terça-feira, 15 de março de 2011

Memorial da resistência/Pinacoteca/Jardim da Luz

Prédio onde funcionava o Deops, em 64
Entre 1964 e 1980 o Brasil viveu sob o regime de Ditadura Militar. Essa história está registrada no Memorial da Resistência de São Paulo, uma instituição dedicada à preservação das memórias da resistência e da repressão políticas instalada em parte do edifício que sediou o Departamento Estadual de Ordem Política e Social do Estado de São Paulo – Deops/SP, entre os anos de 1940 a 1983.
O Memorial foi inaugurado em 24 de janeiro de 2009,  para lembrar a população de uma fase negra, escura e triste na nossa história. 
Estive lá na semana passada e pude ver as celas onde os presos políticos eram mantidos. Eram quatro celas. Em cada uma delas ficavam de 16 a 30 pessoas, dependendo da época. As pessoas eram torturadas - não nas celas - mas próximo dali de modo que os presos ouviam os gritos dos torturados além de verem em que condições eles voltavam das sessões de tortura.
Lá no museu é possível ouvir depoimentos de sobreviventes sobre a rotina da prisão.
Uma das celas foi mantida intacta com as marcas nas paredes dos nomes das pessoas que passaram por lá. Mantiveream alguns colchonetes e toda uma ambientação representando aqueles dias negros.
É de arrepiar.
Tirando esse aspecto triste o Memorial possui um programa museológico estruturado em procedimentos de pesquisa, salvaguarda (ações de documentação e conservação) e comunicação (exposições e ação educativa e cultural) patrimoniais por meio de seis linhas de ação. Voltadas à pesquisa e à extroversão dos principais conceitos norteadores do Memorial e atuando articuladamente, essas linhas objetivam fazer da instituição um espaço voltado à reflexão e que promova ações que possam colaborar na formação de cidadãos conscientes e críticos, sensibilizando para a importância do exercício da cidadania, da valorização da democracia e do respeito aos direitos humanos.
- Centro de Referência (conexão em rede com fontes documentais e bibliográficas)
- Lugares da Memória (inventário dos lugares da memória localizados no Estado de São Paulo)
- Coleta Regular de Testemunhos (registro de testemunhos de cidadãos envolvidos com as ações do Deops/SP)
- Exposição (exposição de longa duração e mostras temporárias)
- Ação Educativa (encontros de formação para educadores, produção de materiais pedagógicos de apoio, visitas educativas e palestras)
- Ação Cultural (seminários, lançamento de filmes e de livros, apresentação de peças de teatro)(parte do texto extraído do site da Pinacoteca do Estado).
Após a visita é possível relaxar na cafeteria do espaço, bem decorada e com vista para o pátio do estacionamento da SalaSão Paulo. Tomamos dois cafés simples, uma Schwepps e comemos um pão de quijo e dois quibes. Pagamos em torno de R$ 20.
Saguão da Estação Sorocabana/Sala São Paulo
O Memorial fica ao lado da Sala São Paulo, o imponente edifício da Estrada de Ferro Sorocabana que abriga hoje a Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e uma das mais importantes casas de concertos e eventos do País.
Quando fui não estava aberta à visitação, mas apreciar a arquitetura do prédio em si já é um deleite. Ele possui um salão gigante com três lustres enormes, que faz divisa com a estação. Aliás, a estação também possui uma arquitetura fantástica com as estruturas de ferro  e a bilheteria que manteve a decoração em madeira original, bem como o relógio que lembra o da estação de trem da antológica cena do filme Os Intocáveis.
"O caipira picando fumo", de Antonio Almeida




Também estive na Pinacoteca do estado e no Jardim da Luz . A Pinacoteca está em reforma e promete reabrir com muitas novidades. Mas é possível ver parte do acervo formado por obras importantes como os quadros de Antonio Almeida, Di Cavalcanti, Anita Malfati, Volpi e Cândido Portinari. É possível através do site se informar sobre a data da abertura da nova disposição de exposição do acervo. Mas assim como a Sala São Paulo, o prédio da Pinacoteca já vale o passeio. Há também uma loja funcionando e uma cafeteria também em reforma que reabrirá na nova fase. Para entrar na Pinacoteca, durante a semana, você paga R$ 6 inteira e R$ 3 meia entrada. Os ingressos valem para o Memorial.
Algumas obras a Pinacoteca estão no Jardim da Luz
Ao lado o Jardim da Luz, com seus mais de 110 mil metros quadrados de Mata Atlântica está ao lado da Estação da Luz, próximo ao Museu de Arte Sacra de São Paulo e ao Departamento Histórico da Prefeitura do Município. No Jardim, encontra-se a sede da Pinacoteca de São Paulo. Originalmente um jardim botânico, foi transformado em jardim público no fim do século XIX.
Em 1900 foi aí inaugurada a sede do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, prédio que atualmente abriga a supracitada Pinacoteca.
O aquário da Luz está com a água muito suja
Durante grande parte do século XX o Jardim passou um grave período de degradação, servindo de zona de prostituição e tráfico de drogas. A situação reverteu-se com uma política de revitalização da região central levada a cabo pelo Governo do Estado cujos resultados foram, entre outros, a instalação de esculturas ao longo do parque, reforma da Pinacoteca, maior policiamento e valorização da região.
Algumas obras do acervo da Pinacoteca estão expostas no parque que também possui um aquário (que poderia estar mais bem cuidado)
Um casal de namorados
no subsolo de um dos lagos. Apesar de as instalações estarem limpas e, pasmem!, sem cheirinho de xixi - comum naquela região da cidade - a água dos peixes está muito turva e com poucos peixes. Tem também uma caverna artificial bem interessante. Em cima dela fica um belvedere com bancos em volta, um lugar bem romântico, bom para namorar. 
Vista lateral do prédio da Pinacoteca
Pra fazer um passeio desse não se gasta muito, mas é bom vestir roupas bem confortáveis e tênis ou sapatos que não apertem os pés porque a gente anda muuuito. É bem agradável o contato com a natureza e com as obras de arte. Assim como, apesar de não ser tão agradável o contato com as celas do  Memorial, mas é bacana ver que moramos num país de relativa liberdade onde se pode lembrar de tempos que deveriam ser esquecidos mas ao mesmo tempo, devem ser lembrados para que não se repitam. Todas as escolas, faculdades, igrejas e comunidades deveriam organizar visitas a esses locais, principalmente ao Memorial para que essas novas gerações tomem consciência dos erros do passado e eles não se repitam.





2 comentários:

alan_peagno disse...

olá,

Sou aluno da Universidade de São Paulo e busco pessoas que foram ao memorial da resistência e possam responder um breve questionário a respeito do memorial https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dFFEOGJnTFhDb1FRd3FKY1oxU1dwbHc6MQ

agradeço imensamente pela ajuda,
Alan Peagno Moraes Prado

Lady Lou disse...

Oi, Alan!
Já respondi ao questionário conforme sua solicitação.
Obrigada por passear por aqui! Abs!

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