quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dia Mundial sem cigarro


O cigarro é o responsável por mais de um terço dos casos de câncer no Brasil e é a principal causa de morte evitável em todo o mundo, responsável por mais de 90% dos casos de câncer de pulmão e 30% de outros cânceres como o de boca, laringe, pâncreas, rins, bexiga e esôfago

Nesta quinta-feira 31 de maio é comemorado o Dia Mundial Sem Tabaco. Considerado hoje um dos maiores inimigos da saúde pública, o tabaco deve matar pelo menos um bilhão de pessoas por uso ou exposição ao fumo até o final do século. Isso é o que afirma o relatório da Fundação Mundial do Pulmão e da Sociedade Americana do Câncer. Esse número equivale a uma morte a cada 6 segundos. Nos últimos dez anos as mortes pelo uso do tabaco triplicaram, chegando a 50 milhões. Em 2011, 6 milhões de pessoas morreram, sendo 80% delas em países pobres e em desenvolvimento. De acordo com a Fundação, o cigarro e outros derivados de tabaco são responsáveis por 15% das mortes de homens em todo o mundo e 7% entre as mulheres.

No Brasil, o tabaco é responsável por mais de um terço dos casos de câncer, cerca de 300 mil pessoas morrem de câncer ao ano, e mais de 800 mil casos novos aparecem todos os anos. O tabaco é considerado uma das drogas mais destruidoras. A Organização Mundial de Saúde (OMS), relata que o cigarro é a principal causa de morte evitável em todo o mundo e responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão, 30% de outros cânceres, entre eles o de boca, laringe, pâncreas, rins, bexiga, esôfago e 25% dos casos de doenças coronarianas.
“Por não ser proibido, o cigarro dá a falsa noção de menos viciante. Depois da primeira tragada, a nicotina demora apenas nove segundos para chegar ao cérebro, proporcionando a sensação de prazer que dura cerca de uma hora. Este é o tempo que o fumante leva entre um cigarro e outro”, explica o oncologista Charles Pádua, diretor do Cetus-hospital dia em Betim.

Pádua ressalta que a fumaça do cigarro possui mais de 4.700 substâncias tóxicas, entre elas o monóxido de carbono (C0), que está presente em cerca de 3 a 6% da fumaça do cigarro. “Quando inalado, esse monóxido de carbono atinge os pulmões e dali segue para o sangue, reduzindo sua capacidade de carregar oxigênio”,diz. Em consequência as células deixam de respirar e produzir energia, o que faz com que o fumante tenha o fôlego prejudicado e fique exposto ao risco de doenças cardiovasculares e respiratórias. A nicotina, outra substância encontrada no cigarro diminui a capacidade da circulação sanguínea, potencializa a vontade de fumar e ainda atua como a cocaína, o álcool e a morfina, causando dependência e obrigando o fumante a usar continuamente o cigarro.

O oncologista afirma que o estilo de vida de muitos cidadãos inclui péssimos hábitos como o tabagismo e o sedentarismo. “Os homens morrem mais de cânceres e outras doenças relacionadas ao tabaco, mas as mulheres começam a engrossar esses dados”. Nos últimos anos também, mais e mais mulheres aumentam o número de viciados ao cigarro. vida, costumes como tabagismo, dietas e exercícios, atribui um relevante papel no desenvolvimento de vários tipos de câncer e se conseguirmos de alguma maneira mudar nossos hábitos, vamos nos livrar de boa parte deles.

O cigarro atinge proporções gigantescas de seguidores. Mais do que tratar as consequências do vício, é importante que sociedade e os governos Federal, Estaduais e Municipais estejam unidos contra o tabagismo. “A luta contra o cigarro também deve ter início em casa e na escola para a conscientização da população. Pais e professores são protagonistas nesta ação. Ensinar os filhos sobre os males do cigarro é o primeiro passo”, finaliza Pádua.


Se você é fumante e chegou a ler até aqui, responda com sinceridade: por que continua a fumar se já tem ciência de todos os malefícios que o produto causa? Se você compreende que o cigarro faz mal à sua saúde e á das pessoas que estão à sua volta, por que ainda não compreende que, fumando, está desrespeitando a você mesmo e aos outros? O prazer que o cigarro proporciona é efêmero e mata. Se você quer ter um final de vida com mais qualidade, pare de fumar agora. Existem muitos métodos de ajuda, gratuitos em Unidades Básicas e Saúde, que poderão ajudá-lo(a) a manter essa sábia decisão. Boa sorte!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Abusos e abusadas

Eu não vi, mas fiquei sabendo que no domingo 22 uma famosa apresentadora da televisão deu um depoimento sobre os abusos que sofreu quando criança, de uma pessoa próxima, um parente ou algo assim.
Acho interessante que pessoas famosas e conhecidas relatem publicamente que sofreram abusos na infância porque isso, infelizmente, é mais comum do que se pode imaginar. No ano passado uma outra pessoa conhecida, irmã de um grande empresário do ramo de supermercados fez uma revelação semelhante. Uma ex-modelo, famosa nos anos 80, também apareceu num programa de entrevistas na tevê comentando sobre os abusos que sofreu. Em comum, além de da beleza, as moças foram molestadas por familiares muito próximos, pessoas que conviviam com elas no seu dia a dia.
Não acho que abusos estejam acontecendo mais só nos dias de hoje (leia reportagem com os índices do Ministério da Saúde no fim deste texto). Acho que isso sempre ocorreu. Mas não era tão divulgado, as pessoas não tinham nenhum tipo de apoio familiar nem terapeutas (isso era coisa de louco ou de rico) que pudessem ouvir seus dramas. E essas pessoas famosas virem agora a público revelando seus segredos de infância só reforça minha tese. Muitas pessoas que estão lendo este blog neste momento podem ter passado por situação semelhante e, provavelmente, nunca comentou o fato com ninguém.
Eu também sofri abusos quando criança. O primeiro de uma pessoa da família bem próxima a mim. O abuso na verdade não se concretizou completamente porque outra pessoa interrompeu. Foi a minha salvação. Mas, assim como a maioria dos que sofrem abusos, eu também não contei nada pra ninguém. Porque, assim como a maioria das pessoas, se contasse, isso implicaria delatar alguém muito próximo, alguém tido como de confiança da família....e aí? como ficaria a situação? essa pessoa, o abusador, seria condenado, punido...e eu ficaria no papel de algoz. Eu era muito pequena, devia ter uns 4 ou 5 anos. Mais tarde, com 8 ou 9, fui bolinada por um senhor, um alfaiate que fazia roupas para minha mãe e para mim e que era pai de uma das melhores amigas dela. Saí correndo do ateliê do velhinho que ficava na edícula da casa dessa amiga da minha mãe Entrei na cozinha onde elas conversavam animadamente. Elas devem ter percebido que algo acontecera. Me perguntaram, mas eu não tive coragem de falar. Como eu ia estragar a amizade da minha mãe com aquela moça tão boa, tão bacana? Não falei nada, mas depois, a caminho de casa, disse à minha mãe que não queria mais fazer roupas com o senhor fulano, que preferia comprar em lojas que eram mais modernas do que as roupas que ele fazia. Ela não fez nenhum comentário. Mas nunca mais fizemos roupas com o alfaiate sacana. Não sei se ela desconfiou de algo...talvez intuitivamente, quem sabe? O fato é que não fiz mais as roupas lá.
Uma de minhas filhas também foi molestada quando era criança. Foi molestada por uma menina mais velha, filha de uma amiga minha. Viviam brincando juntas - porque apesar de mais velha a garota era bem infantilizada - .Ela só me contou depois de adulta...perguntei pra ela por que não me contara na ocasião? e ela me deu os mesmos motivos pelos quais eu também não revelei à minha mãe os abusos que sofri. Se ela contasse, a amizade entre mim e a mãe da menina acabaria e ela seria responsabilizada por isso.
Desconheço se minha mãe sofreu algum abuso na infância. Mas uma das irmãs dela disse que foi molestada pelo próprio pai, ou seja, meu avô, aquele velhinho risonho, que era tão carinhoso comigo, que levava bombons Sonho de Valsa todos os domingos numa caixa em formato de coração quando ia almoçar na minha casa... Bom, ela teve coragem de falar, mas ninguém na família lhe deu crédito. Não sei o que é pior. Carregar o segredo para o resto de sua vida ou revelá-lo e ninguém acreditar e você ainda passar por mentirosa, imaginativa, pessoa que vê coisas, ou ainda ser acusada de alguma forma ter provocado aquela situação, e isso é muito comum. Não ser considerada, nesses casos, ou seja, não ter crédito, causa mais trauma do que o abuso em si.
Conheço umas cinco moças e pelo menos dois rapazes que também sofreram algum tipo de abuso na infância. Algumas dessas pessoas contaram, foram consideradas, outras não contaram. Algumas amargam até hoje consequências doídas dessa situação vivida quando crianças...outras, viveram suas vidas como se nada tivesse acontecido, guardaram num cantinho da memória aquilo que lhes faz tanto mal um dia.
Sofrer um abuso nos causa um constrangimento muito grande. Vergonha, culpa, são sentimentos que acabam nos acompanhando por muito tempo.
Veja bem: o abuso que eu sofri não é nada comparado com o abuso que milhares de crianças sofrem todos os dias de pais, tios, irmãos, padastros estupradores. Pais e padastros que abusam de suas filhas anos a fio. Filhas que geram filhos de seus abusadores.
Esse não foi o meu caso nem de minhas conhecidas, mas nem por isso, por ser algo "menos" contundente, deixamos de sofrer o trauma. Porque toda violência gera um trauma.
A diferença da consequência do ato de abuso na psique de uma pessoa para outra é a interpretação que ela dá ao fato. Existem relatos de meninas que abusadas por seus parentes próximos anos a fio diziam pensar que era assim mesmo já que suas mães, muitas vezes, eram coniventes com o caso. Tinham conhecimento e nada faziam. 
Cada caso é um caso. Nunca podemos generalizar.
Uma pessoa como a apresentadora famosa pode ter virado o jogo e, inconscientemente, pensado: ninguém mais vai abusar de mim. Vou crescer, ser feliz, ter sucesso! e vai em frente! Outras, também inconscientemente, acabam acreditando que mereceram ser abusadas e passam a vida sendo "abusadas" por terceiros: abusam de sua paciência, de seu talento, de seu tempo, de sua saúde, beleza....
Contar é sempre melhor do que não contar. Muitas vezes o apoio de uma terapia é o melhor caminho para amenizar os prejuízos causados na alma do(a) abusado(a).
Abuso é abuso. Não é brincadeira. E é crime. Confira mais dados oficiais na reportagem abaixo que transcrevi do site Terra.

A violência sexual em crianças de até 9 anos é o segundo maior tipo de abuso de força característico desta faixa etária, ficando pouco atrás apenas das notificações de negligência e abandono. A conclusão é de um levantamento inédito do Ministério da Saúde, que registrou 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos em 2011.
O abuso sexual contra crianças até 9 anos representa 35% das notificações. Já negligência e abandono tem 36% dos registros. Os números são do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde. O VIVA possibilita conhecer a frequência e a gravidade das agressões e identificar a violência doméstica, sexual e outras formas (física, psicológica e negligência/abandono). Esse tipo de notificação se tornou obrigatório a todos os estabelecimentos de saúde do Brasil, no ano passado.
A maior parte das agressões ocorreram na residência da criança (64,5%). Em relação ao meio utilizado para agressão, a força corporal/espancamento foi o meio mais apontado (22,2%), atingindo mais meninos (23%) do que meninas (21,6%). Em 45,6% dos casos, o provável autor da violência era do sexo masculino. Grande parte dos agressores são pais e outros familiares, ou alguém do convívio muito próximo da criança e do adolescente, como amigos e vizinhos.
"Todos os dias, milhares de crianças e adolescentes sofrem algum tipo de abuso. A denúncia é um importante meio de dar visibilidade e, ao mesmo tempo, oportunizar a criação de mecanismos de prevenção e proteção. Além disso, os serviços de escuta, como o disque-denúncia, delegacias, serviços de saúde e de assistência social, escolas, conselhos tutelares e a própria comunidade, devem estar preparados para acolher e atender a criança e o adolescente", afirma a diretora de análise de situação em saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta. "Este assunto deve ser debatido incansavelmente nas escolas, comunidades, família, serviços de saúde, entre outros setores da sociedade", ressalta ela.
Os dados preliminares mostram que a violência sexual também ocupa o segundo lugar na faixa etária de 10 a 14 anos, com 10,5% das notificações, ficando atrás apenas da violência física (13,3%). Na faixa de 15 a 19 anos, esse tipo de agressão ocupa o terceiro lugar, com 5,2%, atrás da violência física (28,3%) e da psicológica (7,6%). Os dados apontam também que 22% do total de registros (3.253) envolveram menores de 1 ano e 77% foram na faixa etária de 1 a 9 anos. O percentual é maior em crianças do sexo masculino (17%) do que no sexo feminino (11%).http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5788485-EI5030,00-Abuso+sexual+e+o+segundo+maior+tipo+de+violencia+no+Brasil.html

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Existe receita da felicidade?


  • Tenha saúde suficiente para trabalhar com prazer (se não sente prazer nem em trabalhar nem em seu trabalho atual, pare e repense sua vida).

  • Uma pitada de força (de vontade) para lutar contra as dificuldades e superá-las.

  • Alguma humildade para admitir os próprios erros e se perdoar.

  • Muita paciência para perseverar até atingir o seu objetivo (pressupondo que você já tem um objetivo. Se não tem, não seria o caso de pensar sobre isso?).

  • Bastante caridade para ver algo de bom e positivo no próximo (seja ele quem for).

  • Amor por si mesmo para poder ser útil às pessoas (aliás, sem isso os itens anteriores deixam de existir automaticamente).

  • Muita, muita fé para transformar em realidade as coisas divinas (entenda por coisas divinas todos os seus sonhos e desejos).

  • Um tantinho de esperança para afastar os temores acerca do futuro (até porque o futuro não existe; quando ele chega é o presente. Então, viva o hoje e esqueça o ontem).




As dicas originalmente foram escritas há mais de um século pelo escritor alemão Goethe.
Tomei a liberdade de colocar minhas impressões entre parênteses.
Encontrei o texto no livro "Nietzsche para estressados" de Allan Percy.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Deixe a raiva secar


Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá todo colorido.
No dia seguinte, Júlia sua amiguinha veio bem cedo convidá-la para brincar.
Mariana não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã.
Júlia então, pediu a coleguinha que emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.
Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial. Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão.
Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada. Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:
"Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo? Emprestei o meu brinquedo e ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.
Totalmente descontrolada, Mariana queria porque queria, ir ao apartamento de Júlia para pedir explicações.
Mas a mãe, com muito carinho ponderou:
"Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro passando jogou lama em sua roupa? Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.
Você lembra o que a vovó falou? Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar.
Pois é, minha filha com a raiva é a mesma coisa. Deixa a raiva secar primeiro.
Depois fica bem mais fácil resolver tudo. Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão. Logo depois alguém tocou a campainha.
Era Júlia, toda sem graça com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
"Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei.
Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você tinha me emprestado. Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você.
Espero que você não fique com raiva de mim. Não foi minha culpa".
"Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou".
E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.
Nunca tome qualquer atitude com raiva. A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são. Assim você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais pela sua posição ponderada e correta. Diante de uma situação difícil.
Lembre-se sempre: Deixe a raiva secar!!!

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Esperando o trem

Walkiria olhava para aqueles olhares tristes e distantes e se reconhecia em muitos deles. "O único rosto que não enxergamos é o nosso próprio rosto", disse um pensador. Walkiria andava meio cansada de não sabia o quê. Os olhares estavam ali. Na rua, nos vagões do metrô, nos corredores da empresa onde trabalhava. Tinha dias que Walkiria acordava cheia de entusiasmo. E já ouvira que entusiasmo é ter deus dentro de si. E nos dias que acordava desanimada. Sem ânimo? Animus aquilo que anima, que dá vida! Pra onde foi sua vida? Pra onde vai? Walkiria, tinha dias, não sabia. Não pensava. Não queria pensar. Queria fazer nada. Só olhar. Olhar perdido, pro nada ou pro céu azul debaixo das nuvens, ou olhar pra gata dormindo na janela...queria ser uma gata hoje e dormir ao sol que saía por debaixo das nuvens. Melhor ser gato que cachorro. Os cães são estressados e Walkiria queria paz. A paz do ócio. Relógio é prisão. É inexorável, ele te mostra os minutos que faltam pra acabar a sua ociosidade, a sua paz, o seu não pensar, o seu não sentir. o seu vaguear no nada. Por isso Walkiria não usa relógio. Será por isso que o da cozinha está parado há anos? Tem um livro pra ler, podia ler mas não quer; tem, tem tem, mas não quer. Quer só olhar. E não pensar. Enquanto não chega o trem.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Conhecimento, saber e sabedoria

Dizem que do mundo nada se leva. Dizem que só se leva o conhecimento, aquilo que ficou registrado em nossos cérebros ao longo da (ou das) nossa (s) existência (s). O que a alma sente também se leva para quem acredita que a alma sobrevive.
Dizem que acumular conhecimento e não dividi-lo, não colocá-lo em prática, de nada adianta. É como deixar uma torneira aberta em cima de um copo que se enche e a água abundante escorre pelo buraco da pia: um desperdício infinito.
Estudar, estudar, estudar, fazer cursos e mais cursos, ler livros, revistas, sites; assistir a palestras, seminários, congressos, e não aplicar o conteúdo apreendido. Acumular titulações: bacharel, especialista, mestre, doutor...e viver na ilusão da teoria. De que adianta? é a água transbordando pelo copo.
Essas reflexões me lembram uma frase de Sri Prem Baba (*):
  
" Todo conhecimento adquirido ao longo da vida será devolvido à terra, junto com seu corpo, se não for transformado em sabedoria. O agente alquímico capaz de realizar este milagre é a prática. Mais vale uma hora de prática do que mil livros lidos. A teoria serve somente para preparar o campo para a experiência."


*(cujo nome significa Pai do Amor, é um mestre da linhagem Sachcha, da Índia, e também herdeiro de uma das tradições xamânicas das florestas brasileiras.  Trabalha para construir pontes entre a ciência e a espiritualidade, buscando a verdade e a transformação do mundo pelas práticas do amor e compaixão.  Desenvolveu um método de autodesenvolvimento que denominou O Caminho do Coração.  Sri Prem Baba nasceu no Brasil, onde passa alguns meses do ano em seu Ashram em Nazaré Paulista (SP).  O resto do tempo ele passa no Sachcha Dham Ashram, na Índia, e em diversos centros que se desenvolveram pelo mundo em torno da sua mensagem.  Para mais informações, visite www.prembaba.org.br.)

quinta-feira, 22 de março de 2012

A estratégia é o autoconhecimento

É pura ilusão pensar que vivemos em paz. Só porque não temos tropas de exército inimigo nas ruas, literalmente, como ocorre em outros países, não significa que estamos em paz.
Em geral,  estamos em guerra permanente com todas as pessoas com as quais nos relacionamos e, pior, conosco mesmos.
Disputamos poder com filhos, maridos, esposas, chefes, colegas de trabalho; disputamos poder quando achamos que temos mais direito que o outro de sentar num assento vazio no metrô, ou de ser atendido primeiro numa fila de banco, ou de que o caixa do supermercado deveria ser mais rápido - para atender à nossa pressa.
Estamos em guerra permanente. Quando um amigo nos conta sobre sua doença e dizemos que a nossa é maior ou quando dizemos que nunca adoecemos.
E como o soldado no campo de batalha literal precisamos de estratégias para vencer as nossas batalhas diárias, muito mais do que estarmos armados. Aliás, isso é o que mais fazemos: a maior prova de que vivemos em guerra permanente é que vivemos na defensibilidade, ou seja, estamos sempre na defensiva, em estado de alerta, prontos para o ataque.
Mas, como nem sempre aceitamos o fato de que estamos em guerra permanentemente, como nem sempre somos conscientes de nossos atos, o ideal seria fazer como sugere o mais antigo tratado no assunto, "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, que diz o seguinte:
"Se conhecer seu inimigo e a si mesmo, ainda que você enfrente 100 batalhas, nunca sairá derrotado. Se não conhecer seu inimigo mas conhecer a si mesmo, suas chances de perder ou ganhar serão as mesmas. Se não conhecer o inimigo nem a si mesmo pode ter certeza de que perderá todas a batalhas."
Uma das maneiras de nos conhecermos é através da terapia analítica.
Algumas religiões também levam ao autoconhecimento.
E você? quer continuar a perder ou quer enfrentar seus inimigos com mais propriedade?

quarta-feira, 21 de março de 2012

Existe amizade verdadeira?

Por que é tão difícil se alegrar com o êxito alheio? Mesmo que esse êxito seja o de um amigo, ou de um parente próximo, sempre fica uma pontinha de inveja, não fica? Se você respondeu que sim, parabéns! você está assumindo sua humanidade. Se você respondeu que não, que vibra, sinceramente, com o sucesso de seus amigos ou pessoas próximas, duplamente parabéns! Você está acima da média da humanidade.
Oscar Wilde, escritor irlandês nascido em Dublin em 1854, que ficou mais conhecido pelo seu "Retrato de Dorian Gray", costumava dizer que era fácil encontrar quem se compadecesse de nossas dores e provações, mas que era quase impossível encontrar quem sinceramente se alegrasse com nossos êxitos.
Confesse: quando seu colega no trabalho é promovido e você não, qual o sentimento que lhe vem logo de cara? Quando você vê seu amigo trocar de carro, não vem ao seu pensamento: por que não eu?
Voltaire, que nasceu no século 17, disse:
"A amizade é um contrato tácito entre duas pessoas sensíveis e virtuosas. Sensíveis porque um monge ou um solitário podem ser pessoas de bem e mesmo assim não conhecer a amizade. E virtuosas porque os malvados só têm cúmplices; os festeiros, companheiros de farra; os ambiciosos, sócios; os políticos, partidários; os vagabundos, contatos; e os príncipes, cortesãos - mas só as pessoas virtuosas têm amigos.
Se você tem amigos que se alegram verdadeiramente com seu sucesso, rejubile-se: você é uma pessoa virtuosa e seu amigo também.

terça-feira, 20 de março de 2012

É preciso amar (a si mesmo) como se não houvesse amanhã

No livro "Nietzsche para estressados", de Allan Percy (Sextante, 2009) encontramos algumas dicas para o dia a dia, baseadas nos aforismos do célebre pensador alemão nascido em 1844.

"Precisamos amar a nós mesmos para sermos capazes de nos tolerar e não levar uma vida errante"


Aqui estão cinco passos para aumentar a autoestima:


1. Viva para si mesmo, não para o mundo. As pessoas que não sabem amar a si mesmas buscam constantemente a aprovação alheia e sofrem quando são rejeitadas. Para quebrar essa dinâmica, devemos admitir que não podemos satisfazer a todos.
2. Fuja das comparações. Elas são uma importante causa de infelicidade. Muita gente tem qualidades e atributos que você não tem, mas você também possui virtudes que não estão presentes nos outros. Pare de olhar para os lados e trabalhe na construção de seu próprio destino.
3. Não busque a perfeição. Nem nos outros nem em si mesmo, já que a perfeição não existe. O que existe é uma margem para melhorar.
4. Perdoe seus erros. especialmente os do passado, pois já não podem ser contornados nem têm qualquer utilidade. Aprenda com eles, para não repeti-los.
5. Pare de analisar. Em vez de ficar penando no que deu errado, é muito melhor agir, porque isso permite aperfeiçoar suas qualidades. Movimentar-se é sinal de vida e de evolução.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Depressão será o segundo maior problema de saúde pública em 2020

Dados da OMS indicam que 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado

Universidade São Francisco, em Bragança Paulista (SP), oferece curso de pós-graduação para formar profissionais mais bem habilitados a medicar de forma correta

A depressão e os problemas relacionados à doença é um dos males que mais afligem a população, gerando várias vítimas anualmente em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a enfermidade afeta cerca de 340 milhões de pessoas e causa 850 mil suicídios por ano em todo o mundo. Somente no Brasil, são cerca de 13 milhões de depressivos. Atualmente, a depressão é apontada como a quinta maior questão de saúde pública pela OMS, sendo que até 2020 deverá estar em segundo lugar.
 “O mais perigoso desses números são os dados da própria OMS, os quais refletem que cerca de 75% das pessoas com depressão não recebem tratamentos adequados e específicos. É diante de uma questão complicada como esta que precisamos especializar profissionais da grande área da saúde na prática clínica, mediante a avaliação crítica da eficácia e segurança dos medicamentos”, afirma Prof. Dr. Carlos Eduardo Pulz Araujo, Coordenador do Programa de Pós-Graduação Lato sensu em Farmacologia Clínica da USF (Universidade São Francisco).
 Ofertado nos Campi Bragança Paulista e Campinas, o Curso de Pós-Graduação em Farmacologia Clínica da USF tem o objetivo de formar profissionais que aprendam a minimizar riscos e custos por intermédio de uma terapêutica medicamentosa racional fundamentada na medicina baseada em evidências.  O especialista poderá atuar em hospitais, farmácias privadas, UBS (Unidades Básicas de Saúde), indústrias farmacêuticas, consultórios, clínicas e empresas de pesquisa e desenvolvimento na área farmacêutica.
 As inscrições já estão abertas. Para saber mais, acesse:  http://www.usf.edu.br/especializacao.


 

Hoje que a tarde é calma e o céu tranquilo


Fernando Pessoa


Hoje que a tarde é calma e o céu tranquilo,
E a noite chega sem que eu saiba bem,
Quero considerar-me e ver aquilo
Que sou, e o que sou o que é que tem.
Olho por todo o meu passado e vejo
Que fui quem foi aquilo em torno meu,
Salvo o que o vago e incógnito desejo
De ser eu mesmo de meu ser me deu.
Como a páginas já relidas, vergo
Minha atenção sobre quem fui de mim,
E nada de verdade em mim albergo
Salvo uma ânsia sem princípio ou fim.
Como alguém distraído na viagem,
Segui por dois caminhos par a par.
Fui com o mundo, parte da paisagem;
Comigo fui, sem ver nem recordar.
Chegado aqui, onde hoje estou, conheço
Que sou diverso no que informe estou.
No meu próprio caminho me atravesso
Não conheço quem fui no que hoje sou.
Serei eu, porque nada é impossível,
Vários trazidos de outros mundos, e
No mesmo ponto espacial sensível
Que sou eu, sendo eu por estar aqui?
Serei eu, porque todo o pensamento
Podendo conceber, bem pode ser,
Um dilatado e múrmuro momento,
De tempos-seres de quem sou o viver?
1-8-1931
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995). 
 - 136.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Mulheres são mais vulneráveis aos males do alcoolismo


Neste mês de março, as mulheres comemoram uma porção de conquistas. Mas é interessante que fiquem ligadas no consumo excessivo de bebidas alcoólicas - já está comprovado que, neste quesito, não se deveriam igualar aos homens

Porém, não é o que vem ocorrendo. De acordo com o site www.semexcesso.com.br durante muitos anos as mulheres se mantiveram longe das bebidas alcoólicas. Até o início da década de 1920 era praticamente impossível ver uma mulher em bares ou mesmo bebericando algo em um restaurante com amigos. Em 1932, nos Estados Unidos, mais de um milhão de americanas já tinham se associado à Womens Organizations for Nacional Proibition Reform, algo como “liga das Mulheres Contra a Lei Seca", que cairia um ano depois naquele país.  

Hoje as mulheres estão completamente livres para frequentar bares e festas e estão começando a abusar dessa liberdade, comprometendo negativamente sua saúde, muito mais do que os homens. 

Segundo o dr. Drauzio Varella "O metabolismo do álcool nas mulheres não é igual ao dos homens. Se administrarmos para dois indivíduos de sexos opostos a mesma dose ajustada de acordo com o peso corpóreo, a mulher apresentará níveis alcoólicos mais elevados no sangue.
A fragilidade aos efeitos embriagadores do álcool no sexo feminino é explicada pela maior proporção de tecido gorduroso no corpo das mulheres, por variações na absorção de álcool no decorrer do ciclo menstrual e por diferenças entre os dois sexos na concentração gástrica de desidrogenase alcoólica (enzima crucial para o metabolismo do álcool).
Por essas razões, as mulheres ficam embriagadas com doses mais baixas e progridem mais rapidamente para o alcoolismo crônico e suas complicações médicas.
Diversos estudos documentaram os benefícios do consumo moderado de bebidas alcoólicas, tanto em homens como em mulheres. A margem de segurança entre a quantidade de álcool benéfica e a que traz prejuízos à saúde das mulheres, entretanto, é estreita e nem sempre fácil de delimitar"
Leia mais sobre o assunto no site www.semexcesso.com.br, primeiro portal no Brasil que aborda exclusivamente o consumo responsável de bebidas alcoólicas, estimulando a reflexão e a conscientização a respeito das consequências da falta de moderação. Trata-se de uma iniciativa da Associação Brasileira de Bebidas – Abrabe, num esforço conjunto com suas mais de 50 associadas. O portal consolida a campanha nacional “Comemore com Sucesso, sem Excesso” que em dois anos já desenvolveu uma série de ações e foi agraciada em 2010 pelo 30º POP – Prêmio de Opinião Pública, concedido pelo Conselho Regional dos Profissionais de Relações Públicas – CONRERP.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A vida da gente...não é novela

Reta Final: Ana ameaça e obriga Eva a tratar Manuela com respeito


'Ou você resolve isso de uma vez, e passa a ser mãe da minha irmã também, ou eu não vou poder mais ser sua filha', diz a treinadora


Walkiria vendo isso na internet postou no Facebook para horror da família:


"Gostaria de ouvir minha filha dizer para a outra filha: Ou vc resolve isso de uma vez, e passa a ser filha da nossa mãe, ou eu não vou mais poder ser sua irmã."


E a personagem diz mais: “Ou você passa pelo menos a agir como uma pessoa minimamente equilibrada, educada, humana, e começa a tratar a minha irmã (mãe) com o respeito que ela merece, ou eu não vou mais me relacionar com você”.


Como Walkiria gostaria que essa cena se tornasse realidade...


Mas isso só acontece em novelas! Na vida da gente real, é diferente!

Culpa, medo e manipulação, como se libertar do jogo?

                É muito comum atendermos pessoas com sérios problemas no casamento que envolvem culpa, medo e manipulação. Um cliente, tempos atrás, tinha a seguinte queixa: já havia um certo tempo em que ele se sentia insatisfeito e acabou se envolvendo com outra mulher. O relacionamento extra conjugal veio à tona. A esposa descobriu tudo e muito sofrimento foi gerado. A princípio decidiram se separar. Passado certo tempo da separação conversaram e decidiram retomar o casamento. Ela falava que tentaria perdoar o ocorrido e ele afirmava que tudo seria diferente dali por diante já que dizia realmente gostar da sua esposa e se sentia culpado pelo sofrimento que havia causado.
                Entretanto, algo muito mais fundamental, que vai além do diálogo racional não foi cuidado até aquele momento: os sentimentos de raiva e mágoa da esposa e a culpa que ele sentia.
                Guardando ainda ressentimentos do marido, a esposa passou a exigir mais e mais dele no relacionamento. Demandava que ele abrisse mão de todas as suas vontades para satisfazer as dela. Era ao mesmo tempo uma forma de puni-lo e de exigir que ele provasse que a amava. Como ele carregava a culpa de tê-la feito sofrer no passado, não conseguir impor limites e cedia cada vez mais, para compensar o que tinha feito.
                Esse jogo de manipulação acabou dando origem a brigas e mais sofrimento. Embora os dois afirmassem que desejavam continuar casados, a situação ficava cada vez mais insustentável.
                Quem guarda raiva ou mágoa de outra pessoa será levado de forma inconsciente por esses sentimentos a querer se vingar. Isso pode vir na forma de manipulação como ocorria com este casal. Mas o jogo só funciona quando o outro lado se sente culpado e cede às manipulações como forma de tentar compensar a culpa. Ela remoía e alimentava a mágoa do marido, e ele, sem saber, estava também alimentando a mágoa dela ao manter o sentimento de culpa pois entrava no jogo da chantagem. A cada dia ficavam mais infelizes.
                O jogo de manipulação precisa das duas partes para sobreviver: um lado magoado e o outro lado que se sente culpado para ceder ao jogo. Só existia uma maneira para que ele saísse desse jogo. Ele precisava acabar completamente com todo o seu sentimento de culpa, assim conseguiria impor limites na relação. Isso acabaria sendo benéfico para os dois, pois ela passaria a respeitá-lo e o relacionamento certamente melhoraria.
                Depois de muitas sessões de terapia, ele apresentava sinais de que havia dissolvido o sentimento de culpa. Sugerimos que ele deveria conversar com a esposa, dizendo que entendia a responsabilidade do que ele havia feito e que estava consciente do sofrimento que havia causado. Mas mesmo assim, a partir daquele momento ele voltaria a ter seu espaço no relacionamento como tinha antes. E que se não fosse dessa forma, seria melhor realmente uma separação definitiva pois aquela situação só estava causando mais sofrimento para os dois lados.
                Surgiu então o medo de que isso o levasse a se separar. Esse é também um sentimento que dá grande margem para a manipulação. Afinal, a esposa era resistente a fazer análise, acreditava que o problemático da relação era apenas o marido já que era ela quem fazia terapia.
Ele tentou conversar com ela, expondo seus sentimentos.
                No início ela reagiu à nova postura e tentou fazê-lo novamente sentir culpa relembrando o sofrimento que ele havia lhe causado. Ele ouviu e voltou a afirmar que sabia da sua responsabilidade mas que viveria a vida daquele momento por diante, e que se ela não estivesse preparada, a separação era o único caminho. Ele recomeçou a impor os limites e ela de vez em quando ainda tentava puni-lo. Mas como não havia mais o sentimento de culpa ele não mais cedia, deixando de alimentar a mágoa da esposa. Isso pode parecer frieza para algumas pessoas, mas não se trata disso. É apenas uma forma madura, livre de negatividade, de lidar com uma situação difícil. Ele já havia anteriormente pedido perdão várias vezes, mas ela permanecia alimentando a mágoa.
O processo não é rápido. Mas, com perseverança é bem possível que o relacionamento se transforme e as brigas acabem.
                A culpa que sentimos serve para alimentar a raiva dos outros a quem fizemos ou achamos que fizemos algo de "errado". Quando nos livramos da culpa a mágoa do outro não mais consegue crescer  pois não há mais qualquer ganho secundário em mantê-la já que não é mais possível haver manipulação.
                Quando estamos nesse jogo, a única forma de conseguirmos nos libertar é liberando nossos sentimentos de culpa e medo, deixando o outro livre para se afastar se ele desejar. Mas o afastamento raramente vai ocorrer. Normalmente o que acontece é que nós paramos de alimentar uma relação doente e o outro lado fica também mais saudável e acaba se aproximando de uma forma muito melhor.
                Esse jogo também pode ocorrer entre pais e filhos. Uma mãe que abandonou a filha e depois tenta retomar a relação com ela será muito suscetível a ser manipulada se guardar sentimentos de culpa. A filha vai alimentar a sua mágoa jogando na cara o quanto sua mãe lhe fez sofrer. Com isso a mágoa cresce e a filha tem o poder de conseguir mais coisas desse relacionamento doente. No momento em que essa mãe se libertar da culpa pelo erro cometido e do medo que a filha se afaste, ela conseguirá se aproximar da filha com outra postura e não se deixará manipular. A filha a princípio irá tentar manter o jogo, mas não haverá o outro lado contribuindo. A tendência será então que haja uma reaproximação e melhora na qualidade do relacionamento.
                O processo também pode ocorrer dos filhos para os pais. Filhos de pais manipuladores carregam muitas culpas. Esse pais são mestres em criar esse sentimento nos filhos. Cobram de mais e fazem chantagem emocional. O filho se sente um devedor, que nunca atende às expectativas, e se sente culpado por não conseguir dar alegria aos pais. Movido pela culpa, vira uma presa fácil da manipulação, cria uma vida infeliz de escolhas para agradar o pais, e alimenta a mágoa insana deles. Curando sua culpa, conseguirá se libertar desse jogo, será mais respeitado e uma transformação para melhor ocorrerá no relacionamento.
                O manipulador, embora possa parecer que está ganhando algo, apenas alimenta o seu ego e cria sofrimento para si mesmo e para os outros. A satisfação em fazer o outro atender a sua vontade é apenas uma falsa satisfação que encobre mágoas e problemas de autoestima. Esse texto é importante para ajudar a identificar os dois papéis, assim é possível se libertar de qualquer um deles com mais facilidade. Sozinho é possível, mas muito mais demorado. Procure a ajuda de um profissional.


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Afinal, o que é psicoterapia?

Por  Adriana Tanese Nogueira 

“A psicoterapia é um ramo da arte de curar que se desenvolveu e alcançou uma certa autonomia nos últimos cinquenta anos. As opiniões neste campo foram se transformando e se diferenciando de vários modos, e a massa de experiências que se acumulou deu lugar a diferentes interpretações. Isso porque a psicoterapia não é aquele método simples e único que num primeiro tempo se acreditava, mas revelou-se aos poucos uma espécie de “procedimento dialético”, um dialogo, uma avaliação entre duas pessoas. A dialética, originariamente arte de conversar dos filósofos antigos, logo serviu para designar um processo criativo de novas sínteses.” (“Pratica della Psicoterapia”, C. G. Jung Opere, Torino, Boringhieri, 1981, Vol. XVI, p. 7).

          Essas são as primeiras palavras que abrem o livro de Jung “Princípios da psicoterapia prática”, cuja primeira edição saiu em 1935. Vejamos o que elas querem dizer.
          A psicoterapia é uma cura, precisamente “uma arte de curar”, uma forma de produzir saúde, no caso, saúde “mental”. A saúde psíquica em questão se expressa como alegria de viver e geral bem estar, capacidade de tomar iniciativas, de  concentrar-se e perseguir os objetivos postos, criatividade para formular projetos de vida e atividades, independência física, emocional e intelectual, habilidade de reagir de forma adequada frente às decepções e dificuldades. É psicologicamente saudável a pessoa age não conforme estereótipos e “obrigações morais”, mas como resultado de sua profunda auto-consciência. Também, possuir discernimento e escolha faz parte do ser psicologicamente saudável.
          Psicoterapia não é destinada a doentes mentais, apesar deles poderem em alguns casos se beneficiar dela como tratamento colateral ao psiquiátrico. Esquizofrenia, psicóses, alucinações e outros distúrbios mentais graves pode ser inteiramente devidos a problemas orgânicas, necessitando portanto de tratamento médico. O psicoterapeuta não faz uso de remédios e conta com a consciência do analizando para poder fazer seu trabalho. Quando esta consciência (de qualquer nível for) faltar, o único tratamento possível é o psiquiatro. Como Jung escreve, psicoterapia é dialogo, e sabemos que com os loucos não tem conversa.
          A psicoterapia é destinada a todas as pessoas “normais” que não estão satisfeitas com sua vida ou aspectos da mesma. São pessoas que querem entender o que sentem e por que sentem o que sentem; desejam se conhecer para compreender suas escolhas e as situações que vivem; querem mudar o padrão de suas relações ou encontrar a bússola para sua vida. Enfim, a psicoterapia é para pessoas “normais” que têm problemas. Estes porém todos temos, problemas fazem parte da vida. Então por que fazer terapia?
          Einstein disse: “É a teoria que decide o que podemos observar”, o que significa que a mentalidade que temos (a teoria) nos faz ver uma coisa e não outra, privilegia pontos de vista, esconde ou revela o que é aceito pelos seus conceitos. Ninguém percebe o que seus olhos não estão acostumados a ver; a forma de pensar decide o que existe e o que não existe, além de dar interpretações previstas pela “teoria”. Logo, quando não se consegue resolver um problema é preciso analisar os olhos que estão enxergando esse problema. Isso é o que a psicoterapia faz (além de muitas outras maravilhas).
          A psicoterapia oferece outro ponto de vista. Ele é sempre mais abrangente e rico do que a mentalidade comum, mesmo aquela dos “cultos”, porque sua visão basea-se não só num mais amplo conhecimento da natureza humana como também nos conteúdos inconscientes (sonhos, sensações e etc.). O ponto de partida da psicoterapia é também mais profundo do que o da mentalidade comum porque pressupõe que o psicoterapeuta tenha feito seu trabalho interior e tenha conhecimentos que vão desde as teorias que ele segue à física quântica, antropologia, mitologia, literatura, sociologia e etc.
          Concluindo, psicoterapia é um trabalho de cura baseado no processo de auto-conhecimento do analisando ajudado pelo psicoterapeuta. Acontece semanalmente, uma ou duas vezes por semana, quando analista e analisando se encontram. É pago, pois esta é uma profissão e não um hobby, e fundamenta-se no compromisso, honestidade e continuidade de ambas as partes. O objetivo da psicoterapia é promover o bem estar do indivíduo, capacitando-o a compreender-se melhor e, portanto, a direcionar sua vida de acordo com suas necessidades reais, enfrentando de forma apropriada os conflitos e dificuldades que encontrar. A chave para isso tudo é o poderoso processo de evolução da consciência que leva para inesperadas e atraentes novas interpretações e modos de viver.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Férias

Estou saindo de férias
Não vou prometer nada para 2012 (isso já é uma promessa).
Mas garanto alguns posts nesse período.

Deixando o Rancor de Lado: Cultivando a Liberdade Interior

O   rancor é um sentimento negativo que pode prejudicar nossa saúde mental e nossos relacionamentos. Abaixo, apresento algumas estratégias ...