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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

SOBRE O CIÚME

Freud afirma que "o ciúme é um daqueles estados emocionais, como o luto, que podem ser descritos como normais." 
E alerta:" Se alguém parece não possuí-lo, justifica-se a inferência de que ele (o ciúme) experimentou severa repressão e, consequentemente, desempenha um papel ainda maior em sua vida mental inconsciente".
Ou seja, aquelas pessoas que costumam dizer que não são ciumentas...sinto muito informá-las, mas sim, vcs são ciumentas.. 
Freud divide o ciúme em três categorias - ou camadas ou graus, para manter os termos originais.
O primeiro nível seria esse que ele chama de "normal", mas que, "não é, em absoluto, completamente racional". Ou seja, por estar enraizado no inconsciente (sempre) e ser uma continuação das primeiras manifestações de ciúmes que temos em relação aos nossos pais, principalmente em relação à mamãe, pode levar às famosas e intermináveis DRs em que o enciumado cobra do seu objeto de amor, geralmente, mais atenção, etc, exatamente como fazia com sua mãe por ela dar (na sua opinião) mais atenção ao irmão mais velho, ou mais novo, ou ao pai, hoje em dia, ao trabalho.
Parece simples, mas não é. Tomado pelo ciúme, ainda que nesse primeiro nível, o sujeito pode imaginar situações envolvendo seu (sua) amado (a) que não correspondem exatamente à verdade. Às vezes, ele (ela) acerta em suas desconfianças. E então... há uma quebra da confiança, e o amor é posto à prova. 

Numa primeira vez é possível superar a crise. Mas quando a quebra de confiança se repete indefinidamente e as promessas de mais atenção não se cumprem, dificilmente o amor resistirá.
E aquelas pessoas que dizem que não têm ciúmes?
Nesse caso, Freud vai dizer que se trata do ciúme da segunda camada, o ciúme projetado, ou seja, essas pessoas já partem de sua própria infidelidade (realizada ou imaginada) e, portanto, acreditam que se elas traem, todo mundo trai, portanto, pra quê perder tempo com ciúme? O que elas não sabem é que elas têm tanto ciúme reprimido (lá atrás, pela mamãe, mesma coisa) que encontram alívio às pressões das convenções sociais projetando no(a) parceiro(a) a sua incapacidade de se manter fiel (minha mãe não foi fiel a mim, por que serei a ela??). Se o seu objeto de amor o trair, tanto melhor. Além de comprovar sua teoria, alivia sua própria culpa.
E a terceira camada fica com os absolutamente paranoicos, delirantes que chegam às vias de fato e cometem verdadeiras insanidades em função de seus delírios, parcela mínima da sociedade. Raros estão em análise. Geralmente quem procura ajuda são as vítimas dos seus delírios.
A maioria das pessoas talvez se encaixe no grau um e uma faixa representativa no dois. Não existem estatísticas. Mas o que se vê na clínica é:
- Se uma pessoa da camada 1 se relaciona com um indivíduo do grau 2 teremos conflitos eternos. Até porque a pessoa da camada 1 vai viver reclamando ao companheiro a falta de ciúmes dele - o que pra ela significa falta de amor - sem falar nas checadas de mensagens de celular e outras atitudes de controle que toda pessoa da camada 1 exerce. E o companheiro vai passar a vida acreditando que tudo aquilo é cena e que no fundo seu parceiro o trai, traiu ou trairá, porque afinal, para o tipo 2 ninguém é fiel, a começar dele.
- Se a pessoa da camada 1 se relacionar com outra da camada 1 poderá experimentar do próprio veneno quando o parceiro também fizer sua cena de ciúme. Talvez seja o melhor remédio e a possibilidade de o casal se equilibrar na confiança mútua é grande.
- Quanto ao sujeito da camada 2, ele já se relaciona - simultaneamente - com outros da camada 2 na categoria de amantes - porque todo amante é aquele que projeta a infidelidade no outro e, portanto, trai. E deve ter mais de um, claro! É um tipo bem mais resistente à análise.
O assunto Ciúme não se esgota aqui. É mais complexo. Mas por ora, ficamos assim.
A base para este texto foi o de Freud, "Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranoia e no homossexualismo", que vc encontra em Obras Completas - Vol XVIII.

(texto publicado originalmente na minha página do Facebook 
https://www.facebook.com/lourdesriverapsi)

domingo, 24 de abril de 2016

Essa sua canalhice

Não tem como. Hoje vou dar um fim em tudo. Essa sua miserável apatia me enlouquece.
Acendi um incenso pra ter pelo menos um cheiro bom no ar.
Coloquei mais açúcar na caipirinha pra ter um doce pra sentir.
Outro dia você me trouxe flores. Até chorei, lembra? Mas os chocolates....dei pro cachorro depois de saber das tantas outras presenteadas... Eu sei, você disse, você sempre diz: elas não importam.
Mas essa sua miserável inércia...
Não tem como. Hoje vou ter de dar um fim.
Liguei o ventilador pra ter mais ar.
Traguei a fumaça do charuto pra esquentar o peito vazio. Você deixa ele assim.
Naquele dia, você me deu o anel, lembra?
Eu te beijei por cinco minutos, boca, rosto, olhos, nariz... e você ria, ria... Estava feliz. Mas as cartas... dei pra reciclagem depois que encontrei as trocadas com tantas outras...
Eu sei. Você disse. Você sempre diz. Elas são nada!
Mas essa sua miserável presença...
Não tem como. Hoje vou ter de dar um basta.
Já deixei tudo pronto: martelo, cutelo, câmeras desligadas, as malas.
Quando você chegar com sua sedução eu vou te embriagar com aquele vinho, você sabe qual, aquele do encontro, o único que valeu a pena...por que pegaria um avião?...você disse, você sempre diz.
Tirei as crianças de casa e liguei o som.
Quando você dormir nos meus braços - sim, você vai adormecer feito um príncipe, como sempre, aninhado depois do amor, nos meus seios - nessa hora, vou dar um fim em tudo. Não tem como.
Essa sua miserável canalhice me excita.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Pajelança das letras

Você que lê e curte Repertório Feminino, experimente também Pajelança das Letras.

http://aladylou.blogspot.com.br/

Tem outra pegada, mais literária, ainda que não tenha pretensão de, serve como um laboratório para meus escritos.
Te espero lá!

domingo, 19 de julho de 2015

A Outra


Levava a pequena criança pela mão, atravessava o mar de carros na avenida e voltava pra casa. Era assim todas as manhãs e à tarde. Não questionava.
Depois, bebia o chá, comia o bolo e sonhava: agora sou outra.
Feira, açougue, padaria. Fogão, máquina de lavar. Mas hoje, hoje vai ser diferente. Porque agora sou outra.
Coloca o vestido decotado, calça o sapato de domingo, passa o batom e o perfume emprestados, e sai para encontrar seu amor.
No caminho, alimenta o sonho: agora sou outra.
O coração, acelerado, lugar-comum dos apaixonados, quase pára com as lembranças das cenas na sala de estar da casa da melhor amiga. Foram beijos obscenos, pegação, esfrega-esfrega e a promessa de Jurandir: quero te comer todinha. Me liga. Era sua primeira vez como a outra. Mas que importa? Agora sou mesmo outra.
E no local combinado, assenta o corpo na cadeira do café. Pede um cappuccino e suspira enquanto deseja o marido da amiga, um gostoso tão diferente daquele indigente, pai de sua filha.
Meia-hora, uma hora...finalmente...o encontro naufragado. Os olhos choram por dentro. O que eu fiz de errado? Agora não sou a outra?
Travestida de indiferença, paga a conta pro garçom que, acostumado, adivinha o desfecho do enredo. Mas, não, com ela, não. Afinal, agora ela era outra.
Volta pra casa, se arrasta. Depois, pega a criança pequena pela mão, atravessa de volta o mar de carros e em casa faz sopa de letrinhas. Mistura lágrimas à salsinha, coloca ração para o gato, água para o periquito, tira a roupa do varal... enquanto pensa: agora sou outra mulher.

domingo, 28 de junho de 2015

Moonlight espiralada

 
A batida no teclado
ouvindo o jazz - coisa antiga -
dedilhando o laptopo? o smartphone?...
quem sabe?
dá um shazam pra salvar
o nome da música.
e a letra?
Sim, a letra, ela tudo sabe,
ela escreve e reinscreve
você também sabe bem o quê.
minha falta? meu furo?
em que buraco você foi se meter?
I see moonlights
Don't get me wrong
They come and go like fashion.

domingo, 17 de maio de 2015

A Pedra da Paciência - Syngué sabour


Reza uma lenda persa que ao encontrar uma pedra mágica deve-se contar a ela todos os nossos segredos. Aquilo que normalmente não revelaríamos nem ao nosso travesseiro a pedra escuta, silenciosa, sem julgamentos...e quando ela se partir em pedaços significa que a pessoa se livrou do peso daquelas confidências e agora pode seguir livre sua vida. O nome da pedra? Pedra da paciência.
Também é o nome de um filme de produção conjunta França, Alemanha e Afeganistão cuja história se passa neste último. Um local dominado pelos extremistas do Estado Islâmico, que invadem as casas, impõem regras e normas absurdas....(muito semelhante a um outro filme, Timbuktu, do qual também vou comentar em breve), mas isso é apenas o pano de fundo.
Na verdade, o foco do enredo são os diálogos, se é que se pode dizer assim, travados entre a esposa, interpretada pela atriz belíssima Golshifteh Farahani, e o marido em estado vegetativo - um herói de guerra, por Hamidreza Javdan -  em coma porque levou um tiro ao defender a própria honra, que faz as vezes de pedra da paciência.
A lenda, bem como as falas da personagem solitária, me fizeram lembrar o papel do psicanalista. Com a diferença que, ao contrário da pedra que se mantém sempre calada, o profissional que trabalha com o inconsciente humano faz pontuações durante as sessões de análise, com o intuito de chamar a atenção do analisando para detalhes que talvez ele não tenha notado e que serão importantes no desenvolvimento de suas descobertas sobre si mesmo.
Mas no filme, a jovem afegã se descobre, falando para o marido sobre coisas que normalmente jamais poderiam ser ditas, com pena até mesmo de morrer apedrejada.
Depois de dez anos de um casamento no qual nunca foi ouvida pelo marido, ela diz: só agora você está me ouvindo. Você nunca me ouviu, nunca me beijou...
E quantas mulheres conhecemos que vivem exatamente assim? Não se sentem ouvidas por seus companheiros... não beijam mais...Dá pra imaginar um relacionamento marital onde o beijo, e qualquer outro tipo de toque que lembre de longe um carinho, foi totalmente excluído?
Assim vive a maioria dessas mulheres afegãs representada pela personagem de A Pedra da Paciência.
Mas, me pergunto, será que em nossa sociedade ocidental, considerada tão livre, tão democrática (como diria Deleuze: desconfio das democracias) esse tipo de situação não existe?
Não digo pelo excesso de rigor que o islamismo impõe (embora isso seja bastante controverso e essa é uma seara na qual não quero me meter a analisar por conhecer muito pouco), mas quantas mulheres bem próximas a nós passam boa parte da vida sem beijar na boca o próprio marido simplesmente porque o primeiro sintoma de que algo não vai bem numa relação é a interrupção dos beijos.
O sexo pode se manter, mas sem beijo na boca. Atitude muito parecida com a adotada secularmente pelas prostitutas que, por contrato do oficio, se propõem a fazer de tudo (inclusive mentir para o cliente dizendo que ele é o melhor), menos beijar na boca.
Bom, mas voltando ao Pedra da Paciência, não é um filme que nos leve às lágrimas. E raros são os momentos que nos faz rir.
Mas  tem cenas muito simbólicas: o encontro com a tia e a força da união desse feminino paradoxalmente tão forte num país onde o masculino impera; a surpresa diante da impotência do guerrilheiro que, buscando sexo, encontra compreensão e carinho; a contradição que leva à sobrevivência ao mentir que vende o corpo pra se livrar de um estupro iminente.
É um filme que, pelo nome, não se tem a menor ideia  da grandeza e da profundidade do seu conteúdo. Reflexivo, emociona quando se imagina que o drama retratado por ele pode estar muito mais perto de nós do que imagina nosso vão suposto saber.
Faz pensar em como avançamos pouco no quesito respeito ao ser humano.
Não conhecia o diretor Atiq Rahimi, mas me encantei com ele.
Valem a pena todos os minutos do filme, que recebeu indicações ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014 e ao Cesar de atriz revelação. Merecidos ambos os prêmios que, infelizmente, não aconteceram.
Talvez porque, afinal, a condição feminina retratada por A Pedra não seja assim um privilégio apenas de sociedades muito rígidas como as pautadas pelo islamismo e dominadas, agora, pelos extremistas muçulmanos que, na verdade, fazem suas próprias regras alegando ser tudo vontade de Alá.
Alá que o diga!
Clica no link para ver o trailer oficial. Espero que gostem!
A Pedra da Paciência

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Presa

Seu medo não é meu medo
Seu medo é seu.
O meu é meu.
Seu medo, voar.
Meu medo, ficar.
Presa.
Presa de seu medo.
Seu medo, ser livre.
Meu medo, ser presa.
Amor não en - caixa.
Amor liberta.
Quem ama voa.
Quem prende mata.

domingo, 11 de janeiro de 2015

O amor que a gente inventa

Nossa vida é preenchida por pequenas questões rotineiras.
Não são as grandes causas que nos movem. Como por exemplo a defesa dos animais, das minorias étnicas ou de gênero.
Não. O que nos movimenta são as questiúnculas tipo se temos grana suficientes para honrar nossas contas ficamos felizes e aliviados. Se não temos, bate a angústica, a dúvida e a insegurança.
Se a pessoa que imaginamos que amamos (sim, imaginamos porque não há nenhuma garantia de que de fato amamos e muito menos de que somos amados, por isso, inspiradíssimo, Cazuza declarou "o nosso amor a gente inventa" ) nos manda mensagens pelo WhatsApp recheada de coraçõeszinhos, numa tentativa de demonstrar o quanto nos ama, como se a quantidade de emoticons mensurasse o tamanho do amor, então ficamos felizes, sorrimos e nosso dia se ilumina. Se, porém, o som de notificação emudece, o sol se esconde entre as nuvens e o horizonte anuncia raios e trovoadas.
É assim que tocamos nossa vida. A maior parte do tempo entregamos a decisão de ser feliz ou infeliz em função de situações (ter ou não dinheiro para as contas) ou de pessoas (será que ele não me ama porque não me chamou hoje para um bate-papo?). Quando na verdade deveríamos assumir nossa responsabilidade pelo fato de ter ou não condições de se bancar e ser independente, em vez de culpar terceiros. Ou pensar que não tem problema nenhum tomar a iniciativa de enviar um coraçãozinho em vez de achar que a obrigação é sempre do outro.  Parece lugar-comum o assunto, mas é que ele é recorrente no consultório.

As mulheres, mais do que os homens, costumam cometer esse engano, e viajam loucamente na maionese, deliram mesmo, são quase psicóticas porque criam realidades paralelas fantasísticas para justificar a momentânea ausência do on-line do seu parceiro ou candidato a. Onde, com quem e fazendo o quê são os devaneios mais frequentes. Talvez em primeiro lugar com quem e em segundo, com certeza, fazendo o quê! E às vezes eles estavam de fato apenas numa reunião de trabalho onde o chefe mandou que todos desligassem os smartphones.  E vamos ser realistas: que garantias de que é verdade a gente tem, se a pessoa disser onde está ou com quem ou fazendo o que? É só desligar o localizador geográfico que o sujeito pode estar na Tailândia e dizer pra você que está no Bras! Portanto....Lembrando que isso vale para as mulheres também, é óbvio!
Os homens, porém, são bem mais desencanados em relação a isso, principalmente se estiverem em horário de trabalho. Quando um homem está no seu trabalho o foco dele fica todo concentrado ali. Até porque meninos não conseguem fazer duas coisas ao mesmo tempo, portanto, não adianta ficar mandando figurinhas e mensagenzinhas o dia todo porque o risco de eles não responderem é bem grande. Mas se responderem não estiquem o assunto. Responder pra eles significa muita coisa. Então, fique feliz.
As mulheres são multitarefa desde o tempo das cavernas. Por isso é tão difícil para nós entendermos como ele não arrumou dois segundos pra responder minha mensagem? Dois segundos pra eles é muito tempo!
Agora é claro! Desconfie de sumiços muito longos que não foram antecipadamente avisados. Vez por outra é comum eles prepararem o terreno para os "perdidos" com justificativas triviais: vou viajar a serviço e lá não tem wi-fi e o 3G você sabe, nunca funciona. Provavelmente é verdade e provavelmente mesmo sendo verdade você pode ficar com aquela incômoda pulga atrás da orelha, mas, infelizmente, não tem o que fazer: ou a gente acredita ou termina tudo porque ninguém aguenta viver desconfiando e sendo alvo de desconfianças. Mas também não adianta nada repetir a mesma neura com o próximo amado.
Por isso Cazuza tinha razão: "O nosso amor a gente inventa pra se distrair, e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu". Uma música feita nos anos 80 nunca foi tão atual. Porque é agora, nos dias de hoje, que vemos amores começarem e terminarem na velocidade da transmissão de dados. Não sofra por tão pouco. Vá atrás de ganhar mais dinheiro ou corte gastos pra conseguir equilibrar seu orçamento, se o seu problema for esse. Olhe mais pra você mesma e cheque menos vezes por minuto se chegou ou não uma mensagem nova ou uma curtida nova se o seu problema for relacionamento. Viva mais focada em você e invente menos amores pra satisfazer a sua vaidade.
E pra quem não conhece Cazuza ou quer relembrar o sucesso de 1986 segue a letra e o videoclip (wow que coisa mais antiga!):

O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver
Não pode ver que no meu mundo
Um troço qualquer morreu
Num corte lento e profundo
Entre você e eu
O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu
O nosso amor
A gente inventa
Inventa
O nosso amor
A gente inventa
Te ver não é mais tão bacana
Quanto a semana passada
Você nem arrumou a cama
Parece que fugiu de casa
Mas ficou tudo fora de lugar
Café sem açúcar, dança sem par
Você podia ao menos me contar
Uma história romântica
O nosso amor a gente inventa
Pra se distrair
E quando acaba a gente pensa
Que ele nunca existiu
O nosso amor
A gente inventa
Inventa
O nosso amor
A gente inventa

https://www.youtube.com/watch?v=ajU6b0HJ9yU 

domingo, 23 de novembro de 2014

AutoAjuda

Livros de autoajuda fazem sentido para você?
Se a resposta foi positiva, beleza!
Pra mim não faziam.
Durante a minha Idade das Trevas - um tempo em que eu não me permiti ser feliz - li diversos desses livros de Louise Hay a Brian Adams, passando por Deepak Chopra e Shyniashiki.
Sim eu li todos esses autores no desespero de encontrar respostas às minha angústias.
Talvez tivesse tido mais resultado buscando respostas nos grandes clássicos ou se tivesse ouvido mais rock.
Mas eu estava tão deprê que até ler bula de remédio era melhor do que ficar com a a mente ociosa. Sabe como é, tem aquela coisa do capeta (mente vazia é casa do demônio ou coisa assim), então mesmo que você não acredite muito nisso, na dúvida é sempre melhor ocupar a mente com alguma coisa.
Menos com funk, gente. Porque funk é coisa do capeta, aí  não vai aliviar muito, enfim, naquela época não tinha funk então eu estava meio que a salvo.
Bom, voltando aos livros de autoajuda, o fato é que eles não me ajudavam em nada e o que eu percebia era que os autores dos livros só ficavam cada vez mais ricos - e eu tinha contribuído para isso de certa forma - enquanto eu ficava na mesma...
Bom, o que me tirou da lama. em que eu me afundava (desculpem o uso de termos não muito ortodoxos, mas é que na verdade eu quero atingir um número bem grande  de pessoas e ficar com frescura em relação à estética da linguagem vai acabar me afastamento de quem eu quero atingir, que é a pessoa  comum e não os iluminados, porque esses provavelmente nem leem meu blog), o que me salvou foi a psicanálise.
Ah! pode torcer o nariz, pode fazer cara feia.
Mas, o que deu resultado mesmo foi a psicanálise.
Terapias holísticas de um modo geral são muito legais, ajudam, mas se você não escarafunchar a fundo não adianta; se você não mergulhar no tal do Inconsciente, não adianta; se você não se entregar ao tal do Freud, não tem Jung que te sustente.
A melhor autoajuda só você pode dar a você mesmo.
Psicanalise-se! Taí a receita eficaz de autoajuda!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O que quer uma mulher?

"Como Freud demonstrou em seu estudo do lapso, é no erro que melhor se confessa o verdadeiro." Esta frase é do autor do livro O que quer uma mulher, de Sergé André.
Uma mulher quer, no fundo, o que todo mundo quer. Ela pode até não confessar, a não ser pelo lapso, talvez por um olhar, ou por uma lágrima que deixa escapar.
Mas o que quer uma mulher? Quer ser ouvida e escutada (sim, tem diferença e só a prática diária oferece o melhor resultado), acarinhada e acariciada (idem), elogiada, elevada, protegida, cantada em prosa e verso e vice-versa. 
Uma mulher quer ganhar presentes de surpresa e presentes-surpresa. Há que ter uma sensibilidade especial para perceber a diferença. Mulheres são seres diferentes entre si, umas das outras e, ao mesmo tempo, tão parecidas e iguais. Iguais entre si, umas das outras e, ao mesmo tempo, tão parecidas com seus homens, com homens que não são seus, com os homens seres humanos.
Mas é na falta que mulheres (e homens) mais se assemelham aos bebês chorões. Assustados com o sumiço (ainda que temporário) das mamães...Mamães que olham para seus bebês e na sua angústia não sabem, afinal, o que querem seus bebês? 
E todos se perguntam: afinal, o que quer um bebê?
Quer o mesmo que uma mulher, que um homem, que uma criança, que um velho.
Em qualquer fase da vida o que quer o ser humano? Quer o amor, o colo, o calor, o abraço, o cheiro, o beijo, o afeto, o olhar quente, o aconchego.
Mas se querer não é realizar o seu querer...Vamos errando de lapso em lapso confessando nosso desejo verdadeiro.

sábado, 26 de julho de 2014

Corre, Dirce, corre

Dirce Maria vive correndo. 
Abriu o semáforo, corre para atravessar a rua; vence uma pista, ganha fôlego, encara a próxima. Vai correndo. 
Desce a ladeira, sobe a calçada, vira na esquina. Sempre correndo. 
Corre pra pegar o ônibus, corre pra fugir da chuva.
Vai, Dirce Maria, corre.
Corre, corre. Corre de quê?
Corre de quem?
Corre pra quem?
Levar os filhos na escola; depois tem de buscar. 
E a academia, o inglês, a natação?
Hidroginástica, feira, supermercado.
Dentista, ginecologista, cardiologista...psicanalista?
Lá vai, Dirce Maria.
Sempre correndo.
Correndo entra no metrô. Quer sentar? Não, fica porta pra sair mais rápido. 
Não pode parar. Está atrasada. 
Atende o filho, o marido, o chefe, a mãe, o pai.
Nem se olha direito na frente do espelho. 
Dirce Maria sai na rua com a blusa no avesso. 
Nem repara. 
Só corre. Socorre? 
Nem se olha, nem se vê, nem se enxerga. 
Nem sequer se sabe, se toca, se ouve.
Corre, corre, pra quê?
Corre, corre, por quê?

sábado, 19 de julho de 2014

Amor é uma invenção de Hollywood

Algumas pessoas me perguntam por que os relacionamentos estão mais complicados?
Não sei a resposta, não sei nem se existe uma, mas devolvo a pergunta: complicado pra quem?
Geralmente quem pergunta é o fator complicador. Então, vamos tentar entender.
Muitas vezes, os namoros/casamentos não dão certo porque as pessoas não querem abrir mão de nada. Não querem ceder um milímetro e ainda exigem que o outro da relação aja/pense/sinta de acordo com sua vontade.
Vamos para os relacionamentos cheios de expectativa que giram em torno do que o Outro vai me dar? e se o outro não atinge a cota daquilo que eu quero que ele faça, as coisas começam a ruir. Isso vale para ambos os lados.
Mas, se homens são de Marte e mulheres são de Vênus (e aqui vou me ater aos relacionamentos héteros apenas) é bom que fiquem claras as diferenças entre os sexos.
Se uma relação não dá certo, em geral as mulheres são as primeiras a detectar e a desejar sair do sofrimento, ainda que a separação cause um outro tipo de sofrimento. Muitas vezes, um rompimento não significa que o sentimento terminou. Às vezes ele perdura por anos. É que entre viver na dor acompanhada, muitas mulheres optam por vivem na dor sozinhas.
Já os homens, nunca ficam sós. Muito raramente. A maioria esmagadora sai de uma relação e já coloca o pé (e todas as outras partes do corpo) em outra relação. Mesmo que o seu coração ainda esteja lá na outra, principalmente se essa outra for a mãe dos seus filhos. Que fique bem claro, há exceções. Estamos aqui falando sobre as pessoas que se encaixam na média e não sobre os extremos.
Os homens desejam mulheres/mãe e ponto. Que sejam nutridoras, jamais cobradoras e disponíveis. 
Mulheres querem homens/paiemãe e ponto. Que sejam provedores, que coloquem ordem e deem a direção.
Se as coisas fugirem disso, ou seja, se o cara se casa com uma mulher que resolve ser ela mesma e não topa fazer o papel de mãe e se a moça se envolve com um rapaz que não está a fim de pagar a conta no fim do mês, vai tudo por água abaixo.
E se um dos dois tiver essa consciência e o outro não também desanda.

Ninguém sabe o que vai pelo coração e pela mente das pessoas.
Ninguém pode garantir nada. As pessoas podem dizer e agir de um modo e lá no íntimo a situação ser bem diferente da mostrada exteriormente. Quantas vezes já nos surpreendemos com relacionamentos que aparentemente iam às mil maravilhas???? Muitas vezes!
Quem pode garantir o que vai pela cabeça dos amantes? Nem eles podem garantir nada.
Tudo é um grande jogo de conveniências.Os relacionamentos dão certo, funcionam, enquanto for conveniente para ambas as partes. Se uma das partes quebrar o acordo tácito firmado no inicio de todo relacionamento, ainda que inconscientemente, surge a desunião.
Relacionamentos não têm nada a ver com amor. Amor é uma invenção de Hollywood pra vender filme. Existe sim um amor, imenso, entre pessoas que estão separadas que quanto mais negado, mais aumenta!
Sempre que não se assume o objeto de amor mais ele ficará ali, na sua vida, como um fantasma,
Assuma que ama, mas que a convivência não foi possível por "n" razões.
ou assuma que nunca amou e que todo o tempo só existiu o fator conveniência.
Mas não use as pessoas, nem as do passado, nem as do presente, como muletas para justificar seu egoísmo e sua inflexibilidade.
Quando um relacionamento fracassa, não existe apenas um responsável ou um que seja O mais culpado.
Cada um tem sua parcela de responsabilidade. Assuma a sua. É mais honesto e verdadeiro com você mesmo(a).

domingo, 27 de abril de 2014

O projeto narcísico de Deus

Quando lemos em Gênesis 1 - 26:"Deus disse: façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança (...)" estamos diante de um projeto que os pais têm em relação aos seus filhos, um desejo narcísico de que os filhos sejam sua imagem e semelhança.

Que pai não se orgulha quando ouve de alguém, ainda na maternidade, a célebre frase: é a cara do pai!? Não só por lhe confirmar a legítima paternidade, pois, como Freud dizia, a maternidade é certa, a paternidade, porém, é dúbia... que alívio ouvir a confirmação do Outro de que, sim, o filho é seu e é parecido com você, é à sua imagem e semelhança.

Quando a criança cresce o suficiente para perceber esse desejo do pai (e da mãe, porque ela faz parte desse projeto "o que eu quero que me filho seja"), ela começa a responder a esse desejo e surge então o ideal de eu: o que meus pais (e depois a sociedade) esperam que eu faça para ser amado (aceito)? e aí começam a surgir os conflitos pois o ideal de eu se contrapõe ao eu ideal, que se constitui narcisicamente ainda quando a libido está toda concentrada no próprio Eu, ainda bebê, naquele período quando a criança tira prazer de seu próprio corpo, que todo tocar é prazeroso, onde dedinhos de pés e mãos são uma farra, onde tudo que vai até a boca é um sucesso! Mamar, óbvio! é a glória! porque além de satisfazer o prazer físico que a sucção bucal provoca, aplaca a fome! e de quem é aquele seio enorme cheio de leite que satisfaz o bebê? ele não sabe, ele pensa que é dele! É meu! Sou eu! Tudo se confunde. 

Então, um dia, ele percebe que aquela fonte de prazer não está à sua disposição. O que fazer? CHORO!!!! GRITO!!! ESPERNEIO!!! FICO ROXO!!!! e  como num passe de mágica lá vem o seio novamente me dar prazer, sorri o bebê.

O pai, não percebeu, mas até aí, seu papel foi de coadjuvante. Um coadjuvante merecedor de Oscar, sim, mas para o bebê, não passa disso. É preciso que a mãe, - essa danada!!!! que transa com meu pai, mas deixa eu chupar o seio dela - diga ao bebê, mostre ao filho que o coadjuvante, na verdade, é o diretor do filme! é o cara de que manda, é o produtor, o provedor! ELE É O CARA! Pode espernear, chorar, ficar roxo, perder o fôlego, mas sEU PAI é o mEU HOMEM, é ele quem me dá prazer, é ele que me dá o falo dele para que possa ter o meu falo, que é você, meu filho (filha).

Oras, quando esses distintos papéis ficam estabelecidos e claros para o indivíduo, a passagem do processo narcísico primário (quando a criança pensa que o m
undo gira em torno dela) para o secundário (quando ela percebe que existe um terceiro na relação edípica dela com a mãe), ou seja, do narcisismo para o amor objetal, fica natural e sem o surgimento de neuroses mais graves.

Muito bem, tudo isso pra dizer o seguinte: qual é a nossa relação com essa entidade que chamamos Deus? Deus PAI! como o vemos? como o sentimos? como o imaginamos? Isso tem muito a ver com o que sentimos, imaginamos em relação ao nosso pai biológico ou a quem fez as vezes de, a função de.

Em qualquer uma das imagens de Pai - o divino ou o real - está implicado o que sua mãe lhe disse sobre seu pai. Ele é mesmo o cara ou é um banana? Quem manda é ele ou sua mãe? Sua mãe é manipuladora (daquelas que se orgulham de dizer: seu pai pensa que manda, mas na verdade ele sempre acaba fazendo o que eu quero; eu sei direitinho como dobrar seu pai, etc)?

Enfim, pense sobre isso e me diga: qual é o seu caso?

terça-feira, 11 de março de 2014

O apaixonamento


Que interessante! Este post estava na seção de rascunho há nem sei quanto tempo. Há muito tempo. Cliquei para ver o que eu teria escrito sobre o tema e a surpresa: estava em branco.

O que me chamou a atenção é que este termo, especificamente este termo, apaixonamento, foi mencionado durante a minha sessão de análise pessoal.Não posso revelar o contexto, é claro, mas sabe-se que o apaixonamento também faz parte do processo analítico.

E como nós, psicanalistas, sabemos que somos muito mais guiados pelo nosso sábio inconsciente do que imagina nossa vã consciência, me intrigou o tal apaixonamento. Ou eu estaria implicada?

Ainda não tenho as respostas.Mas não se preocupe. Caso você também esteja intrigado com algum possível apaixonamento que o esteja rondando como um fantasma, não se assuste. Talvez ele seja apenas a manifestação de um amor dirigido a vários alvos. 


Podemos nos apaixonar por nós mesmos, pelo outro, pelo trabalho, por um livro, pelo autor do livro, por uma música, uma poesia. Freud identifica esse apaixonamento como o depósito da libido em um objeto, associando-o a aspectos pulsionais que estão a serviço de um ideal perdido. Mais ou menos isso: quando nos apaixonamos, estamos desejando sentir aquele aconchego do colo materno, o prazer da proximidade do seio nutridor, enfim, aquele amor de mãe que nós achamos que é insubstituível e por estarmos assim iludidos navegamos pelas ondas das sensações físicas que a proximidade de outros corpos nos dá, imaginando, inconscientemente, que estamos novamente no embalo do primeiro colo. Sem falar que estamos projetando no outro aquela imagem positiva que temos de nós mesmos (e vice-versa), como fazíamos quando bebês e olhávamos no espelho e não nos reconhecíamos, mas pensávamos que se tratava de outra criança e dizíamos "bebê", na terceira pessoa.

E por nos equivocarmos assim, pensamos que nosso amado ou amada atenderá a todos as nossas carências sem nos darmos conta de que do outro lado também jaz um ser que, da mesma forma, deseja que nós atendamos a todas as usas carências. 


É mais ou menos como se colocássemos dois bebês de cinco a seis meses um ao lado do outro e ficássemos observando de longe. Enquanto estiverem bem alimentados e limpos estarão alegres, tranquilos, se divertindo, rindo, brincando com seus próprios dedinhos ou pezinhos. À medida que o tempo passa e a fome ou o desconforto da fralda molhada aumenta, eles passam a ficar irritados, choram e se desesperam porque um não pode fazer nada pelo outro. Quem vai salvá-los? A mãe.
Só que não. Num apaixonamento, pensamos que o outro é a mãe. Mas ele (ela) não é. É apenas outro bebê chorão.


Por isso os relacionamentos amorosos são tão complicados. Em geral, nos apaixonamos por nós mesmos pensando que é o outro. Quando descobrimos que o ele não sou eu e que o eu não sou ele, vem a decepção frases comuns do tipo: mas quando a gente começou (o namoro, casamento etc) ele era outra pessoa!!! Sim. Era você. Depois vem a fase mais triste e turbulenta que é quando ambos se esforçam para atender às necessidades do outro - como uma mãe faria - mas a luta é inglória! Os bebês são tiranos insaciáveis! Sempre querem mais e mais. E a insatisfação se instala na vida do casal. Ela reclama de um lado, ele sai batendo a porta de outro.


Como solucionar esse impasse? Se não podemos ou se não devemos desejar o outro como a uma mãe nutridora e provedora, mas ao mesmo tempo, segundo Freud estamos condenados a isso o tempo todo, como se dá, afinal o verdadeiro apaixonamento entre dois adultos e não entre dois bebês? Isso existe? É possível? Quem sabe?

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Uma dor de barriga é sinônimo de doença incurável????

Quando Freud pedia para se dizer qualquer coisa, sabia que não é o mesmo
 que pedir para dizer uma coisa qualquer.
Quando as pessoas se sentem organicamente doentes, ou seja, quando têm dores, mal-estares físicos em geral, correm para o médico ou para a farmácia com o objetivo de aliviar aquilo que as incomoda.

Muitas vezes comentam com seus pares, colegas de trabalho, vizinhos, membros da religião que frequenta. Falam de suas dores, de seus desconfortos...parecem não se envergonhar nem do calo do dedinho do pé, nem da enxaqueca e muito menos da fibromialgia. Aliás, às vezes têm-se a impressão de que até gostam de comentar sobre suas dores físicas que, claro, sempre são maiores do as dos seus ouvintes.

Então, por que será que essas mesmas pessoas que se entopem de analgésicos comprados até em supermercados, se recusam a procurar ajuda quando o mal-estar é psíquico ou emocional? Ou seja, quando esses mesmos pares que as ouvem pacientemente, lá um dia...se viram para elas e dizem: estou te achando meio deprê; ou estou te achando meio cheio de manias; ou, parece que você está deturpando o que as pessoas te falam; ou são mais objetivas: você não está bem e precisa de ajuda....

Por que nessa hora - quando alguém lhes diz que precisam de ajuda, que devem procurar um psicólogo, um terapeuta ou nos casos mais graves, um psiquiatra - as pessoas se ofendem?

Por que a reação mais comum é dizer: o quê???? você acha que estou louca?

Por que ainda hoje, apesar de tão divulgado sobre os benefícios de uma boa análise, uma boa terapia...por que, as pessoas acham que estão querendo dizer que elas estão loucas quando se sugere procurar a ajuda de um profissional da alma? 

Porque se essas mesmas pessoas  reclamam de uma dorzinha abdominal e alguém lhes diz para ir ao médico elas não respondem defensivamente: Você pensa que eu estou com câncer? Uma dor de barriga é sinônimo de doença incurável? Não necessariamente. Então, não necessariamente é louco todo aquele que, embora doente da alma, procura um analista, psicólogo ou psiquiatra!

Então, por qual motivo inconsciente e inconsistente, homens e mulheres fogem dos analistas, psicoterapeutas e terapeutas em geral como o diabo foge da cruz, como o vampiro foge do alho, como o lobisomem foge da bala de prata?

Bom, se não procurarem uma ajuda imediatamente nunca saberão!

terça-feira, 16 de abril de 2013

O pior da insônia é quando você ouve o primeiro pio do bem-te-vi

A insônia pode acontecer em qualquer idade. Conheço jovens adolescentes que sofrem desse distúrbio do sono. Crianças da mesma forma não estão livres de noites maldormidas.
Você sabe que está com insônia quando tenta dormir e não consegue. Essa tentativa pode ser no momento em que se vai deitar com o objetivo de dormir, mas também ocorre no meio do sono. A pessoa se deita no seu horário habitual e depois de duas ou três horas acorda, muitas vezes sem nenhuma razão aparente, e aí começa a tortura.
Primeiro você tenta dormir. Fecha os olhos, reza, tenta se concentrar num único pensamento, lembra de um mantra e rola de um lado pro outro sem sucesso na intenção de dormir. Acende  a luz, bebe um pouco da água que está no copo do criado-mudo ao lado da cama. Apaga a luz novamente, afofa o travesseiro, e deita a cabeça sorrindo feliz e pensando: agora, vai.
Fecha os olhos, mantra, reza, ouve a moto que sobe a rua, o guarda-noturno apitando no final do quarteirão...lá longe, o trem de carga que passa discreto no silêncio da noite. E a mente? Um turbilhão. Milhões de pensamentos, em dado momento você~e não sabe mais se está acordado ou dormindo porque tem a sensação que de que está sonhando mas ao mesmo tempo ouve todos os sons da noite. O ressonar da gatinha que dorme do seu lado, o ronco da cachorrinha, o vizinho da casa ao lado que se levanta para ir ao banheiro e, dependendo do caso, você ouve tudo o que ele faz lá. Conferir que horas são nesses casos só piora a sensação de impotência diante dessa luta inglória entre o seu desejo de dormir e o seu cérebro que teima em permanecer acordado.
Então, você ouve o primeiro ônibus passar na rua de cima, o primeiro pio do bem-te-vi e descobre que está há quatro ou cinco horas acordado quando deveria ter dormido.Bate um desespero infernal. Se por acaso você tem um compromisso logo pela manhã então, não tem remédio mesmo. Se sua rotina pode ser adiada, é possível que você ainda consiga dormir mais umas duas ou três horinhas porque, por incrível que pareça, existem insones que, após uma noite inteira maldormida, conseguem até sonhar em duas ou três horas depois de o sol já estar na ativa.
As causas da insônia são inúmeras e só um especialista pode ajudar. Se você leu esse post e se identificou com o problema, procure um médico.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Domingo

Caminhos...
Você acorda, e ainda na cama alonga os músculos do corpo todo num espreguiçar enorme....olha para o celular na mesinha de cabeceira, vê que horas são e pensa que a noite, afinal, não foi de todo ruim mas podia ter sido melhor.
Enumera mentalmente e rapidamente o que precisa ser feito o que deve ser feito e não o que quer fazer/gosta de fazer enquanto afasta os lençóis e estica as pernas para fora da cama. Encontra os chinelos embaixo da cachorrinha que dormia ao lado, sai do quarto e, apesar da vontade de fazer xixi, desce a escada, abre a porta da sala, pega os jornais e vai para a cozinha. No caminho, vê a caca dos cachorros que precisa ser limpa e que hoje, por causa da chuva está pior a bagunça do que nos dias secos. Resiste a limpar a lavanderia e vai mesmo direto pra cozinha, mas não resiste á bagunça da mesa do sábado. Passa um Veja em tudo e quando percebe está fazendo isso também no balcão, e aí, para. Coloca a toalha limpa na mesa e vai ajeitar as xícaras, pires, talheres etc. Olha para a Tv e pensa se deve ou não ligá-la. Melhor seria ouvir uma música, um mantra...mas pra isso teria de subir até o quarto, pegar o CDplayer os CDs....desiste. Ajeita as xícaras nos pires, coloca as frutas nos pratinhos auxiliares, guardanapos...tudo em ordem/ mais ou menos, pensa. Só então vai beber seu leite com café. Antes, engole suco com farelo de trigo (ouviu num programa de Tv sobre saúde que é bom para o funcionamento do intestino) e junto vão as cápsulas de vitamina D, quitosana, spirulina e isoflavona, metade receitado pelo ginecologista para ajudar na menopausa, metade pegou por intuição na prateleira da loja de produtos naturais porque leu em algum lugar que ajudavam a emagrecer. Há 4 anos briga com a balança. Coincidentemente, há quatro anos não menstrua mais. Já fez caminhadas, academia, pilates, dietas orientadas por nutricionistas....e, nada. Piorou há dois anos quando resolveu reatar um casamento abandonado há 12 anos. Mas piorou muito mais quando há mais ou menos um, teve certeza de que a escolha fora equivocada. Aliás, parece que escolhas equivocadas são sua marca registrada. Você olha para as torradas com patê de peito de peru e chega quase a se deprimir.
Mas decide que não adianta chorar pelo leite derramado. Coloca a caneca personalizada dentro da pia, dá tchau pros pets, pega a bolsa e sai sem escovar os dentes. 

domingo, 23 de dezembro de 2012

Mais uma véspera da véspera

Quando eu era criança a véspera da véspera era como se fosse a véspera do Natal porque lá em casa a gente sempre abria os presentes na madrugada do dia 25. O dia 23 era de grande expectativa porque o dia 24 a gente ia à Missa do Galo - que eu nunca entendi por que tinha esse nome já que nunca vi galo nenhum na Missa - (depois de grande entendi, mas não vou explicar porque isso não é importante agora) e quando a gente voltava da igreja quase duas horas da madruga chegávamos em casa e não sei como nem quando mas minha mãe deixava todos os presentes embaixo da árvore e eu acreditava que era o Papai Noel que deixava tudo lá, uma vez até vi, eu juro, eu vi o dito cujo passar pelo céu com suas renas e trenó etc etc...Bom, eu chegava em casa e abria tudo. Sempre tinha muitos presentes. Não posso reclamar da minha infância. Não foi uma infância pobre. Ganhava muitas bonecas, pianinho, casinha de boneca, panelinhas, pratinhos, ganhava roupas, sapatos, sim, no plural....Tive Susi, Barbies, bonecas de todo tipo e tamanho, que falavam, que andavam, que choravam, que faziam xixi, que dormiam, que cantavam...
Aí,  a gente ia ceiar. Nós tínhamos uma moça que morava em casa e trabalhava para nós. Isso durou até os meus 12 ou 13 anos...depois veio a fase de menos valia. Mas isso é outra história.
A história boa é que durante muitos anos eu acreditei naquele bom velhinho que via na loja, sim, mas não entendia, como ele conseguia entregar presentes pra tantas pessoas que ele atendia lá naquela loja (era o Mappin! lá na Praça Ramos, uma loja de departamentos enorme com vários andares e ascensorista no elevador que ia falando: segundo andar, eletrodomésticos; terceiro andar, brinquedos, quarto andar, mesa, cama e banho...). naquela época não existiam shoppings. O nosso shopping era o Mappin, depois a Mesbla...ah como era chique comprar na Mesbla, como era bom quando as tias ricas te davam presentes da Mesbla, principalmente roupas! Eram sempre peças bonitas, finas, exclusivas...em São Caetano, onde eu nasci e morei até os 20 anos, não tinha essas coisas. Sim, depois a Mesbla veio pra santo André...do lado de SCS...ah e como era chique dar uma volta no centro de Santo André e andar pelas escadas rolantes da Mesbla que ficava na Praça do Carmo! sim, essa mesma onde está a Catedral do Carmo onde casaram meus primos e onde minha filha também se casou recentemente...
Ah, o Natal...as ceias eram lá em casa e os almoços do dia 25 também porque era meu aniversário (bom, é até hoje!), e ao contrário do que TODO MUNDO diz quando sabe que eu faço aniversário no Natal (ah, que chato, você ganha um presente só....) MENTIRA! EU SEMPRE GANHEI DOIS PRESENTES: um de NATAL e outro de ANIVERSÁRIO!!!! invejosos, morram de INVEJA! Eu ganhava DOIS presentes. Ou outros meros mortais é que ganhavam um só de Natal.
Então, no dia seguinte, a gente acordava tarde porque já tinha ido á Missa do Galo e não precisava acordar cedo pra ir á Missa de Natal. E aí era o dia do meu aniversário! No almoço já ganhava mais presentes, agora eram os de aniversário: da tia, do vô, da mãe, do pai...e o pessoal ia chegando, mais tios e tias e primos e primas e a casa ia lotando, e os presentes chegando....sempre dois: um de natal, outro de aniversário.
Muito bem, e daí! Depois dos 15 anos parece que tudo ficou meio estranho. Meu avô morreu, minha tia se mudou pra Santos, meu primo se divorciou (foi o primeiro da fila) e, sei lá....ficou tudo um tanto estranho. Meu irmão foi embora pra Guaratinguetá ser militar, depois foi morar no rio Grande do Sul...depois eu casei (a primeira vez), depois meu pai morreu...aí, sei lá, ficou tudo mais estranho ainda.
Às vezes bate a saudade daquele tempo, quando eu voltava da Igreja segurando a mão da minha mãe, de madrugada, pelas ruas quietas de São Caetano....vestindo um vestidinho engomado, com fitas coloridas, um sapato branco de verniz, uma fita no cabelo encaracolado....uma pulseirinha de ouro com meu nome gravado....olhando pro céu estrelado (que na época ainda era estrelado), vendo o Cruzeiro do Sul, as Três Marias, Vênus na linha do horizonte e, quem sabe, o Papai Noel em seu trenó dourado puxado pelas renas brilhantes.
Feliz sonhos, feliz lembranças para todos!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ansiedade e depressão podem causar infarto


Ansiedade e depressão aumentam
em 60% o risco de infarto do miocárdio

Problemas cardíacos são responsáveis por 30% das mortes no Brasil. Considerada fator de risco para desenvolvimento de doença cardíaca, depressão será a doença mais comum em 2030, de acordo com a Organização Mundial de Saúde

            Hipertensão arterial, tabagismo, sedentarismo e obesidade são alguns dos mais conhecidos e explorados fatores de risco para o desenvolvimento de problemas cardíacos, que são responsáveis por 30% das mortes por ano no Brasil, mas a ansiedade e a depressão também precisam ser controlados para manter um coração saudável.
            O InterHeart, estudo que envolveu 52 países e teve como objetivo avaliar de forma sistematizada a importância dos fatores de risco para doença arterial coronariana, revelou que fatores psicossociais, como estresse e depressão, aumentam o risco de infarto em 60%. "A depressão e a ansiedade não eram tratadas  como coadjuvantes das doenças coronárias, porém hoje são tratados como marcadores de risco isolados e merecem atenção especial, pois podem ser confundidos com outras crises, como tristeza e melancolia", diz o cardiologista do Hospital do Coração, responsável pelo Programa de Cuidados Clínicos no Infarto do Miocárdio e membro do Comitê Diretivo do estudo Leopoldo Piegas.
            Após a avaliação de 30 mil pacientes que participaram do estudo, os pesquisadores concluíram que a depressão reduz o calibre dos vasos sanguíneos e eleva a pressão arterial. Já a ansiedade e estresse aumentam a produção de substâncias inflamatórias relacionadas a aterosclerose coronária.
            Os impactos da depressão no sistema cardiovascular também são causados devido as alterações comportamentais que a doença causa. "A pessoa em depressão ou alto índice de ansiedade são mais propensas a consumirem bebidas alcoólicas, cigarros, além de outros hábitos que favorecem o surgimento de doenças cardíacas", explica o médico Piegas.
            Outro fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares é o estresse, que está ligado diretamente à ansiedade e à depressão.
            Pesquisa realizada pelo setor de psicologia do HCor com executivos que realizam check-up na instituição revelou que 50% dos executivos com idade média de 40 anos sofrem de estresse.
            Das 234 pessoas avaliadas, 79% são do sexo masculino e 21% do sexo feminino, sendo que 37% ocupam cargos de gerência, 20% cargos de analistas, 8% são engenheiros e 35% outras profissões. Dos sintomas provenientes do estresse destaca-se a ansiedade, com 75% e a irritabilidade com 51%. "Os fatores relacionados ao estresse estão presentes no relacionamento familiar, tempo reduzido para o lazer, sedentarismo, insônia e oscilações de humor. Além disso, características de personalidade, como, perfeccionismo, elevada autoexigência, ansiedade e ligação com o trabalho interferem na intensidade do estresse", explica  a chefe do Serviço de Psicologia do hospital dra. Silvia Cury.

Infelizmente, poucos profissionais da área da saúde indicam psicoterapia para pessoas com esse quadro de estresse, ansiedade e/ou depressão relacionado no estudo internacional.
Ainda existe muito preconceito. As pessoas têm vergonha de dizer que fazem terapia, dizem que isso ou é coisa de louco ou de artista ou de rico ou de quem não tem o que fazer.
E, assim, muitas vidas deixam de ser salvas por puro desconhecimento. Seria muito bom que mais e mais cardiologistas e outras especialidades médicas, pois, em geral, todas as doenças têm como causa fatores psicossociais como estresse, depressão e ansiedade não tratadas, prescrevessem aos seus pacientes não só medicamentos mas, principalmente, um tratamento psicoterápico. 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Constelações: a descoberta daquilo que está oculto



No sábado 14, tive a oportunidade de participar mais uma vez de um workshop com a especialista em Constelações, Zaquie Meredith, no seu espaço na rua França Pinto, na Vila Mariana, em São Paulo.
E mais uma vez pude constatar a verdade sobre "A verdade das relações entre as pessoas".
Durante uma constelação somos "bonecos" movimentados pela força do inconsciente das pessoas (personagens) que ali se apresentam.
É uma experiência que nos enriquece como seres humanos apenas como participantes ou mesmo só assistindo. Quando você constela, então, o que está oculto vem à tona. São fatos, emoções e sensações desconhecidas do nosso consciente. E o quebra-cabeças de nossas vidas começa a ter as peças encaixadas e a visão de nossas vidas começa a fazer sentido.
Não é possível explicar ou descrever. Tem de experimentar, vivenciar a experiência para entender como funciona o sistema, o processo.
A seguir, Zaquie nos brinda com um artigo de sua autoria. No final, você encontra todas as informações necessárias para participar das atividades propostas por ela como o curso de formação cujo 1º Módulo acontece dias 18 e 19 de agosto e os workshops. No dia 18, às 14h é possível participar apenas do workshop vivencial que acontece dentro do curso. Para maiores esclarecimentos, entre em contato diretamente com Zaquie. As informações estão ao final do texto. Boa leitura!


A Constelação nada mais é do que uma descoberta sobre a verdade das relações entre as pessoas. Elas mostram o verdadeiro sentimento e sensações que se passam entre as pessoas e que raramente são ditas.
Quando constelamos algo do passado,  então isso vem à tona mais claramente, por exemplo, quando antigamente havia muitos “segredos” de família que ninguém ousava falar.
Tive um deles quando constelava uma família em Brasília a respeito de um “erro médico”. Descobrimos que o segredo da negligência do bebê estava com a mãe e não no “erro médico”.
Isso aliviou a família que podia continuar o seu destino, agora, de uma forma mais libertadora.
É isso que faz a constelação. Ela liberta. Ela esclarece. Ela direciona. Ela alivia. Ela une.
Na época em que Bert Hellinger, seu autor, se dispunha a responder os e-mails e cartas, eu enviava alguns dos meus achados sobre a constelação e ele respondia com um “well done”.
Hoje sabemos que Bert é muito ocupado com os seus 86 anos bem vividos e doados à humanidade.
Lembro-me de outra constelação fantástica sobre quatro tias solteiras:
Uma mulher que reclamava de quatro tias que a controlavam por causa do dinheiro. Ela disse que já não tolerava mais esse controle e que era excessivo.
Então fizemos uma constelação. Coloquei as quatro tias, uma por uma de frente para o Dinheiro. Alguma coisa me disse para escolher um homem jovem para representar o dinheiro. E assim o fiz.
Sem saber da estória da família, surpreendentemente, a primeira tia começou a falar com o Dinheiro como se fosse o noivo que ela perdera. E, uma por uma, sucessivamente, cada uma tinha um caso a contar sobre o homem com quem não pudera se casar.
Segundo a sobrinha, o pai tinha sido um homem rico e proibira as filhas de se relacionarem com esses homens. O Dinheiro substituíra os noivados malsucedidos.

E assim vai. De fato, jamais haverá alguém de tanta importância quanto Bert no quesito de relacionamentos familiares. Nós, discípulos de sua teoria e filosofia de vida sabemos da grande missão que nos foi passada.

E que assim continue!

Zaquie C Meredith

Socióloga, Consteladora e Psicoterapeuta
www.clictv.com.br ("Alterna-Vida")
Autora dos Livros: "O Que Você Precisa Saber"/"A Consciência das Sensações e Constelações"/"É a Fé que sustenta o Pássaro"



Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...