segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A morte não separa os corações

Sexta-feira 3, meu ex-sogro faleceu. Seo Antônio foi um sogro bacana. Não interferia, não dava palpites. Ajudou sempre que possível. Sempre foi um homem simples e correto. Falava o que pensava. Aparentemente estava sempre de boa comigo. Se tinha diferenças, não fiquei sabendo. Quer dizer, houve um tempo, logo após a separação, me deram uma informação que, no final das contas, provocou um afastamento desnecessário. Passei boa parte desses dez anos de divórcio sem visitá-lo e sem conviver com ele por conta dessa informação. Agora, quando ele esteve internado num hospital aqui em São Paulo, já bastante adoentado, perguntei ao meu ex se eu poderia visitá-lo. Embora minha consciência e meu coração estivessem tranquilos eu não queria causar nenhum constrangimento, principalmente para alguém acamado. Meu ex informou que não haveria problema. E assim, depois de 10 anos, reencontrei seo Antonio, magrinho, mais envelhecido, mas a mesma carinha, o mesmo sorriso e o bonezinho na cabeça que ele tanto gostava de usar. Me recebeu sorridente como se ontem estivéssemos juntos. Conversamos animadamente. Ele estava com esperanças de ter a saúde recuperada com a cirurgia que deveria sofrer. Fez planos de voltar a pescar - coisa que adorava, mas que ultimamente havia abandonado -. O Rafa se animou também e disse que sempre quis ir pescar com o avô. Mas, ele não resistiu à cirurgia. Eu o visitei duas vezes durante os 30 que esteve internado. No sábado fomos ao velório e enterro. Revi muitas pessoas que, confesso não me lembrava mais o nome. Mas, incrível, elas lembravam do meu! Não sabia que algumas daquelas pessoas tinham tanto apreço por mim, não imaginava que deixara tão boa impressão. Era como se o hiato de 10 anos não tivesse existido. As pessoas, vinham e abraçavam com aquela simplicidade que só quem é e mora no interior tem, e diziam palavras de conforto, convidavam para voltar à casa delas em outra ocasião, mais alegre...vários convites recebi.  Outras disseram: "Nossa, outro dia mesmo estávamos falando de você, lembrando disso e daquilo", outras me perguntavam se eu me lembrava disso e daquilo...De algumas lembrei, de outras, não...mas coisas boas...que bom, que no fim, prevalece o bom. Engraçado, como a morte, apesar da dor, pode aproximar pessoas que não se veem há tampo tempo. Engraçado constatar que, apesar da distância física, os corações ainda estavam próximos.

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