terça-feira, 22 de março de 2011

Anotações sobre o Feminino

Estou lendo o livro "Mulher: Em busca da feminilidade perdida", organizado por Connie Zweig, uma analista junguiana que, a partir de um determinado sonho decide escrever o livro porque, segundo ela, "aprendi que o alinhamento com meu pai, e - através dele, com a propensão da sociedade de ser patriarcal ou dominada pelo masculino - para possuir plena e conscientemente minha própria identidade feminina - eu precisava romper a conexão com a mente masculina lógica que havia conduzido minha vida como se fora o capitão de um navio disciplinado."
Connie vai desenhando um mosaico de definições sobre o que é feminino, masculino, patriarcal e matriarcal através dos textos de seus convidados, todos também analistas junguianos. As principais questões que Connie pretende desvendar são: o que significa ser mulher num mundo altamente masculinizado para as mulheres que não querem "se masculinizar"? Por que algumas mulheres ainda confundem ser femininas com subserviência e submissão? Por que algumas mulheres não conseguem ser femininas ocupando altos cargos e sendo bem-sucedidas profissionalmente? Por que tantas mulheres querem ter bebês ainda que tardiamente, só para dizer que passou pela experiência da maternidade? e por que se fala tanto sobre espiritualidade feminina e Deusa, quando somos dominados por religiões culturalmente ordenadas pelo masculino?
Já li alguns textos do livro e confesso: isso tudo está mexendo muito comigo. Estou me identificando com vários conteúdos e me questionando sobre meu papel de mãe, de filha, de mulher. E ando ficando muito rebelde, mais do que já sou normalmente e não sei muito bem qual o fim dessa estrada. Se dará em nada? Ando cansada. E confusa. e ao mesmo tempo disposta. e ao mesmo tempo lúcida!
Quero vestir saia, vestido, apesar do trabalho que dá e das cobranças: suas pernas não são mais as mesmas de 30 anos. Você não é a Hebe, a Ana Maria Braga, a Susana Vieira...Você é uma mulher comum, pobre, que não fez lipo, não colocou silicone e teve três filhos. Não faz ginástica, não tem tempo de caminhar, de se cuidar mais, nem grana. Você é isso aí que o espelho mostra diariamente e de forma bem cruel. Uma mulher cinquentona cujo viço da pele vai se perdendo apesar do uso constante e quase compulsivo do hidratante. Os cabelos teimam em ficar cada vez mais brancos, os músculos, cada vez mais flácidos. A barriga, mais roliça, os quilos a mais que, renitentes, não saem do marcador da balança. E tudo isso porque você cismou de deixar a velha calça azul e desbotada no armário para sair me busca do feminino perdido.

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