segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um homem pra chamar de seu

Walkiria estava novamente num dileminha básico: como ser mais feminina para que atraísse homens que a seduzissem, ou seja, homens que fossem e agissem como homem?
Ela tinha perdido um pouco essa noção desde que se viu sendo obrigada a assumir o papel de pai/mãe dos seus filhos, de provedora da casa, de eletricista, encanadora e pintora/pedreira/mestre-de-obras.
Trocar uma lâmpada, tudo bem. Trocar uma resistência de chuveiro, desde que fosse aquele corona simplezinho, também tudo bem.
Mas era muito chato decidir tudo, ligar pra esse pessoal que presta serviço e que cobra caro quando percebe que você é mulher e sozinha.
Como Walkiria queria ter um homem em casa pra negociar essas coisas, pra ir na loja de material de construção...pra retocar a pintura da porta, chamar o marceneiro, o encanador e o eletricista e falar grosso com eles quando cobrassem os olhos da cara! Ela já estava cansada de falar grosso, fazer cara feia e assinar cheques.
Walkiria estava cansada de ir aos jantares dos seus amigos casados..sozinha.
Walkiria estava cansada de viajar com seus amigos casados e ficar no quarto daqueles hotéis-fazenda lindos...sozinha ou com outra mulheres tão sozinhas quanto ela.
Walkiria estava cansada de só receber sms de promoções; de só atender chamadas por engano. Walkiria queria ganhar flores, bombons, perfumes, e daí? Era romântica, sim. E daí?
Walkiria queria sim, ter alguém que dissesse pra ela no final de um encontro, tarde da noite: liga pra mim quando chegar em casa pra dizer que chegou bem.
Walkiria queria semtir ciúmes (pouquinho) e queria despertar ciúmes também. Ela queria andar de mãos dadas, queria o braço masculino desse homem sobre seu ombro ou na sua cintura mostrando pra quem quisesse ver que ela tinha dono, sim, que ela não estava solta, não.
Walkiria queria um home inteligente pra ir ao cinema com ela, assistit Almodóvar, Copolla, Woody Allen, sim, ela se rendera aos encantos daquele feioso de Nova York, sim ela se rendera ao espanhol que fazia filmes arrebatadores. Mas não é qualquer homem que tem cacife pra encarar um filme desses. E depois, ficar horas e horas falando e falando. Walkiria se sentia atraída por homens assim: inteligentes, bom papo, sedutores com a palavra.E isso estava cada vez raro no mercado.
Walkiria não sabia exatamente quem seria esse alguém. Tinha uma vaga ideia, não era uma certeza ainda, apenas uma possibilidade...mas a pessoa existe. Mas Walkiria ainda não estava segura, não sabia em que terreno estava pisando. Terra firme? Além disso, ela sabia que não ia admitir fantasmas do passado visitando seu castelo duramente construído. Minha amiga Wal me contou que se tivesse de ter outro relacionamento na sua vida as coisas seriam definidas tintim por tintim antes de qualquer coisa. Ela não ia admitir recaídas, mentiras e deslizes. Não tinha tempo a perder, ela me dizia. Walkiria me dizia: Lu, estou envelhecendo. O tempo corre. Mas ainda me restam alguns anos, uns 20 anos talvez. Tenho saúde pra gozar no fim como diria Rita Lee, mas até quando? Walkiria queria paz. Ela me disse que se lembrava de uma das últimas vezes que fizera amor com seu último marido, depois daquelas brigas enormes, depois de várias cervejas...que, ao final, em cima dele, e com ele por dentro dela ainda, dissera: eu só quero ser feliz! mas Walkiria, minha amiga querida, não sabia lidar com aquela situação: ambos tomados por seus complexos - tão parecidos - ambos tomados por suas sombras - ambos vivendo processos projetivos de suas sombras, quase se destruíram, destruíram seus casamentos. Walkiria ficou com pena dos filhos, com pena de si mesma e terminou com tudo. Hoje, sabendo o que sabia, Wal não teria agido como agiu  anos atrás. Por isso agora ela queria uma chance porque agora essa chance seria devidamente aproveitada. Wal já sabe que não pode controlar seu complexos, mas que pode organizá-los. Pode se adaptar e se organizar. Wal mudou. Tem agora uma vontade gigante de cuidar do seu próximo homem como nunca fora capaz. Tem vontade de acolher, de ser mulher. Já fora mãe dos seus filhos, agora os filhos estão grandes, vai ter tempo e disposição para cuidar do seu homem e para ser mulher. O Homem que tiver a sensibilidade e a inteligência para perceber e merecer tudo o que Walkiria tem para dar, será um homem completa e totalmente feliz.
Walkiria queria novamente ter um homem pra chamar de seu. Estava decidido. 

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