segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sobre Lula, Dilma, eleições e etc

Conforme prometi no post anterior, vou afinal, dizer o que penso sobre esse tema tão polêmico.


Já fui petista. Não fui de carteirinha porque nunca desejei me filiar formalmente em nenhum partido. Mas admirava o Lula, no final dos anos 70, quando ainda estava na faculdade. Estudei na Metodista, em SBC. Nunca fui ao "Euclidão", como chamavam o estádio da vila Euclides, onde os metalúrgicos se reuniam sob as palavras de ordem do líder barbudo como a maioria dos homens da época. Mas curtia as reportagens que saíam sobre o assunto no Jornal da Tarde. Já naquela época, topei com pesoas que diziam: "Esse cara é mentiroso, é malandro..." Imagina? pensava.
No início dos anos 80, trabalhava na Folha e era muito comum festas para arrecadar fundos para o PT, partido recém-fundado e ainda sem Caixa 2, eu acho. Pelo menos naquela época nem se cogitava que o PT pudesse ter um. Imagina? Isso era coisa de corrupto e corrupto era uma coisa que o PT não era.
Sempre votei nos partidos de oposição, depois que a ditadura acabou, é claro. Então, o primeiro partido oposicionista foi o MDB - Movimento Democrático Brasileiro. Por isso, votei no Quércia, no Montoro...eram todos de oposição. Depois, quando surgiu o PT, comecei a votar no Lula e em outros personagens do partido como o Mercadante, o Suplicy....
No início da década de 90, já casada, com Raquel e Iara meninas ainda, eu era daquelas que vestia a camisa, usava botom, boné, carregava bandeira...Lembro que lá em Boituva, meus vizinhos eram todos pró-Collor. Amigos meus, inclusive do centro espírita que eu frequentava, idem. Muita gente morria de medo de ser verdade o que Collor pregava: que o Lula ia acabar com isso, com aquilo, que os empresários iriam embora do País caso ele vencesse... vejam só que ironia....Hoje em dia, os banqueiros, os empresários, amam o Lula, nunca ganharam tanto quanto nos últimos 8 anos. Mas isso é assunto pra outro post.
Então, quando o Collor ganhou as eleições em 89 - outra ironia: ele fora o primeiro presidente eleito pelo voto popular após o fim da ditadura - dias depois, lá estavam meus amigos chorando por causa do confisco que o alagoano fizera junto com sua equipe econômica, nas cadernetas de poupança de todos os brasileiros. Collor fez exatamente o que ele dizia que o Lula faria.
Foram anos muito difíceis, sem grana, sem crédito, a economia estava dolarizada. A Inflação girava em torno de 80% ao mês. Dá pra imaginar uma coisa dessas?
Continuei votando em Lula nas eleições seguintes. Não votei em FHC. Votava no Lula. Acreditava que de fato ele poderia mudar o País.
Em 2000, um ano antes de Lula confirmar sua candidatura novamente à Presidência, eu o entrevistei num acanhado comitê eleitoral do PT em SBC, no bairro Assunção. Ganhei dele um CD com todos os jingles de todas as campanhas do PT, assinado com uma dedicatória por ele. Mas...nesse dia, cara a cara com a figura, tive minha primeira desconfiança. O sujeito cheirava a cachaça. Sabe aquela cachaça que vc tomou, depois dormiu, acordou e o odor continuou no teu corpo? Era assim. Fiquei meio cismada, mas, sei lá. E aí, nessa época, muito mais pessoas me alertavam sobre o ex-líder sindicalista não ser de confiança etc etc etc. Não dava ouvidos para nada disso.
Em 2002, janeiro, lá estava eu assistindo pela TV à posse do barbudo. Abominei Regina Duarte com aquele discurso terrorista de que tinha medo...
Aí, veio o caso da reforma da previdência e a expulsão dos petistas Heloisa Helena, Babá, João Fontes e Luciana Genro. Fiquei inconformada com a atitude radical do PT e mais ainda do Lula por não fazer nada para impedir. Sem falar que os primeiros 4 anos de governo Lula, para mim, foram os piores. Havia um tremendo desemprego, não se podia consumir pra não ter inflação, enfim, a coisa era feia. Isso ninguém fala, né? E foram tantas e tantas as palhaçadas...Teve o lance do Fome Zero, aquela confusão toda...comecei a perceber que o Lula era bom de discurso, de frases de efeito, mas na prática, a realidade era outra. Abria o jornal e só via que nunca os bancos tinham ganho tanto. Essa era a notícia que se repetia mês a mês.
Não votei nele daí em diante. Por isso, fiquei aliviada quando em 2005 houve o escândalo do Mensalão. E depois, outros e outros escândalos e a corrupção tomando conta do governo.
E hoje, vejo tanta gente falando mal do Serra...mas, efetivamente, o que existe contra ele? Quais são as denúncias contra ele? E contra o Covas? E contra o Alckmin?
Não morro de amores pelo PSDB, mas me lembro que ele foi criado por dissidentes do PMDB, liderados por Covas, se não me falha a memória, porque não concordavam com as negociatas que uma ala do PMDB insistia em fazer, aliás, sua marca registrada até os dias de hoje.
Votei na Marina Silva neste primeiro turno. E agora, neste segundo turno, não posso não votar no Serra. Não vou anular meu voto, não vou votar em branco. Não vou deixar que decidam por mim.
Me indigna ver o PT de hoje mentir em sua campanha eleitoral exatamente como Collor de Mello fazia há 20 anos.
Me indigna ver a cara de pau da Dilma dizer que não sabia de nada sobre o que a sua secretária de confiança fazia juntamente com a quadrilha encabeçada pelos filhos, da mesma forma que Lula dizia ignorar o que se passava no gabinete da Casa Civil quando o todo-poderoso Zé Dirceu lá imperava soberano. Sem falar no assassinato de Celso Daniel que até hoje não me convenceu. Mas esse assunto é até perigoso comentar. Tantas pessoas já morreram por causa disso. Melhor deixar pra lá.
É isso, é por isso que voto em Serra. Não nego alguns benefícios ou melhorias que talvez tenham efetivamente se concretizado no governo Lula. Mas não foi nada criado por ele. A base já existia. E foi deixada pelo governo anterior. Por isso é saudável que os governos se alternem. E que tenham o bom-senso de manter o que é bom e aperfeiçoar o que não seja.
Mas é um grande perigo para a democracia de um país, um partido, com tantos envolvimentos escusos, querer se estabelecer no poder por mais quatro ou oito anos. hoje eu percebo que o PT queria o poder pelo poder e que o discurso de ajudar os mais pobres era - e é - apenas conversa pra boi dormir.
Que os brasileiros sejam iluminados no próximo dia 31, como de certa forma, já o foram no dia 3/10.

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