sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cada povo tem a inundação que merece

Fala-se tanto em medidas de sustentabilidade ambiental, combate à poluição, uso de energias renováveis e coleta seletiva de lixo, mas faz-se tão pouco efetivamente. Vou comentar o que eu experimento, vivencio nessa área do ambientalismo: coleta seletiva. Desde que me mudei para Santo André, e isso tem uns 10 anos, separo lixo reciclável do orgânico. Santo André foi município pioneiro na região do ABC nessa área. Teve uma época em que o Semasa divulgava os dias e os horários em que o caminhão da seletiva passaria na sua rua. Atualmente, na rua onde moro a coleta seletiva é feita às segundas-feiras no final da tarde. Eu separo o lixo durante toda a semana e, na segunda-feira pela manhã, coloco tudo lá na calçada, devidamente embalado. Claro que o caminhão da prefeitura nunca viu a cor do meu lixo porque muito antes de ele passar os catadores de reciclado já levaram tudo. Esse pessoal, aliás, passa várias vezes durante a semana e não apenas uma como acontece com a coleta oficial da prefeitura. Por que a prefeitura só passa uma vez e os catadores duas ou três? Não sei. Não sei também exatamente o que acontece com o meu lixo depois que ele é recolhido pelo catador mas posso imaginar que ele venda para alguma cooperativa ou que pertença a uma delas. Sei muito menos o que a prefeitura faz com o que arrecada na seletiva. Acho que deveria ser mais divulgado, afinal, o que acontece com o nosso lixo reciclável.
Agora convivemos com a neura da sacolinha de plástico dos supermercados que viraram as grandes vilãs do momento. Andar com uma delas por aí não é politicamente correto, pasmem, nem para recolher o cocozinho do seu pet durante a costumeira caminhada. Outro dia ouvi no rádio, durante o programa CBN SP que abordava o tema, uma ouvinte sugerindo a utilização dos sacos de papel, usados para colocar pãozinho na padaria. Interessante sugestão. Aliás, muito antigamente, alguns supermercados utilizavam sacos enormes de papel. Lembro que morava lá na Santa Cecília, e o Barateiro (que ainda não era do Pão de Açúcar) usava esses sacões de papel. Só que, dependendo do que vc carregava, o papel rasgava e vc ficava com a compra toda no chão. Aí, todo mundo dizia: por que não fazem embalagens de plástico que são mais resistentes? ninguém pensava que as tais bonitinhas e práticas demorariam 200 anos para se desintegrarem na natureza. Agora não sabemos mais o que fazer com elas. Eu tenho uma sacola politicamente correta, de lona. Tenho duas, aliás. Mas elas são muito legais pra vc fazer compras pequenas, sabe aquelas compras da semana? Aí, tudo bem. Eu não tenho carro (ainda), ando quase 1 quilômetro de casa até o super mais próximo, então, a sacola ambientalista ajuda porque agrupa tudo num lugar só, eu coloco no ombro e vamos que vamos. As mãos pelo menos são preservadas. Os ombros, em compensação.... Quando eu tinha carro, houve um tempo que carregava tudo em caixas de papelão.
A moda está voltando. Mas isso tb só funciona pra quem tem carro. Não dá pra sair a pé com uma caixa de papelão carregada de compras, né?

Bom, outra coisa que me passou pela cabeça: as cidades poderiam ter lixeiras para coleta seletiva, a exemplo do que já ocorre, em alguns estabelecimentos comerciais e escolas. O McDonald´s, o Extra, Zoológico de SP têm.
Infelizmente a população em geral é muito deseducada nesse aspecto. Mas a gente não pode desacreditar e não fazer simplesmente com essa desculpa. É fazendo que se aprende, que se educa. Nos trens da CPTM é possível observar que houve uma certa diminuição dos lixos dentro dos vagões. Tempos atrás a empresa fez uma ampla campanha distribuindo sacolinhas (plásticas!) para os usuários colocarem o lixinho.
Nas vias, principalmente próximo às plataformas, ainda tem bastante lixo jogado. Acho que nas plataformas tb seria legal ter lixeiras para coleta seletiva. As pessoas ainda jogam muito lixo pela janela durante o percurso. É engraçado porque elas não percebem a carga de egoísmo que existe por trás desse gesto tão banal. Aquele lixo ali, displicentemente jogado pela janela (pode ser do trem, do carro ou do ônibus, ou ainda aquela bituca de cigarro jogada na calçada...) vai entopir um bueiro, vai ajudar a poluir os rios (ainda mais do que já estão poluídos), vai encarecer as despesas públicas para limpeza das ruas...e as pessoas esquecem que, em última análise, é com dinheiro do imposto delas - direta ou indiretamente - que se paga para as grandes empreiteiras recolherem o lixo nas nossas cidades.
Depois, quando acontece uma chuvinha como a de ontem (8/9) o povo se desespera, reclama, grita, arranca os cabelos porque as marginais inundam, porque as ruas inundam, porque as calçadas inundam, porque o trem atrasa, o metrô atrasa, o trânsito não anda, etc etc etc.
Cada população, enfim, tem a catástofre que merece.
O pior é que não aprende!

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