de
um “erro médico”. Descobrimos que o segredo da negligência do bebê estava com a
mãe e não no “erro médico”.
Isso aliviou a família que podia continuar o seu destino, agora, de uma
forma mais libertadora.
É isso que faz a constelação. Ela liberta. Ela esclarece. Ela
direciona. Ela alivia. Ela une.
Na época em que Bert Hellinger, seu autor, se dispunha a responder os
e-mails e cartas, eu enviava alguns dos meus achados sobre a constelação e ele
respondia com um “well done”.
Hoje sabemos que Bert é muito ocupado com os seus 86 anos bem vividos e
doados à humanidade.
Lembro-me de outra constelação fantástica sobre quatro tias solteiras:
Uma mulher que reclamava de quatro tias que a controlavam por causa do
dinheiro. Ela disse que já não tolerava mais esse controle e que era excessivo.
Então fizemos uma constelação. Coloquei as quatro tias, uma por uma de
frente para o Dinheiro. Alguma coisa me disse para escolher um homem jovem para
representar o dinheiro. E assim o fiz.
Sem saber da estória da família, surpreendentemente, a primeira tia
começou a falar com o Dinheiro como se fosse o noivo que ela perdera. E, uma
por uma, sucessivamente, cada uma tinha um caso a contar sobre o homem com quem
não pudera se casar.
Segundo a sobrinha, o pai tinha sido um homem rico e proibira as filhas
de se relacionarem com esses homens. O Dinheiro substituíra os noivados
malsucedidos.
E assim vai. De fato, jamais haverá alguém de tanta importância quanto
Bert no quesito de relacionamentos familiares. Nós, discípulos de sua teoria e
filosofia de vida sabemos da grande missão que nos foi passada.
E que assim continue!
Zaquie C Meredith
Socióloga,
Consteladora e Psicoterapeuta
www.clictv.com.br
("Alterna-Vida")
Autora dos
Livros: "O Que Você Precisa Saber"/"A Consciência das Sensações
e Constelações"/"É a Fé que sustenta o Pássaro"
Linkedin: http://br.linkedin.com/in/zaquie
Facebook: http://www.facebook.com/zaquie.meredith
Twitter: http://twitter.com/zaquiemeredith
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Branca de Neve versão gótica em livro
Seguindo a onda das novas releituras dos contos de fadas, que trouxe novos filmes sobre velhas histórias, na nova versão do clássico Branca de Neve, lançado pela Geração Editorial, a heroína parece uma gótica e não leva desaforo pra casa
Os tempos são outros, e as crianças e jovens querem ver os personagens dos contos de fadas tradicionais sendo desmistificados, como na série de filmes de animação gráfica Shrek. Para deleite deles, esta nova edição do clássico Branca de Neve não poderia ser mais distante do desenho animado de Walt Disney para o cinema, lançado em 1937.
Esta versão, feita para os pré-adolescentes do século XXI, traz uma heroína que parece uma gótica, graças às ilustrações belíssimas, originais e perturbadoras da renomada artista Camille Rose Garcia. A rainha perversa, a segunda mulher mais bela depois de Branca de Neve, surge aqui como um monstro de quatro olhos. Até os doces animaizinhos da floresta são assustadores, e o Príncipe Encantado não parece particularmente viril.
Outro mérito desta luxuosa e inovadora edição — que traz o texto clássico dos Irmãos Grimm, publicado originalmente há quase 200 anos — é resgatar os aspectos mais sombrios da história que foram suprimidas da versão açucarada de Walt Disney. A rainha perversa tenta matar Branca de Neve não uma, mas quatro vezes. No final, Branca de Neve, na festa do seu casamento com o príncipe, vinga-se da madrasta, forçando-a a dançar com sapatos de ferro em brasa até morrer.
Sobre os autores:
Jacob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) foram acadêmicos e linguistas alemães, célebres por terem popularizado muitos contos de fadas hoje clássicos, como João e Maria, Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel, A Bela Adormecida e Chapeuzinho Vermelho (cuja nova versão também será lançada pela Geração).
Sobre a ilustradora:
As pinturas de CAMILLE ROSE GARCIA mostrando cartuns assustadores de crianças habitando contos de fadas em lugares selvagens são comentários críticos sobre o fracasso das utopias capitalistas, reunindo referências nostálgicas da cultura popularcom uma veia satírica sobre a sociedade moderna. Seu trabalho foi apresentado em galerias e museus internacionais e impresso em numerosas revistas, incluindo Juxtapoz, Rolling Stone e Modern Painter. É autora de vários livros e recentemente ilustrou uma nova versão de As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, que constou entre os livros mais vendidos de acordo com a listagem do New York Times.
______________________________ ______________________________ __________________________
Esta versão, feita para os pré-adolescentes do século XXI, traz uma heroína que parece uma gótica, graças às ilustrações belíssimas, originais e perturbadoras da renomada artista Camille Rose Garcia. A rainha perversa, a segunda mulher mais bela depois de Branca de Neve, surge aqui como um monstro de quatro olhos. Até os doces animaizinhos da floresta são assustadores, e o Príncipe Encantado não parece particularmente viril.
Outro mérito desta luxuosa e inovadora edição — que traz o texto clássico dos Irmãos Grimm, publicado originalmente há quase 200 anos — é resgatar os aspectos mais sombrios da história que foram suprimidas da versão açucarada de Walt Disney. A rainha perversa tenta matar Branca de Neve não uma, mas quatro vezes. No final, Branca de Neve, na festa do seu casamento com o príncipe, vinga-se da madrasta, forçando-a a dançar com sapatos de ferro em brasa até morrer.
Sobre os autores:
Jacob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) foram acadêmicos e linguistas alemães, célebres por terem popularizado muitos contos de fadas hoje clássicos, como João e Maria, Branca de Neve, Cinderela, Rapunzel, A Bela Adormecida e Chapeuzinho Vermelho (cuja nova versão também será lançada pela Geração).
Sobre a ilustradora:
As pinturas de CAMILLE ROSE GARCIA mostrando cartuns assustadores de crianças habitando contos de fadas em lugares selvagens são comentários críticos sobre o fracasso das utopias capitalistas, reunindo referências nostálgicas da cultura popularcom uma veia satírica sobre a sociedade moderna. Seu trabalho foi apresentado em galerias e museus internacionais e impresso em numerosas revistas, incluindo Juxtapoz, Rolling Stone e Modern Painter. É autora de vários livros e recentemente ilustrou uma nova versão de As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, que constou entre os livros mais vendidos de acordo com a listagem do New York Times.
______________________________
Branca de Neve
Autor: Irmãos Grimm
Tradutor: William Lagos
Ilustradora: Camille Rose Garcia
Gênero: Infantojuvenil
Formato: 14,3 x 21cm / capa dura
Peso: 320g
Págs: 80
ISBN: 9788581300795
Preço: R$ 26,00
Sinopse:
Originalmente surgida no folclore francês do século XVII, a história de Branca de Neve há muitos anos vem sendo um dos mais memoráveis contos infantis de todos os tempos, repetido durante gerações ao redor do mundo.
É a história de uma rainha maligna determinada a se livrar de uma menina – com a pele tão branca como a neve, os lábios tão vermelhos quanto o sangue e os cabelos negros de ébano – que ameaça o desejo da rainha de permanecer a mulher mais bela de seu reino.
Esta nova edição destinada a presentear as crianças modernas, apresenta a versão completa do conto dos Irmãos Grimm, com uma interpretação artística original da famosa ilustradora Camille Rose Garcia, que imaginativamente combina o humor com um toque tenebroso de romantismo.
Autor: Irmãos Grimm
Tradutor: William Lagos
Ilustradora: Camille Rose Garcia
Gênero: Infantojuvenil
Formato: 14,3 x 21cm / capa dura
Peso: 320g
Págs: 80
ISBN: 9788581300795
Preço: R$ 26,00
Sinopse:
Originalmente surgida no folclore francês do século XVII, a história de Branca de Neve há muitos anos vem sendo um dos mais memoráveis contos infantis de todos os tempos, repetido durante gerações ao redor do mundo.
É a história de uma rainha maligna determinada a se livrar de uma menina – com a pele tão branca como a neve, os lábios tão vermelhos quanto o sangue e os cabelos negros de ébano – que ameaça o desejo da rainha de permanecer a mulher mais bela de seu reino.
Esta nova edição destinada a presentear as crianças modernas, apresenta a versão completa do conto dos Irmãos Grimm, com uma interpretação artística original da famosa ilustradora Camille Rose Garcia, que imaginativamente combina o humor com um toque tenebroso de romantismo.
segunda-feira, 25 de junho de 2012
O outro é aquele que me diz quem eu sou.
Você deve conhecer um sem-número de pessoas que passam a maior parte do tempo delas criticando os outros. Do governo ao vizinho passando pelo chefe, colegas de trabalho e parentes.
São pessoas que, em geral, se preocupam muito com a vida dos outros e olham muito pouco pra si mesmas.
Estão sempre envolvidas com questiúnculas que, somadas, transformam suas vidas em verdadeiros infernos. São pessoas que lembram muito aquela figura do cão correndo atrás do próprio rabo, ou seja, não saem do lugar.
E por que criticamos o outro? Porque o outro é aquele que muitas vezes me diz quem eu sou.
E a minha fala sobre o outro revela, em parte, também o que eu penso sobre mim, que vejo refletido no outro. Aliás, existe até uma célebre frase de Freud: "Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo."
Quando ouço o outro falar de mim tenho de tentar entender o que ele fala de mim: é meu mesmo? Ou é dele projetado em mim.
Confuso?
Bem, a clínica psicanalítica pode ajudar nessa tarefa de prestar atenção no que o outro me revela, pois só reconheço no outro aquilo que existe em mim. E o outro só reconhece em mim aquilo que existe nele.
Muitas vezes as pessoas se assustam quando ouvem essa afirmação. E se revoltam. Num movimento natural de autodefesa, negam e repudiam qualquer tentativa de esclarecimento.
Com frequência desdenham psicólogos, psicanalistas e gritam que não precisam de seus conselhos. No que eu concordo. Psicanalista não dá conselhos. Se o seu dá, fuja dele.
Psicanalistas pontuam, ampliam a fala do analisando, podem interrogar, comparam a fala de hoje com a da sessão anterior, repetem palavras aparentemente ditas ao acaso...não julgam, não se antecipam, aguardam, respeitam silêncios, lágrimas e ausências.
O processo terapêutico, fase inicial da clínica psicanalítica, auxilia o indivíduo a perceber a si mesmo, a se conhecer e, se conhecendo, a se analisar, fase posterior e muito rica, pois é o próprio indivíduo que se descobre, através da fala de si mesmo e da fala do que ouve do outro e que ele traz para dentro do setting terapêutico; dos conteúdos oníricos trazidos na sessão, das lembranças de sua infância, de sua vida de uma forma em geral.
Então, dá próxima vez que se flagrar criticando alguém, olhe para dentro de si mesmo e tente perceber se esse conteúdo está presente também em você.
São pessoas que, em geral, se preocupam muito com a vida dos outros e olham muito pouco pra si mesmas.
Estão sempre envolvidas com questiúnculas que, somadas, transformam suas vidas em verdadeiros infernos. São pessoas que lembram muito aquela figura do cão correndo atrás do próprio rabo, ou seja, não saem do lugar.
E por que criticamos o outro? Porque o outro é aquele que muitas vezes me diz quem eu sou.
E a minha fala sobre o outro revela, em parte, também o que eu penso sobre mim, que vejo refletido no outro. Aliás, existe até uma célebre frase de Freud: "Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo."
Quando ouço o outro falar de mim tenho de tentar entender o que ele fala de mim: é meu mesmo? Ou é dele projetado em mim.
Confuso?
Bem, a clínica psicanalítica pode ajudar nessa tarefa de prestar atenção no que o outro me revela, pois só reconheço no outro aquilo que existe em mim. E o outro só reconhece em mim aquilo que existe nele.
Muitas vezes as pessoas se assustam quando ouvem essa afirmação. E se revoltam. Num movimento natural de autodefesa, negam e repudiam qualquer tentativa de esclarecimento.
Obra de Picasso |
Com frequência desdenham psicólogos, psicanalistas e gritam que não precisam de seus conselhos. No que eu concordo. Psicanalista não dá conselhos. Se o seu dá, fuja dele.
Psicanalistas pontuam, ampliam a fala do analisando, podem interrogar, comparam a fala de hoje com a da sessão anterior, repetem palavras aparentemente ditas ao acaso...não julgam, não se antecipam, aguardam, respeitam silêncios, lágrimas e ausências.
O processo terapêutico, fase inicial da clínica psicanalítica, auxilia o indivíduo a perceber a si mesmo, a se conhecer e, se conhecendo, a se analisar, fase posterior e muito rica, pois é o próprio indivíduo que se descobre, através da fala de si mesmo e da fala do que ouve do outro e que ele traz para dentro do setting terapêutico; dos conteúdos oníricos trazidos na sessão, das lembranças de sua infância, de sua vida de uma forma em geral.
Então, dá próxima vez que se flagrar criticando alguém, olhe para dentro de si mesmo e tente perceber se esse conteúdo está presente também em você.
domingo, 10 de junho de 2012
É possível amizade entre homens e mulheres?
"UMA
PERSPECTIVA ARQUETÍPICA SOBRE A AMIZADE
Pessoas fortemente influenciadas por padrões
arquetípicos distintos que ocupam o assento de poder também têm padrões de
amizade distintos.
Zeus |
Por exemplo, homens do tipo Zeus, que usam o escudo de
poder, não procuram amigos de alma, nem entre os homens nem entre as mulheres.
Incapazes de compartilhar o poder ou trocar sentimentos profundos, eles têm uma
atitude mais utilitária sobre as pessoas. Os homens de Poseidon também procuram
dominar os outros, mas com um poder emocional em vez de um poder político.
Tendem a competir com homens e mulheres, tornando a intimidade difícil. Quando
um personagem Hades está presente em um homem, ele terá dificuldades em fazer
amizades, mas por outra razão: sua profunda introversão. Um homem tipo Ares,
por outro lado, é um companheiro de outros homens, especialmente nas forças
armadas ou como membro de um time, onde a agressividade natural é honrada. E um
homem tipo Dioniso é um companheiro das mulheres, que tendem a adotá-lo como
amigo e nutri-lo, sentindo-se apreciadas por ele. Quando Apolo é forte em um
homem, ele é capaz de amizade com mulheres independentes e competentes,
especialmente aquelas que compartilham sua paixão por música e arte; mas com
outros homens fica competitivo e precisa liderar. Finalmente, quando Hermes
influencia um homem, ele é amistoso, espontâneo e comunicativo, encantando as
mulheres e unindo os homens em suas atividades. Mas Hermes é também um
solitário, que chega e parte sem se comprometer. E pode mentir e enganar para
conseguir o que quer.
Apolo |
Uma mulher altamente influenciada por Ártemis
tende a valorizar os amigos mais que os amantes, formando vínculos de
fraternidade com mulheres, o que pode incluir grupos de apoio e o espírito
coletivo da irmandade, e também com homens, especialmente aqueles parecidos com
seu gêmeo Apolo, o deus andrógino da música e da profecia. Atena, por outro
lado, tem poucas amigas mulheres; sua racionalidade e sua natureza competitiva
levam-na a ignorar o parentesco com as mulheres e se colocar ao lado dos
valores patriarcais. Ela é atraída por homens heróicos e poderosos, como amigos
e colegas, e pode agir como conselheira ou confidente.
Afrodite |
Quando Hera está na cabeceira da mesa, as
mulheres também desvalorizam as amizades com as outras mulheres, colocando suas
prioridades no casamento. Como esposas, elas desprezam a mulher solteira, que
consideram um fracasso, ou então a enxergam como uma ameaça à sua própria
segurança. Quando Deméter está presente em uma mulher, ela valoriza a
maternidade acima de tudo, e portanto gosta de amizades com outras mães, para
ter apoio emocional. Talvez seja amiga de uma mulher jovem e ingênua, tipo
Perséfone, para continuar o padrão de tomar conta de alguém. Ou de um homem
jovem e sensível que precisa ser nutrido por uma mulher maternal. Por último, a
mulher estilo Afrodite tem amizades problemáticas com os dois sexos. Desejada
pelos homens por sua sensualidade erótica, ela tem o hábito de se tornar amante
e não amiga. As mulheres não confiam nela exatamente por esta razão, e ela
costuma despertar ciúmes, inveja e sentimentos de perigo, especialmente nas
mulheres do tipo Hera. Ela pode estabelecer vínculos com mulheres, mas estas ou
se sentirão subordinadas aos seus poderes ou precisarão desenvolver sua própria
autoconfiança.
Existe um padrão de amizade que tem o potencial
de curar o vínculo pai/filho: o padrão senex-puer/puella
- isto é, amigo mais velho-amigo mais novo. Como o puer vive em um mundo de idéias, ele ou ela anseiam por pessoas
especiais que possam ser chamadas de amigos. Quando um vínculo é formado, o puer tende a se fundir com o Outro derretendo
as fronteiras, talvez chamando Afrodite e usando a sexualidade como um meio de
se conectar, ou evocando uma conexão espiritual Self a Self, que pode não
respeitar limites individuais ou mundanos.
Uma pessoa controlada por este padrão não tem
um pai interno, por isso o amigo pode cumprir esta função do lado de fora, sob
a forma do amigo do tipo pai ou mentor, isto é, um senex positivo. Como o sábio vidente Merlin para o jovem rei Artur,
o senex inicialmente funciona como um
professor ou guia, e finalmente se torna um amigo de alma. Na lenda, Merlin
ajuda o menino a cultivar sua masculinidade com a ajuda da espada Excalibur,
iniciando-o portanto no ofício de Rei - isto é, na relação adequada entre o ego
e o Self. Os homens e mulheres que são afortunados o bastante para encontrar
este tipo de amigo sábio podem experimentar o próprio sentido de inteireza, se
não continuarem a projetar toda a estabilidade e sabedoria fora de si mesmos.
• Que mitos e imagens arquetípicas estão por
trás de suas amizades? Como elas enriquecem as amizades? Como interferem nelas?
MULHERES
E HOMENS COMO AMIGOS: PERIGOS E DELÍCIAS
Homens e mulheres talvez possam encontrar
verdadeiras amizades da alma entre si, mas os obstáculos no caminho deste
tesouro são inúmeros. Por exemplo, se levarmos para estes relacionamentos nossa
bagagem estereotipada, esperando secretamente que todos os homens sejam
heróicos, racionais e competentes, ou que todas as mulheres sejam acolhedoras,
emocionalmente acessíveis e subordinadas, então toda a extensão de nossa
autenticidade não poderá ser expressa. Em vez disso, nossa identificação
infantil com os padrões de um "filho do pai" ou de uma "filha da
mãe" serão reforçados, a variedade emocional reduzida, e os personagens de
sombra silenciados.
Os especialistas nos gêneros masculino e
feminino, Aaron Kipnis e Liz Herron, mostram que muitos homens encobrem sua
vulnerabilidade com os escudos da riqueza e do poder, para serem aceitos. E as
mulheres, por sua vez, freqüentemente encobrem seu poder legítimo, usando um
escudo de vulnerabilidade, também para serem aceitas. Desta forma, os membros
dos dois gêneros perpetuam os mitos arcaicos do herói e da princesa, ou do
algoz e da vítima. Assim, a necessidade de carinho dos homens, juntamente com
sua depressão e impotência, permanecem na sombra, enquanto a competência, a
autoridade e a violência das mulheres também permanecem ocultas.
Algumas amizades com o sexo oposto podem
compensar elementos ausentes nos relacionamentos primários. Por exemplo, Doug
tinha uma animada troca intelectual com sua amiga Célia, uma "filha do
pai" que ele conhecera fazendo pós-graduação. Em seu casamento com uma
artista, Doug estava bastante satisfeito, mas depois de voltar para a
universidade desejou mais estímulo intelectual. Claramente, o perigo aqui é a
triangulação: Sua mulher pode se sentir inadequada ou abandonada, proibindo o
relacionamento, ou Célia pode ser incapaz de tolerar os limites da amizade.
Qualquer amizade entre um homem e uma mulher, na qual um dos dois é casado, vai
exigir uma solução para este problema potencialmente sombrio.
Amigos desde a infância... |
A sexualidade complica, e muitas vezes coloca
em perigo, as amizades entre homens e mulheres. Se os dois sabem com certeza
que não desejam formar um par romântico, as probabilidades melhoram. Mas muitas
vezes um dos dois se torna vulnerável, com as flechas de Eros enterradas no
coração, e então são despertados perigosos desejos sexuais secretos.
Allen, vinte e nove anos, fazia terapia já há
vários anos para explorar seus relacionamentos com mulheres, quando finalmente
decidiu falar sobre sua melhor amiga, Tanya, vinte e oito anos. Amigos desde a
infância, faziam confidencias um ao outro e iam a jantares e a cinemas juntos.
Tanya até ajudou Allen a escolher móveis e decoração para a casa. Quando Allen
saía com outras mulheres, dava a Tanya "poder de veto", respeitando
suas opiniões e confiando que ela desejava o seu bem. Muitas vezes, quando ele
se sentia solitário e os dois estavam juntos, Allen imaginava que um dia a
convidaria para um envolvimento romântico com ele. Mas nunca havia contado esta
fantasia proibida à sua melhor amiga.
Allen estava saindo com June há vários meses
quando confidenciou ao terapeuta que não contara a Tanya que seus sentimentos
por June eram cada vez mais fortes. Em vez disso, ele se comunicava mais
abertamente com June, experimentando pela primeira vez uma relação sexual com a
autenticidade que ele sempre reservara para a amizade. Sentia-se culpado, como
se estivesse traindo a amizade com Tanya, ao recusar-se a compartilhar com ela
uma parte tão importante de sua vida. Mas não tinha vontade de contar esses
novos sentimentos para ela. Tinha medo de que ela se sentisse usurpada, e pavor
de que ela se tornasse crítica. Além disso, confessou que se sentia responsável
pelos sentimentos dela.
Ao dizer isso, Allen percebeu que transformara
sua amiga em mãe, projetando em Tanya a voz crítica da mãe e se achando na
obrigação de agradá-la. Se contasse isso a ela, precisaria resgatar a voz
crítica, retirando-a da amiga, e portanto declarando sua independência em
relação a ela. Talvez então pudesse esclarecer os sentimentos sexuais que
evitara por tanto tempo. Ou poderia aprofundar o relacionamento com June sem se
sentir culpado por abandonar Tanya.
Nos mitos, como na vida, existem poucos modelos
da amizade homem-mulher. Mas na Grécia antiga, onde a amizade masculina era
valorizada e as mulheres consideradas propriedade dos maridos, havia uma única
exceção: a hetaira, cuja raiz, heter, significa
amizade em egípcio. Uma
mulher hetaira era uma companheira dos homens, e propriedade de ninguém. Ao
contrário das esposas, ela era livre para ir à escola, ler os céus estrelados,
velejar nos mares bravios, recitar os grandes poetas, e fazer sacrifícios aos
deuses. A hetaira muitas vezes era dona de um salão, onde participava da vida
intelectual dos homens. Ela, entre todas as mulheres, era uma igual.
Toni Wolff, que fez o papel de hetaira de Jung,
e também de amante, descreveu este padrão arquetípico nas mulheres: Ela
estimula os interesses e inclinações dos homens, dando a eles um sentimento de
valor pessoal e conduzindo-os além das responsabilidades cotidianas, para uma
vida interna mais rica. Se ela o tocar fundo demais, ele pode abandonar o
trabalho e sacrificar a segurança, ou mesmo buscar o divórcio, achando que ela
o compreende melhor do que a esposa.
Hoje, também, algumas mulheres são basicamente
intelectuais ou companheiras espirituais dos homens, em vez de fêmeas. Elas
colaboram nos seus projetos, acendendo o fogo da criatividade em vez do fogo do
desejo. Elas inspiram os homens a ter uma vida interior, mas em geral não são
escolhidas como parceiras. Cheryl, a amiga de Gabriella mencionada antes,
percebeu que os homens queriam sua companhia e seus conselhos, mas não a
queriam sexualmente. Ela sofreu, em parte, por ser uma hetaira em um mundo cego
para este tipo de beleza; uma hetaira em um mundo que não conhece mais esta
palavra.
Talvez, ao darmos um nome a este tipo de
amizade, possamos reimaginar mulheres e homens juntos, em novas formas. Talvez existam
homens hetairas que inspirem as mulheres em suas vidas criativas, para que
possam se livrar da limitação dos padrões antigos de desigualdade, descobrindo
juntos uma nova forma de amizade.
• Você tem um amigo de alma do sexo oposto? Se
não, qual é o personagem de sombra que está impedindo?"
Marcadores:
Afrodite,
amizade,
anima,
animus,
Apolo,
arquetípica,
Artemis,
beleza,
Connie Zweig,
hetaira,
homens,
jogo,
Jung,
mulheres,
sombra,
Steve Wolf,
Toni Wolff,
Zeus
Assinar:
Postagens (Atom)
Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior
O rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...
-
Como é difícil o relacionamento entre humanos. Quando se é inconsciente, e a maioria das pessoas é inconsciente, fica mais complicado. Relac...
-
James Hillman A assessoria da editora Paulus enviou material sobre lançamento de livro na área da psicologia analítica que achei bem in...