terça-feira, 27 de setembro de 2011

Quer se curar? Mude sua atitude

Carl Gustav Jung
Muito se discute sobre a necessidade de a psicoterapia ter ou não um curso de formação com reconhecimento de órgãos oficiais. Atualmente, a psicanálise de Freud ou a psicologia analítica de Carl Gustav Jung, aqui no Brasil, possuem formação através de cursos livres e prescindem de faculdades ou cursos com chancelas oficiais. O assunto é polêmico e há quem defenda uma formação acadêmica, e algumas sociedades tecnocratas oferecem cursos na área com  exigência de que o candidato tenha formação em psicologia ou até mesmo medicina. Nada impede que os psicólogos se interessem pelos assuntos da alma do ser humano, muito menos os médicos - estes, aliás, poderiam se interessar mais pelo assunto mesmo, conforme o próprio Jung comenta em seu livro A Prática da Psicoterapia ( e olha que ele podia falar, pois ele era formado em medicina!)
Entretanto, é exatamente o doutor Jung que do alto de sua experiência e dos seus conhecimentos escreveu o texto a seguir:

"A psicologia não é assunto exclusivo para especialistas, nem se limita a certas doenças. É universal e humana; e como a humanidade, ela se diversifica, de acordo com o tipo de profissão, de doença etc. Também não se restringe ao instintivo ou biológico. Se assim fosse, ela podertia até constar de um manual de biologia sem o menor problema. Mas não é isso que acontece, muito pelo contrário: seus aspectos sociais e culturais revestem-se de uma importância tal, que sem eles nem seria possível imaginar a psique humana. Por isso, é impossível falar de uma psicologia geral e normal, como se ela resultasse simplesmente do embate entre instinto e moral, ou outras oposições do gênero. Desde o início da história, o homem se deu suas próprias leis. e ainda que fossem invenção dos nossos antepassados malevolentes, como Freud parece sugerir, é estranho que, em todos os tempos, a humanidade tenha se norteado por elas, em silêncio.
O próprio Freud, que queria ver a sua psicanálise limitada ao âmbito da medicina (com invasões, apenas circunstanciais em outros campos), viu-se obrigado a lidar com questões de principio, que ultrapassavam de longe a medicina pura. O simples tratamento superficial de um paciente inteligente conduz inevitavelmente a problemas fundamentais, já que a neurose ou qualquer conflito psíquico depende muito mais da atitude pessoal do paciente, do que da história da sua infância. Quaisquer que tenham sido as influências sofridas pelo paciente em sua juventude, ele tem que acabar se conformando. E só vai consegui-lo, se tomar uma atitude adequada. A atitude é da maior importância. Freud, pelo contrário, atribui importância primordial à etiologia (s.f. Ciência das causas, da origem das coisas.Parte da medicina que pesquisa as causas das doenças) do caso, pois supõe que a cura da neurise se opera, assim que as suas causas se tornam  conscientes. Na verdade, o conhecimento das causas é de tão pouca serventia como, por exemplo, o conhecimento exato das causas da guerra, para ajudar a valorizar o Franco Francês. A tarefa da psicoterapia consiste em mudar a atitude consciente, e não em correr  atrás de reminiscências submersas da infância. Uma coisa não é possível sem a outra, certamente, mas a ênfase deveria ser posta na atitude (consciente) do paciente. Isto tem sua razão de ser; pois quase todo neurótico gosta demais de ficar preso a seus sofrimentos passados, remoendo suas recordações cheio de autocompaixão. Muitas vezes sua neurose consiste no fato de estar preso ao seu passado e querer justificar tudo pelo que ocorreu no passado."

Então, é isso, quem quiser a ajuda de um psicoterapeuta saiba que ele não faz milagres. É preciso vontade e disposição para mudar. O especialista ampara, dá suporte. Mas é o cliente que tem de mudar de atitude! Como disse Jung.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fantástico este post Lourdes!
O paciente é o agente ativo de sua própria cura.

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