quarta-feira, 17 de junho de 2009

Liberdade, mudanças, escolhas

Sempre prezei minha liberdade. Tive problemas com autoridade boa parte da minha vida. Com relacionamentos tb. Tudo que me representava algum tipo de controle ou de cerceamento me apavorava, eu repudiava.

Um pouco isso acontecia por conta da idade e da imaturidade.
Outro tanto porque gostava de ser livre, mesmo.

Mesmo nos períodos em que fiquei meio dependente, sem emprego, casada....ainda assim, preferia ficar só, muitas vezes.

Quando criança, gostava de brincar sozinha. Juntava minhas bonecas, minhas panelinhas e brincava de casinha sozinha, na boa. Dava aula para as bonecas, falava sozinha o dia inteiro. Era feliz sozinha.

Na adolescência, ficava horas ouvindo meus discos, escrevendo no meu diário, sozinha.

Gostava das amigas, é claro.
Tive muitas amigas, tenho até hoje.
Tive muitos amores. Tenho até hoje.

Em geral, me relaciono bem com todo mundo. Acho que hoje, mais do que antes, quando falava tudo, exatamente tudo o que pensava. Hoje, nem sempre falo tudo o que penso, embora, o rosto ou o corpo, muitas vezes, não necessitem de tradução.

Mas, liberdade é tudo de bom. Possibilita mudar, mudar de ideia, de opinião, de trajeto, de emprego, de cor de cabelo, de roupa, de condução, de ponto de vista, de amor...

Mudar, mudar, mudar.

Encontrei um texto da Danuza Leão, publicado domingo pela Folha em sua coluna, que retrata bem essa coisa da liberdade. Vou colocar só um trecho. Deliciem-se. Essa mulher escreve muito bem. Um dia quero ser tão boa quanto ela.

As novas leis nacionais e internacionais da aviação, que nos impedem de trocar a data da viagem, mesmo antes de fazer o primeiro trecho, sem pagar uma taxa, está fazendo algo de pior, bem pior do que tomar mais um pouco do nosso dinheiro.
Estão nos tirando a liberdade de mudar de ideia, e se estiver de passagem marcada para Amsterdã e por um bom motivo (ou sem motivo nenhum) resolver jogar tudo para o alto e ir para a Grécia, vai passar o dia inteiro tentando, pelo telefone, mudar o itinerário - fora o que vai ter que pagar - ou, como eles aconselham, entrar na internet, e modificar todo seu plano de viagem.
Eu, que não sei fazer isso, perco um dia inteiro no telefone, enquanto o robô me diz "se quiser falar em português digite um; em inglês, digite dois", e por aí vai, quando tudo que quero é uma voz humana, santa ingenuidade. A viagem que decidimos fazer tem que ser aquela, naquele dia, naquela hora, para aquele destino, parece até que estamos num quartel.
E o inesperado? E a indecisão? E o imprevisto, que quer nos levar para um lado que parece ser maravilhoso, mas para o qual não podemos ir porque as companhias não deixam; aliás, até deixam, mas com tanta dificuldade que até perde a graça.
Estão nos tirando a liberdade de mudar de ideia, de mudar de vida, de embarcar numa aventura sem saber como vai terminar, mas que, enquanto durar, vai ser fascinante, dê no que der. É essa liberdade que se procura quando se planeja uma viagem, e é a ideia de que tudo pode acontecer que faz de qualquer viagem algo de tão romântico.
E é isso que nos estão roubando, com essas regras de quartel, só que são poucos os que têm vocação para soldado. E para eles não faz diferença, porque militares não costumam sonhar.


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